quarta-feira, 7 de dezembro de 2011

[Clássico do Mês] Anglagard - Hybris



Artista: Anglagard
Álbum: Hybris
Data de lançamento: 1992
Género: Rock progressivo
Editora: Mellotronen, Alvarsdotter
Lista de faixas:

1 – “Jordrok”
2 – “Vardringar i Vilsenhet”
3 – “Ifran Klarhet Till Klarhet”
4 – “Kung Bore”
5 – “Ganglat Fran Knapptibble”

Após o verdadeiro pique de popularidade do Rock progressivo nos anos 70, seguiu-se um período de pausa da popularidade do género e durante os 80’s, muitas das grandes bandas do movimento deram uma volta ao seu estilo. No entanto, como sendo um estilo bom demais para ser apenas passageiro sofreu a sua renascença e hoje em dia o género já voa livremente seja de forma moderna ou retrospectiva.

No entanto, consta em registos – baseio-me nesses registos, não vivi esses tempos – que foi no início da década de 90 que houve um “arrebitar” do género com bandas oriundas de vários locais – predominantemente Europeus – mas curiosamente com um certo destaque para a Suécia. De facto, foi precisamente desse país Escandinavo que saíram estes jovens e talentosos Anglagard, cujo som com influências vivíssimas de actos como Genesis, Cathedral, King Crimson, Van der Graaf Generator e claro com algum do seu som característico cativaram os seguidores atentos.

Os ouvidos dos já velhos fãs do género e de alguns novos ergueram-se de imediato para o som complexo, para as suaves melodias, para a variante instrumentalização e para a magia das viagens que este disco de estreia oferecia. Ainda mais atenção se focou no grupo pela sua maturidade notável para álbum de estreia e pela juventude dos integrantes da banda – o baterista Mattias Olson tinha os seus 17 anos aquando a gravação do registo.

O seu som é daquele que não podemos descrever facilmente devido à sua complexidade, como já requer o género, mas certamente não soa como algo lançado em 1992. Toda a sonoridade, todo o ambiente, toda a abordagem “cheiram” a 70’s por todos os cantos e podia muito bem misturar-se no meio de discos de King Crimson, Yes ou Cathedral como já mencionei anteriormente e passar por ser da mesma onda. Mas não é pela relação que se estabelece com esses míticos actos do “prog rock” que isto deixa de ser algo único, os Anglagard já possuem o seu som característico e este “Hybris” não deixa de ser extremamente influente e importante para a continuação do lançamento de obras do género que ainda viriam.

Para se sentir apenas uma amostra do que este disco realmente pode fazer sentir, basta experimentar ouvir a instrumental faixa de abertura “Jordrok” de olhos fechados, com o propósito de se deixarem levar… Só aí já há muito que se lhe diga, mas toda essa essência se multiplica nas restantes longas faixas. Destaca-se então o trabalho de bateria desse tal adolescente Mattias Olsson que dominava o seu instrumento como gostariam muitos que lhe dobrassem a idade e o trabalho da flautista Anna Holmgren que dá aquele tom folclórico, característico e maravilhoso às compridas faixas. Não compreendem as letras por serem cantadas na língua mãe da banda? Não importa, a voz já consegue causar bastante efeito sem que a sua mensagem lírica seja realmente perceptível e não importa também em quantas línguas diferentes se ouve a música, se a música em si já é uma linguagem universal.

Não é realmente um nome muito soante, nem vão encontrar muitas referências a este disco no que toca a vendas ou no que quer que seja que se baseie no que mais roda no mercado. Compreendo até que existam muitos da minha vasta base de leitores – que deve variar entre um par e um punhado de pessoas – que desconheçam por completo esta banda. Mas vale a pena ouvir e uma experiência realmente mágica é ouvir este disco baixinho de fones nos ouvidos, à noite de olhos fechados antes de dormir e a deixar-se ir para onde quer que este conjunto Sueco nos leve. Já tive essa experiência. Soberba.


segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

Firewind - Days of Defiance



Artista: Firewind
Álbum: Days of Defiance
Data de lançamento: 25 Outubro 2010
Género: Power Metal
Editora: Century Media
Lista de faixas:

1 – “The Ark of Lies
2 – “World on Fire”
3 – “Chariot”
4 – “Embrace the Sun”
5 – “The Departure”
6 – “Heading for the Dawn”
7 – “Broken”
8 – “Cold as Ice”
9 – “Kill in the Name of Love”
10 – “SKG”
11 – “Losing Faith”
12 – “The Yearning”
13 – “When All Is Said and Done”

Os Gregos Firewind são um exemplo de mais uma daquelas bandas dentro do Metal que já soube como alastrar-se bem pelo terreno Europeu, mas sem ser um nome tão soante e representativo. No entanto, algo aconteceu que já fez voltar algumas cabeças na direcção do grupo: a contratação do talentoso guitarrista Gus G por parte de Ozzy Osbourne como substituto de Zakk Wylde. O dobro do trabalho para o habilidoso músico mas também o dobro da atenção, fazendo com que o Power Metal de selo Europeu se alastrasse um pouco por outros territórios – inclusive o Norte-Americano mais fanático do vocalista Britânico Ozzy. 

Retirando essa crescente atenção pela banda que se deve maioritariamente a um facto exterior, não existe realmente nenhuma mudança radical no som dos Firewind, ou melhor, não existe praticamente mudança. Sendo o Power Metal por si só, um género já bastante estagnado, cabe à banda manter-se pelo menos competente, tentar remar contra a maré do “foleiro” que cada vez mais se sobressai no outrora épico estilo – que de tão épico, por vezes dá a volta inteira até cair no ridículo – e pelo menos manter-se credíveis, como representantes positivos do género, os que demonstram o que de bom se faz.

Portanto, se já não estiverem completamente fartos de tal género ao ponto das excepções aceitáveis serem cada vez mais raras, ainda há aqui muito que aproveitar para se tornar um disco bastante agradável de se ouvir. O registo de voz de Apollo Papathanasio é aquele que se adeqúe ao estilo e que nós facilmente identifiquemos assim que se menciona, mas sem se estatelar no exagero dos agudos. Voz potente e que com as suas melodias conseguem dar aquele tom épico que se requer/espera – é épico mas não andam propriamente para aqui a matar dragões em castelos e mais não sei quê com poções mágicas e uns quantos Deuses, pelo menos isso, um ponto mais para os Firewind.

