quarta-feira, 16 de março de 2011

Destroy Rebuild Until God Shows - D.R.U.G.S.


Artista: Destroy Rebuild Until God Shows
Álbum: D.R.U.G.S.
Data de lançamento: 22 Fevereiro 2011
Género: Post-Hardcore
Editora: Sire Records, Decaydance Records
Lista de faixas:

1 – “If You Think This Song About You, It Probably Is”
2 – “The Only Thing You Talk About”
3 – “Graveyard Dancing”
4 – “Mr. Owl Ate My Metal Worm”
5 – “Sex Life”
6 – “Laminated E.T. Animal”
7 – “Stop Reading, Start Doing Pushups”
8 – “I’m the Rehab, You’re the Drugs”
9 – “I’m Here to Take the Sky”
10 – “The Hangman”
11 – “My Swagger Has a First Name”

Há pouco tempo que falei do mais recente álbum dos Chiodos com um novo vocalista a substituir o carismático Craig Owens. Falei do quão diferente é uma experiência sem um dos mais notáveis e singulares vocalistas da cena Post-Hardcore. E claro está, que também falei da cena Post-Hardcore e como está cada vez mais degradada e gasta. Com pouco a acrescentar e temas que já enjoam, fica-se sempre com um pé atrás no que toca ao Post-Hardcore, sabendo que não se pode esperar algo de muito especial naquele género. No entanto, este Craig Owens ainda parece ser um dos “gajos de confiança”, que ainda sabe manusear um projecto como deve ser sem o fazer soar maçudo e isso já se notava nos seus antigos Chiodos. Múltiplos projectos que não se afastam muito do habitual, mostrando pouca versatilidade mas bastante dedicação ao seu género. Um dos mais aguardados e publicitados foi este projecto Destroy Rebuild Until God Shows, com a sigla D.R.U.G.S. – ironicamente na altura em que Craig decide desintoxicar-se e deixar essa vida de maus vícios. Portanto, há esta maneira de encarar o disco: por um lado há uma certa confiança no trabalho de Craig Owens, acompanhado por músicos como o já célebre Matt Good, dos From First to Last ou o seu companheiro já conhecido dos Isles & Glaciers, Nick Martin; por outro lado, sendo mais um registo de Post-Hardcore há sempre aquela frieza inicial que faz com que nos agarremos pouco ao seu conteúdo. Mas assim que irrompe o refrão da inicial “If You Think This Song Is About You, It Probably Is”, que ficamos de imediato agarrados ao som. É, de facto, impactante, e mesmo que o álbum morresse logo a seguir, ainda havia ali um ponto bastante alto a aproveitar. Mas é aí que entra a boa mão para a o trabalho de Craig Owens e dos restantes músicos, que mantém a mesma essência orelhuda da faixa inicial/single para preencher o resto do disco. E sai daí um bom resultado, porque no seu todo, o álbum encontra-se bem repleto disto – mesmo que não se iguale aos níveis da primeira faixa, por acaso. Esse trabalho no refrão de apreciar nota-se principalmente noutras canções como “Sex Life”, “Laminated E.T. Animal”, “I’m the Rehab, You’re the Drugs” ou “The Hangman”, apenas para destacar algumas. E o mesmo efeito, mas de uma forma diferente em “The Only Thing You Talk About” ou “I’m Here to Take the Sky”, por exemplo, em que a sua composição e melodia fazem lembrar ligeiramente algumas obras de Pop Punk. É isso que faz com que este disco se destaque tanto em si e em relação a outros do mesmo género. Porque a estrutura da música em si, não varia muito do habitual, temos os versos cantados em voz limpa, com notas bem altinhas – a voz de Craig Owens também é um factor que há-que destacar – com uns berros ocasionais à mistura, os breakdowns para lhe dar um tom mais pesado que dê para o ligeiro headbang, um tom experimental aqui e ali à base de electrónica, e teríamos assim um disco comum – mesmo que a pista escondida em “My Swagger Has a First Name” não seja nada comum… Ouçam apenas. No entanto, há um excelente trabalho de melodias de prender na cabeça que faz com que este disco, de alguma forma se venha a tornar viciante, algo que tem vindo a ser muito difícil de fazer neste estilo. Acaba também por ser mais um. Mas é mais um dos bons. Dos melhores dos últimos tempos, até…

