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segunda-feira, 19 de março de 2012

[Clássico do Mês] Tears for Fears - Songs From the Big Chair



Artista: Tears for Fears
Álbum: Songs From the Big Chair
Data de lançamento: 25 Fevereiro 1985
Género: Rock, Pop Rock, New Wave
Editora: Phonogram Records, Mercury Records
Lista de faixas:

1 – “Shout”
2 – “The Working Hour”
3 – “Everybody Wants to Rule the World”
4 – “Mothers Talk”
5 – “I Believe”
6 – “Broken”
7 – “Head Over Heels”
8 – “Listen”

E porque não destacar os Tears for Fears nesta secção como um dos melhores e mais maduros actos na música Pop dos anos 80? Já tinham eles surpreendido com a sua capacidade lírica e melódica com “The Hurting”, disco de estreia e os seus singles de sucesso e tinham então que lançar-se ao segundo trabalho com o intuito de superá-lo. Roland Orzabal, principal vocalista do colectivo Britânico, afirmou que a única intenção que tinham para o segundo álbum era a de fazer algo capaz de vender mais alguns discos. Nos dias correntes isso soa a algo mau para se dizer, e naquele tempo era praticamente igual. O que não se esperava era que realmente fabricassem hits instantâneos mas que carregassem tanta essência.

Mesmo que a música Pop da década de 80 não desse tanto para comparar com a música Pop actual, isto mesmo para a altura dava para se considerar como uma obra Pop bastante inteligente. Logo mal irrompe com o hino “Shout” que tanto carrega de belo como de assombroso. O tema é facilmente reconhecível ao ouvido comum e também bastante capaz de lá ficar. A sua viciante melodia acompanhada da bela instrumentalização e produção invejável capaz de tornar o tema intemporal são componentes que se podem distinguir como contribuidores para que se faça um êxito com tanta dimensão e vendas e ao mesmo tempo apresentar algo tão complexo e belo.

Segue-se “The Working Hour” à qual perdoo-lhe a introdução que utiliza saxofones da maneira que eu menos gosto – não dos maiores fãs desse “smmoth jazz” – mas rapidamente passa o que realmente importa. Parecia que carregava uma enorme responsabilidade em seguir uma canção tão rica como “Shout” e, mesmo mantendo sempre a sua qualidade, particularmente lírica, não parece ter a mesma força que o single anterior. A verdade era que, na verdade, também servia de aquecimento para a belíssima faixa que viria a seguir.

“Everybody Wants to Rule the World” é um tema que também pode muito bem representar a banda e o seu legado e da parte pessoal, consta entre as minhas predilectas canções do grupo e até das principais escolhas de “Play repetido” no que diz respeito a playlists pessoais. A canção em si não tem nenhum defeito por onde lhe dê para se pegar no caso de se desejar criticar negativamente a música em si. A música muito rapidamente seduz com a sua melodia suave e com a sua batida de background propícia a viagem solitária e acaba por soar àqueles temas que dão para parar e pensar ou para viajar para longe sem sair do sítio.

“Mothers Talk” já vai descolada da aparente responsabilidade que “The Working Hour” tinha anteriormente, ao suceder um enorme tema a salivar sucesso comercial. Já dá para perceber que os pontos altos vão dispersos mas bem trabalhados para o disco funcionar bem como um todo. No entanto “Mothers Talk” ainda consegue agarrar bem o ouvinte ainda abalado pela faixa anterior com um refrão que leva simplicidade e frenesim e um trabalho de baixo que permite a Curt Smith brilhar – após ter tido o seu grande momento na parte vocal de “Everybody Wants to Rule the World”. Tinha faísca suficiente para fechar a primeira parte em grande.

Quão bem a segunda parte começa é que já pode variar para cada ouvinte. A ideia de acalmar as águas com uma suavíssima balada melancólica com toques de Soul não é uma má ideia, apenas pode aborrecer alguns dos ouvintes que anseiam mais por ritmos mais envolventes. “Broken” que se segue abre o portão para a faixa seguinte – após captar já alguma atenção com a melodia de piano – “Head Over Heels” que nem é preciso dizer que é outro single quando a sua estrutura de “não-te-vou-sair-da-cabeça-durante-o-resto-do-dia” já revela tudo. Dos principais destaques, a par com os outros singles – neste caso os singles destacam-se não por serem os mais acessíveis, são mesmo os melhores.

“Listen” fecha então o disco com a sua forma ambiental e com um perfil muito “chill out”, assim que Curt volta a deslocar-se para a frente para tratar da parte vocal central. Acaba assim mais um disco capaz de cativar qualquer fã da New Wave da década de 80 ou qualquer um que possa apreciar algo completamente diferente. A intenção de Orzabal em vender discos nota-se e ele até insistiu que não tem mais nenhuma intenção na sua música para além dessa, mesmo que pareça transportar uma forte mensagem. Mas leva muita qualidade e muito trabalho acrescentado, podendo-se até sentir a brisa da janela entreaberta para o progressivo – que depois escancara-se mais no sucessor “The Seeds of Love”.

