quinta-feira, 12 de agosto de 2010

U2 - No Line on the Horizon

Artista: U2
Álbum: No Line on the Horizon
Data de lançamento: 27 Fevereiro 2009
Género: Rock, Rock alternativo
Editora: Mercury Records, Island Records, Interscope Records
Lista de faixas:



1 – “No Line on the Horizon”
2 – “Magnificent”
3 – “Moment of Surrender”
4 – “Unknown Caller”
5 – “I’ll Go Crazy If I Don’t Go Crazy Tonight”
6 – “Get on Your Boots”
7 – “Stand Up Comedy”
8 – “Fez – Being Born”
9 – “White as Snow”
10 – “Breathe”
11 – “Cedars of Lebanon”



Álbum lançado após a maior pausa da carreira dos U2. Apesar da recepção de “How to Dismantle an Atomic Bomb” ter sido mista, os U2 foram para estúdio com a intenção de gravar um grande álbum. O disco ia sendo gravado e eles iam abrindo o apetite dos fãs a dizer que estavam a gravar um álbum experimental e que provavelmente viria a ser dos melhores da carreira. Dos melhores da carreira dos U2? Quando se usa essa expressão, pensa-se logo em obras como “War”, “The Joshua Tree”, “Achtung Baby”… Mais um? Quem é que não fica curioso? E apesar de o álbum ter ficado aquém das expectativas de alguns, penso que o álbum está muito bom. Não diria que fosse dos melhores, porque a discografia dos U2 funciona cada álbum por si, havendo um disco para cada preferência, mas este álbum é bastante satisfatório e preenche bem os requisitos para o álbum que se queria a esta altura. Não é tão experimental como o “Achtung Baby”, muito menos como o “Zooropa” ou “Pop”, pois muito dificilmente eles voltam a fazer algo do mesmo género. No entanto ainda é experimental, mas de forma mais segura. Mantendo a sonoridade tradicional e adicionando-lhe outros elementos. Nos singles “Magnificent” ou “I’ll Go Crazy If I Don’t Go Crazy Tonight” ainda se nota a mesma vontade de fazer canções simples de estrutura típica de U2 – o que vai causar uma certa atenção das rádios – mas no entanto ainda há ali sempre um elementozinho novo aqui e ali e uma atitude mais livre na forma como os U2 gravaram. Há o riff pesado/dançável de “Get on Your Boots” que a torna numa canção única, há a genialidade em torno de “Breathe”, a viciante e orelhuda “No Line on the Horizon” e a mais calma de ambiente “Cedars of Lebanon”. 3 candidatas a umas das melhores obras-primas realizadas pelos U2 nesta última década. Talvez seja algo suspeito um fã de U2 fazer qualquer crítica que seja à sua banda preferida, mas tento avaliar este disco de um ponto de vista mais universal e nem assim me passa ao lado como algo falhado ou incompleto. Não soa que a banda tivesse um plano fixo em estúdio ao gravar o disco e que talvez só se limitasse a gravar as canções até ter um conjunto completo, mas continua a soar lindamente. Situação política do Bono à parte, os U2 ainda brilham musicalmente…



Avaliação: 8,9



quarta-feira, 11 de agosto de 2010

Jukebox - Álbuns icónicos, inicialmente mal recebidos

Jukebox. Uma nova secção do meu blog, onde mostro uma lista de álbuns num determinado tema. Livre para vocês comentar e acrescentar outros discos dentro do mesmo tema. Este fala de álbuns que hoje são enormes e excelentes, mas na altura a recepção das críticas não foi das mais doces...




Iron Maiden - The Number of the Beast

Inicialmente, quando este álbum saiu foi quase uma piada. Foi visto como lixo musical Satânico e voltaram a fazer algo, que muito gostavam de fazer na altura... Associar má música ao Diabo (má música, hein?). Com o lançamento de "The Number of the Beast", alguns críticos viram esse disco como apenas um grupo de Satanistas sem talento a fazer barulho. Engraçado, como o álbum se tornou um dos discos mais importantes da história do Metal e da carreira dos Iron Maiden, considerados, à vontade, a maior banda de Metal de sempre, a par com os Metallica. Por onde andarão esses críticos hoje?





Muse - Showbiz

Curioso como uma das bandas mais marcantes da última década, para muitos a melhor mais original e mais influente da década, na altura em que lançou o seu álbum de estreia era vista apenas como Radiohead wannabe's. O certo é que alguns actuais fãs mais descontentes com o aumento da legião de fãs - para faixas etárias controversas - e a submissão à música mais comercial, davam tudo por outro "Showbiz" ou "Origin of Symmetry"...






