quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

Escape the Fate - Escape the Fate


Artista: Escape the Fate
Álbum: Escape the Fate
Data de lançamento: 2 Novembro 2010
Género: Post-Hardcore, Metal Alternativo, Metalcore, Emocore, Rock Alternativo, Hard Rock
Editora: DGC Records, Interscope Records
Lista de faixas:

1 – “Choose Your Fate”
2 – “Massacre”
3 – “Issues”
4 – “Zombie Dance”
5 – “Gorgeous Nightmare”
6 – “City of Sin”
7 – “Day of Wreckoning”
8 – “Lost in Darkness”
9 – “Prepare Your Weapon”
10 – “World Around Me”
11 – “The Aftermath (G3)”

Escape the Fate. Nome que já não se safa do tão negro e evitável rótulo de Emo. Mas estes já não são como uns My Chemical Romance, estes Escape the Fate já se inserem nessa categoria. Os verdadeiros factores estão lá e a teenage fanbase também. E também são uma banda que, logo de imediato, sabemos que não vamos ter grande coisa de álbum, assim que um novo sai. A única coisa superior neste álbum é que já é capaz de diferir em algo e não é daqueles discos que pegamos nele e pensámos “Mais vale ouvir o anterior que já se sabe o que está aqui”. Estes, mesmo que não fazendo grande coisa, sempre foram capazes de atirar uma coisita um pouquinho mais diferente ao ar neste terceiro álbum. O próprio vocalista revelou antes do lançamento que trabalharam para fazer um disco com músicas realmente diferentes umas das outras – no seu discurso foi difícil de perceber se ele reconhecia que os dois discos anteriores poderiam ser vistos como uma aldrabice. E há também um ligeiro crescimento musical e desenvolvimento em outros sentidos, como por exemplo, já parecem haver menos berros sofridos neste álbum. Mesmo que o restante se mantenha ainda bastante juvenil. É, precisamente essa atitude mais juvenil presente nestas canções que faz com que este disco seja muito pouco recomendável a muita gente. É aquela estrutura gasta de Post-Hardcore que em nada se pode destacar, já soa mais que mastigado, as alternâncias entre os berros e os vocais limpos que já devem ter muita boa gente farta. A única coisa mais positiva a apontar aqui é mesmo o impacto das melodias dos refrões. Mesmo que sejam feitas à base daquele “refrão que soa a Pop, mas acompanhado dum riff pesado” que já é cliché e já nem sequer é um cliché novo, que já por aí anda há muito tempo. Mas mesmo assim feitos, ainda têm a capacidade de prender o ouvido do ouvinte quer queira quer não e arrastá-lo durante o disco, como que a obrigar atenção. Visto que, se retirarmos esses refrões ficaria um disco aborrecido com pouca ponta para pegar, não há como negar o quão fortes e importantes são esses melódicos refrões. É mesmo a parte em que se pode afirmar “bom trabalho”. Porque, de resto, não se perde grande coisa se se deixar isto por ouvir.

Avaliação: 5,9


Ektomorf - Redemption


Artista: Ektomorf
Álbum: Redemption
Data de lançamento: 17 Dezembro 2010
Género: Groove Metal
Editora: AFM-Records
Lista de faixas:

1 – “Last Fight”
2 – “Redemption”
3 – “I’m in Hate”
4 – “God Will Cut You Down”
5 – “Stay Away”
6 – “Never Should”
7 – “Sea of My Misery”
8 – “The One” (com Danko Jones)
9 – “Revolution”
10 – “Cigany”
11 – “Stigmatized”
12 – “Anger”

Os Ektomorf são um exemplo de uma banda que a imprensa, já de imediato não sorri muito para um novo disco. É que este “Redemption” é já o nono álbum de originais da banda e há sempre a sensação de que após todos estes anos é o mesmo disco que esta banda Húngara anda a fazer e já carregam às costas, sem querer, o rótulo de rip-offs de Sepultura ou Soulfly. O seu estilo de música, o Groove Metal construído à volta de muita fúria e crítica social, que se tornou característico das bandas Brasileiras anteriormente mencionadas é o que os Ektomorf escolhem para a sua música e os seus discos. Até o sotaque Húngaro que distorce um pouquinho o Inglês do vocalista Zoltán Farkas pode fazer lembrar o sotaque Brasileiro no Inglês de Max Cavalera. Mas, no entanto, não os culpo, não parece daquelas imitações descaradas, mas é verdade que poderiam ser mais cuidadosos. Quanto ao álbum em si, é como disse, mantém-se ao mesmo nível dos anteriores, mas da forma que, não acrescenta nada aos anteriores, segue pelo exacto mesmo caminho e é como se não houvesse necessidade de mexer em absolutamente nada na música, nem colocar nenhuma possibilidade de algo novo encima da mesa. Logo, o risco tomado aqui neste disco é zero. As letras mantêm a mesma fúria em crítica social, que se tornou bastante notável numa das suas canções trademark, “Outcast”. Não são das mais poéticas e imaginativas que andam por aí, mas também não é preciso nem é suposto ser, quanto às letras mantêm-se os mesmos níveis, mas isso já é bom e até é requerido, que a essência lírica se mantenha. Há aqui partes em que até faz lembrar ligeiramente Nu Metal. O que há sempre de bom nisto, é que a energia presente em cada música, em cada riff, é inegável e é muito difícil ficar totalmente indiferente à força e poder desta dúzia de canções, que apesar de partilharem várias semelhanças entre elas, são mesmo feitas para agitar, causar um pequeno motim, para “moshers”. É compreensível que alguns dispensem este disco e esta banda, mas para quem procurar ou um disco divertido, ou uma libertação de raiva acompanhada duma fanfarra de riffs pesados, então os Ektomorf são recomendáveis e este álbum “Redemption” cumpre a tarefa de satisfação tão bem como qualquer outro.