A acrescentar à voz, a base de toda a música pode-se considerar centrada nas guitarras. Aliás, Ozzy teve bom olho/ouvido para a escolha de Gus G para o seu guitarrista, não fosse ele um músico deveras talentoso. Excelentes solos se encontram por aqui espalhados e a sua habilidade em “riffar” também é admirável e respeitável e não há como não destacar a belíssima faixa instrumental “SKG”. Não tem necessariamente que cair constantemente no habitual “riff solado” – que eu chamo assim, não creio que se denominem assim, aí ainda estou um passo atrás – que muito e cada vez mais se encontra para os lados do Power Metal Europeu, aqui existem umas boas “riffadas” fortes.

E para ter a certeza que utilizam a maioria ou a totalidade dos ingredientes que normalmente vêm no rótulo – sem ser daqueles do produto Power Metal mais azedo – ainda se acrescentam mais uns sintetizadores que andam ali a roçar-se no “chessy” – palavra seleccionada por não encontrar uma no nosso dicionário que se adequasse ao significado pretendido – mas que assim são porque se tornam completivos nas canções. Com uns quantos refrães como “The Ark of Lies”, “World on Fire” ou “Embrace the Sun” e as letras de carácter épico e aventureiro – sem ir ao encontro do exagerado e ridículo como num conto saído de Nárnia ou coisa que o valha – e temos aqui um produto com todos os componentes no sítio para ser um registo de Power Metal como manda a lei.

Suficiente pode-se dizer, e a própria banda não crê na necessidade de se reinventar radicalmente sentindo-se inspirados para nos dar mais disto refrescando-o ligeiramente. Mas tem qualidade suficiente para se apresentar a este novo público que os descobre através da associação a Ozzy e para uma audiência que poderá sentir os primeiros sabores do Power Metal Europeu, pode-se considerar suficientemente competente.

Avaliação: 7,3


sexta-feira, 25 de novembro de 2011

Tarja - What Lies Beneath



Artista: Tarja Turunen
Álbum: What Lies Beneath
Data de lançamento: 31 Agosto 2010
Género: Metal sinfónico
Editora: Vertigo Records, Universal Music, The End Records
Lista de faixas:

1 – “Anteroom of Death”   (com Van Canto)
2 – “Until My Last Breath”
3 – “I Feel Immortal”
4 – “In for a Kill”
5 – “Underneath”
6 – “Little Lies”
7 – “Rivers of Lust”
8 – “Dark Star”   (com Phil Labonte dos All That Remains)
9 – “Falling Awake”   (com Joe Satriani)
10 – “The Archive of Lost Dreams”
11 – “Crimson Deep”   (com Will Calhoun dos Living Colour)

Já se passaram seis anos desde que Tarja foi despedida dos Nightwish, mas os queixumes sobre como eram, como deviam ser e como nunca deviam ter ficado continuam como se viesse a alterar alguma coisa. Já Tarja tem três discos a solo e já nos Nightwish nos andam a abrir o apetite para o segundo registo com Anette Olzon, mas as guerras Tarja vs. Anette permanecem. Chegando ao cúmulo de se encontrar tais em vídeos dos Pain. Anette participa na música dos Pain? Sim, mas não importa, o vídeo era dos Pain! Um dos muitos episódios controversos que existem no Universo metálico, mas o despedimento de Tarja deu-se em 2005 e eu escrevo isto em finais de 2011, há que se reconhecer que já passou tempo suficiente para se deixar passar e para parar com as lamentações. Os Nightwish já avançaram, já lançaram o diferente “Dark Passion Play” para recepções mistas mas já deu para entender que a essência Nightwish ainda está lá, só há a apontar o facto de ainda ter sido escrito para a voz de Tarja, estranhando-se um pouco o resultado final. O que está ainda para vir já promete vir com uma força tremenda. Óptimo, um dos lados sobreviveu. Do outro, temos então Tarja a aventurar-se a solo, tanto para manter o nome como para dar a alternativa aos fãs de Nightwish desiludidos. Talento vocal tem ela que quem dera a muitos já consagrados terem apenas um terço. Mas será que tinha tudo aquilo que era necessário para ter uma sólida carreira a solo? Muitos que a consideravam o miolo da banda talvez se tenham apercebido que ela era um factor importante na banda, sim, mas era apenas que completava e não que criava. A cabeça do grupo sempre tivera sido Tuomas Holopainen, e como ele não poderia ela ter arranjado para o seu trabalho. Não me refiro sequer a “Henkays Ikuisuudesta”, o primeiro álbum, por ser apenas um disco de Natal e não poder contar como realmente o disco de estreia a solo, mas “My Winter Storm”, apesar de ser um registo interessante e de mostrar a celestial voz de Tarja no seu esplendor – abençoada foi ela com o dom de ter uma voz impossível de rebaixar e dificílima de falhar – ficou aquela sensação de faltar ali alguma coisa. Ou de faltar muita coisa até. Faltava uma cabeça compositora que conseguisse criar melodias épicas de invejar. Não convinha que continuasse a soar igual aos Nightwish, isso seria de evitar, mas também não era conveniente ficar a soar à renegada do grupo que lança o disco quase em tom de resposta, mas infelizmente foi mais próxima disso que ela ficou. E agora então o momento constrangedor em que me apercebo que já escrevi tanto e ainda não comecei a falar do álbum propriamente dito, o sucessor de “My Winter Storm”, este “What Lies Beneath”. Enrolei durante muito tempo mas com um propósito, para dizer que este “What Lies Beneth” tinha a obrigação de superar o disco anterior, tinha que ser agora que ela fazia um álbum forte, capaz de a manter em nome próprio sem ser como a ex-vocalista de tal – e para os mais casmurros, de quando a banda ainda era boa - , estava quase sob a pressão do “agora ou nunca”. E depois de uma longuíssima introdução avanço rapidamente para uma ideia conclusiva, quando digo que sim, que conseguiu, felizmente, fazer aquilo que precisava de fazer e que já devia ter feito. Em “What Lies Beneath” já soa realmente que se desprendeu da sua antiga banda e que já estava de mangas arregaçadas para trabalhar e estabelecer-se. Neste disco já se parece ter fundado o verdadeiro som da marca “Tarja”, aqui já parece haver um Rock/Metal – refiro-me assim pela oscilação saudável de pesos que vai havendo – pulverizado com bastante sinfonia com melodias agradáveis, de forma a tornar o álbum suficientemente complexo sem se tornar demasiado “épico” e adequadamente acessível. Pega-se naquilo que havia de maior destaque do álbum anterior, em temas lá presentes como “Die Alive” ou a eléctrica e enérgica “Ciaran’s Well” para se formar umas quantas malhas boas e no charme dócil e melódico que soa mais identificativo da vocalista como de “I Walk Alone” ou “Sing for Me” para criar mais umas quantas de ficar a residir no ouvido. Até segue o caminho do anterior mas com muita mais confiança e identidade própria do que antes e menciono também o facto de Tarja estar mais envolvida activamente na escrita e composição dos temas – chegavam a existir canções em “My Winter Storm” que não chegavam sequer a ter mão dela. Voz já tinha ela para dar, vender, alugar e ainda ficar com muita e agora então já tem a sua credibilidade como artista a solo que certamente merecia com o seu talento. E para concluir remontando ao início, já se passaram seis anos – o suficiente para uma criança nascer, crescer, aprender a ler e começar a mudar dentes – desde a polémica separação, logo já é mais que tempo para acabar com todas as discussões e rivalidades de vocalistas, sabendo que ambos os lados se estão a safar tão bem, conseguem-nos dar boa música e eles mesmo já ultrapassaram. Goste-se de um lado, do outro, ou de ambos, há fruta para todo o freguês.