Avaliação: 8,6


terça-feira, 15 de março de 2011

[Clássico do Mês] Cradle of Filth - Dusk.. and Her Embrace


Artista: Cradle of Filth
Álbum: Dusk.. and Her Embrace
Data de lançamento: 19 Novembro 1996
Género: Black Metal Sinfónico/Gótico, Extreme Metal
Editora: Music for Nations, Fierce Recordings
Lista de faixas:

1 – “Humana Inspired to Nightmare”
2 – “Heaven Torn Asunder”
3 – “Funeral in Carpathia”
4 – “A Gothic Romance (Red Roses for the Devil’s Whore)”
5 – “Malice Through the Looking-Glass”
6 – “Dusk and Her Embrace”
7 – “The Graveyard by Moonlight”
8 – “Beauty Slept in Sodom”
9 – “Haunted Shores” (com Cronos, dos Venom)

É este álbum que alguns dos fãs antigos dos Cradle of Filth querem voltar a ouvir! Variando as opiniões entre qual dos discos a banda atingiu o seu pico de criatividade e estabelecimento de estilo entre o “Midian” ou “Damnation and a Day”, alguns acham que eles estavam muito bem como estavam aqui. Segundo disco da banda (sem contar com o EP “V Empire or Dark Faerytales in Phallustein”) que sucedeu o bizarro disco de estreia “The Principle of Evil Made Flesh”. Nesse álbum de estreia havia aquela bizarra mistura entre Black Metal, algum Death Metal, Metal Gótico e elementos sinfónicos, fabricando um som verdadeiramente cru. O mais cru do currículo da banda, se excluirmos as Demos claro. Aí já se desenvolvia um estilo único. Com o seguinte “Dusk… and Her Embrace” veio uma derradeira explosão de música extrema de composição invejável. Delicioso para quem apreciar o estilo, mas para alguém mais sensível, é disco suficiente para os perturbar. Aqui ainda não há riffs daqueles bem chorudos, com influências Heavy e Thrash e ainda se mantém dentro do essencial do Black Metal, acompanhada da mesma habitual bateria maníaca. A abordagem sinfónica era um dos elementos que lhe acrescentava um tom diferente. Hoje em dia é cliché, após montes de bandas o terem feito, no entanto nos Cradle o Filth é diferente, é genuíno, afinal foram eles dos principais e dos primeiros a explorar tal estilo que veio mais tarde a enjoar tanta boa gente. Mas o que ainda é mais de se destacar aqui e que até consegue ser factor de arregalar os olhos é a voz de Dani Filth. Tentem ouvir os berros bem arranhadinhos e impiedosos que Dani solta sem ficarem indiferentes a eles, sem os destacarem, sem os seleccionarem como factor X de cada canção. E não se trata de tentar acompanhar a letra porque isso não é nada fácil e em alguns casos, deveras impossível, mas é realmente uma abordagem vocal à qual é impossível ficar indiferente. Muito difícil que é ouvir a faixa final “Haunted Shores” sem ficar completamente consumido e absorvido pelo trabalho vocal de Dani Filth. E para haver uma noção de como são tratadas aquelas cordas vocais, a saúde de Filth não ficou muito famosa depois desta experiência e fez com que a partir de “Cruelty and the Beast” abrandasse um pouco e desenvolvesse mais cuidadosamente o seu estilo único com guinchos imediatamente reconhecíveis. Também foi aqui, que para conseguir obter uma atmosfera verdadeiramente obscura, tenebrosa e gótica, abordaram-se os temas líricos vampirescos e diabólicos – já presentes em “The Principle of Evil Made Flesh” – vozes femininas e narração que aqui fica ao cargo de Cronos, o carismático vocalista dos lendários Venom. Portanto, para alguns, aqui é que se atingiu o ponto de criatividade dos Cradle of Filth, achando que não havia necessidade de evolução – como grande apreciador dos seguintes álbuns, discordo por completo – e elegem este como o disco perfeito do currículo da mítica banda Britânica. Com certeza, um marco na história discográfica do Metal extremo.


quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

Finger Eleven - Life Turns Electric


Artista: Finger Eleven
Álbum: Life Turns Electric
Data de lançamento: 5 Outubro 2010
Género: Rock alternativo, Hard Rock
Editora: Wind-up Records
Lista de faixas:

1 – “Any Moment Now”
2 – “Pieces Fit”
3 – “Whatever Doesn’t Kill Me”
4 – “Living in a Dream”
5 – “Good Intentions”
6 – “Stone Soul”
7 – “Ordinary Life”
8 – “Don’t Back Down”
9 – “Famous Last Words”
10 – “Love’s What You Left Me With”

Os Finger Eleven já foram uma banda juvenil com dose de peso para principiantes, mas assim que os próprios membros da banda começaram a amadurecer, assim teve também que acontecer com a música. Conhecidos por alguns por um par de hits que tiveram a meio da década passada e por outros pela “Slow Chemical” que serviu de música de entrada do Kane da WWE. Portanto a música em si, neste álbum, é algo diferente do que se encontra nesses exemplos mais conhecidos da banda, e neste curto disco que mal passa da meia hora, há canções com base simples e sólida constituindo bons resultados de Modern Rock de airplay e até por vezes, alguns cheirinhos de Pop. Perfeitamente perceptível em casos como o do single “Living in a Dream” ao qual se pode até dançar, uns bons níveis de “catchyness” que muito ou nada de peso têm como em “Stone Soul” e até quando fazem uma simples canção calma como a conclusiva “Love’s What You Left Me With”. E outras vezes apenas se concentram em criar peças de puro Rock, atirando um riff que com sua simplicidade, promete entranhar-se. Até é assim que o álbum inicia de imediato com “Any Moment Now”. No entanto, não é álbum que caia no ouvido de imediato e que lá se instale, causando vontade de o ouvir de novo e não acrescenta nada novo ao que existe actualmente. É salvo facilmente por ter boas melodias, ter uma sonoridade mais acessível e pela evolução de uma sonoridade primária capaz de atingir um ponto mais adulto e conseguir aí obter o seu conforto. Não há nada de especial aqui a descrever. E se eu mesmo demorei entre 1 hora e uma 1 hora e meia para escrever este curto texto, era porque realmente tinha dificuldade em encontrar grande coisa para dizer – e às vezes também há os dias desinspirados – e queria ver se conseguia mais do que apenas chegar aqui e dizer que o disco “está OK”. Porque é um disco OK, que vai-se ouvindo. Os fãs agradecem, disso não há dúvida.


Avaliação: 6,8


sábado, 19 de fevereiro de 2011

[Clássico do Mês] Black Sabbath - Black Sabbath


Artista: Black Sabbath
Álbum: Black Sabbath
Data de lançamento: 13 Fevereiro 1970
Género: Heavy Metal
Editora: Vertigo Records
Lista de faixas:

1 – “Black Sabbath”
2 – “The Wizard”
3 – “Behind the Wall of Sleep”
4 – “N.I.B.”
5 – “Evil Woman”
6 – “Sleeping Village”
7 – “Warning”