Avaliação: 6,1


quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

Daft Punk - Tron: Legacy Soundtrack


Artista: Daft Punk
Álbum: Tron: Legacy
Data de lançamento: 6 Dezembro 2010
Género: Electrónica, Orquestral, Ambiente, Soundtrack
Editora: Walt Disney Records
Lista de faixas:

1 – “Overture”
2 – “The Grid”
3 – “The Son of Flynn”
4 – “Recognizer”
5 – “Armory”
6 – “Arena”
7 – “Rinzler”
8 – “The Game Has Changed”
9 – “Outlands”
10 – “Adagio for Tron”
11 – “Nocturne”
12 – “End of Line”
13 – “Derezzed”
14 – “Fall”
15 – “Solar Sailer”
16 – “Rectifier”
17 – “Disc Wars”
18 – “C.L.U.”
19 – “Arrival”
20 – “Flynn Leaves”
21 – “Tron Legacy (End Titles)”
22 – “Finale”

5 anos desde o ultimo album de originais “Human After All”, e os Daft Punk decidem finalmente presentear os fãs com música nova, após uns presentinhos – a compilação “Musique Vol. 1” e o álbum ao vivo “Alive 2007”. Mesmo que seja música pouco usual, pois desta vez os Daft Punk não nos estão a fornecer mais um punhado de hits de dança, que prometem ficar no futuro como hinos inesquecíveis – e fazem-no parecer fácil. “Tron: Legacy” é uma banda sonora para o filme de ficção científica da Disney “Tron: Legacy”, a pedido do realizador Joseph Kosinski. A coisa mais diferente que os Daft Punk já fizeram e para provar um pouco mais da sua vasta musicalidade que já era perceptível mesmo quando só faziam música de dança. Aqui, a dupla Francesa não se limita a usar sintetizadores e drum machine, e eles já o sabiam desde o início. Isto já mete orquestra, não fosse isto uma mistura de música electrónica com música clássica. Toda a electricidade e adrenalina que uma trilha sonora deve ter para acompanhar todos os momentos de acção, emoção e que façam quem vê o filme entrar na acção e sentir tudo. É mesmo a típica música de filme que nós conhecemos e os Daft Punk demonstraram saber manusear isso tão bem como conseguem tirar míticos hinos de pista de dança do bolso. Uma boa administração e divisão dos sons orquestrais com os electrónicos, havendo uma maior predominação de sons clássicos. Ainda assim, deu para retirar daqui um curto single “Derezzed” que ainda é a faixa que melhor se aproxima do habitual dos Daft Punk. E faixa de destaque, juntamente com a perfeita administração e junção de electrónica e orquestral de”Tron Legacy (End Titles)”, que talvez seja mesmo a mais soberba faixa desta trilha sonora, onde a junção e administração dos dois estilos diferentes melhor se acentua. Não é o habitual disco de Daft Punk ao qual estamos habituados, ainda temos que esperar pelo verdadeiro álbum de originais. Mas este é um disco que os fãs devem admirar, porque está aqui um passo enorme e mais uma prova viva de que os Daft Punk não são apenas 2 DJ’s que fazem músicas de cabeçada na parede, simples dancefloor hits para encher. Estes Franceses são dois grandes músicos que apresentam aqui um álbum invejável.

