Mostrar mensagens com a etiqueta black. Mostrar todas as mensagens
Mostrar mensagens com a etiqueta black. Mostrar todas as mensagens

segunda-feira, 5 de março de 2012

Crippled Black Phoenix - (Mankind) The Crafty Ape



Artista: Crippled Black Phoenix
Álbum: Mankind (The Crafty Ape)
Data de lançamento: 30 Janeiro 2012
Género: Rock progressivo, Rock psicadélico, Rock experimental, Pós-Rock
Editora: Mascot Records, Cool Green Recordings
Lista de faixas:

CD1:
1 – “Nothing (We Are…)”
2 – “The Heart of Every Country”
3 – “Get Down and Live with It”
4 – “(In the Yonder Marsh)
5– “A Letter Concerning Dogheads”
6 – “The Brain – Poznan”
7 – “Laying Traps”
8 – “Born in a Hurricane”
9 – “Release the Clowns”
10 – “(What?)”

CD2:
1 – “A Suggestion (Not a Very Nice One)
2 – “(Dig, Bury, Deny)”
3 – “Operation Mincemeat”
4 – “We Will Never Get Out This World Alive”
5 – “Faced with Complete Failure, Utter Defiance Is the Only Response”

O conjunto Britânico Crippled Black Phoenix não demorou muito tempo após o lançamento do majestoso “I, Vigilante” e já lançaram o seu sucessor quinto disco de originais, já com mais sonoridade retrospectiva deliciosamente abordada na bagagem para agradar os ouvidos de muitos.

A essência volta a ser a mesma utilizada e mantém-se infalível: de pés assentes no presente, a abordagem do Pós-Rock desta banda encaixaria perfeitamente numa colecção de discos de Rock progressivo da década de 70, com influências de actos enormes como Jethro Tull, King Crimson e o que mais se sente e transmite: Pink Floyd. Tanto ao ponto de serem a banda com a qual melhor se podem comparar. No entanto, após cinco geniais discos, os Crippled Black Phoenix já não funcionam apenas como uns Pink Floyd, Versão 2 para os mais saudadosos, já conseguiram muito bem criar a sua identidade, mesmo que moldada à face dos seus “progenitores”.

Este novo álbum varia do anterior, na forma como é abordado. “(Mankind) The Crafty Ape” procura mais temas que “I, Vigilante” e alguns relativamente mais curtos e directos com conteúdo tão ou mais rico. Como um bom disco que siga a estrada progressiva, agarra-se a um conceito e divide-se em várias partes – não só em 2 discos, existem 3 partes diferentes. As duas primeiras partes constam no primeiro CD e intitulam-se “A Thread” e “The Trap”, com cada uma delas a ocupar cinco faixas. A terceira parte à qual intitulam “The Blues of Man” encontra-se no segundo CD deste registo duplo. Esta divisão não está feita só por fazer e só por questões narrativas, essas partes soam diferentes. Enquanto que na primeira parte somos transportados para outro local com melodias lentas e melodramáticas ambientais – “The Heart of Every Country” é um exemplo perfeito – num bom Pós-Rock quase espacial como parece ser difícil voltar a reproduzir-se nos dias de hoje. Na segunda parte, acentuam-se um pouco mais as guitarras, e temos temas mais intensos e mais directos com alguma reminiscência a um Hard Rock de barbas grisalhas. Na terceira parte, o título “The Blues of Man” não engana e há uma influência de Blues, até com toques Zeppelinescos, simplesmente formidável.

A narrativa do conceito do álbum em si é que não parece ser fácil de acompanhar pelas letras, mas de acordo com a banda trata de todo o mal da humanidade que eventualmente a poderá destruir, mas sempre com esperança e crença de que eventualmente as coisas se resolvam. Incrível como conseguem transmitir isso mesmo apenas através da música, mesmo que não prestemos atenção ao conteúdo lírico e à história que possa estar a contar. A atmosfera criada pela música em si consegue mesmo fazer-nos imaginar aquela sensação de paz desconfortável ou de um pavor controlável que se torna difícil de explicar mas para a banda parece ter sido fácil de representar musicalmente.

É música de génio diga-se assim e os currículos dos integrantes da banda são bons exemplares de talento – Mogwai e Electric Wizard são apenas alguns exemplos. Melodias lentas mas tão entranhantes, guitarras que choram a cada solo perfeitamente tocado, vocais ásperos quase sussurrados que mesmo não sendo demonstradores de grande técnica são os que melhor se adequam e ainda aperfeiçoam a obra. A voz feminina volta a ter o seu uso de forma excelente, para ajudar a limar um pouco mais as arestas de uma sonoridade cada vez mais pessoal e característica.

