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segunda-feira, 12 de março de 2012

Earth - Angels of Darkness, Demons of Light II



Artista: Earth
Álbum: Angels of Darkness, Demons of Light II
Data de lançamento: 6 Fevereiro 2012
Género: Drone Metal, Rock experimental/instrumental, Pós-Rock
Editora: Southern Lord Records
Lista de faixas:

1 – “Sigil of Brass”
2 – “His Teeth Did Brightly Shine”
3 – “Multiplicity of Doors”
4 – “The Corascene Dog”
5 – “The Rakehell”

Uma paragem de quase uma década na carreira dos Earth foi o suficiente para originar uma mudança de som na banda. Em 2005 lançaram “Hex; Or Printing in the Infernal Method” após hiato e aí afastaram-se um pouco do grotesco e ruidoso som Drone distorcido. A sua influência já estava mais que feita e mesmo que o som que tenham praticado após esse período seja muito mais limpo, não deixamos de associar o nome “Earth” ao género Drone.

A parte interessante é que tal mudança não tinha 100% de segurança de resultar completamente e tal podia originar a formação de uma base de fãs nova, conquistando uma data de novos apreciadores e fugindo da atenção dos antigos. No entanto, não há maneira como crucificar Dylan Carlson pelo rumo que quis tomar com o seu projecto, quando a música que continuou a compor ainda era de uma qualidade respeitável e com o mesmo tom ambiental e experimental que lhes deu a fama que obtiveram na década de 90.

Já com a primeira parte, o “Angels of Darkness, Demons of Light I” lançado no ano anterior se notava que apostava-se cada vez mais forte nas melodias calmas e na bizarra influência de Blues, Folk e até Country num som Pós-Rock. Já assim estava estabelecido. A parte boa é que mesmo mantendo-se dentro desse espaço, têm muito por onde experimentar e Dylan Carlson e companhia atiraram-se sem medo aos experimentalismos, compondo um disco que tanto tem de abstracto como de confortável.

O disco começa de forma algo sombria e não ouvimos o trabalho de bateria de Adrienne Davies – envolvida numa relação com Carlson, o que pode ajudar para que sejam os únicos membros originais restantes da formação do grupo – até à terceira faixa “A Multiplicity of Doors”. Não é que fosse necessária nas duas faixas anteriores e certamente não é que se dispensasse nos três temas seguintes, eles é que sabem mesmo o que estão a fazer.

A música que se desenrola lentamente nas cinco faixas é daquelas que descrevê-las ao detalhe é perda de tempo. Ritmos assinalados por baixo eléctrico – onde reside a parte mais orelhuda da música, melodias instrumentais arrastadas que me ficam na memória já vêm desde exemplos do “The Bees Made Honey in the Lion’s Skull” – e a guitarra de Dylan Carlson a “cantar” muito suavemente. Se quiserem uma ideia da forma de tocar tão simples e no entanto tão formidável de Dylan, “His Teeth Did Brightly Shine” é um bom exemplo.

A bateria que toca de forma tão seca mas que cumpre tão bem a tarefa de completar as canções, enquanto o ambiente que já se sente é mais bem “floreado” com o uso de violoncelo. Uma maneira que eu encontro de descrever vagamente isto é com uma estranha metáfora ou uma bizarra personificação: os instrumentos todos a dialogar entre si. E que conversa têm eles. Sempre sem acelerar o passo e com o mesmo ritmo monótono que os caracterizou – há que ter atenção que uso o termo “monotonia” num bom sentido, fosse toda a monotonia assim e eu voltava a ter metade das aulas que tive no secundário e passava a frequentar a missa bissemanalmente.  

É na elasticidade desta fórmula e quanto mais conseguem experimentar dentro disto que reside todo o fascínio à volta do colectivo Americano e das composições de Carlson. Um disco tão maduro, tão ambiental e que tão bem transmite uma sensação de paz e ao mesmo tempo um sentimento agitado. Segue a mesma linha da parte anterior e a sua qualidade iguala-o ou possivelmente o supera ligeiramente. Duas eras diferentes de Earth: mas será fácil decidir qual a melhor?