É pena que hoje em dia a banda não permaneça tão notável – pelo menos de nome, mesmo que as músicas sejam reconhecidas. Pessoalmente, permanecem como uma das principais bandas de escolha, sempre que vou de encontro a alguma alternativa às coisas mais ruidosas e pesadas que tanto prazer me dão. E tanto a nível pessoal como a nível geral no repertório da banda, “Songs From the Big Chair” permanece como um dos principais discos – ou o principal disco – representativo da sua carreira, recheado com muito do que melhor e mais correcto existia na música Pop dos anos 80.


terça-feira, 14 de fevereiro de 2012

[Clássico do Mês] The Beatles - Please Please Me



Artista: The Beatles
Álbum: Please Please Me
Data de lançamento: 22 Março 1963
Género: Rock and Roll
Editora: Parlophone
Lista de faixas:

1 – “I Saw Her Standing There”
2 – “Misery”
3 – “Anna (Go to Him)
4 – “Chains”
5 – “Boys”
6 – “Ask Me Why”
7 – “Please Please Me”
8 – “Love Me Do”
9 – “P.S. I Love You”
10 – “Baby It’s You”
11 – “Do You Want to Know a Secret”
12 – “A Taste of Honey”
13 – “There’s a Place”
14 – “Twist and Shout”

Sabem aqueles joguinhos do “amigo secreto” ou lá o que é, em que se mandam cartas e/ou prendas a um amigo em anonimato? Também já tive que fazer um na escola e até nem lhe achava muita piada. Lá andei eu a mandar cartas anónimas a quem me calhou e depois no final da brincadeira, comprar uma prenda suficientemente boa para aguentar pelo menos o resto da manhã sem ir parar ao lixo.

A brincadeira era engraçada, mas nunca cheguei a ter assim tanto gosto naquilo. Foi no dia final do joguinho em que se revelavam as identidades e se davam as prendas e no meio de prendinhas modestas, doces, e outras coisas mais jocosas alguém tinha tido a ideia de levar um vinil do “Please Please Me” dos Beatles. E não é que aquela relíquia com tão agradável cheiro a velho e com um aspecto gasto que só o tornava mais belo era para mim. De repente aquela brincadeira da qual eu não era assim grande fanático, fez com que valesse a pena escrever cartas para outra pessoa com letra incógnita e às vezes até, ilegível.

O disco aparentemente tinha sido retirado da colecção pessoal do pai à socapa. Ou seja, estou sujeito a um dia destes ter o homem à minha porta a fazer-me uma espera. Isso não se faz. O que também não se faz é dar a um gajo como eu uma prenda num jogo que se baseava em ninharias, tal presente que seria o equivalente a dar-me uma fortuna gorda em dinheiro – e não me refiro propriamente ao valor que isto pudesse ter se eu o vendesse que tal ideia eu não ponderaria sequer.

Agora graças a esse momento de confraternidade entre uma turma muito conflituosa – mas que no fundo todos se adoram – tenho guardada e estimada uma cópia em vinil do “Please Please Me”, álbum de estreia de uma das mais míticas bandas a alguma vez existir, os Beatles. Foi de um joguinho que saiu a colecção de hits simples mas intemporais como “Love Me Do”, “Please Please Me”, “P.S. I Love You” ou “Twist and Shout” que hoje orgulhosamente junto à minha modesta colecção – muito modesta mesmo, isto de viver na era digital e de não ter grande dinheiro dá nisto.

Quanto ao álbum em si há pouco a dizer, mas também se dispensa qualquer apresentação. É verdade que ainda não tinha iniciado a fase mais genial dos Beatles, e ainda faltava para o estrondo psicadélico de “Revolver”, o experimentalismo de “Sgt. Pepper’s Lonely Hearts Club Band”, a variedade de um “White Album” ou a seriedade e maturidade de “Abbey Road” mas foi aqui que se começou tudo.

As canções são todas muito curtas e directas e nenhuma delas chega aos 3 minutos, com algumas delas não chegando sequer aos 2, mas são do tipo de canções que definiram o conceito que conhecemos de hit, as melodias facilmente ficam agarradas ao ouvido, mantêm todas um “feeling” bastante alegre e causam o bater de pé involuntário enquanto se ouve a música fácil de ouvir, de gostar e que qualquer um consegue apreciar.

Foi com isto que se criou praticamente o conceito de banda que conhecemos hoje, com o colectivo a escrever os temas e a interpretá-los – previamente o que predominava era o tipo de bandas de líder e banda de suporte – e é feito de tal forma que sobrevive a qualquer moda, a qualquer época e define o que é a música intemporal. Tanto se ouviu isto na altura e se ficou agradado como pode ser ouvido a qualquer altura e a sua influência é inegável: dali em diante, muitos mais fizeram disto e seguiram este conceito, mas na altura não era do mais comum.