As influências estão lá ainda bem destacadas, mesmo que a banda já tenha o seu próprio patamar, e um belíssimo tema como “A Letter Concerning Dogheads” poderia passar por uma canção perdida de Pink Floyd para um ouvinte mais distraído. Também é nesse mesmo tema, no seu final e na épica conclusiva “Faced with Complete Failure” que o Pós-Rock que supostamente é o género-base da banda se encontra mais realçado e até tem um certo feeling Drone, a fazer lembrar um pouco actos como Earth – o final de “A Letter Concerning Dogheads” remontava-me a algo saído de um “The Bees Made Honey in the Lion’s Skull” do conjuntivo instrumental mencionado.

Não há assim muito mais a apontar em relação a estes senhores, a não ser a recomendação quase obrigatória para quem ainda não os conhecer e apreciar uma boa obra que seja tanto inovadora como clássica. E se conseguiram persuadir uma pessoa mais velha – digamos um pai que viveu a era gloriosa do Prog Rock – a não desistir da música actual, assim que ele acabe de se viciar em trabalhos do Steven Wilson e dos seus projectos, é de lhe apresentar estes Crippled Black Phoenix logo a seguir, de imediato para lhe restaurar um pouco de fé na música actual. Que se façam mais discos com tanta qualidade.

Avaliação: 9,4


terça-feira, 4 de outubro de 2011

Painted Black - Cold Comfort



Artista: Painted Black
Álbum: Cold Comfort
Data de lançamento: 3 Maio 2010
Género: Death/Doom Metal
Editora: Ethereal Sound Works
Lista de faixas:

1 – “Via Dolorosa”
2 – “Shadowbound”
3 – “The End of Tides”
4 – “Absent Heart”
5 – “Cold Comfort (Release)”
6 – “Winter (Storm)”
7 – “The Rain in June (Out of Season)”
8 – “Inevitability”

Falando de música nacional e nas novas apostas que há cá para apresentar, não se pode excluir uma banda tão promissora como os Painted Black. Esta banda oriunda da Covilhã, após os lançamentos de dois atractivos EP’s e de captarem a atenção do público que rapidamente lhes reconheceu o talento – por três anos consecutivos que eram votados como a melhor banda sem contrato pelos leitores da revista LOUD! – eis que lançam em 2010 o seu primeiro disco de originais intitulado “Cold Comfort”. Já nos 2 EP’s anteriores que se sentia uma maturidade e avanço na escrita e composição dos temas, como em “AaBbYyZz” – que ainda aponto como um dos temas pessoalmente favoritos da banda – no primeiro EP “The Neverlight” e a melancólica “Expire” presente no EP “Verbo”. Já com um talento inegável e já carregando alguma experiência na bagagem, quando chega à edição do primeiro longa duração, o que os Painted Black têm a fazer é reforçar aquilo que já mostraram saber fazer, acrescentar-lhes uns toques ainda mais sérios, polir o som apostando em melhor produção e acrescentar-lhes o toque pessoal que lhes dá identidade, enquanto mantém o respeito e referência às suas influências – que se podem sentir como sendo oriundas de uns Katatonia, uns antigos Anathema, My Dying Bride ou até um nome de relevo nacional, os Moonspell. “Cold Comfort” apresenta-se como um poderosíssimo registo de quase uma hora, fornecendo-nos 8 temas que funcionam tão bem como um todo assim como individualmente, sempre com aquele fio condutor que nos permite distinguir o que estamos a ouvir e após nos familiarizarmos, quem estamos a ouvir. Um excelente trabalho de Death/Doom que mantém a sua sonoridade lenta, melancólica com uma atmosfera negra e triste mas que não tem medo de acelerar quando necessário, criando não só um balanço, mas também um excepcional peso que se torna tão agradável para o ouvido fanático do género. Os riffs são brilhantemente compostos por guitarras que “gritam” e tanto na sua forma mais lenta como na mais agressiva e acelerada, são o suficiente para mostrar o quão bem “educados” estão os guitarristas Luís Fazendeiro e Miguel Matos. Para além disso, também temos direito a umas passagens acústicas que apenas contribuem ainda mais para aquela atmosfera que tanto se quer e pede num disco destes. O vocalista Daniel Lucas também desempenha um trabalho digno de vénia, mostrando a sua flexibilidade vocal, através da facilidade com que alterna entre a voz limpa, cantando as lentas melodias que tão facilmente nos seduzem, e a voz gutural a berrar e a grunhir as passagens poderosas que tão facilmente nos despertam. Não é com dúvidas que aponto que Portugal poderia ser uma excelente fonte de bandas de Metal, já com uma longa lista de promissores grupos que ainda nos seus primeiros passos já conseguem dar passos tão longos. E que o nome Painted Black não venha a ficar de fora das enumerações das boas bandas do underground metálico Português.