Como se já não bastassem os loucos dos Led Zeppelin a fazer ruído e uns pedrados Pink Floyd com músicas que não cabem tão facilmente na cabeça de um comum, ainda tinham que vir mais uns Ingleses “estragar” o panorama musical do Rock. E agora a falar a sério, uma enorme vénia a estes senhores imortais Black Sabbath por finalmente concluírem a pavimentação de um novo género musical tão mítico, tão controverso, tão belo. Já antes deles andavam os Led Zeppelin a distorcer guitarras, a fazer abanar cabeças com riffs e a fazer alguns conservadores tapar os ouvidos em horror. E os Pink Floyd também já a desafiar algumas “leis” do Rock vulgar e a fugir às regras, tratando os instrumentos de forma diferente de outros da época. Jimi Hendrix também quis tocar a guitarra à sua maneira e imortalizou-se como um dos melhores guitarristas e dos primeiros a distorcê-la. E muitas mais sementes se foram espalhando pelo caminho para se criar um novo estilo, e foi com o aparecimento da banda de Ozzy Osbourne, Tony Iommi, Geezer Butler e Bill Ward que surgiu um álbum completamente assombroso, fora do normal. Aquelas guitarras soavam mais forte que as outras, às vezes pareciam gritar e as estruturas das canções e a harmonia das canções funcionavam de forma assombrosa. A atmosfera proporcionada por todo aquele trabalho e a harmonia dos instrumentos soberba e magicamente bem tocados com os vocais marcantes que entranham de um jovem Ozzy Osbourne torna-se uma mistura de sentimentos, desde o mágico e fantasioso ao obscuro e arrepiante, desde um ácido alucinante a um aterrador e apocalíptico. Nunca se tinha ouvido algo assim. Desde a inicial faixa-título e a sua estrutura arrastada, em tom de pesadelo, ritmo lento e melancólico – aqui já se davam os primeiros passos também para o subgénero do Doom Metal – que irrompia num riff enlouquecido que parecia saído de outro mundo. Era, de facto, o mais pesado que havia naquela altura, se pensarmos bem. Logo, os mais conservadores iriam de imediato vaiar o disco, acusar a banda de dementes loucos adoradores do Diabo e proibir a malta mais jovem de deitar ouvido a isto, por razões morais. As críticas do disco realmente mudaram bastante com o tempo e nesta altura a comunidade do Metal, o pessoal que realmente desfrutava disto era mais reduzido. O Heavy Metal ainda era discriminado como género musical e era posto de parte em tudo o que era acerca de música do mainstream, não se poderia considerar sequer haver especialistas neste estilo sem serem vistos como ignorantes e as críticas Pop de imediato rotulavam qualquer coisa do estilo como lixo. Não era geral, mas quase. O género conseguiu manter-se forte com os anos e ir-se desenvolvendo em inúmeros subgéneros – o Metal talvez seja dos estilos musicais com mais subgéneros, que mais formas consegue tomar e que melhor consegue fazer fusão com outros estilos. Mas na aquela altura, os Black Sabbath eram apenas uns drogados que andavam por aí a adorar o Satanás. Mas não era isso que eles faziam, o que eles adoravam era a música, e era uma banda empenhada que realmente depositava toda a alma na concepção de um novo trabalho e que levava a sua música a sério – até mesmo um Ozzy Osbourne semi-consciente era dedicado. E não deve haver uma única banda de Metal do presente que despreze os Black Sabbath e que não os veja como uma enorme influência. Mesmo fora do Metal, poucos deverão negar o impacto desta banda e mesmo que não gostem, pelo menos um enorme respeito tem que haver. É que ao falar-se em Black Sabbath, fala-se das maiores bandas de sempre, uns pioneiros e o seu álbum de estreia, mesmo que não seja o mais sólido construtor de clássicos – isso foi-se formando mais com os seguintes “Paranoid”, “Master of Reality” e mais tarde com “Heaven and Hell”, já com Ronnie James Dio – é o primeiro disco, onde toda a lenda começou, onde o estilo se afirmou e estabeleceu. Como seria possível ficar indiferente a tal obra-prima?


quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

Pulled Apart by Horses - Pulled Apart by Horses


Álbum: Pulled Apart by Horses
Data de lançamento: 21 Junho 2010
Género: Rock Alternativo, Hard Rock, Neo-Grunge
Editora: Transgressive Records
Lista de faixas:

1 – “Back to the Fuck Yeah”
2 – “The Crapsons”
3 – “High Five, Swan Dive, Nose Dive”
4 – “Yeah Buddy”
5 – “I Punched a Lion in the Throat”
6 – “I’ve Got Guestlist to Rory O’Hara’s Suicide”
7 – “Get Off My Ghost Train”
8 – “Meat Balloon”
9 – “Moonlit Talons”
10 – “The Lighthouse”
11 – “Den Horn”