Como já disse antes, não é o álbum mais complexo da banda, até pelo contrário deve ser o menos. Não foi inovador como os outros e a sua inovação baseou-se noutros factores de simplicidade e são as várias imperfeições que o tornam perfeito. E o principal de tudo, foi aqui que começou uma lenda sobrevivente de infinitas gerações. E mais uma vez agradeço a quem me ofereceu este tesouro.


segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

[Clássico do Mês] Pink Floyd - The Piper at the Gates of Dawn



Artista: Pink Floyd
Álbum: The Piper at the Gates of Dawn
Data de lançamento: 4 Agosto 1967
Género: Rock psicadélico
Editora: Capitol Records, EMI Records
Lista de faixas:

1 – “Astronomy Domine”
2 – “Lucifer Sam”
3 – “Matilda Mother”
4 – “Flaming”
5 – “Pow R. Toc H.”
6 – “Take Up Thy Stethoscope and Walk”
7 – “Interstellar Overdrive”
8 – “The Gnome”
9 – “Chapter 24”
10 – “The Scarecrow”
11 – “Bike”

É verdade que mesmo podendo-se considerar todos os álbuns de Pink Floyd como enormes clássicos e importantes peças na história da música, não é propriamente o disco de estreia “The Piper at the Gates of Dawn” o primeiro a saltar à mente. Já tenho um certo gosto em escolher álbuns de estreia de algumas bandas já grandes, à prior do seu marcante som estar estabelecido. Viajando um pouco pelo histórico deste blog, pode-se encontrar outro exemplo, quando seleccionei o “Very ‘eavy Very ‘Umble” dos Uriah Heep. Apenas um exemplo, volto a fazê-lo com uma daquelas bandas que consta na camada de topo das maiores bandas que já calcaram a Terra.

Mas porquê este “The Piper at the Gates of Dawn”? Porque não uns passos iniciais no épico Rock progressivo de um “A Saucerful of Secrets”? Ou a experiência ao vivo/estúdio de “Ummagumma”? “The Dark Side of the Moon” ou “Wish You Were Here” facilmente constam entre os melhores álbuns de sempre. Ainda não se fez nada parecido com o “Animals”. O “The Wall” creio que já possa ser suficientemente grande para integrar livros de História. “The Division Bell” parece ter acabado a discografia de originais da banda em grande. Então e a razão para ter escolhido o primeiro? Muito provavelmente foi apenas porque me apeteceu.

E mesmo que este disco não represente propriamente aquele som dos Pink Floyd que lhes garantiu um lugar intocável na história da música, com álbuns altamente influenciais, também tem a sua grandeza intemporal. Muito possivelmente também não soa tão intemporal como os outros, aliás, este tem “60’s” bem explícito a cada segundo de duração. E daí, a sua posição de topo mantém-se mas numa área mais específica. O Rock psicadélico. Tudo o que tenha vindo com tais influências deve muito a esta década, a muitas das suas bandas e também a este álbum.

Um pormenor curioso que tem este álbum é o facto de ter sido muito bem recebido logo ao seu lançamento e ter tido aclamação por parte de críticos da parte mainstream. Ao contrário dos dias de hoje, muitos críticos pareciam ter medo de algo novo e não engraçavam de imediato com muitos discos que sobreviveram bem ao tempo e hoje são míticos. Mas por acaso, a recepção inicial a este disco bastante ruidoso para o seu tempo, composto por variados hinos alucinantes foi boa. E com o decorrer do tempo ainda mais. O seu posto como um epítome do Rock psicadélico já está mais que cimentado.

Também é importante ter em conta a participação de Syd Barrett, lendário membro fundador que é bem lembrado pelos autênticos fãs de Pink Floyd mas que pode passar ao lado de alguns mais distraídos. Antes da integração de David Gilmour e do domínio na escrita das canções de Gilmour e Roger Waters, era Barrett que liderava a banda, mostrando o seu talento mais acima da média. Apenas se manteve com a banda até ao seguinte “A Saucerful of Secrets” mas é daqui que se retêm as melhores memórias do seu trabalho.

Não há muito mais a dizer sobre este disco, para além da sua enorme influência no Rock psicadélico com o seu uso de teclas inconfundível e impecável trabalho de guitarras. As letras falam predominantemente de assuntos menos ortodoxos como temas espaciais, bicicletas, espantalhos, gnomos e outros tipos de contos. E porque não haveria isso de ser o ideal para construir um clássico. Outro pormenor que também se retém é aquele cheiro a velho – no sentido positivo – que se nota na abordagem musical que quase nos manda para os olhos uma camada de pó que havia a cobrir o disco e um gira-discos parado sem utilização. Essa é uma sensação fenomenal.

