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segunda-feira, 5 de março de 2012

Crippled Black Phoenix - (Mankind) The Crafty Ape



Artista: Crippled Black Phoenix
Álbum: Mankind (The Crafty Ape)
Data de lançamento: 30 Janeiro 2012
Género: Rock progressivo, Rock psicadélico, Rock experimental, Pós-Rock
Editora: Mascot Records, Cool Green Recordings
Lista de faixas:

CD1:
1 – “Nothing (We Are…)”
2 – “The Heart of Every Country”
3 – “Get Down and Live with It”
4 – “(In the Yonder Marsh)
5– “A Letter Concerning Dogheads”
6 – “The Brain – Poznan”
7 – “Laying Traps”
8 – “Born in a Hurricane”
9 – “Release the Clowns”
10 – “(What?)”

CD2:
1 – “A Suggestion (Not a Very Nice One)
2 – “(Dig, Bury, Deny)”
3 – “Operation Mincemeat”
4 – “We Will Never Get Out This World Alive”
5 – “Faced with Complete Failure, Utter Defiance Is the Only Response”

O conjunto Britânico Crippled Black Phoenix não demorou muito tempo após o lançamento do majestoso “I, Vigilante” e já lançaram o seu sucessor quinto disco de originais, já com mais sonoridade retrospectiva deliciosamente abordada na bagagem para agradar os ouvidos de muitos.

A essência volta a ser a mesma utilizada e mantém-se infalível: de pés assentes no presente, a abordagem do Pós-Rock desta banda encaixaria perfeitamente numa colecção de discos de Rock progressivo da década de 70, com influências de actos enormes como Jethro Tull, King Crimson e o que mais se sente e transmite: Pink Floyd. Tanto ao ponto de serem a banda com a qual melhor se podem comparar. No entanto, após cinco geniais discos, os Crippled Black Phoenix já não funcionam apenas como uns Pink Floyd, Versão 2 para os mais saudadosos, já conseguiram muito bem criar a sua identidade, mesmo que moldada à face dos seus “progenitores”.

Este novo álbum varia do anterior, na forma como é abordado. “(Mankind) The Crafty Ape” procura mais temas que “I, Vigilante” e alguns relativamente mais curtos e directos com conteúdo tão ou mais rico. Como um bom disco que siga a estrada progressiva, agarra-se a um conceito e divide-se em várias partes – não só em 2 discos, existem 3 partes diferentes. As duas primeiras partes constam no primeiro CD e intitulam-se “A Thread” e “The Trap”, com cada uma delas a ocupar cinco faixas. A terceira parte à qual intitulam “The Blues of Man” encontra-se no segundo CD deste registo duplo. Esta divisão não está feita só por fazer e só por questões narrativas, essas partes soam diferentes. Enquanto que na primeira parte somos transportados para outro local com melodias lentas e melodramáticas ambientais – “The Heart of Every Country” é um exemplo perfeito – num bom Pós-Rock quase espacial como parece ser difícil voltar a reproduzir-se nos dias de hoje. Na segunda parte, acentuam-se um pouco mais as guitarras, e temos temas mais intensos e mais directos com alguma reminiscência a um Hard Rock de barbas grisalhas. Na terceira parte, o título “The Blues of Man” não engana e há uma influência de Blues, até com toques Zeppelinescos, simplesmente formidável.

A narrativa do conceito do álbum em si é que não parece ser fácil de acompanhar pelas letras, mas de acordo com a banda trata de todo o mal da humanidade que eventualmente a poderá destruir, mas sempre com esperança e crença de que eventualmente as coisas se resolvam. Incrível como conseguem transmitir isso mesmo apenas através da música, mesmo que não prestemos atenção ao conteúdo lírico e à história que possa estar a contar. A atmosfera criada pela música em si consegue mesmo fazer-nos imaginar aquela sensação de paz desconfortável ou de um pavor controlável que se torna difícil de explicar mas para a banda parece ter sido fácil de representar musicalmente.

É música de génio diga-se assim e os currículos dos integrantes da banda são bons exemplares de talento – Mogwai e Electric Wizard são apenas alguns exemplos. Melodias lentas mas tão entranhantes, guitarras que choram a cada solo perfeitamente tocado, vocais ásperos quase sussurrados que mesmo não sendo demonstradores de grande técnica são os que melhor se adequam e ainda aperfeiçoam a obra. A voz feminina volta a ter o seu uso de forma excelente, para ajudar a limar um pouco mais as arestas de uma sonoridade cada vez mais pessoal e característica.

