Artista: Anathema
Álbum: Weather Systems
Data de lançamento: 16 Abril 2012
Género: Rock progressivo, Rock ambiental
Editora: Kscope, The End Records
Lista de faixas:
1 –
“Untouchable, Part 1”
2
– “Untouchable, Part 2”
3
– “The Gathering of the Clouds”
4
– “Lightning Song”
5
– “Sunlight”
6
– “The Storm Before the Calm”
7
– “The Beginning and the End”
8
– “The Lost Child”
9
– “Internal Landscapes”
Sabem aqueles álbuns excelentes que são muito
difíceis de descrever e até certo ponto quase nem são possíveis? Daqueles que
por muito que se matute sobre que voltas a dar e por muita atenção que se
preste aos detalhes para que se tenha uma noção descritiva, ainda fica muito
aquém daquilo que os temas realmente apresentam? Daqueles que mais vale deixar
a música falar por si? Pronto, este “Weather Systems” tal como o “We’re Here
Because We’re Here” ou mais uma data de álbuns dos Anathema é um bom exemplo de
tal.
O que esperaríamos seria uma ligação directa ao “We’re
Here Because We’re Here” de 2010 que foi suficientemente fascinante para nos
fazer querer mais dentro da mesma onda. Assim fica, longe vão os tempos do Doom
Metal mais rígido e o peso cru que se sentia nos seus dias iniciais já foi
definitivamente substituída pela suavidade berrante e pela complexidade das
belas composições melancólicas e melódicas.
Prog Rock é o principal inquilino nas composições
dos Anathema e é tal que puxa as restantes influências ambientais, os ritmos e
letras emotivos, o peso de fundo que suporta os temas e os torna mais belos e
até o fascinante toque mercantil que permite pegar no melhor que existe na
música acessível e criar melodias fantásticas que se encaixam nos temas com
comodidade. Existe também um certo feeling de Post-Rock mesmo que sempre
abraçado com um tenebroso factor melódico.
O disco abre, de imediato, com “Untouchable”, um
tema dividido em duas partes separadas, cuja entrada acústica e saída
orquestrada, com muita emoção pelo meio já nos deixou de ouvido alapado e
atento para o que se seguir. Já estamos agarrados e prontos para a seguinte “The
Gathering of the Clouds” que volta a seguir o esquema que parece ser a
principal fórmula para este álbum: o acústico, entrelaçado com o enérgico, sem
deixar de servir de um calmante mais barato e eficaz que os próprios
medicamentos. E isto envolvido numa composição envolvente que acresce até
culminar num hino bem orquestrado. Belo para um registo completo, já nos
maravilha num tema só.
Saliente-se também o trabalho vocal feminino de
Lee Douglas que adiciona uma pitada mais dócil às composições já belas. É um
tema que, em conjunto com outros como “The Beginning and the End” e mais
exemplos, tanto pode ter os instrumentos a sussurrar-nos ou a gritar para nós
depende de como estamos a ouvir, em que situação estamos a ouvir, o que é que
queremos ouvir e qual a disposição ou sensação com que queremos ouvir. Essa
bizarra essência volta a ser exposta em “Lightning Song”, liderada pela voz de
Lee Douglas, cuja envolvente emoção torna-a uma das faixas de destaque e uma
das favoritas pessoais.
A estrutura curta e mais simplificada de “Sunlight”
dá-lhe um cargo mais separador e serve quase de interlúdio ao anteceder aquela
que é realmente a faixa predilecta pessoal, “The Storm Before the Calm” que se
faz sentir em duas partes, com uma inicial bastante orelhuda e com uma
fantástica experiência ruidosa industrial que se pode considerar aprovada, e
com a outra, conclusiva já migrando de volta para o seu ponto de partida e
ligando-se mais directamente com a fórmula dos restantes temas.
O disco finaliza com três belas faixas que, de
novo, dão uso ao bom gosto e à boa junção, pegando no acústico, no melódico, no
colorido e no escuro, no quente e no frio, nas orquestrações, nas letras
sombrias e no ambiental. Não há grande coisa a apontar que as distinga das
restantes mas tão pouco existe qualquer defeito a apontar e não deixam de ser
temas memoráveis e que ajudem a concluir, a completar e a favorecer a
realização de um disco brilhante.
Não é só a musicalidade que impressiona aqui e nos
álbuns que o antecederam e tal como tem sido hábito na música da banda de
Liverpool, há uma notável dedicação ao factor ambiental e às disposições e
sensações às quais se pode associar. Não é por acaso que o disco se chama “Weather
Systems”, chega a haver factores climáticos neste álbum, com temas que nos
levam ao frio, temas que fazem despertar o Sol por trás de outra parte mais
nublada da canção, recorre-se ao chuvoso e passamos por curtas tempestades sem
que se esqueça um belo dia solarengo Primaveril. Todas as estações e diferentes
climas estão por aqui e existem até músicas com variações muito diferentes
entre si que até se pode associar e assemelhar ao descontrolado clima que paira
sobre Portugal.
No entanto, é disco para se ouvir a qualquer
momento e em diferentes situações pode ser ouvido e sentido de forma diferente.
E é mais uma prova vivíssima de que os Anathema são das mais eficazes bandas da
actualidade e que, quando se reúnem para a criação de um novo trabalho, não se
preocupam apenas em fazer um conjunto de temas que resultem bem e que consigam
sobreviver ao factor tempo. Muito mais que isso, os Anathema preocupam-se em
criar material que após concluído e arranjado vá valer ouro musical e que vá
constar inevitavelmente em inúmeras listas subjectivas de discos do ano.
Entende-se. É a perfeição em forma de disco.
Avaliação: 9,4
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