Como muitos discos de Pink Floyd, este “The Piper at the Gates of Dawn” é uma mina de ouro. E todo o Rock psicadélico, de feeling hippie, com todas as cores com que se pode imaginar da década de 60, está aqui bem representado e pode muito bem servir para exemplificar como soava esse género. Para quem quiser começar a ouvir disto, pode muito bem começar por aqui. E quem quiser começar a ouvir Pink Floyd e seguir numa jornada discográfica que comece também pelo início que assim é que se sente bem todas as vertentes e toda a evolução. Um clássico e ponto.


quarta-feira, 7 de dezembro de 2011

[Clássico do Mês] Anglagard - Hybris



Artista: Anglagard
Álbum: Hybris
Data de lançamento: 1992
Género: Rock progressivo
Editora: Mellotronen, Alvarsdotter
Lista de faixas:

1 – “Jordrok”
2 – “Vardringar i Vilsenhet”
3 – “Ifran Klarhet Till Klarhet”
4 – “Kung Bore”
5 – “Ganglat Fran Knapptibble”

Após o verdadeiro pique de popularidade do Rock progressivo nos anos 70, seguiu-se um período de pausa da popularidade do género e durante os 80’s, muitas das grandes bandas do movimento deram uma volta ao seu estilo. No entanto, como sendo um estilo bom demais para ser apenas passageiro sofreu a sua renascença e hoje em dia o género já voa livremente seja de forma moderna ou retrospectiva.

No entanto, consta em registos – baseio-me nesses registos, não vivi esses tempos – que foi no início da década de 90 que houve um “arrebitar” do género com bandas oriundas de vários locais – predominantemente Europeus – mas curiosamente com um certo destaque para a Suécia. De facto, foi precisamente desse país Escandinavo que saíram estes jovens e talentosos Anglagard, cujo som com influências vivíssimas de actos como Genesis, Cathedral, King Crimson, Van der Graaf Generator e claro com algum do seu som característico cativaram os seguidores atentos.

Os ouvidos dos já velhos fãs do género e de alguns novos ergueram-se de imediato para o som complexo, para as suaves melodias, para a variante instrumentalização e para a magia das viagens que este disco de estreia oferecia. Ainda mais atenção se focou no grupo pela sua maturidade notável para álbum de estreia e pela juventude dos integrantes da banda – o baterista Mattias Olson tinha os seus 17 anos aquando a gravação do registo.

O seu som é daquele que não podemos descrever facilmente devido à sua complexidade, como já requer o género, mas certamente não soa como algo lançado em 1992. Toda a sonoridade, todo o ambiente, toda a abordagem “cheiram” a 70’s por todos os cantos e podia muito bem misturar-se no meio de discos de King Crimson, Yes ou Cathedral como já mencionei anteriormente e passar por ser da mesma onda. Mas não é pela relação que se estabelece com esses míticos actos do “prog rock” que isto deixa de ser algo único, os Anglagard já possuem o seu som característico e este “Hybris” não deixa de ser extremamente influente e importante para a continuação do lançamento de obras do género que ainda viriam.

Para se sentir apenas uma amostra do que este disco realmente pode fazer sentir, basta experimentar ouvir a instrumental faixa de abertura “Jordrok” de olhos fechados, com o propósito de se deixarem levar… Só aí já há muito que se lhe diga, mas toda essa essência se multiplica nas restantes longas faixas. Destaca-se então o trabalho de bateria desse tal adolescente Mattias Olsson que dominava o seu instrumento como gostariam muitos que lhe dobrassem a idade e o trabalho da flautista Anna Holmgren que dá aquele tom folclórico, característico e maravilhoso às compridas faixas. Não compreendem as letras por serem cantadas na língua mãe da banda? Não importa, a voz já consegue causar bastante efeito sem que a sua mensagem lírica seja realmente perceptível e não importa também em quantas línguas diferentes se ouve a música, se a música em si já é uma linguagem universal.

Não é realmente um nome muito soante, nem vão encontrar muitas referências a este disco no que toca a vendas ou no que quer que seja que se baseie no que mais roda no mercado. Compreendo até que existam muitos da minha vasta base de leitores – que deve variar entre um par e um punhado de pessoas – que desconheçam por completo esta banda. Mas vale a pena ouvir e uma experiência realmente mágica é ouvir este disco baixinho de fones nos ouvidos, à noite de olhos fechados antes de dormir e a deixar-se ir para onde quer que este conjunto Sueco nos leve. Já tive essa experiência. Soberba.


quinta-feira, 3 de novembro de 2011

[Clássico do Mês] Type O Negative - October Rust



Artista: Type O Negative
Álbum: October Rust
Data de lançamento: 20 Agosto 1996
Género: Metal Gótico, Doom Metal
Editora: Roadrunner Records
Lista de faixas:

