Artista:
Crippled Black Phoenix
Álbum:
Mankind (The Crafty Ape)
Data de lançamento: 30 Janeiro 2012
Género: Rock progressivo, Rock psicadélico, Rock
experimental, Pós-Rock
Editora:
Mascot Records, Cool Green Recordings
Lista
de faixas:
CD1:
1
– “Nothing (We Are…)”
2
– “The Heart of Every Country”
3
– “Get Down and Live with It”
4
– “(In the Yonder Marsh)
5–
“A Letter Concerning Dogheads”
6
– “The Brain – Poznan”
7
– “Laying Traps”
8
– “Born in a Hurricane”
9
– “Release the Clowns”
10
– “(What?)”
CD2:
1
– “A Suggestion (Not a Very Nice One)
2
– “(Dig, Bury, Deny)”
3
– “Operation Mincemeat”
4
– “We Will Never Get Out This World Alive”
5
– “Faced with Complete Failure, Utter Defiance Is the Only Response”
O conjunto Britânico Crippled Black Phoenix não
demorou muito tempo após o lançamento do majestoso “I, Vigilante” e já lançaram
o seu sucessor quinto disco de originais, já com mais sonoridade retrospectiva
deliciosamente abordada na bagagem para agradar os ouvidos de muitos.
A essência volta a ser a mesma utilizada e
mantém-se infalível: de pés assentes no presente, a abordagem do Pós-Rock desta
banda encaixaria perfeitamente numa colecção de discos de Rock progressivo da
década de 70, com influências de actos enormes como Jethro Tull, King Crimson e
o que mais se sente e transmite: Pink Floyd. Tanto ao ponto de serem a banda
com a qual melhor se podem comparar. No entanto, após cinco geniais discos,
os Crippled Black Phoenix já não funcionam apenas como uns Pink Floyd, Versão 2
para os mais saudadosos, já conseguiram muito bem criar a sua identidade, mesmo
que moldada à face dos seus “progenitores”.
Este novo álbum varia do anterior, na forma como é
abordado. “(Mankind) The Crafty Ape” procura mais temas que “I, Vigilante” e
alguns relativamente mais curtos e directos com conteúdo tão ou mais rico. Como um bom
disco que siga a estrada progressiva, agarra-se a um conceito e divide-se em
várias partes – não só em 2 discos, existem 3 partes diferentes. As duas
primeiras partes constam no primeiro CD e intitulam-se “A Thread” e “The Trap”,
com cada uma delas a ocupar cinco faixas. A terceira parte à qual intitulam “The
Blues of Man” encontra-se no segundo CD deste registo duplo. Esta divisão não
está feita só por fazer e só por questões narrativas, essas partes soam
diferentes. Enquanto que na primeira parte somos transportados para outro local
com melodias lentas e melodramáticas ambientais – “The Heart of Every Country”
é um exemplo perfeito – num bom Pós-Rock quase espacial como parece ser
difícil voltar a reproduzir-se nos dias de hoje. Na segunda parte, acentuam-se
um pouco mais as guitarras, e temos temas mais intensos e mais directos com
alguma reminiscência a um Hard Rock de barbas grisalhas. Na terceira parte, o
título “The Blues of Man” não engana e há uma influência de Blues, até com
toques Zeppelinescos, simplesmente
formidável.
A narrativa do conceito do álbum em si é que não
parece ser fácil de acompanhar pelas letras, mas de acordo com a banda trata de
todo o mal da humanidade que eventualmente a poderá destruir, mas sempre com
esperança e crença de que eventualmente as coisas se resolvam. Incrível como
conseguem transmitir isso mesmo apenas através da música, mesmo que não
prestemos atenção ao conteúdo lírico e à história que possa estar a contar. A
atmosfera criada pela música em si consegue mesmo fazer-nos imaginar aquela
sensação de paz desconfortável ou de um pavor controlável que se torna difícil
de explicar mas para a banda parece ter sido fácil de representar musicalmente.
É música de génio diga-se assim e os currículos
dos integrantes da banda são bons exemplares de talento – Mogwai e Electric
Wizard são apenas alguns exemplos. Melodias lentas mas tão entranhantes,
guitarras que choram a cada solo perfeitamente tocado, vocais ásperos quase
sussurrados que mesmo não sendo demonstradores de grande técnica são os que
melhor se adequam e ainda aperfeiçoam a obra. A voz feminina volta a ter o seu
uso de forma excelente, para ajudar a limar um pouco mais as arestas de uma
sonoridade cada vez mais pessoal e característica.
As influências estão lá ainda bem destacadas,
mesmo que a banda já tenha o seu próprio patamar, e um belíssimo tema como “A
Letter Concerning Dogheads” poderia passar por uma canção perdida de Pink Floyd
para um ouvinte mais distraído. Também é nesse mesmo tema, no seu final e na
épica conclusiva “Faced with Complete Failure” que o Pós-Rock que supostamente
é o género-base da banda se encontra mais realçado e até tem um certo feeling
Drone, a fazer lembrar um pouco actos como Earth – o final de “A Letter
Concerning Dogheads” remontava-me a algo saído de um “The Bees Made Honey in
the Lion’s Skull” do conjuntivo instrumental mencionado.
Não há assim muito mais a apontar em relação a
estes senhores, a não ser a recomendação quase obrigatória para quem ainda não
os conhecer e apreciar uma boa obra que seja tanto inovadora como clássica. E
se conseguiram persuadir uma pessoa mais velha – digamos um pai que viveu a era
gloriosa do Prog Rock – a não desistir da música actual, assim que ele acabe de
se viciar em trabalhos do Steven Wilson e dos seus projectos, é de lhe
apresentar estes Crippled Black Phoenix logo a seguir, de imediato para lhe
restaurar um pouco de fé na música actual. Que se façam mais discos com tanta
qualidade.
Avaliação: 9,4
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