Avaliação: 8,4


segunda-feira, 4 de julho de 2011

Sylosis - Edge of the Earth

Artista: Sylosis
Álbum: Edge of the Earth
Data de lançamento: 11 Março 2011
Género: Thrash Metal, Melo-Death Metal, Metal Progressivo
Editora: Nuclear Blast Records
Lista de faixas:

1 – “Procession”
2 – “Sands of Time”
3 – “Empyreal”
4 – “Empyreal (Part 2)”
5 – “A Serpents Tongue”
6 – “Awakening”
7 – “Kingdom of Solitude”
8 – “Where the Sky Ends”
9 – “Dystopia”
10 – “Apparitions”
11 – “Altered States of Consciousness”
12 – “Beyond the Resurrected”
13 – “Eclipsed”
14 – “From the Edge of the Earth”

Os Sylosis são um exemplo de uma banda que já por aí anda há muito tempo – 11 anos – mas só em 2008 é que lançaram o seu álbum de estreia. E já desde aí, que deu a entender que esse grupo novato não tão novato já tinha o potencial para ser uma das bandas do Metal mais moderno – mais especificamente um Thrash Metal mais moderno – a manter debaixo de olho. Já no anterior “Conclusion of an Age”, que críticos e fãs se surpreenderam com a qualidade do disco, ainda para mais sendo um disco de estreia. Tinha uma bela mistura de Thrash Metal, com Death Metal Melódico, um pouco de Metalcore e sendo toda essa mistura regada com Progressivo. Depois desse álbum acontece como a todos, cai-lhes a pressão do segundo álbum. Ainda para mais, dá-se a perda do vocalista Jamie Graham. Salta então o guitarrista Josh Middleton para a frente e trabalha a parte vocal para além da sua habitual guitarra. Para alguns está aí mesmo uma razão para se considerar este “Edge of the Earth” inferior ao anterior, devido à estranheza que sentem quanto à voz. Mas não é uma razão muito plausível devido à qualidade inigualável e à excelente progressão que se encontra neste disco. Mantendo uma fórmula semelhante à do disco anterior, retirando mais à parte Metalcore, para garantir que se estabelecem com o seu próprio estilo e um som singular. Essa abordagem Thrash – um pouco à moda antiga da Bay Area também com um pouco do Thrash moderno praticado por bandas mais actuais – com um Melo-Death à Sueca, a construir canções de estrutura de Metal Progressivo faz com que o respeito pelos Sylosis aumente, chegando até a poder-se afirmar que este disco é um exemplo de como o Metal extremo moderno deve soar. Como cheguei a ler noutra crítica a este disco, o que algumas das bandas recentes querem fazer – o crítico que redigiu o texto que li usou Trivium como exemplo- os Sylosis conseguem fazê-lo na perfeição e como deve ser. É um disco longo, portanto é algo difícil de se absorver à primeira audição, mas de imediato que sentimos o impacto dos riffs, os vocais poderosos, toda a instrumentalização técnica – sem exageros -, e mesmo com o peso a reinar, ainda se tiram daqui umas melodias bastante interessantes. O suficiente para que queiramos mesmo ouvir mais vezes e eventualmente ser capaz de reter bem o disco na mente e reconhecer cada canção por si só. Destaco algumas malhas como a faixa de abertura “Procession”, o single de promoção “Empyreal”, a instrumental “Where the Sky Ends” ou a conclusiva “From the Edge of the Earth”, maior canção do disco. Mas no geral, para quem gostar de Metal extremo, é um CD que vale a pena ouvir e os Sylosis são uma banda cujo futuro vale a pena acompanhar.

Avaliação: 8,4