Avaliação: 8,0



quinta-feira, 24 de novembro de 2011

Stone Sour - Audio Secrecy



Artista: Stone Sour
Álbum: Audio Secrecy
Data de lançamento: 7 Setembro 2010
Género: Hard Rock, Metal alternativo, Post-Grunge
Editora: Roadrunner Records
Lista de faixas:

1 – “Audio Secrecy”
2 – “Mission Statement”
3 – “Digital (Did You Tell)”
4 – “Say You’ll Haunt Me”
5 – “Dying”
6 – “Let’s Be Honest”
7 – “Unfinished”
8 – “Hesitate”
9 – “Nylon 6/6”
10 – “Miracles”
11 – “Pieces”
12 – “The Bitter End”
13 – “Imperfect”
14 – “Threadbare”

Os Stone Sour parecem ainda ser vistos como um projecto paralelo de Corey Taylor para descansar dos Slipknot, apesar de a banda já se ter formado muito tempo antes de Slipknot e tendo até que ser interrompida para que ele se juntasse a eles. E mesmo que encarado como a encarnação mais madura e desmascarada de Corey Taylor – e também de James Roots, guitarrista de ambas bandas – já consegue tornar o seu nome bastante soante na cena de peso mais comercial da actualidade. Chegando até a atravessar todo um caminho ao ponto de conquistar fãs que nem façam a mínima ideia que esta é a mesma voz que comanda os Slipknot. É encarado como um lado mais suave e maduro e que pode agradar e servir de alternativa aos fãs de Slipknot, mas temos que os analisar de outra forma e de outro ponto de vista, visto que maioritariamente os fãs de Slipknot não são muito de fiar no que diz respeito a conhecimentos. Apesar de tudo, nunca foram uma banda assim tão má como os pintam – nem tão inovadores como algum “fanboy-ismo” os eleva – e há talento nos seus membros. No projecto Stone Sour é onde se pode sentir mais alguma versatilidade e experiências, costuma ser onde Taylor coloca a sua voz mais à prova e onde se acalmam mais as águas, dando a liberdade ao grupo de soltar o seu lado mais meloso em baladas – que mesmo assim não impede a existência de “Snuff”, “Vermillion, Pt. 2” e outras que tais. Mantendo sempre espaço para algumas malhas que agitem as orelhas dos ouvintes, com canções que se constroem a partir da base do Post-Grunge, a impressão que vai mesmo ficar ao final da audição do disco, é que este é um registo mais calmo, e que no meio de 14 temas, são exemplos como as baladescas “Hesitate” ou “Miracles” que mais se entranham. Seja esta abordagem propositada para mostrar uma outra maneira de encarar a faceta mais madura ou não, dá um sabor diferente aos Stone Sour em relação aos discos anteriores, procurando renovar o som e torná-lo mais fresco. Se tornar-se-á aborrecido para alguns dos fãs mais virados para a agitação e que anseiem mais uma “30/30-150”, isso já irá depender de cada um, mas tenho que sublinhar que o que marca mais esta banda no seu alastramento às massas são êxitos como “Through Glass” ou “Sillyworld”, portanto não é algo de propriamente novo. E também não estou a dizer que o disco gira todo à volta disso, como já disse, existem aqui bastantes malhas das mais ruidosas – óbvio que falo nos parâmetros do mainstream – como “Nylon 6/6” – cujo trabalho vocal impecável de Corey Taylor até consegue destacar este tema - , “Mission Statement”, “Digital (Did You Tell)”, “Unfinished”, “The Bitter End” e até mais, mas apenas me refiro ao que se fica a sobressair no final. Após mais algumas audições atentas então torna-se um registo mais variado onde se nota a verdadeira divisão e administração de diferentes disposições que realmente existem no disco. Dentro dos critérios com que se avalie este estilo de música pesada ou semi-pesada mais acessível ao povo, não há razão de queixa quanto à competência e trabalho aqui cumprido. É um álbum satisfatório e que apresenta a sua devida qualidade, aquela que era suposto apresentar. Se por acaso, chegarem aqui à procura de ouvir a roda a ser inventada outra vez, não vêm ao sítio certo, não só pelo disco mas também pela banda que é. Mas desde que deixe de ser “a outra banda daquele gajo dos Slipknot” já é muito bom, até.

