Artista:
Earth
Álbum:
Angels of Darkness, Demons of Light II
Data de lançamento: 6 Fevereiro 2012
Género: Drone Metal, Rock
experimental/instrumental, Pós-Rock
Editora: Southern Lord Records
Lista de faixas:
1 –
“Sigil of Brass”
2
– “His Teeth Did Brightly Shine”
3
– “Multiplicity of Doors”
4
– “The Corascene Dog”
5
– “The Rakehell”
Uma paragem de quase uma década na carreira dos
Earth foi o suficiente para originar uma mudança de som na banda. Em 2005
lançaram “Hex; Or Printing in the Infernal Method” após hiato e aí afastaram-se
um pouco do grotesco e ruidoso som Drone distorcido. A sua influência já estava
mais que feita e mesmo que o som que tenham praticado após esse período seja muito mais limpo, não deixamos de associar o nome “Earth” ao género Drone.
A parte interessante é que tal mudança não tinha
100% de segurança de resultar completamente e tal podia originar a formação de
uma base de fãs nova, conquistando uma data de novos apreciadores e fugindo da
atenção dos antigos. No entanto, não há maneira como crucificar Dylan Carlson
pelo rumo que quis tomar com o seu projecto, quando a música que continuou a compor
ainda era de uma qualidade respeitável e com o mesmo tom ambiental e experimental
que lhes deu a fama que obtiveram na década de 90.
Já com a primeira parte, o “Angels of Darkness,
Demons of Light I” lançado no ano anterior se notava que apostava-se cada vez
mais forte nas melodias calmas e na bizarra influência de Blues, Folk e até
Country num som Pós-Rock. Já assim estava estabelecido. A parte boa é que mesmo
mantendo-se dentro desse espaço, têm muito por onde experimentar e Dylan
Carlson e companhia atiraram-se sem medo aos experimentalismos, compondo um
disco que tanto tem de abstracto como de confortável.
O disco começa de forma algo sombria e não ouvimos
o trabalho de bateria de Adrienne Davies – envolvida numa relação com Carlson,
o que pode ajudar para que sejam os únicos membros originais restantes da
formação do grupo – até à terceira faixa “A Multiplicity of Doors”. Não é que
fosse necessária nas duas faixas anteriores e certamente não é que se
dispensasse nos três temas seguintes, eles é que sabem mesmo o que estão a
fazer.
A música que se desenrola lentamente nas cinco
faixas é daquelas que descrevê-las ao detalhe é perda de tempo. Ritmos
assinalados por baixo eléctrico – onde reside a parte mais orelhuda da música, melodias
instrumentais arrastadas que me ficam na memória já vêm desde exemplos do “The
Bees Made Honey in the Lion’s Skull” – e a guitarra de Dylan Carlson a “cantar”
muito suavemente. Se quiserem uma ideia da forma de tocar tão simples e no
entanto tão formidável de Dylan, “His Teeth Did Brightly Shine” é um bom
exemplo.
A bateria que toca de forma tão seca mas que
cumpre tão bem a tarefa de completar as canções, enquanto o ambiente que já se
sente é mais bem “floreado” com o uso de violoncelo. Uma maneira que eu
encontro de descrever vagamente isto é com uma estranha metáfora ou uma bizarra
personificação: os instrumentos todos a dialogar entre si. E que conversa têm
eles. Sempre sem acelerar o passo e com o mesmo ritmo monótono que os
caracterizou – há que ter atenção que uso o termo “monotonia” num bom sentido,
fosse toda a monotonia assim e eu voltava a ter metade das aulas que tive no
secundário e passava a frequentar a missa bissemanalmente.
É na elasticidade desta fórmula e quanto mais
conseguem experimentar dentro disto que reside todo o fascínio à volta do
colectivo Americano e das composições de Carlson. Um disco tão maduro, tão
ambiental e que tão bem transmite uma sensação de paz e ao mesmo tempo um
sentimento agitado. Segue a mesma linha da parte anterior e a sua qualidade
iguala-o ou possivelmente o supera ligeiramente. Duas eras diferentes de Earth:
mas será fácil decidir qual a melhor?
Avaliação: 8,4
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