1 – “Bad Ground”
2 – “(Untitled)”
3 – “Love You to Death”
4 – “Be My Druidess”
5 – “Green Man”
6 – “Red Water (Christmas Mourning)”
7 – “My Girlfriend’s Girlfriend”
8 – “Die with Me”
9 – “Bunrt Flowers Fallen”
10 – “In Praise of Bacchus”
11 – “Cinammon Girl”   (cover de Neil Young)
12 – “The Glorious Liberation of the People’s Technocratic Republic of Vinnland by the Combined Forces of the United Territories of Europa”
13 – “Wolf Moon (Including Zoanthropic Paranoia)”
14 – “Haunted”
15 – “(Untitled)”

E para o Clássico do Mês de Novembro escolhi um disco que, ironicamente, refere-se, no seu título, ao mês anterior. Mas não é por isso que este deixa de ser um álbum bem situado temporariamente, pois se há disco – ou estilo de música em geral – que consiga definir tão bem nas suas canções um Outono frio, é qualquer um dos Type O Negative. Ora se neste ano temos um Outono confuso que durante um tempo nos dava ondas de calor e no momento de escrita deste texto se encontra bastante chuvoso, porque não desfrutar de um disco que tão bem represente a estação quase extinta na sua forma mais pura e tradicional? A lendária banda gótica consegue fazê-lo e para isso escolhi este “October Rust” de 1996. Não foi propriamente escolhido a dedo, o legado da banda não deixa propriamente altos e baixos, todos os álbuns são de qualidade semelhantes mesmo que vão soando diferentes. Quase por aleatoriedade, ou simplesmente pelo facto de ser o trabalho de Type O Negative que tenha ouvido mais recentemente, ou talvez até pela referência directa à estação do ano que quis representar, “October Rust” e a sua escuridão melódica completam a minha escolha. Seguidor de um bastante dark “Bloody Kisses”, a banda que já tinha um som próprio procurou personalizá-lo ainda mais, dando-lhe mais melodia, contrastando em alguns momentos toda a melancolia dos temas e arrisco a dizer, comercializando um pouco a música. Ainda se optam por temas longos, alguns temas “nocturnos” mas talvez já não tão vampirescos, por uma atmosfera bastante obscura e por muitos outros factores presentes na música do grupo do falecido Peter Steele e companhia. No entanto, existem aqui umas abordagens melódicas novas, mais orelhudas, mais acessíveis enquanto acompanham a grave voz de Steele, algo que dá a entender que o disco pode ter mais alguma cor para além de todo aquele negro do disco anterior – se conhecerem bem os hábitos da banda, até devem saber que eles têm uma pequena tara com o verde, mas não é disso que falo. Há algo que nos fica na cabeça em “Be My Druidess”, “My Girlfriend’s Girlfriend”, “Burnt Flowers Fallen” ou até na bizarra mas fantástica versão de “Cinammon Girl” de Neil Young, de maneira diferente de outros temas clássicos que antecedem como “Black No. 1”, “Christian Woman”, entre outros. Baixa-se também um pouco a fasquia na agressividade existente em alguns temas e já não há tanta evidência de Thrash Metal ou alguns toques Punk como havia nos primeiros discos. De resto, temos de uma forma geral, aquilo que é necessário para ficar completo um bom álbum de Type O Negative como bem adoramos: a sedutora voz grave de Steele impossível de se confundir com qualquer outra, riffs característicos, o baixo de Steele que também carrega o seu nome a cada acorde, as melodias de que já falei, algum sentido de humor a contrastar outros temas mais obscuros como na estranha e cómica bigamia presente em “My Girlfriend’s Girlfriend”, feedbacks e outros sons que tal que vão sempre aparecendo para serem a cereja no topo do bolo. Portanto nada melhor para acompanhar estes dias chuvosos de Outono do que uma boa audição dispersa deste disco deixando-se levar pela sua atmosfera envolvente e reparámos como uma estação do ano, como um estado climático, como uma situação de três meses foi tão bem colocada num disco – se quiserem, porque eu também ouvi isto no Verão e sabia bem na mesma, mas é só pela combinação e porque se encaixa perfeitamente e acompanha-o na perfeição. Um álbum tenebrosamente belo. E ao Sr. Peter Steele… Que a sua alma se encontre em paz e que continue a cantar canções obscuras e humorísticas com a sua incomparável voz onde quer que esteja…


quinta-feira, 6 de outubro de 2011

[Clássico do Mês] Uriah Heep - Very 'eavy Very 'umble



Artista: Uriah Heep
Álbum: Very ‘eavy Very ‘umble
Data de lançamento: Junho 1970
Género: Rock progressivo, Hard Rock, Heavy Metal, Rock psicadélico, Metal progressivo, Blues Rock, Protometal
Editora: Vertigo Records, Bronze Records, Mercury Records
Lista de faixas:

1 – “Gypsy”
2 – “Walking in Your Shadow”
3 – “Come Away Melinda”
4 – “Lucy Blues”
5 – “Dreammare”
6 – “Real Turned On”
7 – “I’ll Keep on Trying”
8 – “Wake Up (Set Your Sights)”