Avaliação: 9,0



sábado, 19 de fevereiro de 2011

[Clássico do Mês] Black Sabbath - Black Sabbath


Artista: Black Sabbath
Álbum: Black Sabbath
Data de lançamento: 13 Fevereiro 1970
Género: Heavy Metal
Editora: Vertigo Records
Lista de faixas:

1 – “Black Sabbath”
2 – “The Wizard”
3 – “Behind the Wall of Sleep”
4 – “N.I.B.”
5 – “Evil Woman”
6 – “Sleeping Village”
7 – “Warning”

Como se já não bastassem os loucos dos Led Zeppelin a fazer ruído e uns pedrados Pink Floyd com músicas que não cabem tão facilmente na cabeça de um comum, ainda tinham que vir mais uns Ingleses “estragar” o panorama musical do Rock. E agora a falar a sério, uma enorme vénia a estes senhores imortais Black Sabbath por finalmente concluírem a pavimentação de um novo género musical tão mítico, tão controverso, tão belo. Já antes deles andavam os Led Zeppelin a distorcer guitarras, a fazer abanar cabeças com riffs e a fazer alguns conservadores tapar os ouvidos em horror. E os Pink Floyd também já a desafiar algumas “leis” do Rock vulgar e a fugir às regras, tratando os instrumentos de forma diferente de outros da época. Jimi Hendrix também quis tocar a guitarra à sua maneira e imortalizou-se como um dos melhores guitarristas e dos primeiros a distorcê-la. E muitas mais sementes se foram espalhando pelo caminho para se criar um novo estilo, e foi com o aparecimento da banda de Ozzy Osbourne, Tony Iommi, Geezer Butler e Bill Ward que surgiu um álbum completamente assombroso, fora do normal. Aquelas guitarras soavam mais forte que as outras, às vezes pareciam gritar e as estruturas das canções e a harmonia das canções funcionavam de forma assombrosa. A atmosfera proporcionada por todo aquele trabalho e a harmonia dos instrumentos soberba e magicamente bem tocados com os vocais marcantes que entranham de um jovem Ozzy Osbourne torna-se uma mistura de sentimentos, desde o mágico e fantasioso ao obscuro e arrepiante, desde um ácido alucinante a um aterrador e apocalíptico. Nunca se tinha ouvido algo assim. Desde a inicial faixa-título e a sua estrutura arrastada, em tom de pesadelo, ritmo lento e melancólico – aqui já se davam os primeiros passos também para o subgénero do Doom Metal – que irrompia num riff enlouquecido que parecia saído de outro mundo. Era, de facto, o mais pesado que havia naquela altura, se pensarmos bem. Logo, os mais conservadores iriam de imediato vaiar o disco, acusar a banda de dementes loucos adoradores do Diabo e proibir a malta mais jovem de deitar ouvido a isto, por razões morais. As críticas do disco realmente mudaram bastante com o tempo e nesta altura a comunidade do Metal, o pessoal que realmente desfrutava disto era mais reduzido. O Heavy Metal ainda era discriminado como género musical e era posto de parte em tudo o que era acerca de música do mainstream, não se poderia considerar sequer haver especialistas neste estilo sem serem vistos como ignorantes e as críticas Pop de imediato rotulavam qualquer coisa do estilo como lixo. Não era geral, mas quase. O género conseguiu manter-se forte com os anos e ir-se desenvolvendo em inúmeros subgéneros – o Metal talvez seja dos estilos musicais com mais subgéneros, que mais formas consegue tomar e que melhor consegue fazer fusão com outros estilos. Mas na aquela altura, os Black Sabbath eram apenas uns drogados que andavam por aí a adorar o Satanás. Mas não era isso que eles faziam, o que eles adoravam era a música, e era uma banda empenhada que realmente depositava toda a alma na concepção de um novo trabalho e que levava a sua música a sério – até mesmo um Ozzy Osbourne semi-consciente era dedicado. E não deve haver uma única banda de Metal do presente que despreze os Black Sabbath e que não os veja como uma enorme influência. Mesmo fora do Metal, poucos deverão negar o impacto desta banda e mesmo que não gostem, pelo menos um enorme respeito tem que haver. É que ao falar-se em Black Sabbath, fala-se das maiores bandas de sempre, uns pioneiros e o seu álbum de estreia, mesmo que não seja o mais sólido construtor de clássicos – isso foi-se formando mais com os seguintes “Paranoid”, “Master of Reality” e mais tarde com “Heaven and Hell”, já com Ronnie James Dio – é o primeiro disco, onde toda a lenda começou, onde o estilo se afirmou e estabeleceu. Como seria possível ficar indiferente a tal obra-prima?


quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

Crippled Black Phoenix - I, Vigilante


Artista: Crippled Black Phoenix
Álbum: I, Vigilante
Data de lançamento: Agosto 2010
Género: Rock Progressivo
Editora: Invada
Lista de faixas:

1 – “Troublemaker”
2 – “We Forgotten Who We Are”
3 – “Fantastic Juice”
4 – “Bastogne Blues”
5 – “Of a Lifetime”
6 – “Burning Bridges”

Talvez não ande por aí na ponta da língua do povo inteiro, mas Crippled Black Phoenix é um dos nomes mais sonantes do Rock progressivo actual. Um supergrupo, que conta já com nomes veteranos pertencentes a bandas como Electric Wizard, Gonga, ou Iron Monkey, projectos que já têm a sua devida experiência em estilos como o Stoner, Doom ou Sludge. É a influência exterior desses estilos que aqui ajuda a criação de um Post-Rock com tanto de ambiental como de forte, com peso interpolado com melodias suaves. Desde guitarras distorcidas a doces pianos. Uma instrumentalização variada, composições elaboradas e bem esticadas, os vocais arrastados num tom monótono… Tudo junto vai formar uma sonoridade singular, mas é óbvio que vão saltar sempre algumas observações quanto à sua semelhança com Pink Floyd. Também, qual a banda de Rock progressivo que não tenha sido influenciada por Pink Floyd, até agora? Já é normal e recorrente, mas nestes CBP, o seu estudo da obra de Pink Floyd chega a tornar-se mais evidente e alguns mais mal-humorados vão acusá-los de imitadores enquanto outros mais optimistas vão nomeá-los como sucessores dos Floyd. Não acho que sejam sucessores, porque não acho que na música hajam sucessores de coisa alguma, mas sim, posso afirmar que estes Crippled Black Phoenix, transportam bem a velha sonoridade para os tempos de hoje, mostrando que o Rock progressivo velhinho está tão fresco hoje como naquele tempo. E estas seis músicas, também, são de notar que poderiam ter sido gravadas e lançadas, tanto hoje como noutra época – finais 60/inícios 70, por exemplo. Músicas essas, que são fruto de um trabalho sensacional. Deliciosas composições e uma brilhante multi-instrumentalização. Não apostam só em longas músicas de ambiente e também investem em alguns factores orelhudos, de deixar partes da música presas na cabeça. Cito como exemplos, o piano de “Fantastic Juice”, a outro de “Bastogne Blues”, a guitarra de “Of a Lifetime” ou a conclusiva curta e alegre “Burning Bridges”. É, de facto, um disco muito bom, apenas não estou muito confortável e familiarizado com a restante discografia da banda, para poder comparar este disco aos anteriores, mas creio que este “I, Vigilante” seja tão bom para começar a ouvir a música da banda, como qualquer outro disco. Com ou sem parecências a Pink Floyd, temos aqui uma das boas obras-primas de 2010.

Avaliação: 8,9


sábado, 11 de dezembro de 2010

[Clássico do Mês] Bella Morte - Bleed the Grey Sky Black


Artista: Bella Morte
Álbum: Bleed the Grey Sky Black
Data de lançamento: 10 Outubro 2006
Género: Gothic Rock, Rock Alternativo, Rock Industrial, Deathrock, Hard Rock, Darkwave, Heavy Metal, Electrónica
Editora: Metropolis Records
Lista de faixas:

1 – “On the Edge”
2 – “Torn”
3 – “The End Ahead”
4 – “The Alone”
5 – “Ghost Land”
6 – “Dust”
7 – “As the Storm Unfolds”
8 – “An Enemy Without”
9 – “Bleed Again”
10 – “Earth Angel”
11 – “Grey Skies Black”
12 – “Haunted”