Uma agressividade regada de bom sentido de humor e tem-se aí a verdadeira essência da música do álbum de estreia do grupo Inglês, Pulled Apart by Horses. E é mais um daqueles discos que não acrescentam nada de mais, mas que se torna tão essencial. Soa precisamente a um grupo de jovens a divertir-se com letras que através da sua patetice se distinguem do restante e soam bem e adaptam-se bem ao resto da música. “I’ll make you dance with my balls on fire” de “High Five, Swan Dive, Nose Dive” tem que ser um verso candidato aos melhores e mais caricatos que já passaram por este blog. Esta certa genialidade baseada no juvenil também se nota em alguns dos títulos das músicas como “I Punched a Lion in the Throat” ou “I’ve Got Guestlist to Rory O’Hara’s Suicide”. Quanto à música em si, há muitas maneiras de a saborear. Isto tem o seu quê de jovem amador e a sua outra prestação de profissionalismo. Pode soar amador de uma maneira profissional ou vice-versa. Riffs sólidos e versos berrados em “desespero”, fazem lembrar de certa forma uns Biffy Clyro nos seus inícios – duma maneira mais à “There’s No Such Thing as a Jaggy Snake”. Ao serem berrados esses versos amadores – algumas canções nem chegam a ter mais de 3 versos repetidos várias vezes – é que se nota como a música destes Pulled Apart by Horses é supostamente para ser directa ao assunto, sem muitas voltas a dar – não é necessário neste caso – e é simplesmente para fornecer-nos músicas curtas – muitas encontram-se abaixo dos 3 minutos e quase em geral ficam abaixo dos 3 minutos e meio – para saltar e até para abanar umas quantas cabeças. Música alternativa com o seu certo peso para ver se agrada para os dois lados. Para quem se deliciar mais com o “barulho” de um riff – como é o meu caso – é mais ou menos para isso que servem os 7 minutos da conclusiva “Den Horn”, onde existe na segunda metade da música um “festival de riffada”, para acabar o disco de barriga cheia e satisfeito. É uma estreia muito forte, de facto, só falta saber que rumo poderá tomar esta banda no seu futuro, sem que comece a soar mais ao mesmo. Um cuidado a ter, mas para já, estão bastante bem e aprovados.

Avaliação: 8,1


quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

The Browning - The Browning


Artista: The Browning
Álbum: The Browning
Data de lançamento: ?, 2010
Género: Deathcore, Electronica
Editora: Independente, Earache Records
Lista de faixas:

1 – “Standing on the Edge”
2 – “Dazed”
3 – “Taken for Granted”
4 – “Judgement”
5 – “Inner Mission”
6 – “A Better Way”
7 – “Time Will Tell”
8 – “Suite and Tie”
9 – “These Nightmares”
10 – “Remnant”

Deathcore. Bastava dizer isso e dispensava qualquer tipo de descrição de som de uma banda, visto que dentro do Deathcore vai tudo soar ao mesmo. Isto é, fora as bandas que se atrevem a abraçar esse estilo mas mesmo assim com novas propostas encima da mesa. Ou seja, acrescentar algo novo a um dos estilos mais mastigados e controversos da actualidade. Quando apareceram estes The Browning e apresentaram a sua abordagem musical, uns ficaram de boca aberta, outros torceram o nariz, outros nem conseguiram ouvir até ao fim. Eu fiquei fascinado desde que ouvi o single “Time Will Tell” e a sua abordagem electrónica do estilo que certamente se destacava e diferenciava de qualquer outro. Ora, quando uma banda que supostamente ainda é Deathcore mas ainda consegue suscitar-me tanto interesse, é porque se trata mesmo de algo fora do normal. E desde aí que sabia que teria que ouvir o disco mais tarde ou mais cedo. E é de facto um disco que me mantém agarrado. Já antes de ouvir o disco que chegava a repetir audições do single “Time Will Tell”. E penso, se retirasse toda a electrónica/dance da música, como ficaria? Lá está, ia-se tornar na mesma treta que todo o resto do Deathcore, porque é essa a base principal das canções, com uma trovoada de breakdowns suficientemente forte para fazer reconhecer o estilo. Mas assim que se acrescenta aquele trabalho electrónico, com um riff de sintetizadores tão catchy assim como um beat a dar uma percussão à música… Ora aí está, fica uma música completamente diferente. E é assim que funciona todo o disco, com uma força e capacidade de captar atenção semelhante à de “Time Will Tell” – que por acaso até é realmente a faixa que mais se destaca. Ao longo de todo o álbum, canções típicas de Deathcore banhadas com uma boa dose de electrónica para poderem afirmar facilmente “esta música é nossa”. Não havendo mesmo nada em particular a destacar na banda, visto que o resto do trabalho – instrumental, vocal e lírico – não se diferencia muito ou nada das restantes bandas, é mesmo a fusão de géneros, a administração perfeita das duas sonoridades diferentes a capacidade da criação de temas singulares. É o seu todo que funciona bem. E mesmo que isto não agrade a qualquer um, posso afirmar que de todo o Deathcore que ouvi, este projecto foi de facto das melhores coisas que já me passou pelo ouvido.