Lou Reed - Metal Machine Music

Talvez quanto a este as opiniões naõ tenham mudado muito. O álbum foi feito como uma piada, ou partida, ou golpe de frustração, mas de maneira nenhuma foi feito para levar a sério. Um dos maiores músicos da segunda metade do século passado decidiu abençoar os fãs com um disco repleto de ruído cacofónico. 2 discos disto. Não, isto não ganhou valor com o tempo e o próprio Lou Reed já admitiu que quem chegou à quarta faixa já era mais burro do que ele. Isto não é um disco sério, nem pode ganhar um estatuto de clássico. No entanto, com a música Noise electrónica já a rolar por aí, este Metal Machine Music é obrigatoriamente visto como um ponto importante e como principal influência da música de Merzbow e afins...





The Rolling Stones - Exile on Main St.

Um dos álbuns mais importantes e marcantes da história do Rock. Hoje é um marco histórico. Um daqueles discos que é quase peça de museu. Em 1972, quando este álbum saiu era repetitivo, aborrecido e desinspirado e alguns críticos iam longe ao ponto de dizer que era sempre a mesma faixa a ser reproduzida de formas diferentes. Os fãs ainda se mantiveram contentes, mas aos críticos ainda lhes foi necessário um tempinho. E hoje a sua aclamação é quase unânime...





Black Sabbath - Black Sabbath

Tanto este como o "Paranoid". Tal como os Iron Maiden, o grupo de Ozzy e Ca. também andava na boca do povo por razões negativas. Os Black Sabbath eram apenas um grupo Satanista, do oculto, que quiçá, andaria por aí a fazer rituais de adoração à Besta. A música também era vista como ridícula e o seu tom de "dark" era visto quase como cómico. Aparentemente, o mundo ainda não estava preparado para o Metal, pois este clássico aqui hoje é considerado o primeiro disco de Heavy Metal propriamente dito... Muito pesado para aqueles tempos?




Darkthrone - Transilvanian Hunger

Isto soa àquilo que é. Cru. Por esta altura, o Satanismo já não era surpresa na música e já haviam bandas com essa característica adoptada. O que causou furor aqui foi a maneira como este disco foi gravado. Soava mesmo a um disco caseiro gravado numa cave húmida, com material fraco. Os níveis de produção eram mínimos ou nulos. A qualidade de som era uma lástima. Ao ouvir isto muitos acharam "Que é isto?". Hoje é quase regra gravar-se um álbum de Black Metal assim ou já estão a tocar Fake Black Metal. Uma mudança drástica de ponto de vista, mas este álbum hoje já tem o estatuto clássico no Black Metal e marcou aquilo que é considerado como o som trve do Black.



Red Hot Chili Peppers - The Red Hot Chili Peppers

Quando isto saiu baralhou muita gente pelos níveis amadores e quase aleatórios das composições das músicas. Muito diferente dos Red Hot Chili Peppers de hoje. No entanto, com a dimensão que a banda tem nos dias de hoje e sua exposição ao mainstream, há sempre aquele fã que ainda prefere os tempos em que a banda tocava com apenas uma meia pendurada nos seus membros privados...



Ramones- Ramones

Talvez este não tenha sido propriamente mal recebido, mas sim, ignorado. Talvez difícil de crer que um dos álbuns mais importantes do Punk Rock de uma das bandas mais importantes do Punk Rock, tenha passado tão despercebido no momento em que foi lançado. Foram precisos vários anos e também que os Ramones obtivessem algum sucesso para que este disco fosse finalmente visto como um marco histórico.




Weezer - Pinkerton

Este foi visto como um desastre autêntico. Weezer com um disco repleto de letras depressivas "juvenis" como alguns disseram. Os críticos detestaram. Os fãs detestaram. Rivers Cuomo detestou. Agora já é um dos álbuns mais importantes da década, um registo original, um ponto importante na carreira dos Weezer e uma das principais influências para aquilo que hoje conhecemos como Emo. E já consta em listas de melhores álbuns e já arrecada 5 estrelas do site AllMusic... Pessoas mudam muito de ideias...




Sex Pistols - Never Mind the Bollocks, Here's the Sex Pistols

Porcos, feios e maus. A controvérsia à volta deste disco quase que dava para chegar ao ponto de o proibir de ser vendido. O seu material políticamente incorrecto e crítico, a linguagem obscena, tudo... Era demasiado ofensivo para ser considerado boa música sequer... Mas bastou criar-se uma legião de fãs, para estabelecer a banda e para fazer com que este disco seja hoje um dos mais importantes - ou o mais importante - do Punk Rock.