É verdade, é um pouco improvável para ser Clássico do Mês. Uma banda com pouca ou nenhuma exposição ao mainstream e que talvez maior parte dos leitores não conheçam. Mas a adoração que tenho por este álbum não podia passar por aqui despercebida. A música singular e apaixonante, com tons pesados e estruturas tão acessíveis e difícil de classificar. Foi pouco depois do lançamento deste disco, que a banda me foi “apresentada” por um amigo e não demorei muito tempo até me questionar onde raio andaria esta banda na minha vida, até então. É que hoje, este álbum é um dos inquestionáveis favoritos e um dos discos mais essenciais da minha colecção maioritariamente digital. Para mim o ponto mais significativo do progresso musical da banda. Com o disco de estreia “Remains”, soava a um Indie Rock gótico que tinha como escola os óbvios Sisters of Mercy ou uns Clan of Xymox. “Where Shadows Lie” deve ser o lançamento mais “dark” da banda, que recorrendo maioritariamente à electrónica e ao industrial, atinge bem o ponto de “Darkwave”, que mesmo com um mínimo destaque a guitarras, consegue ser um disco bem obscuro. Com umas experiências em EP’s como “The Death Rock” ou “Songs for the Dead”, os discos “As the Reasons Die” e “The Quiet” já procuravam fazer a mistura dos 2 sons anteriores, adicionando-lhes mais influências ainda e um tom único. Os 2 discos singraram e brilharam. Mas foi com “Bleed the Grey Sky Black” que atingiram o verdadeiro ponto. “On the Edge” é um exemplo de música construída com uma harmonia de riffs de guitarra e de sintetizadores impressionante e tudo isto banhado com um refrão cuja melodia promete vir para ficar. Uma das características da música dos Bella Morte, a capacidade incrível em escrever melodias viciantes. “Torn” é mais uma das canções “dark” sem ser deprimente, quase como se houvesse um positivismo por detrás de toda a escuridão e, tal como muitas, uma das que mais merece “thumbs up” pela voz limpa, excelente e invejável de Andy Deane. De seguida temos um riff de sintetizadores que nos capta o ouvido, quer queiramos, quer não, “The End Ahead” é um exemplo de uma música que não queremos que acabe tão cedo. “The Alone” é mais uma das canções pesadamente industrializadas do disco e mais uma vez o refrão é de se entranhar, com gosto. A abordagem de suspense em “Ghost Land”, com uma introdução de piano que se estende até irromper num riff, que mesmo simples, é belíssimo. Uma das experiências mais Hard Rock/Metal do álbum. Podia voltar a falar do fabuloso refrão, mas já começava a ser repetitivo, visto que isto de refrões encontra-se em todas as faixas. De seguida, as coisas acalmam, quando entra “Dust”, uma balada atmosférica, com uma participação vocal feminina – cuja identidade, para já, ainda me é desconhecida – que apenas fornece um tom mais doce e angelical à música. Mais um pouquinho de agitação em mais uma experiência mais “heavy” com “As the Storm Unfolds” e o seu riff, que nos faz lembrar algumas coisas do Pós-Industrial, até mesmo de Metal Industrial. De novo, o refrão tem que ser chamado ao barulho, pois se os Bella Morte não fossem uma banda praticamente underground, isto até dava quase para ser um hino de estádio. Micah Consylman volta a fazer-se notar, com o seu trabalho de sintetizadores em “An Enemy Without”. Logo de seguida, uma das canções mais pesadas do disco, “Bleed Again” em que Andy Deane até grunhe para lhe dar um tom mais brutal. Isto acompanhado de um simples riff e uns sintetizadores bem agudos no background para ter a certeza que se faz aqui realmente alguma mistura de bom resultado e não se tem apenas uma “really heavy metal song” com grunhidos. E, sim, os grunhidos são interrompidos por mais um daqueles refrões aos quais não me quero voltar a referir, lá está, para evitar redundância. E é então de seguida que vem mais um dos pontos mais altos do CD. “Earth Angel”, uma cover dos The Penguins, um slow de 1955. É estranho pensar como uma banda que nada tem a ver com o “Doo Wop” e a “Soul” de antigamente, faz uma cover ainda fiel à original e consegue torná-la tão característica. Uma verdadeira canção de amor em contraste às canções romântico-obscuras e com direito a criaturas monstrengas, como gostam de fazer por vezes – esta última parte é compensada no vídeo da música, em que a banda toca para um baile de casais de zombies que pouco a pouco vão caindo. Exactamente o que está aí escrito, é a acção que decorre. “Grey Skies Black”, não sei bem porquê, mas ataca-me sempre com uma enchorrada de nostalgia. Não sei explicar muito bem porquê, mas serve-me como uma espécie de banda sonora a esses tempos passados não muito longínquos, quando fui introduzido à banda. Com a fantástica composição de balada “semi-deprimente” com uma soberba instrumentalização e igual trabalho vocal, vêm-me à memória todos aqueles tempos e todas as parvoíces decorridas nesses mesmos tempos. O álbum fecha com “Haunted”, que mantendo a melancolia anterior, acaba em grande. A repetição dos versos no refrão em tom grunhido/berrado é de aclamar.
E é assim, desta forma, que isto se trata de um álbum que provavelmente poucos de vocês leitores conheçam, mas que a mim, cada vez que o ouça, ainda me faz arrepiar muitos pêlos de diversas partes corporais.


sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

The Black Eyed Peas - The Beginning


Artista: The Black Eyed Peas
Álbum: The Beginning
Data de lançamento: 30 Novembro 2010
Género: Pop, Hip Hop, Electrohop, Dance, Techno
Editora: Interscope Records
Lista de faixas:

1 – “The Time (Dirty Bit)”
2 – “Light Up the Night”
3 – “Love You Long Time”
4 – “XOXOXO”
5 – “Someday”
6 – “Whenever”
7 – “Fashion Beats”
8 – “Don’t Stop the Party”
9 – “Do It Like This”
10 – “The Best One Yet (The Boy)”
11 – “Just Can’t Get Enough”
12 – “Play It Loud”

Dói. Doeu bastante ouvir a “I Gotta Feeling” 25 vezes por dia. Realmente uma música genial de versos repetidos e um beat feito às três pancadas – com 3 pancadas fazem-se beats melhores. Doeu quando saiu tal atrocidade como a “Boom Boom Pow”. Doeu qualquer single que tenha saído de “The E.N.D.”. Mas ainda dói mais saber que os The Black Eyed Peas anteriormente até nem eram nada maus… Mas depois de um “Monkey Business” medíocre, heis-que chegou o descalabro total e o seu resultado já o conhecemos bem, especialmente este último Verão. Logo, este “The Beginning” – sequela do “The E.N.D.” para já terem logo uma noção – é um álbum doloroso. Não estou a mentir quando digo que ia progressivamente diminuindo o volume das minhas colunas, porque o som tão mau, a música tão má tornava-se incomodativa. E também não exagero quando digo que isto consegue ser, à vontade, um dos piores lançamentos do ano. As 12 canções que aqui se encontram, soam àquilo que qualquer DJ de nome soante que ande por aí a animar não-sei-quantas “Club Nights” pelo país fora faça como banda sonora duma pesada e ridícula ressaca. Faixa após faixa. Nem sei por onde começar. É realmente muito bom deixar-se cair na miséria do mercado e fazer o que vende mais. Tem um beat chorudo que faça a juventude sem gosto próprio dançar? Óptimo, é usá-los até à exaustão e aqui só há beats repetidos, electrónica azeiteira, pormenores “experimentais” – já para não dizer à sorte – e estrutura de “dancefloor hit” que deve fazer os Daft Punk chorar de riso ou de vergonha e até fazer os Scooter corar. Também é muito bom “ligar a voz à maquina” e distorcê-la de modo a que soe… robótica? Futurista? Parva? Nem sei. Se o futuro da música fosse assim, estávamos bem aviados, qualquer um era uma “pop star” – e é quase assim, se formos a ver bem. Se restam dúvidas quanto à natureza foleira e gasta das músicas – ou “futurista” e revolucionária, como afirma will.i.am – então basta ouvir o single “The Time (Dirty Bit)”, com o seu grotesco assassínio a “(I’ve Had) The Time of My Life”, e que eu temo que se venha a tornar outro hit para os involuntários ouvintes de rádio terem que gramar. E como se não fosse suficiente a música ser terrivelmente má, ainda tem o facto de se tornar aborrecido. É tão “louco”, tão experimental, tão novo, que a meio do disco já há a impressão de estarmos a ouvir as mesmas tretas que tínhamos ouvido há pouco tempo. Nem há muito a dizer, há mais coisas a evitar a dizer, e prefiro ficar-me por aqui numa das críticas que me teve mais perto de dizer palavrões no texto. É que não há paciência para coisas destas…

Avaliação: 0,6


quinta-feira, 21 de outubro de 2010

Black Label Society - Order of the Black


Artista: Black Label Society
Álbum: Order of the Black
Data de lançamento: 10 Agosto 2010
Género: Heavy Metal
Editora: E1 Music, Roadrunner Records, Riot Entertainment
Lista de faixas:

1 – “Crazy Horse”
2 – “Overlord”
3 – “Parade of the Dead”
4 – “Darkest Days”
5 – “Black Sunday”
6 – “Southern Dissolution”
7 – “Time Waits for No One”
8 – “Godspeed Hellbound”
9 – “War of Heaven”
10 – “Shallow Grave”
11 – “Chupacabra”
12 – “Riders of the Damned”
13 – “January”