As influências estão lá ainda bem destacadas, mesmo que a banda já tenha o seu próprio patamar, e um belíssimo tema como “A Letter Concerning Dogheads” poderia passar por uma canção perdida de Pink Floyd para um ouvinte mais distraído. Também é nesse mesmo tema, no seu final e na épica conclusiva “Faced with Complete Failure” que o Pós-Rock que supostamente é o género-base da banda se encontra mais realçado e até tem um certo feeling Drone, a fazer lembrar um pouco actos como Earth – o final de “A Letter Concerning Dogheads” remontava-me a algo saído de um “The Bees Made Honey in the Lion’s Skull” do conjuntivo instrumental mencionado.

Não há assim muito mais a apontar em relação a estes senhores, a não ser a recomendação quase obrigatória para quem ainda não os conhecer e apreciar uma boa obra que seja tanto inovadora como clássica. E se conseguiram persuadir uma pessoa mais velha – digamos um pai que viveu a era gloriosa do Prog Rock – a não desistir da música actual, assim que ele acabe de se viciar em trabalhos do Steven Wilson e dos seus projectos, é de lhe apresentar estes Crippled Black Phoenix logo a seguir, de imediato para lhe restaurar um pouco de fé na música actual. Que se façam mais discos com tanta qualidade.

Avaliação: 9,4


quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

Crippled Black Phoenix - I, Vigilante


Artista: Crippled Black Phoenix
Álbum: I, Vigilante
Data de lançamento: Agosto 2010
Género: Rock Progressivo
Editora: Invada
Lista de faixas:

1 – “Troublemaker”
2 – “We Forgotten Who We Are”
3 – “Fantastic Juice”
4 – “Bastogne Blues”
5 – “Of a Lifetime”
6 – “Burning Bridges”

Talvez não ande por aí na ponta da língua do povo inteiro, mas Crippled Black Phoenix é um dos nomes mais sonantes do Rock progressivo actual. Um supergrupo, que conta já com nomes veteranos pertencentes a bandas como Electric Wizard, Gonga, ou Iron Monkey, projectos que já têm a sua devida experiência em estilos como o Stoner, Doom ou Sludge. É a influência exterior desses estilos que aqui ajuda a criação de um Post-Rock com tanto de ambiental como de forte, com peso interpolado com melodias suaves. Desde guitarras distorcidas a doces pianos. Uma instrumentalização variada, composições elaboradas e bem esticadas, os vocais arrastados num tom monótono… Tudo junto vai formar uma sonoridade singular, mas é óbvio que vão saltar sempre algumas observações quanto à sua semelhança com Pink Floyd. Também, qual a banda de Rock progressivo que não tenha sido influenciada por Pink Floyd, até agora? Já é normal e recorrente, mas nestes CBP, o seu estudo da obra de Pink Floyd chega a tornar-se mais evidente e alguns mais mal-humorados vão acusá-los de imitadores enquanto outros mais optimistas vão nomeá-los como sucessores dos Floyd. Não acho que sejam sucessores, porque não acho que na música hajam sucessores de coisa alguma, mas sim, posso afirmar que estes Crippled Black Phoenix, transportam bem a velha sonoridade para os tempos de hoje, mostrando que o Rock progressivo velhinho está tão fresco hoje como naquele tempo. E estas seis músicas, também, são de notar que poderiam ter sido gravadas e lançadas, tanto hoje como noutra época – finais 60/inícios 70, por exemplo. Músicas essas, que são fruto de um trabalho sensacional. Deliciosas composições e uma brilhante multi-instrumentalização. Não apostam só em longas músicas de ambiente e também investem em alguns factores orelhudos, de deixar partes da música presas na cabeça. Cito como exemplos, o piano de “Fantastic Juice”, a outro de “Bastogne Blues”, a guitarra de “Of a Lifetime” ou a conclusiva curta e alegre “Burning Bridges”. É, de facto, um disco muito bom, apenas não estou muito confortável e familiarizado com a restante discografia da banda, para poder comparar este disco aos anteriores, mas creio que este “I, Vigilante” seja tão bom para começar a ouvir a música da banda, como qualquer outro disco. Com ou sem parecências a Pink Floyd, temos aqui uma das boas obras-primas de 2010.

Avaliação: 8,9