Led Zeppelin - Led Zeppelin

Talvez soe estranho como os gigantes Zeppelin nos tempos em que se estrearam nos discos também eram vistos como wannabe's sem talento, imitadores e sem futuro algum. Custa a acreditar que Jimmy Page, Robert Plant e companhia fossem vistos como tal... Custa a crer que ninguém acreditasse nas capacidades dos criadores de "Whole Lotta Love", "Stairway to Heaven", "Kashmir", "Travelling Riverside Blues", "Communication Breakdown", entre outras...

Acrescentem outros exemplos.

Arsis - Starve for the Devil


Artista: Arsis
Álbum: Starve for the Devil
Data de lançamento: 5 Fevereiro 2010
Género: Death Metal melódico, Death Metal técnico
Editora: Nuclear Blast
Lista de faixas:

1 – “Forced to Rock”
2 – “A March for the Sick”
3 – “From Soulless to Shattered (Art in Dying)”
4 – “Beyond Forlorn”
5 – “The Ten of Swords”
6 – “Closer to Cold”
7 – “Sick Perfection”
8 – “Half Past Corpse O’Clock”
9 – “Escape Artist”
10 – “Sable Rising”


Estes acabam por ser mais uns que com o tempo vão mudando gradualmente a sua sonoridade e chega a uma altura em que começam a fazer discos completamente diferentes daquilo que costumavam fazer inicialmente. Apesar de os Arsis ainda se manterem com o mesmo estilo base, esse estilo já deu passos bem largos e hoje encontra-se abordado de forma muito diferente da que costumava ser anteriormente. Estes Americanos ainda continuam a ser uma banda de Death Metal técnico, mas se anteriormente esse som era mais técnico, mais elaborado, mais progressivo e mais underground, o som para o qual eles evoluíram e no qual eles se debruçam actualmente é um Death Metal mais melódico, mais à Sueca, e com influências de bandas como Arch Enemy ou In Flames, um pouco mais mainstream e mantendo na mesma os riffs técnicos, elaborados e atordoadores, como marca de aquilo que já faziam anteriormente. A acrescentar a isso, ainda é mais o facto de algumas estruturas das canções, alguns solos e algumas letras fazem este álbum ter influências até de Heavy Metal tradicional e por vezes até uma gotinha minúscula de um Hard Rock à antiga. É claro, que não era bem isto que os antigos fãs costumavam ouvir nos discos da banda quando esta apareceu, mas não é por causa de uma mudança como esta que os Arsis deixem de ser uma boa banda sólida, que ainda pratica um bom Metal, muitíssimo bem feito, fortalecendo-lhes o nome no panorama mundial de peso. São os bons riffs que enchem este disco, são as canções catchy como “Beyond Forlorn”, é a bateria mágica de “Closer to Cold”, é o sentido de humor de “Half Past Corpse O’Clock”, é a forma como “Forced to Rock” introduz este CD pesado. Não é dos álbuns de Metal mais marcantes do ano, e também ainda se encontra algo longe de ser um dos melhores da carreira dos Arsis, mas é um bom álbum, que certamente não estorva em prateleira alguma. É algo mais do que razoável. Genialmente razoável.

Avaliação: 7,6



AFI - Decemberunderground


Artista: AFI
Álbum: Decemberunderground
Data de lançamento: 6 Junho 2006
Género: Rock alternativo, Hard Rock, Post-Hardcore
Editora: Interscope Records
Lista de faixas:

1 – “Prelude 12/21”
2 – “Kill Caustic”
3 – “Miss Murder”
4 – “Summer Shudder”
5 – “The Interview”
6 – “Love Like Winter”
7 – “Affliction”
8 – “The Missing Frame”
9 – “Kiss and Control”
10 – “The Killing Lights”
11 – “37mm”
12 – “Endlessly, She Said”