Avaliação: 8,5


Crippled Black Phoenix - I, Vigilante


Artista: Crippled Black Phoenix
Álbum: I, Vigilante
Data de lançamento: Agosto 2010
Género: Rock Progressivo
Editora: Invada
Lista de faixas:

1 – “Troublemaker”
2 – “We Forgotten Who We Are”
3 – “Fantastic Juice”
4 – “Bastogne Blues”
5 – “Of a Lifetime”
6 – “Burning Bridges”

Talvez não ande por aí na ponta da língua do povo inteiro, mas Crippled Black Phoenix é um dos nomes mais sonantes do Rock progressivo actual. Um supergrupo, que conta já com nomes veteranos pertencentes a bandas como Electric Wizard, Gonga, ou Iron Monkey, projectos que já têm a sua devida experiência em estilos como o Stoner, Doom ou Sludge. É a influência exterior desses estilos que aqui ajuda a criação de um Post-Rock com tanto de ambiental como de forte, com peso interpolado com melodias suaves. Desde guitarras distorcidas a doces pianos. Uma instrumentalização variada, composições elaboradas e bem esticadas, os vocais arrastados num tom monótono… Tudo junto vai formar uma sonoridade singular, mas é óbvio que vão saltar sempre algumas observações quanto à sua semelhança com Pink Floyd. Também, qual a banda de Rock progressivo que não tenha sido influenciada por Pink Floyd, até agora? Já é normal e recorrente, mas nestes CBP, o seu estudo da obra de Pink Floyd chega a tornar-se mais evidente e alguns mais mal-humorados vão acusá-los de imitadores enquanto outros mais optimistas vão nomeá-los como sucessores dos Floyd. Não acho que sejam sucessores, porque não acho que na música hajam sucessores de coisa alguma, mas sim, posso afirmar que estes Crippled Black Phoenix, transportam bem a velha sonoridade para os tempos de hoje, mostrando que o Rock progressivo velhinho está tão fresco hoje como naquele tempo. E estas seis músicas, também, são de notar que poderiam ter sido gravadas e lançadas, tanto hoje como noutra época – finais 60/inícios 70, por exemplo. Músicas essas, que são fruto de um trabalho sensacional. Deliciosas composições e uma brilhante multi-instrumentalização. Não apostam só em longas músicas de ambiente e também investem em alguns factores orelhudos, de deixar partes da música presas na cabeça. Cito como exemplos, o piano de “Fantastic Juice”, a outro de “Bastogne Blues”, a guitarra de “Of a Lifetime” ou a conclusiva curta e alegre “Burning Bridges”. É, de facto, um disco muito bom, apenas não estou muito confortável e familiarizado com a restante discografia da banda, para poder comparar este disco aos anteriores, mas creio que este “I, Vigilante” seja tão bom para começar a ouvir a música da banda, como qualquer outro disco. Com ou sem parecências a Pink Floyd, temos aqui uma das boas obras-primas de 2010.

Avaliação: 8,9


terça-feira, 18 de janeiro de 2011

In This Moment - A Star-Crossed Wasteland


Artista: In This Moment
Álbum: A Star-Crossed Wasteland
Data de lançamento: 9 Julho 2010
Género: Heavy Metal, Metalcore, Metal Alternativo
Editora: Century Media Records
Lista de faixas:

1 – “The Gun Show”
2 – “Just Drive”
3 – “The Promise” (com Adrian Patrick dos Otherwise)
4 – “Standing Alone”
5 – “A Star-Crossed Wasteland”
6 – “Blazin’”
7 – “The Road” (com Gus G)
8 – “Iron Army”
9 – “The Last Cowboy”
10 – “World in Flames”

Isto já não é um vulgar disco de Metalcore como outro qualquer, isto já mal é Metalcore. Depois de uma evolução no segundo álbum para uma sonoridade mais generalista – mais Pop para quem for mais embirrento – e um terceiro com uma dose de peso diferente da do primeiro disco, os In This Moment foram capazes de desenvolver um estilo próprio. E não me venham falar em vulgaridade de Metalcore ou lá o que seja. Aqui pode haver alternância entre vocais cantados e berrados, mas não se encontram em mais lado algum, alguém que cante como Maria Brink ou alguém que berre como Maria Brink. Das vozes mais potentes do Metal actual, quer se goste quer não, é de uma força e poder reconhecível, tanto em estúdio como ao vivo. E mesmo para além da voz, a música diferencia-se de um Metalcore vulgar, mesmo que ainda apresente alguns traços evidentes. Ao terceiro álbum da banda, “A Star-Crossed Wasteland”, a banda conseguiu captar aquele ponto: a sua perfeição. Como se tivesse conseguido finalmente captar toda a essência do grupo, em força e depositá-la totalmente num disco soberbo. É que desde que o disco abre, que achamos que temos ali a música do álbum, a derradeira. E talvez seja. “WELCOME TO THE GUN SHOOOOOOOOOW!!” é o que se ouve naquela que poderá ser uma das canções mais pesadas da carreira da banda e desde esse preciso momento que estamos colados ao álbum. E desde essa descarga de energia, que o nível não desce e mantém-se sem nenhuma quebra de ritmo, sem nenhum momento “dethroning” até ao final. Pelo meio ainda passa pelo dueto com Adrian Patrick, em “The Promise” com o seu formato semelhante a uma “balada agressiva”. Nada de negativo a apontar aí, mas sim, de notar a forma como Maria Brink, querendo, consegue arrumar Adrian Patrick a um canto, se assim pretendesse. A mood de “destruição de tudo à volta” semelhante a “The Gun Show” regressa em “Blazin’”, a meio do disco, para que os momentos mais explosivos de distribuam. Mas não me percebam mal, são os momentos mais fortes, sem retirar a força aos restantes temas, apenas tem estes que fazem questão de se destacar ainda mais, porque, lembrem-se, o álbum não amortece em nenhum momento. De certa forma, serviu para silenciar algumas críticas mais negativas ao anterior “The Dream” se achavam que a banda já se tinha perdido. Porque este “A Star-Crossed Wasteland” está um mimo…