Já livre e sem ter que andar atrás de Ozzy Osbourne, Zakk Wylde já tem um novo álbum com os seus Black Label Society após uma gap de 4 anos. “Order of the Black” é o título que dá ao disco que expõe aquilo que Zakk e Ca. fazem de melhor: Metal old school. Um festival de guitarradas, riffs, solos, refrões marcantes, música de abanar a cabeça… Energia. Um festival de energia, com direito a pausas para as power ballads ao piano “Darkest Days”, “Time Waits for No One” e “Shallow Grave”. Com direito à conclusiva acústica “January” e à mini-instrumental “Chupacabra”. O restante é aquilo que nós gostamos – ou vocês gostam, se não quiserem que isto se torne uma review extremamente subjectiva – e temos riffs facilmente memoráveis, uns mais simples, outros mais elaborados. Temos a potente voz de Zakk Wylde que tem como escola a de Ozzy e com uma pitadinha de Axl Rose a cuspir-nos as letras habituais à BSL, em ritmos contangiantes. A estreia de Will Hunt atrás da bateria, mal se nota, tal é a integração e nível técnico e profissional com que este toca, ficando saborosamente bem misturado com as guitarras de Wylde e Catanese e o baixo de DeServio. Os solos de Zakk Wylde são aquilo que já se conhece, não fosse ele um dos mais notáveis guitarristas das últimas 2 décadas. Os fãs mais ávidos certamente que estarão perto do ponto de baba com alguns momentos “aguitarrados” deste disco. O mesmo Wylde, o líder, também fornece uma excelente performance ao piano e no que diz respeito às baladas, um belíssimo trabalho. Todas essas canções bem riffadas, com estrutura própria para o abanar de cabeças e agitar de corpos em concertos, os solos, as letras e até as baladas mais sentimentais, tudo isto demonstra que os BLS, mesmo vindos dos finais dos anos 90, são uma banda de Metal da velha guarda. É assim que eles gostam e é assim que o fazem em todos os CD’s. Lá está, pode haver quem ache que isto se comece a tornar repetitivo. Mas sinceramente, não há outra coisa a esperar deste grupo de Zakk e amigos e se forem do tipo de ouvinte que se farta facilmente com um certo som abordado, então os Black Label Society não são a banda ideal para vocês. Isto aqui é mesmo música para “rockar” apenas. É mais do mesmo. Mas é mais do bom.

Avaliação: 7,8


terça-feira, 5 de outubro de 2010

Black Rebel Motorcycle Club - Beat the Devil's Tattoo


Artista: Black Rebel Motorcycle Club
Álbum: Beat the Devil’s Tattoo
Data de lançamento: 5 Março 2010
Género: Rock Alternativo, Garage Rock, Noise Rock, Rock Experimental
Editora: Abstract Dragon
Lista de faixas:

1 – “Beat the Devil’s Tattoo”
2 – “Conscience Killer”
3 – “Bad Blood”
4 – “War Machine”
5 – “Sweet Feeling”
6 – “Evol”
7 – “Mama Thaught Me Better”
8 – “River Styx”
9 – “The Toll”
10 – “Aya”
11 – “Shadow’s Keeper”
12 – “Long Way Down”
13 – “Half-State”

Não há muito a dizer sobre este novo álbum dos Black Rebel Motorcycle Club para quem já os conhecia anteriormente. Dos discos anteriores já conhecemos a essência. Em geral é como se fosse música alternativa ruidosa. Os BRMC não se limitam a tocar os seus instrumentos e a fazer um bom Rock de Garagem, com a atitude badass de um gang qualquer de motards (como o próprio nome possa indicar). Eles gostam de os fazer de forma mais ruidosa, uma qualidade de som identificável, algo que os torne singulares e os possa distinguir de outras bandas que andem pelo mesmo saco, como os Dandy Warhols. Isto, já conhecemos de discos anteriores. A sequência de álbuns é que faz com que o álbum anterior “The Effects of 333” seja tão importante quando se quiser falar deste. Então o que é que a banda fez? Um álbum instrumental. Noise? Ambiente? Qualquer coisa. O certo é que aquele álbum soava a BRMC mas sem a parte musical e melódica. Ou melhor, talvez soasse a maquetas gravadas em pré-produção de um disco de BRMC. O disco mais confuso para os fãs, que esta banda poderia fazer. Citando os próprios: "no apologies, no lyrics, no regrets, just abstract.". A importância que este disco tem sobre o actual, é o facto do retorno ao habitual deste “Beat the Devil’s” funcionar como ar fresco após a ruidosa aposta anterior. Talvez se não houvesse aquele CD desastroso pelo meio, este novo após o “Baby 81” fosse soar algo repetitivo – mesmo que se acrescentem sempre uns pontos aqui e ali, o que uma banda como deve ser tenha a obrigação de fazer. Porque, descrevendo este trabalho, pode-se dizer, que de um ponto de vista geral, tirem como ideia principal, os álbuns anteriores. Temos aquela sonoridade que nos é familiar, do messy-noisy-meets-melodic, como na faixa inicial “Beat the Devil’s Tatoo”. Algo mais a salientar, serão as canções acústicas mais baladeiras que pendem para um Folk Rock de outros tempos, como “Sweet Feeling” e “The Toll”. Algo a ser positivamente discriminado também poderá ser a conclusiva de 10 minutos, “Half-State”, temendo apenas que para alguns menos apreciadores, se torne aborrecida e arrastada. É basicamente isto, não há muito mais a dizer acerca disto. Nada de novo, mas para os fãs, isso significa que será tão viciante como qualquer um dos outros.