Quando os AFI lançaram este “Decemberunderground” em 2006, houve uma recepção confusa. Uns achavam que a banda tinha partido para um som incomparavelmente mais comercial, outros achavam que apesar de tudo mantinham a mesma sonoridade antiga e eram mais experimentais do que vendidos, não se afastando muito da raiz. E lá vinha um ou outro que via o cabelo de Davey Havok e ouvia-o a mandar um berro que outro no disco e já dizia que era música Emo/Poser e talvez já sujeitasse a interferir nas preferências sexuais da banda - como se isso fizesse diferença. Emo ou não, os AFI têm como alvo, maioritariamente, um público jovem, mas não haja dúvidas que dessa selecção de bandas “teen-oriented”, estes são dos melhores que por aí andam. Nem a voz de Havok é das melhores – até acaba por soar algo comum – nem os seus gritos exclusivos, e a composição musical está longe de ser algo extravagante, mas há algo na música de AFI que impede um ouvinte de mente mais fechada a despejar o disco no lixo e até a chegar a ter vergonha do som – mas há sempre casos, claro – quer seja nos registos antigos, como nestes mais recentes. Mas, no geral, não deixa de ser uma banda de Post-Hardcore, que usa gritos, se preferirem que a banda seja assim encarada. Quanto à sonoridade mais comercial, é notável que os AFI caminharam um pouco mais em direcção ao sucesso comercial, às vendas elevadas e às presenças em tops, nestes últimos anos, mas não se crê que tenha sido com o propósito intencional de se vender. A música que este grupo pratica ou é logo comercial ou não é. Se há músicas que pendem mais para o Pop/Rock como “Love Like Winter” ou “The Missing Frame”, é apenas porque os músicos se sentiram à vontade de incluir essas canções e alterná-las com outras que tenham um pouco mais de peso relativo, como “Kill Caustic” ou “Miss Murder” – apesar de que a segunda é uma mistura. Em geral, o disco contém várias faixas dentro do razoável e talvez seja estranho dizer que a música que funciona como Intro, seja a melhor do CD, mas é o que aparenta. Mais Pop ou não, não é um falhanço na carreira dos AFI de forma alguma e utilizando uma linguagem um pouco “à balda” e de forma algo preguiçosa, pode-se dizer… Para o que é, serve.



Avaliação: 7,7




terça-feira, 10 de agosto de 2010

Buckethead - Shadows Between the Sky

Artista: Buckethead
Álbum: Shadows Between the Sky
Data de lançamento: 6 Fevereiro 2010
Género: Rock experimental, Avant-garde Rock, Instrumetal, Ambiente
Editora: TDSR Music
Lista de faixas:

1 – “Shadows Between the Sky”
2 – “Inward Journey”
3 – “Chaos of the Unconscious”
4 – “Rim of the World”
5 – “City of Woe”
6 – “Sea Wall”
7 – “Sled Ride”
8 – “Sunken Statue”
9 – “Cookies for Santa”
10 – “Andrew Henry’s Meadow”
11 – “Centrum”
12 – “The Cliff’s Stare”
13 – “Greenskeeper”
14 – “Wax Paper”
15 – “Walk on the Moon”


E com este faz 27 álbuns de estúdio do músico Buckethead. Conhecido pela sua imagem de “boneco”, pela sua habilidade na guitarra, pela sua música intrumental bem elaborada de ambiente ou até mesmo pela sua passagem pelos Guns N’ Roses, enquanto a banda atravessava a sua fase encalhada. Qualquer um que goste de Buckethead fica agradecido pelo lançamento de um novo disco e normalmente nem precisa sequer de esperar muito tempo, tratando-se este Buckethead de um músico activo – chega a lançar mais do que um álbum por ano. E esse fã não fica só agradecido pela actividade frequente do músico, mas também pela genialidade que há no miolo de cada disco. Qualquer um que goste de música instrumental de ambiente, mais calminha vai ouvir este disco e outros variados dele, vai fechar os olhos, vai respirar fundo, relaxar e apreciar cada nota tocada na guitarra de Buckethead. No entanto, outro pormenor que faz de Buckethead um artista tão interessante e tão pouco ortodoxo e vulgar é a forma como consegue ser tão versátil na sua sonoridade. Este senhor, querendo, consegue ser bastante barulhento. No entanto, este disco, no geral é, bastante calminho, contém utilização de instrumentos de percussão, é mais “colorido” do que outros lançamentos mais “dark” do guitarrista, é feito para dar ambiente e é bom. Generalizando, é isso que se pode dizer. É bom. Para um artista com os skills de Buckethead, com a sua capacidade e a sua imaginação, seria mesmo muito difícil sair algo mau. Com faixas mais lentas e gentilmente arrastadas e outras mais rítmicas, dá gosto ouvir a forma como este estranho indivíduo trata a sua guitarra. Canções de curta duração, que podem ser feitas à base de uma melodia lenta que preencha uns 2 minutos, ou outra faixa mais rítmica, quase dançável, não fosse a sonoridade predominantemente calma, a escolhida para este disco. A magia, se pudermos assim dizer. Com certeza que este não é o tipo de álbum para estar numa tabela de vendas, nem para constar em listas de melhores discos do ano, nem é o tipo de álbum que anda por aí a ser discutido na boca do povo, mas se quiserem dar um som de ambiente a uma apresentação artística que tenham, um tema deste álbum consegue encaixar bem.



