Festival Ecos Rock em S. João da Madeira, como parte da Semana da Juventude, realizado na Oliva. Um bom evento underground com o intuito de mobilizar a população jovem (e não só) que aprecia música de peso, seja ele mais moderado ou mais carregado. Muito bom também para dar a conhecer alguns talentos de garagem e do underground que ainda tenham passado ao lado de alguns.
Como cheguei um pouco atrasado, não tive grande oportunidade de apreciar os Soul of Anubis que abriam o evento. Mas quando entrei no recinto, apercebi-me de que o som não estava no seu melhor. Notava-se a presença de um vocalista, mas mal se ouvia. Uma banda que por acaso soava bem, tinha uns riffs bem feitinhos, mas que não atingia o seu melhor, por quase não se ouvir voz. Banda de abertura, público ainda disperso, já apanhei nos finais e foi durante o show deles que procurei o meu espaço para me instalar a apreciar o espectáculo sem levar um encontrão de algum “mosher” mais entusiasmado. Acabou então um show que denunciava alguns problemas de som e um público ainda em aquecimento.
De seguida, com a entrada dos InderborN em palco, foi quando irrompeu mais vida naquele recinto. Com a sua legião de fãs local já bem estabelecida, desde antes de começar o espectáculo que o público já se preparava a ajudar a banda a tornar do seu espectáculo um dos mais envolventes da noite. À entrada de Ginger Filth o público “enlouqueceu”. E foi então com eles que basicamente começou a noite a sério, com as pessoas finalmente envolvidas e dedicadas ao show. Uma banda já bastante ligada ao seu público-base, foi das que melhor soube interagir com aqueles que os admiram. Foi também a única banda que apostou também no factor visual, com direito a participações breves de bailarinas, lançamento de confetis, banhos de champagne, encorajamento a moshpits, a habitual stage persona de Ginger Filth e de tudo um pouco, verdadeiros “treats” aos fãs. Não sendo dos maiores apreciadores da música da banda, no final apercebi-me que tinha sido dos concertos mais enérgicos da noite e possivelmente um dos nomes mais esperados e ansiados por aquele público.
A seguir foi a vez dos Joseph entrar em palco para expor a sua música ao público. No entanto, para muitos, muita da energia tinha sido investida nos anteriores InderborN e o estilo musical deste grupo instrumental talvez não fosse tão atractivo como os outros. No entanto tratou-se de um show muito bom, mesmo que não houvesse tanta aderência do público, com algumas pessoas estando mesmo, literalmente encostadas ao palco, de costas voltadas aos músicos. Mas era um espectáculo muito bom, música muito interessante com um estilo Drone/Post-Metal experimental bastante interessante e cuja repetição de riffs e prolongamento das mesmas repetições me agradaram. Mas mesmo com muita dedicação que se notava nos artistas, o público aderiu muito menos, havendo apenas alguns abanar de cabeças e uns olhares atentos talvez de alguém mais interessado, mais atrás.
Mais tarde foi a vez dos Wild Tiger Affair apresentar-nos a sua abordagem mais leve e menos barulhenta da música. O público, mesmo que, mais uma vez não estivesse tão entregue ao momento, lá demonstrou o seu respeito e apreciação por uma banda local. Música que dava a entender ser razoavelmente boa, foi afectada também pelos problemas no som que impedia a voz de ser ouvida com claridade. Ia-se aproximando a vinda dos Crushing Sun.
E se ainda havia dúvidas de que o som realmente não estava muito famoso, isso foi evidenciado com a demora tomada pelos Crushing Sun para começarem o espectáculo com constantes arranjos e experiências no som para que o espectáculo corresse como bem lhes convinha. Por momentos estive receoso quanto à quantidade de público que havia naquele momento, estando o recinto quase vazio. Mas à medida que passava o tempo, iam chegando as pessoas e quando o espectáculo começou já os Vila-condenses tinham um público mais recheado totalmente entregue. A fazer jus ao seu estatuto de uma das bandas mais promissoras do Metal nacional, deram um espectáculo deveras enérgico e arrasador. O abanar de cabeças e “horns” no ar viam-se em abundância enquanto os Crushing Sun, verdadeiramente dedicados, interpretavam temas do aclamado “TAO”. Da noite toda, foi o concerto que realmente mais me agitou e que me fez sentir mais integrado em todo aquele público movimentado e emocionado. Voz já audível e um baixo de invejar qualquer aspirante – eu encontrava-me mesmo em frente ao baixista Rui Pinto, que fazia um trabalho fenomenal no seu instrumento. Quando a banda se despediu com o tema “Grey Scent” o público cansado entregou-se ao espectáculo até ao último momento.
No final daquela explosão de energia, posso afirmar que fui para casa satisfeito e destaco no cartaz a presença dos esperados cabeças-de-cartaz Crushing Sun que mostraram o porquê de darem tanto que falar e também dos InderborN que souberam como fazer daquele recinto a casa deles, tendo sido esses os dois pontos mais altos da noite.
Foi muito bom este dia, estive lá presente e os meus ouvidos ficaram deliciados com alguns sonoros que por lá passaram. Hail aos Crushing Sun. Fantásticos.
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