Avaliação: 9,1


sábado, 15 de janeiro de 2011

[Clássico do Mês] Alice Cooper - Love It to Death


Artista: Alice Cooper
Álbum: Love It to Death
Data de lançamento: 12 Janeiro 1971
Género: Hard Rock, Garage Rock, Heavy Metal, Rock Progressivo, Shock Rock
Editora: Straight Records, Warner Bros. Records
Lista de faixas:

1 – “Caught in a Dream”
2 – “I’m Eighteen”
3 – “Long Way to Go”
4 – “Black Juju”
5 – “Is It My Body”
6 – “Hallowed Be My Name”
7 – “Second Coming”
8 – “Ballad of Dwight Fry”
9 – “Sun Arise”

Ousadia, genialidade, controvérsia, influência. Apenas exemplos de palavras que nos vêm à mente quando pensamos no Sr. Alice Cooper, um senhor que decide levar a sua carreira com nome de mulher. Também levou a sua carreira através da construção de geniais álbuns icónicos, míticos e marcantes da geração, a criação de um estilo de Rock teátrico e chocante, e com a sua habilidade de escrever as suas tenebrosas e macabras histórias de terror sádicas, que por vezes gostava de inserir em álbuns conceptuais – veja-se o caso do mais recente “Along Came a Spider”. Em 1971, com o seu “Love It to Death”, Cooper e a sua banda que levava o mesmo nome ainda davam os seus primeiros passos e este era ainda o terceiro álbum, apenas. Os gigantes “Killer”, “School’s Out” e “Billion Dollar Babies” viriam depois, mas foi com “Love It to Death” que o “monstro” se começou a desenvolver de forma notável. A sua ousadia valeu-lhe bastantes repreensões e olhares de lado de pais mais conservadores que consideravam a sua arte imoral. A capa do álbum mereceu uma censura pelo escandaloso dedo de Cooper a sair-lhe da braguilha das calças. Demais para aquele tempo. Os seus espectáculos repletos de efeitos especiais, teatro e actos que enlouqueciam alguns da audiência – desde o abuso e desmembração de bonecas à famosa e frequente cena da guilhotina que deve ter enervados uns quantos fãs, quando viram a cabeça de Alice Cooper a ser “cortada” pela primeira vez. Era de facto, um artista à frente do seu tempo, mas repare-se que eu ainda não me referi à música. Então, ele era só um artista de imagem, que mal se lembrava de fazer música inicialmente? Claro que não, se há alguém que sabe acompanhar bem a sua imagem com excelente música, esse é Alice Cooper e a sua banda. “Love It to Death” foi o disco que ofereceu mais exposição da banda ao mainstream, afastando-se um pouco da sonoridade psicadélica e progressiva com que se estrearam e dando passos mais largos no campo do Hard Rock regado com um pouco do recém-chegado Heavy Metal, mantendo ainda traços da sonoridade anterior. Disco que ainda consegueu fornecer à banda o seu primeiro hit a sério, e a sua primeira “signature song”: “I’m Eighteen”. Uma das 4 músicas que eu destaco neste disco, para fazer uma breve descrição muito rapidamente sobre porque é que este álbum é tão bom. “I’m Eighteen” é daquelas canções que marcaram bem a sua geração, com letra escrita directamente ao público, um riff imediatamente reconhecível à sua primeira nota, e que pode dar origem a um grito de guerra, se quiserem: “I’m eighteen and I like it!”, se o souberem dizer com a mesma garra e intensidade que Cooper. De seguida, “Long Way to Go”, é uma das músicas que mais me fica presa, com a sua estrutura simples. O riff é facilmente memorável e consegue ser até, bastante dançável. Refrão básico construído à volta de um verso só, que se torna mais fácil para qualquer um de nós para o cantar enquanto acompanhamos a música, seja em casa a ouvir o disco, ou num concerto a saltar de punho no ar. E a sua influência, porque o seu riff não deixa de me fazer lembrar riffs de bandas recentes de Indie Rock ou dos “revivals” do Post-Punk e do Garage Rock. Posso estar errado, no entanto. “Black Juju”, com os seus 9 minutos de duração é uma das músicas que creio que se aproxima mais da sonoridade psicadélico-progressiva dos 2 primeiros discos. São 9 deliciosos minutos de música enigmática com um toque obscuro. Instrumentalização a salientar. E finalmente, aquela que acho que seja a canção que mais marca o disco, “Ballad of Dwight Fry”, uma balada emocional que passa por introdução “spoken”, com uma voz de criança a perguntar “Mommy, where’s daddy?”, estrutura acústica de canção calma e melancólica, refrão a roçar o épico, com intensidade suficiente para fazer desta uma daquelas baladas arrepiantes, um solo de babar por mais e a perturbadora parte em que Alice grita desesperadamente “I gotta get out of here!” que funciona como cereja no topo do bolo, para ficar uma perfeita “dark ballad”, que pela sua estranheza ao ouvir, se torna tão linda de ouvir. Apenas destaquei estas 4 porque creio que são as que melhor se destacam, porque as outras 5 são óptimas para ter um disco completo e bem preenchido de excelente música. O disco todo em si, ao ser ouvido, funciona como uma esplêndida viagem no tempo, mas de certa forma a manter-se na mesma tão actual, tão fresco, tão belo. É certamente, um fascinante álbum da década de 70 ou até, de sempre. E duvido muito que os fãs de Hard Rock e de Alice Cooper discordem.


quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

Beach House - Teen Dream


Artista: Beach House
Álbum: Teen Dreams
Data de lançamento: 26 Janeiro 2010
Género: Indie Rock, Dream Pop, Indie Pop, Shoegaze
Editora: Sub Pop Records
Lista de faixas:

1 – “Zebra”
2 – “Silver Soul”
3 – “Norway”
4 – “Walk in the Park”
5 – “Used to Be”
6 – “Lover of Mine”
7 – “Better Times”
8 – “10 Mile Stereo”
9 – “Real Love”
10 – “Take Care”

Não é música de fácil compreensão e não é à primeira que se ouve este álbum e se percebe a sua genialidade. Música Indie com traços fortes de Shoegaze à base de melodias calmas e muito relaxantes. Já é a terceira vez que esta dupla Americana lança um trabalho para o espanto e aclamação dos críticos e dos fãs, com uma essência que parece até ir aumentando com o tempo. Este “Teen Dream” dá a impressão que os Beach House só melhoram de álbum para álbum e que não há limites para a sua imaginação e capacidade de composição de bons temas. Administração de sons e harmonia de suaves guitarras com electrónica, acompanhados por uma calma voz limpa que arrasta as canções a um ritmo lento mas suficiente. Não é daqueles discos que logo à primeira audição se torna apaixonante, nem tem nenhum tipo de refrões e melodias viciantes que se entranham na cabeça quer se queira quer não, é daqueles que se tornam enigmáticos à primeira e então depois das repetições, mais facilmente se compreende a beleza de cada canção. Desde “Devotion” de 2008 que parecia não haver muito mais a fazer quanto à música da banda e que não havia muito a acrescentar sem evitar redundância. Com “Teen Dream”, houve apenas uma pequena mudança de rumo, que sem se afastar do género, efectua a renovação necessária. O resultado disso é a sonoridade dos Beach House mais singularizada ainda, como se se tornasse mais própria. O principal destaque de “levantar a orelha” é “10 Mile Stereo” desde o seu início. É um álbum que mesmo que não seja muito eficaz no que toque às suas melodias, acaba por ser sempre uma viagemzinha. Não é por acaso e por razão nenhuma que este “Teen Dream” consta em numeras listas de melhores álbuns de 2010…

Avaliação: 8,3


quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

Linda Martini - Casa Ocupada


Artista: Linda Martini
Álbum: Casa Ocupada
Data de lançamento: Novembro 2010
Género: Rock Alternativo
Editora: Rastilho Records
Lista de faixas:

1 – “Mulher-a-Dias”
2 – “Nós os Outros”
3 – “Amigos Mortais”
4 – “Elevador”
5 – “S de Jéssica”
6 – “Juventude Sónica”
7 – “Ameaça Menor”
8 – “Queluz Menos Luz”
9 – “Belarmino Vs”
10 – “Cem Metros Sereia”