Avaliação: 7,7 



terça-feira, 22 de novembro de 2011

Buckethead - Spinal Clock



Artista: Buckethead
Álbum: Spinal Clock
Data de lançamento: 16 Setembro 2010
Género: Avant-Garde, Rock experimental, Ambiente
Editora: TDRS Music
Lista de faixas:

1 – “Lafayette’s Landing”
2 – “Whale on This”
3 – “Four O’Clock for Dub Down”
4 – “Spinal Clock”
5 – “Overnight the Animatronics”
6 – “Gelatin Nerve”
7 – “Spinal Cracker”
8 – “Skeleton Dance”
9 – “Bayou by You”

Comento mais um dos quatro discos lançados por Buckethead no passado ano de 2010, depois de já ter falado de outros dois. Tanto pode ter sido um dos anos mais calmos/leves da discografia do guitarrista pela predominância de registos suaves e propostas acústicas como pode ter sido dos mais expansionistas no que toca ao experimentalismo. Pelo menos este bizarro “Spinal Clock” demonstra que por trás do balde não só há ali uma cabeça humana, mas também uma cabeça que pensa fora do usual. O experimentalismo por trás deste disco – que conta com Buckethead a fazer umas quantas experiências no banjo – traz-nos temas assombrosos no qual predomina um ambiente negro e arrepiante ao invés de melodia que aqui ocupa um papel mínimo. Cada tema soa exactamente a um Buckethead portador de um banjo a experimentar e a improvisar uns quantos riffs semi-aleatórios, quase sem qualquer outro acompanhamento. Mas há algo naquelas pistas e no pouco que o músico possa usar para acompanhar que se pode tornar perturbador. E que faça com que a imagem não seja apenas Buckethead com um banjo a tocar o que lhe sair, já o conseguimos imaginar num quarto escuro. Algo que se possa encontrar de mais diferente é o tema “Skeleton Dance” que é o que aqui se encontra que consiga ser realmente uma canção tradicional com pés, cabeça e melodia. E também a música para acabar “Bayou by You” que soa a Buckethead a gabar-se um pouco da velocidade que possui nos dedos para nos estontear com algumas rajadas de acordes. É, de facto, um álbum que dividiu bastante os fãs pela direcção tomada em relação ao som. Mas certo é que Brian Caroll – o seu verdadeiro nome – sempre foi um artista experimentalista e foi sempre o som vanguardista e inusual que o caracterizou. Sempre foi um artista que pensou fora da caixa – ou do balde se procurarem um trocadilho barato. Logo, admite-se o facto de este ser um disco de difícil digestão, mas nem sempre Buckethead foi dos artistas mais fáceis de se ouvir – apesar que o “Shadows Between the Sky” até é um disco acessível que pode servir de ferramenta de relaxamento para qualquer um – e se “Spinal Clock” não lembra tanto outros trabalhos do músico, creio que não seja suposto nenhum registo soar a outro. Não se encontra ligado ao restante trabalho no que diz respeito às capacidades melódicas do guitarrista? Mas há ali uma forte reminiscência ao seu outro projecto Death Cube K – um projecto que também consiste somente em Brian experimentando e com uma abordagem sonora voltada para o Dark Ambient. Desapontou muitos fãs, principalmente sendo o primeiro álbum em seis meses, devido a uma lesão espinal, que pode estar na origem do título do disco – foi uma pausa muito grande, isso de álbuns a cada dois anos ou um por ano é para maricas, assim se entenda – mas causou um estranho impacto. Soou a algo nunca ouvido até agora, portanto pode-se considerar missão cumprida para Buckethead.

Avaliação: 6,4



sexta-feira, 18 de novembro de 2011

Sonic Syndicate - We Rule the Night



Artista: Sonic Syndicate
Álbum: We Rule the Night
Data de lançamento: 27 Agosto 2010
Género: Metal alternativo, Metalcore, Hard Rock, Pop Rock
Editora: Nuclear Blast
Lista de faixas:

1 – “Beauty and the Freak”
2 – “Revolution, Baby!”
3 – “Turn It Up!”
4 – “My Own Life”
5 – “Burn This City”
6 – “Black and Blue”
7 – “Miles Apart”
8 – “Plans Are for People”
9 – “Leave Me Alone”
10 – “Break of Day”
11 – “We Rule the Night”

Há bandas que desde sempre que nunca foram assim tão estrondosas, nunca se sobressaíram. Nem chegavam a desiludir porque até nem iludiam muito. Lançavam um primeiro álbum relativamente interessante e suficientemente jeitoso para vender algo e fazer nome e estabelecer uma legião de fãs. A partir daí era naquela, fazia-se discos para agradar esses fãs já ganhos e não havia vontade de avançar. Mas no meio dessas de vez em quando aparecem algumas com vontade de se mover, como é o caso destes Suecos Sonic Syndicate. Mas digamos que os Sonic Syndicate se encontram numa escadaria e a sua mediocridade mantinha-os mais ou menos a meio das escadas. Havia muito por onde subir. Mas em vez disso preferem descer uns quantos degraus. E ainda por cima parece ter sido com um trambolhão. A mudança que a banda Sueca quis, foi afastar-se um pouco daquela essência do Melo-Death moderno mais voltado para o Metalcore, um pouco introduzido pelos In Flames que ainda conseguem fazer boas obras aceitáveis, ao contrário dos seus seguidores que há anos que não fazem nada de grande interesse. Mas a mudança não é assim muita, se já não gostavam dos berros juvenis que havia, eles permanecem e mesmo com mudança de vocalista não há nada de muito fresco numa voz que soa praticamente o mesmo e ainda lhe dá uns toques reminiscentes de um M. Shadows menos aplicado – para os muitos que por aí andam que odeiam, no seu direito, a voz de Shadows, já têm aqui um factor mais que suficiente para se quererem afastar disto. O problema é que a experiência feita ao “mais do mesmo” dá-nos apenas a sensação de ter amolecido bastante e de haver aqui uma mistura de velhos Sonic Syndicate e alguma banda pós-Nu Metal/Metal alternativo ou renegados do Post-Grunge que se torna constrangedora. E a “dance track” que é “Turn It Up!”, essa aí é só de franzir a sobrancelha. Onde mais se nota esse amolecimento descabido é nas baladas que eles decidem experimentar, como “My Own Life” que soa a alguma sobra excluída dos Staind e “Miles Apart” cuja letra parece ter sido retirada de um caderno do Chad Kroeger. O resto das canções são daquelas típicas mais juvenis que mesmo que apresentem um refrão engraçado, uma melodia pegajosa e tal, soam muito insípidas. “Revolution, Baby!” soa mais a single de banda sobrevivente do Nu Metal tentando generalizar o som após a passagem da moda, do que de uma banda que outrora fora mais virada para o Metalcore – porque não gosto muito de manter destas bandas dentro do Death Metal melódico e não, não é por ter alguma coisa contra elas porque não tenho. E ainda para mais, é a maneira como toda esta musicalidade corrompida é abordada, a começar pelo título do álbum. A distância que aqui existe entre ambição e arrogância é demasiado curta para o resultado que este disco demonstra. É provável que seja um disco suficiente e que encha as medidas de um ouvinte mais conformista e pouco exigente. E mesmo assim não sei se aguenta muitas audições. De resto, lá está, estes Sonic Syndicate rebolaram uns quantos degraus abaixo e agora têm ainda mais para subir. Até seria uma desilusão, mas lá está, como disse no início, nunca iludiram assim muito.