Ainda andava o Heavy Metal a dar os primeiros passos. Mas já conseguia andar, já não gatinhava e já havia discos bem sólidos que hoje em dia se podem considerar como sendo discos de Metal, sem tirar nem pôr, e não apenas influências de Heavy Metal, protótipos. O álbum de estreia da lendária banda Britânica Uriah Heep, “Very ‘eavy Very ‘umble” consiste mais ou menos numa linha entre esses 2 conceitos, o protótipo de Heavy Metal e o Heavy Metal propriamente dito. Mas como fosse, naquele tempo era um disco bastante atrevido e ousado e as críticas mais mainstream da altura não tinham muitas mais maneiras de falar ainda pior do álbum. Citando uma crítica vinda da própria Rolling Stone, de uma jornalista Melissa Mills: “Se esta banda conseguir suceder, terei que cometer suicídio. Desde a primeira nota que se sabe que não se quer ouvir mais.” – algo entre estas linhas. Críticas destas a um disco destes hoje em dia soam totalmente descabidas, mas aparentemente nestes tempos alguns dos críticos tinham pânico a artistas que gostavam de pensar um pouco fora da caixa. E assim o faziam os Uriah Heep que com “Very ‘eavy Very ‘umble” se juntaram a outras influentes bandas e ajudaram a estabelecer um género que hoje em dia se mantém como um dos mais complexos e com a legião de fãs das mais dedicadas que existem: O Heavy Metal – e que se incluam depois todos os seus subgéneros. Sem ser propriamente um disco de Rock progressivo, mas sim um bom conjunto de canções de Hard Rock que conseguem realçar bem uma veia progressiva, com uns toques psicadélicos, bem regado de Blues e criar um som característico – mesmo que a banda se tivesse vindo a afastar do som do álbum de estreia, não podem negar este disco como a base de todo o seu trabalho. Autênticas malhas como a pessoal favorita que soa tão intemporal “Dreammare”, ou outros soberbos exemplos como “Walking in Your Shadow”, “Real Turned On”, uma “rocking love song” à antiga ou “I’ll Keep on Trying”. Outras obras-primas onde se note mais a parte progressiva como a genial faixa de abertura “Gypsy” ou a conclusiva “Wake Up (Set Your Sights)”. E sem poder ignorar um destaque a uma música tal como “Come Away Melinda” que com o seu formato acústico de balada e a sua abordagem também a piscar o olho bem descaradamente ao Prog Rock puro e duro, consegue ser dos pontos mais baixos em termos de energia mas dos mais altos quanto ao destaque, importância no disco e genialidade de composição. Apesar da curiosa capa, este não é um disco de ficar esquecido a ganhar teias de aranha, é mesmo daqueles que é feito para continuamente nos dar prazer a cada audição. Também não se pode enganar aqui, não é de facto daqueles discos que se diz que soa muito actual, tão fresco nos dias de hoje como na altura em que foi editado. Não. Este disco é mesmo daqueles que a ouvir-se sente-se bem o quão velhinho é, o Hard Rock que hoje já tem longas barbas brancas, naquela altura era quase uma criança; e quase se sente bem aquele cheiro ao mofo de um disco que já vive há décadas e quase que se sente o pó recentemente sacudido de um gira-discos ali meio arrumado para o canto – mesmo que eu tenha pouca experiência com estes “equipamentos”. Mas consegue ser daqueles que quanto mais velhinho soar, melhor, aquele som antigo dá-lhe certamente um outro valor diferente. E os Uriah Heep são daquelas grandes bandas geniais das mais subvalorizadas que deviam receber agradecimentos de muitos actos pesados/semi-pesados/progressivos de hoje em dia e tendem a ser um pouco esquecidos. Mas desvalorizados é que não são. E temporários muito menos. E quanto ao comentário daquela jornalista… Pergunto-me se ainda será viva ou se cumpriu a sua parva promessa…


quinta-feira, 15 de setembro de 2011

[Clássico do Mês] Kraftwerk - Autobahn



Artista: Kraftwerk
Álbum: Autobahn
Data de lançamento: 1 Novembro 1974
Género: Electrónica, Krautrock, Ambiente, Experimental
Editora: Philips, Vertigo Records
Lista de faixas:

1 – “Autobahn”
2 – “Kometenmelodie 1”
3 – “Kometenmelodie 2”
4 – “Mitternacht”
5 – “Morgenspaziergang”