São bandas como esta que ainda fazem a juventude dar alguma atenção ao nosso país no que toca a música, antes de assumir de imediato que o bom vem do estrangeiro. O único que não caía nada mal aqui também nestes Linda Martini seria um pouco de reconhecimento internacional. Mas para já, acho que já se podem contentar com uma aclamação quase unânime a nível nacional e podem bem orgulhar-se de ser uma das maiores apostas da música alternativa da última década. Com apenas 2 álbuns lançados nesta década anterior e uma sonoridade fresca, que sem criar algo de bombástico e novo, consegue atingir a sua singularidade, talvez os Linda Martini nos 00’s se pudessem comparar ligeiramente aos Ornatos Violeta nos 90’s. É certo que o estatuto dos Ornatos hoje em dia já é praticamente lendário, mas os Linda Martini, mesmo que mais lentamente, também parecem pender para um futuro feliz. E este “Casa Ocupada” confirma-o. Desde o single e faixa de abertura “Mulher-a-Dias” que se nos abre o apetite para um Rock alternativo tão bem tratado, canções penetrantes seja pelas “doces” guitarras ou pela voz, e produção de louvar. As estruturas musicais e a sua instrumentalização, com simplicidade encruzilhada com genialidade, deixam-nos a pensar o que estes Linda Martini devem a outras bandas de Indie Rock estrangeiras. E imaginamos qual seria o impacto que esta banda teria no público se tocasse num festival de Rock Britânico. Faixas relativamente enigmáticas como “S de Jéssica”ou uma instrumental “Queluz Menos Luz”. As letras ou são muito bem trabalhadas ou extremamente simples e reduzidas. Ou ambas. E podemos ter uma música como “Cem Metros Sereia” baseada na repetição de um único verso, que certamente agradará ao povo Português: “Foder é perto de te amar, se eu não ficar perto”. Aos fãs nem preciso de recomendar o álbum, porque já há um tempo que o esperam ansiosamente e já o planeiam ouvir de qualquer maneira – ou já ouviram, que esses ainda devem estar em maioria – mas para quem for novo para estes Linda Martini, recomendo tanto este “Casa Ocupada” como “Olhos de Mongol” ou “Marsupial”. Porque cá em Portugal, o que não falta é boa música de qualidade elevada.

Avaliação: 8,8


terça-feira, 11 de janeiro de 2011

Cradle of Filth - Darkly, Darkly, Venus Aversa


Artista: Cradle of Filth
Álbum: Darkly, Darkly, Venus Aversa
Data de lançamento: 1 Novembro 2010
Género: Extreme Metal
Editora: Peaceville Records, Nuclear Blast Records
Lista de faixas:

1 – “The Cult of Venus Aversa”
2 – “One Foul Step From the Abyss”
3 – “The Nun with the Astral Habit”
4 – “Retreat of the Sacred Heart”
5 – “The Persecution Song”
6 – “Deceiving Eyes”
7 – “Lilith Immaculate”
8 – “The Spawn of Love and War”
9 – “Harlot on a Pedestal”
10 – “Forgive Me Father (I Have Sinned)”
11 – “Beyond Eleventh Hour”

Para um indivíduo que não ache que os Cradle of Filth tivessem tido alguma fase decadente na sua carreira recentemente, mas que em vez disso, ache que tenham atingido o confortável ponto de estabilidade desde que atingiram o seu ponto alto em “Midian”, talvez seja um pouco suspeito fazer uma revisão a este “Darkly, Darkly, Venus Aversa”. Talvez antes de tudo, devesse, de facto, desprezar os Cradle of Filth e negar o seu talento, apenas porque já vendem uns quantos mais discos. Mas não, se os CoF atingiram o mainstream foi porque o mereceram e quer gostem ou não de um “Thornography” ou de um “Godspeed on the Devil’s Thunder” é impossível afirmar que a banda perdeu-lhe o jeito quando apresentam um álbum tão forte e bem constituído como este “Darkly Darkly”. Desde as previews que a banda Inglesa foi lançando para dar um “cheirinho” aos fãs. E desde a primeira vez que ouvi “Forgive Me Father (I Have Sinned)”, que sabia que a música me ia ficar constantemente presa na cabeça e que já ia pedir várias reproduções repetidas. Com o álbum, está a obra inteira para apreciar, é o valor de um poderoso single multiplicado. Porque de início ao fim que este disco não morre em nenhum momento e até às Interludes instrumentais eles nos pouparam. Apenas canções poderosas de Metal extremo para a cabeça, porque sim, porque é bom, porque é o que o “povo quer”. Mais um álbum conceptual, esta vez focado em Lilith. Logo, é imediatamente, de valorizar de novo, as letras e o valor e talento de Dani Filth como escritor das canções. Cabe também ao resto da banda fornecer o peso que tão bem queremos na música dos Cradle of Filth, desde a deliciosa bateria de Martin Skaroupka, ao tão bem tratado baixo de Dave Pybus; desde a “passagem no teste” de Ashley Ellyllon, nos sintetizadores, já a trabalhar como uma experiente às gémeas e tão bem articuladas guitarras de Paul Allender e James McEllroy, sentindo-me na obrigação de destacar o pegajoso riff de “Deceiving Eyes” e um excelente solo técnico – algo diferente do habitual dos CoF – em “Forgive Me Father (I Have Sinned)”. Os vocais narrados femininos de Lucy Atkins encaixam na perfeição no conceito do álbum, que destaca a figura feminina, e acrescenta-lhe aquele tom gótico-erótico, com uma mistura de sensualidade e obscuridade, que se entranha tão bem fazendo-nos gostar de qualquer maneira. A voz de Dani Filth não pode ser rebaixada, de forma alguma. É certo, que aquela garganta já não funciona da mesma forma que há uns anos atrás e já será praticamente impossível reproduzir os vocais de “Dusk… and Her Embrace”, mas se mesmo com um avanço na idade e com muitos álbuns e concertos berrados no processo, ainda consegue puxar bem uns berros “bem ganidos” à-la-Filth, então está aprovado. É realmente muito excitante e exaltante ouvir este CD e os seus 62 minutos passam a voar. Portanto, para os Cradle of Filth vão uns “Thumbs Up”. Mas uns “Thumbs Up” muito altos, sim.