Avaliação: 4,0



segunda-feira, 14 de novembro de 2011

Serj Tankian - Imperfect Harmonies



Artista: Serj Tankian
Álbum: Imperfect Harmonies
Data de lançamento: 21 Setembro 2010
Género: Rock alternativo, Rock progressivo, Rock sinfónico, Hard Rock, Metal experimental
Editora: Reprise Records, Serjical Strike Records
Lista de faixas:

1 – “Disowned Inc.”
2 – “Borders Are..”
3 – “Deserving?
4 – “Beatus”
5 – “Reconstructive Demonstrations”
6 – “Electron”
7 – “Gate 21”
8 – “Yes, It’s Genocide”
9 – “Peace Be Revenged”
10 – “Left of Center”
11 – “Wings of Summer”

Mais um álbum que já tem mais de um ano. Mas tinha muita coisa acumulada por ouvir e ando a fazer agora tudo duma vez. Este é o “Imperfect Harmonies”, segunda experiência a solo do carismático e talentoso vocalista dos System of a Down, Serj Tankian. E se já os System of a Down eram, no meio das bandas de peso moderado modernas, uma das que mais ar fresco nos traziam no meio de uma era com muitas sonoridades semelhantes na música de peso comercial, assim que se separaram por um tempo, os seus membros não ficaram para trás na criatividade. Percebeu-se isso com os Scars on Broadway, percebeu-se isso com “Elect the Dead”, primeiro álbum de Serj. E foi com esse “Elect the Dead” que deu para entender que Serj Tankian também tinha cartas para dar numa carreira a solo, com um criativo registo bastante credível e sólido, mas não se sabia concretamente o que esperar num sucessor. Não havia um único género musical estabelecido, logo podia existir muito mais que fazer com a mesma fórmula. Mas assim que Tankian se junta com a Orquestra Filarmónica de Auckland, da Nova Zelândia para um registo ao vivo, o “Elect the Dead Symphony”, apercebe-se logo de que sonoridade explorar para o seu novo trabalho. E temos aqui um trabalho sinfónico, com mais alguns toques étnicos de música folclórica/tradicional Arménia e também alguma electrónica. E como fruto, temos aqui um álbum bastante ambicioso mas também cumpridor, ou seja, valeu a pena experimentar tanto e dar passos tão grandes. Toda a música – abordada e tocada pelo próprio Serj, com algumas ajudas de músicos convidados – e todas as diferentes influências em si captadas dão-nos uma atmosfera excelente e a voz de Tankian, que nunca nos deixou nada a desejar e ocasionalmente até nos impressiona, produz as melodias viciantes que por aqui andam e que ajudam a fazer deste disco uma rápida e agradável experiência. Tons “baladeiros” também andam por aqui como em “Beatus” ou “Yes, It’s Genocide” cuja utilização da música tradicional Arménia em conjunto com a sua língua numa narrativa que aponta falar-nos do genocídio no país, é capaz de arrepiar o ouvinte mais sensível. E ao longo de todo este rápido disco, temos deste tipo de música cujas suas variadas influências implodem numa obra de arte que não procura rótulo e nas letras já habitualmente políticas do vocalista Arménio-Americano também parece haver uma pequena evolução, pois aqui parece haver algo mais filosófico do que simplesmente protestante. E com tantas sementes identificáveis, a originar um fruto tão difícil de descrever, apenas temos um disco belo que demonstra que Serj Tankian não é apenas um vocalista louco que gosta de gritar, cantar rápido em falsetto e saltar enquanto exclama “Banana banana banana banana, Terracotta Pie” ou “Pizza pizza pie!” repetidamente – já todos sabíamos que ele era muito mais do que isso e mesmo assim essas canções aí apontadas são verdadeiramente um espectáculo. E mesmo que se queira bastante um álbum novo de System of a Down – que realmente caía muito bem – enquanto forem saindo discos assim, aguenta-se bem a espera.

Avaliação: 8,7



sexta-feira, 11 de novembro de 2011

Motorhead - The World Is Yours



Artista: Motorhead
Álbum: The World Is Yours
Data de lançamento: 14 Dezembro 2010
Género: Heavy Metal, Hard Rock, Speed Metal, Blues Rock, Rock and Roll
Editora: Motorhead Music
Lista de faixas:

1 – “Born to Lose”
2 – “I Know How to Die”
3 – “Get Back in Line”
4 – “Devils in My Head”
5 – “Rock ‘n’ Roll Music”
6 – “Waiting for the Snake”
7 – “Brotherhood of Man”
8 – “Outlaw”
9 – “I Know What You Need”
10 – “Bye Bye Bitch Bye Bye”