Avaliação: 7,6


terça-feira, 10 de agosto de 2010

[Clássico do Mês] AC/DC - Back in Black


Artista: AC/DC
Álbum: Back in Black
Data de lançamento: 25 Julho 1980
Género: Hard Rock, Blues Rock, Heavy Metal
Editora: Albert Productions, Atlantic Records
Lista de faixas:

1 – “Hells Bells”
2 – “Shoot to Thrill”
3 – “What Do You Do for Money Honey”
4 – “Giving the Dog a Bone”
5 – “Let Me Put My Love Into You”
6 – “Back in Black”
7 – “You Shook Me All Night Long”
8 – “Have a Drink on Me”
9 – “Shake a Leg”
10 – “Rock and Roll Ain’t Noise Pollution”


É aquela simplicidade que uns até acham maçadora. A maneira, como estes Australianos lendários usam sempre bases semelhantes para criar hino após hino após hino. Como é que uma banda que não tem mudanças de som de disco para disco consegue sempre criar excelentes canções e manter-se sempre tão fresca? Overrated para uns, deuses para outros, o talento dos AC/DC para criar clássicos de Rock n’ Roll intemporais é inquestionável e há que os louvar pelo seu estatuto lendário e por este gigante álbum que é “Back in Black”. Após a morte de Bon Scott e de um novo vocalista acabado de chegar a bordo, não se sabia bem o que esperar. Iria resultar? Apenas foram necessários 42 minutos – a duração do disco – para perceber. Os AC/DC ainda viviam e o seu legado ia permanecer por muitos mais anos. Talvez não fosse preciso esperar até ao fim do disco para se perceber isso, talvez logo após a explosão de “Hells Bells” desse para perceber que os senhores que na década anterior tinham-nos fornecido hinos como “Highway to Hell”, “Let There Be Rock”, “T.N.T.”, “Jailbreak” ou “Riff Raff” ainda se mantinham com a mesma forma de sempre e prontos a “rockar”. De seguida segue-se um single que ainda hoje é uma das canções mais reconhecíveis da carreira do quinteto – “Shoot to Thrill”. Aqui fala-se de novo, da estrutura simples mas deliciosa que faz com que qualquer fã ache que vale a pena ouvir qualquer canção que seja. Refrões simples para nos ficar a ecoar repetidamente no tímpano durante o nosso-dia-a-dia acompanham as seguintes “What Do You Do for Money Honey”, “Giving the Dog a Bone” e “Let Me Put My Love Into You”, cuja letra perversa valeu-lhes um lugar nas “Filthy 15” da Parents Music Resource Center, com letras como a do título ou “let me cut your cake with my knife”, numa época em que o sexo fazia furor no mundo do Rock. Chega então o momento de virar o disco – e aqui o grupo de pessoas que os classifica como overrated vai achar que é “vira o disco, toca o mesmo”. – e levamos logo com um riff tão simples, mas tão brutal como o da inesquecível “Back in Black”. O refrão foi feito para ser cantado por todo o público de um espectáculo, em completo delírio e o mesmo se pode dizer da monstruosa canção que se segue. “You Shook Me All Night Long”, uma canção para toda a família e que ainda hoje é daquelas canções que nos soa familiar e que parece que a andamos a ouvir desde a nascença. Mesmo que as seguintes faixas não sejam uma explosão de genialidade siimplística como estes dois singles, também não são para ficar parado nem para abrandar os níveis de energia anteriores. “Have a Drink on Me” e “Shake a Leg” conseguem manter a essência AC/DC que os marca na sua longa carreira e com os níveis certos de “Rock and Roll” para satisfazer o ouvido e o corpo. O mágico disco conclui com a mensagem defensora da boa música, com “Rock and Roll Ain’t Noise Pollution” e continuamos a ter a mesma estrutura básica, riff simples e refrão modestamente escrito. É indiscutível o talento de cada um dos membros, o de Angus Young, o enérgico guitarrista de calções, que ainda consegue criar novos riffs e novos solos, mesmo utilizando os mesmos acordes mínimos e a sua presença em palco, capaz de agitar qualquer um que se encontre a desfrutar do espectáculo. A voz reconhecível de Brian Johnson, que tanto pode ser uma pérola para uns, como o cúmulo de irritante para outros. Não é nada de genial, mas é o que melhor se encaixa na música que os seus parceiros tocam. E mesmo que os restantes não tenham tanto destaque, nem tanta notoriedade, são eles que completam o grupo e são todos eles em conjunto que levam este álbum ao patamar de maiores discos na história do Hard Rock. Se vira o disco e toca o mesmo, deixa tocar, porque é muito bom. Afinal, Rock and Roll ain’t noise pollution, man…