Avaliação: 9,3


sábado, 8 de janeiro de 2011

50 Best/Worst Link

Novo artigo "50 Best/Worst - Piores Nomes de Bandas". O artigo começou a ser trabalhado em Outubro e aí ficou. Aqui fica um link a redireccionar para o artigo.



quinta-feira, 6 de janeiro de 2011

Merzbow - 9888A


Artista: Merzbow
Álbum: 9888A
Data de lançamento: 19 Setembro 2010
Género: Noise
Editora: 905 Tapes
Lista de faixas:

1 – “9888A Part 1”
2 – “9888A Part 2”

Woo-hoo! Ruído! Nada mais, nada menos do que isso, ruído. Uma abordagem muito simples: cacofonia. Já falei de Merzbow anteriormente – no extinto site “Otaku no Uchi” - , mas para quem não leu, fica aqui de novo a descrição do seu estilo musical: ruído electrónico, sem qualquer melodia – apesar que ele às vezes gosta de experimentar com um pouquinho de melodia – apenas com sons distorcidos que se podem tornar perturbadores e ensurdecedores, muito feedback e longas faixas ambiente, nas quais o único ambiente é uma barulheira de querer fugir. Logo, não vou recomendar isto a ninguém. A não ser que tenha por aí um leitor perdido que seja fã de música Noise. Se houver, seja bem-vindo, se não, normalíssimo, os fãs deste tipo de música não devem ser muito abundantes. O homem, este Japonês Merzbow, já há que reconhecer como um génio deste estilo musical, como um dos seus principais pioneiros, fundadores e dos principais a fazer o género desenvolver-se, já contando com cerca de 300 álbuns no seu currículo. Pronto, temos aqui o mestre do Noise a fazer barulho, a fazer a música dele, fá-lo melhor que ninguém e conhece o seu género como mais nenhum outro consegue. Logo, temos aqui um bom álbum de Noise. Para os meus caros amigos que prefiram uma boa melodia, uma estrutura musical decente, um bom uso de instrumentos musicais, algo audível e de ficar preso ao ouvido… Sigam, isto aqui não é de vosso interesse. Disco gravado em Setembro de 1988, como indicado no título, lançado em formato cassete e limitado a 130 cópias. Apesar de gravado há mais de 20 anos, soaria tão actual naquele tempo como agora, uma das maravilhas da música Noise, é intemporal. No álbum temos 2 faixas, uma com 22 minutos e outra com 20 que sem qualquer divisão entre elas, segue apenas uma estrutura contínua de sons cacofónicos e electrónica distorcida. Paragens e mudanças de “ritmo” é o que se pode encontrar no seu progresso. E era isto que seria pedido para um álbum de Merzbow e nisso não falhou. Nem poderia falhar, estando este indvíduo Japonês a abordar a sua música que ele tão bem conhece e desenvolveu. Logo, tecnicamente, é um bom álbum. Ouvintes de Metal que tenham pais ou amigos chatos que digam que o Metal é barulho, ofereçam-lhe uma pequena dose de discos deste senhor… Eles até vos vão pedir para ouvir a discografia inteira dos Morbid Angel…