Existem dois tipos de bandas que seguem uma linha musical contínua baseada na mesma fórmula: Aquelas que começam a chatear passado pouco tempo e implora-se por algo diferente e aquelas que assim o são porque assim o povo as quer. E se os AC/DC andam ali pelo meio com a opinião do público dividida, uma parte para cada lado, os Motorhead são daqueles que exemplificam e representam o segundo caso apresentado. Uma banda daquela que “ou se gosta ou não se gosta” e se realmente se gosta, o que se quer a cada disco é um punhado de malhas dos bons e velhos Motorhead para abanar a caixa craniana. Com este “The World Is Yours” lançado em finais do ano passado completam-se vinte álbuns de estúdio numa invejável carreira que já vai a caminho dos quarenta anos. E no meio dessa longa discografia, vão havendo uns pontos variantes, claro que vão, seja nuns álbuns mais Punk do início, um “Overkill” e um “Ace of Spades” a escancarar as portas para o Thrash Metal que chegaria em pouco tempo, um cru e directo “Orgasmatron”, ou um com tons de peso mais modernos em “We Are Motorhead”. Mas a base mantém-se e a banda de Lemmy pode-se gabar de o fazer não só porque o faz bem, mas porque conseguiu efectuar um trabalho formidável na criação de um estilo próprio que ainda hoje mais ninguém o consegue tocar. Qual a necessidade de os Motorhead mudarem de estilo se o estilo que praticam é o estilo Motorhead? Pronto então, “The World Is Yours” é mais um álbum que desde que carregamos no botão “Play” já sabemos o que esperar e porque assim o queremos: canções de Rock and Roll à antiga – Lemmy até diz que eles não são uma banda de Heavy Metal mas sim de Rock and Roll – com uns riffs bem ruidosos e crus. Uns toques de Blues sem tirar peso e rapidez às canções directas que enchem o decorrer do disco. Música que soa veterana e com tomates, como se fosse a figura de um velho conselheiro com vida cheia de aventuras, simbolizado pela música. E claro, para completar a inconfundível, inigualável e até inimitável voz de Lemmy que certamente terá introduzido todo o tipo de vocal não-limpo que se encontra no Metal extremo de hoje, seja gutural ou berrado – quanto a berros, pergunto-me o que Lemmy achará de uns tais de Brokencyde… - que quando todos o começaram a fazer, tivessem eles a sua maneira criada por eles, Lemmy foi o pioneiro. Se míticos discos como “Overkill”, “Bomber”, “Iron Fist” ou “Ace of Spades” soam a discos influentes que servem de ponto de partida para Speed, Thrash Metal e muitos outros que aí viriam, este “The World Is Yours” apenas soa aos Motorhead a fazer aquilo que melhor sabem, que é serem eles mesmos. Aqui não é preciso inventar, é directo ao assunto, é suposto ser assim. Até porque o álbum é dirigido muito directamente a uma audiência: pessoas que gostam de Motorhead. E mais não é preciso.

Avaliação: 7,8


quinta-feira, 10 de novembro de 2011

["Ai Louvado..." do Mês] Fast Food Rockers - It's Never Easy Being Cheesy



Artista: Fast Food Rockers
Álbum: It’s Never Easy Being Cheesy
Data de lançamento: 2003
Género: Bubblegum Pop, Dance, Europop
Editora: Better the Devil Records
Lista de faixas:

1 – “It’s Never Easy Being Cheesy”
2 – “Fast Food Song”
3 – “Say Cheese! (Smile Please)”
4 – “I’m Not Going to Tell You Again”
5 – “Running Rings Around My Heart”
6 – “Sail Away”
7 – “Unforgettable”
8 – “9 Times Out of 10”
9 – “Rockers’ Carnival”
10 – “Ghostbusters”
11 – “Kiss Me Quick”
12 – “Strut Your Funky Stuff”
13 – “The Adventure”
14 – “Stompin’”
15 – “One Step Away From Love”

Eu avisei que isto ia piorar. Se não conhecem esta relíquia, abençoados sejam vós pela vossa sorte em nunca se terem cruzado com nenhuma “obra” daqui retirada. Se já conhecem, os meus sinceros sentimentos, sei bem o quão dolorosa pode ser a experiência de ver e ouvir tal coisa. Esta “banda” ou coisa que o valha já cá não anda e apenas duraram um ano. Quer se tenha crença religiosa ou qualquer tipo de fé ou não, é caso para dizer “Graças a Deus” de qualquer maneira. É que uma parte da Europa já apanhou um valente cagaço quando a “Fast Food Song” se tornou um hit e tínhamos 3 Pokémons estranhos a encorajar-nos a empanturrar-nos em tudo o que fosse fast food. Ou seja, alguém teve a brilhante ideia de investir dinheiro em 3 jovens de bom aspecto – leitores do sexo masculino que virem o vídeo de “Say Cheese!” conseguem distrair-se um pouquinho da música, creio eu – e produzir um single de Eurodance do mais foleiro que se pode fazer. E se a mente brilhante que escreveu tal consegue escrever mais, que venha de lá um disco inteiro, 15 faixas. E correndo o risco de fazer este artigo parecer muito religioso, ouso dizer na mesma: “Deus me livre!”. Sem querer descrever muito o que se passa para aqui – eu nem ouvi tudo o que se passa por aqui, muito obrigado, não é de todo necessário – acho que ao verem o vídeo daquele “espantacular” single já têm suficiente. O resto do disco seria instrumento de tortura, sofriam com o single, o restante era para multiplicar a dor. Mas não obrigo – aliás, nem aconselho – ninguém a ouvir algo semelhante sequer. Uma coisa que sei é que há por aqui coisas estranhas como rip-offs de rip-offs de algo muito mau. Sim, são assim tão bons. Numa estranha experiência de pesadelo bizarro em que ouvia “Rockers’ Carnival” havia ali um estranho plágio de Madonna que me dava a sensação de que tinham pegado em “La Isla Bonita” e a tinham feito passar por uma trituradora e de seguida num liquidificador e que ficara algo assim. E por aí fora, o resto também será um prato jeitoso, com certeza. Ao fim e depois de conseguirmos fechar a boca e limpar a baba do estarrecimento que se experiencia ao assistir a “Fast Food Song”, chegámos à conclusão de que isto ter durado um ano foi muito. Ter existido sequer foi muito. E a não ser que a vossa professora de Inglês no âmbito da matéria da disciplina relacionada com fast food queira passar esta música num exercício, e que para isso prefira CD’s originais, não há mais nenhuma razão para se querer comprar este single ou este álbum. Mas pronto, o perigo já passou, estes 3 já estão a tentar viver vidas normais sem ser numa carrinha colorida a oferecer pizzas e hambúrgueres e a fazer publicidade à KFC e ao McDonalds, com danças capazes de fazer até uma criança sentir alguma vergonha. Os leitores masculinos se quiserem lá podem pesquisar pelas duas moças, que uma delas acho que até tem uma página MySpace ou assim. E na segunda edição que realizo desta secção, apenas pergunto… Será que fui longe demais?


terça-feira, 8 de novembro de 2011

Lordi - Babez for Breakfast



Artista: Lordi
Álbum: Babez for Breakfast
Data de lançamento: 10 Setembro 2010
Género: Heavy Metal, Hard Rock, Shock Rock
Editora: Sony BMG, The End Records
Lista de faixas:

1 – “SCG5: It’s a Boy!”
2 – “Babez for Breakfast”
3 – “This Is Heavy Metal”
4 – “Rock Police”
5 – “Discoevil”
6 – “Call Off the Wedding”
7 – “I Am Bigger Than You”
8 – “ZombieRawkMachine”
9 – “Midnite Lover”
10 – “Give Your Life for Rock and Roll”
11 – “Nonstop Nite”
12 – “Amen’s Lament to Ra”
13 – “Loud and Loaded”
14 – “Granny’s Gone Crazy”
15 – “Devil’s Lullaby”