Qualquer um que tenha uns conhecimentos musicais pelo menos na média, já reconhece os Kraftwerk, e para dizer honestamente, por esta altura eles já deviam dispensar apresentações para qualquer um. Influentes, sem qualquer dúvida, alguns fãs mais extremos do grupo Alemão afirma que a influência e inovação da música do quarteto faz deles “maior do que os Beatles”. Seja exagero ou não, não se pode excluir o nome Kraftwerk de qualquer quadro ou lista de maiores bandas de sempre. Já a começar pelo facto de que soavam futuristas outrora e continuam a sê-lo hoje. Mas não futuristas como outros que se dizem ser futuristas e apenas são descabidos, estes Alemães estavam mesmo à frente do seu tempo. Começaram a carreira com 2 álbuns auto-intitulados que se distinguiam ou por um número ou pela cor do cone que se encontrava na capa. Já aí, apesar do experimentalismo seguir por músicas mais simples, já não eram dos discos mais comuns que se encontravam na época. De seguida com “Ralf und Florian” já se desenvolveram um pouco mais, ainda sobre a mesma base. Foi ao quarto disco, com “Autobahn” que o imaginativo grupo não se conteve, arregaçou as mangas, e trabalhou num disco que seria a criação de algo novo, algo nunca visto - ou ouvido, neste caso. A música electrónica tinha assistido a um dos seus maiores passos, que mais tarde viria a criar muitos mais subgéneros, que hoje nos parecem vulgares mas que talvez nem o fossem, se não fosse a criação deste disco. Um álbum conceptual a consistir numa viagem de carro, ao longo da estrada, desde o ambiente à volta aos sons interiores, desde ao simples progresso da viagem à monotonia em si de um longo percurso. Tudo isso se sente bem na faixa de abertura/faixa-título/Lado A do disco, que se estende por 22 minutos. Representa bem a monotonia de uma longa viagem, mas a música não é nada monótona. Uma faixa, que por si só, poderia servir como aula para quem quiser aprender um pouco de música electrónica. Os ritmos são calmos mas mantêm a sua capacidade de se prender ao ouvido e também temos direito a ouvir o uso de voz na música de Kraftwerk que seria exclusivamente instrumental até então. Lá está, em 22 minutos, não dá para se aborrecer, a não ser que tenham a mente demasiado concentrada em músicas de 3 ou 4 refrães, feitas em 3 minutos e meio, ou seja, música fácil. A complexidade deste álbum é merecedora de vénia e toda essa avançada musicalidade estende-se até às restantes faixas do disco, presentes já no lado B. Já em vez de ser uma canção a alongar-se por 22 minutos, temos 4 canções mais curtas a manter o mesmo conceito de viagem, neste caso, aparentemente nocturna. Para concluir bem o álbum com uma sensação visual através do que ouvimos, na final “Morgenspaziergang” – que pode ser traduzido para algo como “Caminhada matinal” – temos claramente o efeito de um amanhecer. Exactamente isso. Uma viagem, uma noite, um amanhecer. Tudo isto é “relatado” sob a forma de música electrónica/ambiental. Um friso rodoviário em forma de disco se assim se puder chamar. Um disco que de tão inventivo que é, se alargou para além dos sintetizadores para as criações da música, tendo também breves passagens de guitarras e violinos e um importante uso de flauta em “Morgenspaziergang” - prometo que a melodia de flauta nessa faixa, tão simples que é, é para ficar presa na cabeça. Não há forma de não considerar este enorme e mítico álbum um clássico e achei-o bastante merecedor desta posição, não só por todos os factores que já mencionei anteriormente mas também pela enorme influência, pois conseguimos notar tão bem nestas longas faixas outros géneros como o Industrial, o Progressivo ou o Synthpop a serem semeados. E também, porque após uma audição apenas, já nos dá vontade de cantarolar “Wir fahr’n fahr’n fahr’n auf der autobahn” a qualquer momento.


segunda-feira, 4 de julho de 2011

[Clássico do Mês] Led Zeppelin - Led Zeppelin II

Artista: Led Zeppelin
Álbum: Led Zeppelin II
Data de lançamento: 22 Outubro 1969
Género: Rock, Hard Rock, Blues Rock, Heavy Metal
Editora: Atlantic Records
Lista de faixas:

1 – “Whole Lotta Love”
2 – “What Is and What Should Never Be”
3 – “The Lemon Song”
4 – “Thank You”
5 – “Heartbreaker”
6 – “Living Loving Maid (She’s Just a Woman)”
7 – “Ramble On”
8 – “Moby Dick”
9 – “Bring It on Home”