Avaliação: 5,4

quarta-feira, 5 de janeiro de 2011

My Chemical Romance - Danger Days: The True Lives of the Fabulous Killjoys


Artista: My Chemical Romance
Álbum: Danger Days: The True Lives of Fabulous Killjoys
Data de lançamento: 19 Novembro 2010
Género: Rock alternativo, Pop Punk, Rock experimental, Synthrock
Editora: Reprise Records
Lista de faixas:

1 – “Look Alive, Sunshine”
2 – “Na Na Na (Na Na Na Na Na Na Na Na Na)”
3 – “Bulletproof Heart”
4 – “SING”
5 – “Planetary (Go!)”
6 – “The Only Hope for Me Is You”
7 – “Jet-Star and the Kobra Kid / Traffic Report”
8 – “Party Poison”
9 – “Save Yourself, I’ll Hold Them Back”
10 – “S/C/A/R/E/C/R/O/W”
11 – “Summertime”
12 – “DESTROYA”
13 – “The Kids From Yesterday”
14 – “Goodnite, Dr. Death”
15 – “Vampire Money”

Quem acompanhou esta banda a sério, neste último ano e no anterior, bem deve ter acumulado uma boa dose de nervos ali na zona visceral. É que os My Chemical Romance souberam bem como deixar os seus fãs numa pilha de nervos no que toca à espera, expectativa e trabalho de promoção. Desde que “acabaram” com o “The Black Parade” que se espera algo grande e muito diferente. E desde então, que estes gajos tinham andado a brincar, com músicas novas tocadas ao vivo, um álbum já gravado mas depois anulado, mensagens estranhas no site oficial… Por aí fora. Dessa forma, com 4 anos de diferença entre discos, este tornou-se o maior intervalo entre álbuns, da carreira dos My Chemical Romance. Mas com um disco como este… Valeu a pena a espera e foi tempo bem gasto. É que se este não é um dos discos de Rock mais sólidos do ano e o mais completo da carreira deles… Só se esperarmos pelo que aí vier… Mas este “Danger Days” é brilhante, simplesmente. Os My Chemical Romance depositaram aqui toda a experiência obtida com os 3 anteriores discos e mais algumas coisas novas que eles aprenderam nestas “férias” que tiveram. E depois de um rico “Black Parade”, há ainda mais crescimento por parte de uma banda que cada vez mais se vai afastando do estatuto adolescente e que já ganhou pavor ao rótulo “Emo” que já lhes foi muitas vezes atribuído erradamente. Mais um álbum conceptual, na mesma vertente que os anteriores, mas este já não vai por caminhos deprimentes e relacionados com morte e melancolia e mesmo que ainda decorra num cenário pós-apocalíptico, segue uma veia mais aventureira e transporta, de certa forma mais alegria e muita mais diversão na música do que anteriormente. Uma espécie de “Synthesized Hard Rocking Punkish Pop on the Dancefloor” o que se encontra neste CD e a melhor maneira de perceber como essa michorda resulta, é ouvindo-o. Um uso de sintetizadores soberbo no que toca ao acompanhamento das músicas, mostrando que estes músicos sabem trabalhar com isso e não estragam a música assim que decidem dar o toque electrónico às coisas, a acrescentar a isso ainda há o habitual uso de guitarras como bem conhecemos e a voz de Gerard Way que tem vindo a melhorar com os anos – e agora com ele sóbrio ainda melhor. Refrões bem compostos por melodias bem viciantes e marcantes. Há aqui hinos de punho erguido inesquecíveis como “Na Na Na”, “Bulletproof Heart ou “DESTROYA”, tons de dança como em “Planetary (Go!)” ou “Party Poison”, um ligeiro tom épico em “SING”, uma balada puramente Pop como “Summertime” e uma ruidosa e crítica “Vampire Money” – tirem as vossas fáceis conclusões quanto ao significado desta última, julgando apenas pelo título. É, sem dúvida, um trabalho revelador de muita inteligência por parte destes jovens músicos Americanos. E mesmo achando que este disco possa provar que muitos “haters” possam estar errados quanto à banda, sei que muitos vão negar o valor da banda e deste “Danger Days”, mas posso atrever-me a dizer que há muito tempo que não se fazia um álbum de Rock mainstream tão completo, bem composto e lindamente trabalhado como este. Practice makes perfect? Talvez os anos de carreira e a capacidade de progressão de álbum para álbum – sem que algum deles fosse fraco – tornassem possível que o talento e inteligência da banda culminassem neste disco. E assim se estabelecem como uma grande banda com futuro garantido e não apenas uma moda – a “fase” deles até já passou, acho. Podem opor-se, compreendo, mas posso perfeitamente afirmar que temos aqui um dos grandes álbuns do ano 2010.

Avaliação: 9,6