Banda que já pôde experimentar um pouco de fama ao dar a vitória ao seu país, Finlândia no Festival da Eurovisão. Uma surpresa ali no meio, e ganhar uma banda de cinco monstrengos a tocar música pesada certamente que se sentiu refrescante no meio de tanto acto foleiro de Eurodance que a Eurovisão muito gosta de nos dar. Grupo com uma recepção mista na população de peso, e com algumas controvérsias pelo meio como o playback mal sucedido em pleno festival ou a velha questão da imagem aperaltada superior à musica em si. Mas uma banda que consiga fazer o Eládio Clímaco espumar-se de raiva já merece respeito. O certo é que os Lordi já cá andavam antes do festival, e assim continuaram depois, desfrutando um pouco mais da fama na altura do “The Arockalypse” e com “Hard Rock Hallelujah” a fazer deles quase “one hit wonders”, mas nunca pararam e em 2010 sai um disco com sentido de humor, “Babez for Breakfast”. Porque só num disco com um sentido de humor mais linguarudo e algo infantilóide no meio de Heavy Metal da velha escola é que letras como “Babez for breakfast, bitches for brunch” é que fazem sentido e são aceites. E é sobre esse Heavy Metal à antiga que se constrói todo este disco e até o conceito dos Lordi. Talvez uma banda perdida que podia ter feito parte da década de 70 com outros actos teatrais como Alice Cooper ou KISS – nomeados como uma das principais influências do grupo. Ou até na década de 80 juntamente com toda a loucura do Hair Metal, só que mais berrante e flamejante com uns monstros medonhos em palco, mais medonhos ainda que as camadas de maquilhagem, calças justas e laca excessiva que existia no movimento. Com essa adaptação ao passado, se são uma banda à antiga ou uma banda datada, o vosso gosto é que decide como é que acham mais justo. Porque os temas presentes neste “Babez for Breakfast”, cantados pela rouquidão reconhecível do intimidador Mr. Lordi, são temas assim mesmo, que soam àqueles êxitos que reinavam o tempo de airplay da MTV na década de 80, mas cujo feeling clássico pode ser bem aceite no presente – nos dias de hoje, parece haver por vezes algo no modernismo que nos faz afastar-nos, ou então o moderno hoje em dia é o antigo. “This Is Heavy Metal”, “Rock Police”, “Give Your Life for Rock and Roll” – cujo tema de devoção ao “Rock n’ Roll” não ajuda a afastar-se das bandas da velha guarda – ou “Nonstop Nite” são canções que suam 80’s por todos os poros. “Call Off the Wedding”, a balada do registo – não tão forte como a memorável “It Snows in Hell” – já podia ter sido ecoada em estádio há mais de vinte anos atrás se alguém já a tivesse escrito – digamos Bruce Kulick, ex-guitarrista dos KISS que colaborou na escrita dessa música. E as humorísticas “Babez for Breakfast” e “Granny’s Gone Crazy” podiam muito bem ter um daqueles vídeos parvos em rotação pesada no Headbangers Ball da MTV nos seus dias iniciais. É claro que tendo em conta o que a banda tenciona fazer, é claro que este disco, este conjunto de temas encontra-se muito bem conseguido, com o sentimento ideal bem capturado e um seguidor aceitável dos álbuns anteriores. A banda gosta de ter uma imagem excêntrica – os fatos de monstros são mesmo muito porreiros, digo já - e de fazer umas quantas malhas simples. Se não é essa a vossa praia, sigam, não vão por aqui.  Se derem valor a isto, os Lordi sabem como vos satisfazer o apetite e garantem que se divirtam a ouvir isto, tanto quanto eles se divertiram a gravar. Ah sim, e a capa também está qualquer coisa de espectacular…

Avaliação: 7,2


segunda-feira, 7 de novembro de 2011

Head:Stoned - I Am All



Artista: Head:Stoned
Álbum: I Am All
Data de lançamento: Outubro 2010
Género: Thrash Metal
Editora: Major Label Industries
Lista de faixas:

1 – “Through All the Doubts”
2 – “Yet Another Flaw”
3 – “Within the Dark”
4 – “Driven by Fear”
5 – “Invisible”
6 – “Blood Ties”
7 – “Absence of Closure”
8 – “Hope Lies Dead”
9 – “Reaching the Abstract”
10 – “I Am All”

Apesar da cena do Metal nacional estar bem repartida e termos um pouco de tudo para nosso consolo, talvez seja seguro dizer-se que quando se fala em Thrash Metal nacional, o primeiro que se pense é em Thrash Metal moderno com alguns traços de Hardcore que tem vindo a predominar não só aqui como lá fora. Portanto é possível que ao mencionar-se os Head:Stoned como uma nova aposta no Thrash Metal com o seu EP de estreia lançado há 2 anos e o seu primeiro longa duração há cerca de um ano, sem se ouvir, talvez se emoldure esta banda como mais uma dessas. No entanto é aí que reside toda a diferença e o que pode catapultar estes Head:Stoned – previamente denominados Headstone – para a “zona de atenção” de bandas de destaque que prometam. Ou que neste caso já surpreendam desde o seu início. A banda Portuense toca um Thrash mais à antiga, sem se prender à fórmula moderna, e para ter a certeza que ainda se afasta mais do comum, junta-lhe uns toques de Heavy tradicional e algum Power Metal na voz. Em vez de vocais berrados e guturais, o talentoso vocalista Vítor Franco canta e canta a sério, não se limita apenas a ser um mero vocalista, o que ele faz é cantar verdadeiramente com um trabalho surpreendente a comandar as canções com a sua voz. É na sua voz que se pode encontrar a influência do Power Metal mas sem aqueles exageros que muitas vezes encontramos num dos subgéneros mais batidos do Metal. E enquanto Vítor canta, Pedro Vieira, Nuno Silva e a baixista Vera Sá riffam e não precisam de ninguém a dizer-lhes como o fazer. Mantendo a mesma base de riff em todos os temas e mantendo as canções com anatomias semelhantes, o grupo não se limita e ainda consegue soltar bastante criatividade nos riffs que mesmo ainda sendo simples, são tão saborosos para o ouvido – mistura de sentidos intencional. E já que mencionei todos os membros da banda, não posso deixar de fora o soberbo trabalho de bateria de Augusto Peixoto. Cada membro desempenhando um excelente papel individualmente e funcionando ainda melhor como um todo. É assim que os Head:Stoned, ainda sendo uma banda jovem sentindo agora o sabor do primeiro álbum de estúdio já consegue soar tão madura, tão talentosa e já tão relevante para a cena de peso do país. Os temas fazem-nos abanar a cabeça e bater o pé sem quase nos apercebermos e ao fim, fica uma boa sensação de gozo e que dá vontade de ir ouvir de novo alguns temas como “Through All the Doubts” e as suas primeiras impressões de vocais poderosos acompanhados por riffs de barba rija, “Absence of Closure” que soa tão bom e fresco hoje como soaria há alguns anos atrás, a mais brutal e pesada “Hope Lies Dead” ou a faixa-título com o seu riff a parecer dar uma piscadela de olho a “Symphony of Destruction” e o seu envolvente refrão. Isto, enumerando apenas alguns exemplos, visto que não existe aqui uma única música para encher chouriço. E se já houve bastante ansiedade para o lançamento deste disco após um EP de tão elevada qualidade, como se esperará agora pelo obrigatoriamente fortíssimo segundo álbum? Pena que do nosso país haja pouca projecção para o exterior, porque cá dentro, já têm um lugar de respeito reservado. E merecem-no.