Avaliação: 9,2


terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

Chiodos - Illuminaudio


Artista: Chiodos
Álbum: Illuminaudio
Data de lançamento: 5 Outubro 2010
Género: Post-Hardcore
Editora: Equal Vision Records
Lista de faixas:

1 – “Illuminaudio”
2 – “Caves”
3 – “Love Is a Cat From Hell” (com Vic Fuentes dos Pierce the Veil)
4 – “Modern Wolf Hair”
5 – “Notes in Constellations”
6 – “Scaremonger”
7 – “His Story Repeats Itself”
8 – “Let Us Burn One”
9 – “Hey Zeus! The Dungeon”
10 – “Stratovolcano Mouth”
11 – “Those Who Slay Together, Stay Together”
12 – “Closed Eyes Still Look Forward”

Para muitos, Chiodos é Craig Owens. Ao sair esse vocalista e ser substituído por Brandon Bolmer dos defuntos Yesterdays Rising, pronto, já não vale tanto a pena. É o que alguns fãs chegam a pensar quando se dá uma mudança de vocalista – a mudança de baterista já parece não ter feito assim tanta diferença quanto o vocalista. Mas, porquê, afinal? Craig Owens era, de facto, um bom vocalista e conseguia atingir uns agudos bem invejáveis. E quando era preciso berrar lá estava ele já pronto, de goela aberta. Mas este Brandon Bolmer veio do mesmo campo, portanto vai dominando os mesmos factores que o anterior e consegue manter a banda ao mesmo nível que anteriormente. Porque há que admitir que dentro do Post-Hardcore é pouco usual que bandas se diferenciem muito umas das outras, salvo várias excepções que ainda conseguem adicionar algo de inovador à música. Mas deixemos o facto de haver um novo vocalista que possa vir a prejudicar a banda porque não é verdade. Este terceiro álbum, “Illuminaudio”, funciona como mais um disco do catálogo dos Chiodos, com a sua habitual sonoridade que já atingiu o seu ponto de conforto em que não necessitam de apressar ideias bombásticas novas, desde que a música vá sempre soando fresca de disco para disco. Tarefa difícil para um estilo tão “mais arroz” como o Post-Hardcore, mas estes Chiodos não parecem ter problema algum nisso. Brandon Bolmer preenche bem a vaga de Craig Owens, permitindo ao disco manter a mesma força vocal que os dois anteriores – Bolmer sabe cantar e sabe arreganhar bem a garganta para uns bons berros. Em termos instrumentais temos aquela habitual linha entre o vulgar comum e o experimental. Tem a normal estrutura riffada a acompanhar os berros para dar a ilusão de ser uma música bem pesada – talvez tenha a quantia “máxima” de peso para principiantes – e isso não está de maneira alguma a rebaixar, não é preciso ter peso para ser bom, é o ideal para o seu estilo. E uma das suas capacidas mais fatais que tiveram que colocar à prova de novo, neste disco: as melodias orelhudas. Os Chiodos são umas das bandas do Post-Hardcore que melhor sabe atirar um refrão catchy – e os The Used também são tão bons lançadores como eles – e mesmo que isso já seja uma característica habitual do Post-HC, alguns apenas sabem formar um refrão embaraçoso. Já estes trabalham bem nisso e de novo concentram nesse mesmo factor o ponto mais poderoso do álbum. Feito mesmo para incapacitar qualquer ouvinte de ficar indiferente ao que ouve. Logo, em geral, este disco, mesmo que não tenha nada a assinalar que seja de fazer cair o queixo ou arregalar os olhos. E uns dos fãs ficam bastante contentes como o resultado de “Illuminaudio”. Outros, simplesmente esperam para saber o que sai do álbum de estreia dos D.R.U.G.S., novo projecto de Craig Owens.


Avaliação: 7,7