Avaliação: 8,0

[Clássico do Mês] AC/DC - Back in Black


Artista: AC/DC
Álbum: Back in Black
Data de lançamento: 25 Julho 1980
Género: Hard Rock, Blues Rock, Heavy Metal
Editora: Albert Productions, Atlantic Records
Lista de faixas:

1 – “Hells Bells”
2 – “Shoot to Thrill”
3 – “What Do You Do for Money Honey”
4 – “Giving the Dog a Bone”
5 – “Let Me Put My Love Into You”
6 – “Back in Black”
7 – “You Shook Me All Night Long”
8 – “Have a Drink on Me”
9 – “Shake a Leg”
10 – “Rock and Roll Ain’t Noise Pollution”


É aquela simplicidade que uns até acham maçadora. A maneira, como estes Australianos lendários usam sempre bases semelhantes para criar hino após hino após hino. Como é que uma banda que não tem mudanças de som de disco para disco consegue sempre criar excelentes canções e manter-se sempre tão fresca? Overrated para uns, deuses para outros, o talento dos AC/DC para criar clássicos de Rock n’ Roll intemporais é inquestionável e há que os louvar pelo seu estatuto lendário e por este gigante álbum que é “Back in Black”. Após a morte de Bon Scott e de um novo vocalista acabado de chegar a bordo, não se sabia bem o que esperar. Iria resultar? Apenas foram necessários 42 minutos – a duração do disco – para perceber. Os AC/DC ainda viviam e o seu legado ia permanecer por muitos mais anos. Talvez não fosse preciso esperar até ao fim do disco para se perceber isso, talvez logo após a explosão de “Hells Bells” desse para perceber que os senhores que na década anterior tinham-nos fornecido hinos como “Highway to Hell”, “Let There Be Rock”, “T.N.T.”, “Jailbreak” ou “Riff Raff” ainda se mantinham com a mesma forma de sempre e prontos a “rockar”. De seguida segue-se um single que ainda hoje é uma das canções mais reconhecíveis da carreira do quinteto – “Shoot to Thrill”. Aqui fala-se de novo, da estrutura simples mas deliciosa que faz com que qualquer fã ache que vale a pena ouvir qualquer canção que seja. Refrões simples para nos ficar a ecoar repetidamente no tímpano durante o nosso-dia-a-dia acompanham as seguintes “What Do You Do for Money Honey”, “Giving the Dog a Bone” e “Let Me Put My Love Into You”, cuja letra perversa valeu-lhes um lugar nas “Filthy 15” da Parents Music Resource Center, com letras como a do título ou “let me cut your cake with my knife”, numa época em que o sexo fazia furor no mundo do Rock. Chega então o momento de virar o disco – e aqui o grupo de pessoas que os classifica como overrated vai achar que é “vira o disco, toca o mesmo”. – e levamos logo com um riff tão simples, mas tão brutal como o da inesquecível “Back in Black”. O refrão foi feito para ser cantado por todo o público de um espectáculo, em completo delírio e o mesmo se pode dizer da monstruosa canção que se segue. “You Shook Me All Night Long”, uma canção para toda a família e que ainda hoje é daquelas canções que nos soa familiar e que parece que a andamos a ouvir desde a nascença. Mesmo que as seguintes faixas não sejam uma explosão de genialidade siimplística como estes dois singles, também não são para ficar parado nem para abrandar os níveis de energia anteriores. “Have a Drink on Me” e “Shake a Leg” conseguem manter a essência AC/DC que os marca na sua longa carreira e com os níveis certos de “Rock and Roll” para satisfazer o ouvido e o corpo. O mágico disco conclui com a mensagem defensora da boa música, com “Rock and Roll Ain’t Noise Pollution” e continuamos a ter a mesma estrutura básica, riff simples e refrão modestamente escrito. É indiscutível o talento de cada um dos membros, o de Angus Young, o enérgico guitarrista de calções, que ainda consegue criar novos riffs e novos solos, mesmo utilizando os mesmos acordes mínimos e a sua presença em palco, capaz de agitar qualquer um que se encontre a desfrutar do espectáculo. A voz reconhecível de Brian Johnson, que tanto pode ser uma pérola para uns, como o cúmulo de irritante para outros. Não é nada de genial, mas é o que melhor se encaixa na música que os seus parceiros tocam. E mesmo que os restantes não tenham tanto destaque, nem tanta notoriedade, são eles que completam o grupo e são todos eles em conjunto que levam este álbum ao patamar de maiores discos na história do Hard Rock. Se vira o disco e toca o mesmo, deixa tocar, porque é muito bom. Afinal, Rock and Roll ain’t noise pollution, man…