Avaliação: 8,5



sexta-feira, 4 de novembro de 2011

Linkin Park - A Thousand Suns



Artista: Linkin Park
Álbum: A Thousand Suns
Data de lançamento: 14 Setembro 2010
Género: Pop Rock, Rock electrónico, Rock experimental
Editora: Warner Bros. Records
Lista de faixas:

1 – “The Requiem”
2 – “The Radiance”
3 – “Burning in the Skies”
4 – “Empty Spaces”
5 – “When They Come for Me”
6 – “Robot Boy”
7 – “Jornada del Muerto”
8 – “Waiting for the End”
9 – “Blackout”
10 – “Wretches and Kings”
11 – “Wisdom, Justice, and Love”
12 – “Iridiscent”
13 – “Fallout”
14 – “The Catalyst”
15 – “The Messenger”

Já mais de um ano depois do lançamento do álbum, decido então ouvi-lo e comentá-lo. Com apreciações mistas e uma divisão que quase de forma geral se pode caracterizar como sendo adorado por muitos críticos e desprezado por muitos fãs, é essa a recepção a “A Thousand Suns”, quarto álbum dos Americanos Linkin Park. Certamente arriscado e com vontade de avançar para além do local onde se situavam na primeira metade da década passada, ao final do álbum, fica aquela sensação no ar, se o que se acabou de ouvir é realmente algo genial ou se é apenas uma ideia que soava bem no papel, mas que na prática se perdeu um pouco. As reacções de fãs têm sido muito mistas, uns adoram-no e acham que este foi o passo certo para uma maturidade na música dos Linkin Park com o amadurecimento simultâneo da base de fãs que os acompanhara no início. Outros vêem isto como um golpe comercial de tentarem manter-se relevantes após o amortecimento do Nu Metal e do Rapcore. Outros dizem que se venderam, mas isso já é indiscutivelmente sem lógica. Nunca se pode afirmar que uma banda que se estabeleceu como uma das várias bandas líderes do movimento juvenil do Nu Metal e que foi uma das que mais lucrou, vendeu e teve airplay na sua época, se possa ter vendido em qualquer ponto seguinte da sua carreira. Já quanto às duas reacções anteriores, é difícil escolher um lado quando ambos têm razões legítimas e ambas as sensações causadas no ouvinte são reconhecíveis e compreensíveis. Porque é isto que o álbum é. Um conjunto de sensações mistas. Mais uma vez, aclame-se a vontade de avançar e a ousadia em arriscar em experimentalismos. Longe já vão os tempos de “One Step Closer”, “Points of Authority”, “Numb” ou “Papercut”. Aqui as canções têm um esqueleto completamente diferente e vai reinando a electrónica e outros arranjos futurístico-presentes que tais. Em vez de um conjunto de canções, é um álbum contínuo bastante agarrado ao seu conceito e que se deve ouvir num todo – eles foram longe ao ponto de lançar a versão iTunes como apenas uma música de 47 minutos. Já sabíamos da capacidade inegável de Chester Bennington em cantar, aqui procura-se salientar isso, permitindo-lhe que a goela descanse mais sem ter que berrar tanto como antigamente – a faixa “Blackout” é a que mais se liga aos seus dias da velha escola, nesse aspecto. Há interlúdios em todo o lado que se possa. E apesar de toda a ousadia e experimentalismo arriscado, ainda parece haver alguma preocupação em agradar às massas e em procurar algum airplay como nos temas “Waiting for the End”, “Burning in the Skies” e “Iridescent”, a acenar a outras que tal como "Leave Out All the Rest" ou "Shadow of the Day" ou "New Divide", que nem de propósito, foram escolhidos como singles. E enquanto existem algumas faixas que dão a sensação de empancar e de deixar um pouco à espera de algo mais que aconteça como “Robot Boy”, a mesmo assim orelhuda “Burning in the Skies” ou a orientada por piano “Iridescent”, também existem aqui bons pedaços de música de se tirar o chapéu como “When They Come for Me” – que para mim, destaca-se à vontade das restantes -, “Blackout”, a bem regada de Rap também como nos seus dias da velha guarda “Wretches and Kings” ou até o enérgico single principal “The Catalyst”. Mas como disse, é daqueles álbuns que ao fim da sua audição fica a questão no ar se seria o ideal para já, e que logo desde o seu início supomos, e no seu final temos a certeza: nem todos se vão encontrar agradados. E enquanto é ainda bem superior ao anterior “Minutes to Midnight” que soava muito arrastado e por vezes até aborrecido, com “A Thousand Suns” ficamos sem saber qual o caminho que os Linkin Park vão tomar para o futuro. É esta a introdução a um novo som, é apenas um aparte experimental ou daqui em diante será só discos semi-vanguardistas sem semelhanças entre si? Álbum que depois de alguma espera se entenderá um pouco melhor como se situa na discografia da banda. Para já, muito muito misto.

Avaliação: 6,6