terça-feira, 15 de maio de 2012

Anathema - Weather Systems



Artista: Anathema
Álbum: Weather Systems
Data de lançamento: 16 Abril 2012
Género: Rock progressivo, Rock ambiental
Editora: Kscope, The End Records
Lista de faixas:

1 – “Untouchable, Part 1”
2 – “Untouchable, Part 2”
3 – “The Gathering of the Clouds”
4 – “Lightning Song”
5 – “Sunlight”
6 – “The Storm Before the Calm”
7 – “The Beginning and the End”
8 – “The Lost Child”
9 – “Internal Landscapes”

Sabem aqueles álbuns excelentes que são muito difíceis de descrever e até certo ponto quase nem são possíveis? Daqueles que por muito que se matute sobre que voltas a dar e por muita atenção que se preste aos detalhes para que se tenha uma noção descritiva, ainda fica muito aquém daquilo que os temas realmente apresentam? Daqueles que mais vale deixar a música falar por si? Pronto, este “Weather Systems” tal como o “We’re Here Because We’re Here” ou mais uma data de álbuns dos Anathema é um bom exemplo de tal.

O que esperaríamos seria uma ligação directa ao “We’re Here Because We’re Here” de 2010 que foi suficientemente fascinante para nos fazer querer mais dentro da mesma onda. Assim fica, longe vão os tempos do Doom Metal mais rígido e o peso cru que se sentia nos seus dias iniciais já foi definitivamente substituída pela suavidade berrante e pela complexidade das belas composições melancólicas e melódicas.

Prog Rock é o principal inquilino nas composições dos Anathema e é tal que puxa as restantes influências ambientais, os ritmos e letras emotivos, o peso de fundo que suporta os temas e os torna mais belos e até o fascinante toque mercantil que permite pegar no melhor que existe na música acessível e criar melodias fantásticas que se encaixam nos temas com comodidade. Existe também um certo feeling de Post-Rock mesmo que sempre abraçado com um tenebroso factor melódico.

O disco abre, de imediato, com “Untouchable”, um tema dividido em duas partes separadas, cuja entrada acústica e saída orquestrada, com muita emoção pelo meio já nos deixou de ouvido alapado e atento para o que se seguir. Já estamos agarrados e prontos para a seguinte “The Gathering of the Clouds” que volta a seguir o esquema que parece ser a principal fórmula para este álbum: o acústico, entrelaçado com o enérgico, sem deixar de servir de um calmante mais barato e eficaz que os próprios medicamentos. E isto envolvido numa composição envolvente que acresce até culminar num hino bem orquestrado. Belo para um registo completo, já nos maravilha num tema só.

Saliente-se também o trabalho vocal feminino de Lee Douglas que adiciona uma pitada mais dócil às composições já belas. É um tema que, em conjunto com outros como “The Beginning and the End” e mais exemplos, tanto pode ter os instrumentos a sussurrar-nos ou a gritar para nós depende de como estamos a ouvir, em que situação estamos a ouvir, o que é que queremos ouvir e qual a disposição ou sensação com que queremos ouvir. Essa bizarra essência volta a ser exposta em “Lightning Song”, liderada pela voz de Lee Douglas, cuja envolvente emoção torna-a uma das faixas de destaque e uma das favoritas pessoais.

A estrutura curta e mais simplificada de “Sunlight” dá-lhe um cargo mais separador e serve quase de interlúdio ao anteceder aquela que é realmente a faixa predilecta pessoal, “The Storm Before the Calm” que se faz sentir em duas partes, com uma inicial bastante orelhuda e com uma fantástica experiência ruidosa industrial que se pode considerar aprovada, e com a outra, conclusiva já migrando de volta para o seu ponto de partida e ligando-se mais directamente com a fórmula dos restantes temas.

O disco finaliza com três belas faixas que, de novo, dão uso ao bom gosto e à boa junção, pegando no acústico, no melódico, no colorido e no escuro, no quente e no frio, nas orquestrações, nas letras sombrias e no ambiental. Não há grande coisa a apontar que as distinga das restantes mas tão pouco existe qualquer defeito a apontar e não deixam de ser temas memoráveis e que ajudem a concluir, a completar e a favorecer a realização de um disco brilhante.

Não é só a musicalidade que impressiona aqui e nos álbuns que o antecederam e tal como tem sido hábito na música da banda de Liverpool, há uma notável dedicação ao factor ambiental e às disposições e sensações às quais se pode associar. Não é por acaso que o disco se chama “Weather Systems”, chega a haver factores climáticos neste álbum, com temas que nos levam ao frio, temas que fazem despertar o Sol por trás de outra parte mais nublada da canção, recorre-se ao chuvoso e passamos por curtas tempestades sem que se esqueça um belo dia solarengo Primaveril. Todas as estações e diferentes climas estão por aqui e existem até músicas com variações muito diferentes entre si que até se pode associar e assemelhar ao descontrolado clima que paira sobre Portugal.

No entanto, é disco para se ouvir a qualquer momento e em diferentes situações pode ser ouvido e sentido de forma diferente. E é mais uma prova vivíssima de que os Anathema são das mais eficazes bandas da actualidade e que, quando se reúnem para a criação de um novo trabalho, não se preocupam apenas em fazer um conjunto de temas que resultem bem e que consigam sobreviver ao factor tempo. Muito mais que isso, os Anathema preocupam-se em criar material que após concluído e arranjado vá valer ouro musical e que vá constar inevitavelmente em inúmeras listas subjectivas de discos do ano. Entende-se. É a perfeição em forma de disco.

Avaliação: 9,4


Sem comentários:

Enviar um comentário