Até é capaz de ser óbvio demais. Neste espaço onde uso por vezes o factor surpresa em “Clássicos” que nunca poderiam ser considerados clássicos por qualquer outra alma viva ou por vezes com discos que nem todos os leitores conheçam. Trabalhos subvalorizados de artistas ou discos considerados “comuns” e que se baseiam mais no factor pessoal para o destaque. Mas aqui para este mês de Julho – depois de um mês de Junho totalmente inactivo – deixei um clássico que é clássico aqui e em todo o lado. Um disco de 40 minutos, com cada segundo de música a servir-nos de razão para gostarmos disto e para que quando se fale nas maiores e mais influentes bandas de sempre, Led Zeppelin seja um dos nomes que mais rapidamente salta ao ar. Um disco que numa simples audição já nos mostra o porquê de Jimmy Page constar em qualquer lista de melhores guitarristas, de Robert Plant ser dos mais caricatos vocalistas, a singularidade e loucura atrás da bateria de John Bonham e também a razão para o ainda activo no Hard Rock John Paul Jones ser considerado uma lenda viva, juntamente com os seus companheiros que lideravam a atenção. Preferências à parte – para o caso daqueles que acham que Led Zeppelin e muitos outros dos grandes nomes se insiram na categoria de “overrated” – e deixando de lado as acusações de plágio que muito vão aparecendo quando é para retirar algum valor ao grupo, a influência e importância no panorama musical geral deste disco deve ser unânime. Através de hinos que dispensam qualquer tipo de apresentação e descrição como a mítica e lendária “Whole Lotta Love”, outras malhas de riff sólido como as inconfundíveis “The Lemon Song”, “Heartbreaker”, ou “Bring It on Home”, de registos acústicos mais calmos como “Thank You”, verdadeiras “viagens” instrumentais como “Moby Dick” ou simplesmente através do factor geral que se trata de um disco que dá vontade de erguer o punho e reagir de imediato ao som. A pureza do Rock n’ Roll, com o forte toque Blues, o peso que já ali havia em demasia para aqueles tempos, fazendo com que o disco e a banda não fossem bem recebidos de imediato, e a base e semente do Heavy Metal. É simplesmente inegável o impacto deste álbum, a importância que tem para a música actual e a influência, mesmo que indirecta, que acaba por cair em quase qualquer banda actual que escolha uma sonoridade Rock mais agitada. Houveram coisas na música que tiveram que ser feitas para que possa haver um pouco de tudo hoje em dia, e nas décadas de 60 e 70 existiu um bom exército de bandas e músicos capazes de cumprir essa tarefa. E no meio desse exército lá estavam os Led Zeppelin, e como um dos soldados mais fortes…


quarta-feira, 25 de maio de 2011

[Clássico do Mês] Foo Fighters - Foo Fighters

Artista: Foo Fighters
Álbum: Foo Fighters
Data de lançamento: 4 Julho 1995
Género: Rock Alternativo, Grunge, Post-Grunge
Editora: Roswell Records
Lista de faixas:

1 – “This Is a Call”
2 – “I’ll Stick Around”
3 – “Big Me”
4 – “Alone + Easy Target”
5 – “Good Grief”
6 – “Floaty”
7 – “Weenie Beenie”
8 – “Oh, George”
9 – “For All the Cows”
10 – “X-Static”
11 – “Wattershed”
12 – “Exhausted”

E após falecer o mítico Kurt Cobain, o que restaria para os restantes integrantes dos Nirvana? Enquanto o baixista Krist Novoselic também fez alguma música mas decidiu ocupar-se mais com política, o carismático mas relativamente discreto baterista Dave Grohl não se queria ficar por aí. Já com um currículo relativamente vasto no seu circuito underground – e aí pode saltar o nome da banda de Hardcore Scream e um disco como “No More Censorship” – e com uma pequena passagem pela banda de Tom Petty – Tom Petty and the Heartbreakers – Grohl quis sempre mostrar algum do seu valor. E já se tinha andado a divertir com o seu projecto Late! e o pouco divulgado disco “Pocketwatch” mas havia a necessidade e o desejo de estabelecer-se no negócio, de ficar firme na música, de levar mais a sério. Portanto num trabalhito a solo através de umas canções que ele já tinha trabalhado anteriormente – o bichinho já o devia ter mordido e havia aquela ansiedade de fazer mais – e cria-se um bom e sólido álbum de estreia de Dave Grohl. Temas lançados e divulgados, arranja-se uns membros mais para levar as músicas para a estrada, disco nas lojas e forma-se uma banda: Foo Fighters. Hoje em dia uma banda que facilmente entra no nosso quotidiano e que conhecemos bem. Já uma marcante banda de Rock que se destaca como das principais desta década que passou e começou com um disco inteiramente gravado pelo seu líder, à excepção de uma pequena parte de guitarra em “X-Static” tocada por Greg Dulli – dos The Afhgan Whigs. E mesmo que seja um álbum relativamente simples no que toca ao género, não passa muito de um disco de Rock bem composto, ainda com o esqueleto Grunge presente, é bem forte e sólido para um registo de estreia, principalmente dum projecto iniciado por um membro a solo. Ouvindo este disco hoje e comparando-o ao som de Foo Fighters actual, as diferenças são evidentes, ainda não estava totalmente estabelecida a fórmula que faz dos Foo Fighters uma das mais empolgantes bandas de Rock dos tempos actuais, mas já haviam indícios e também já haviam uns bons “cheirinhos” do que o “Homem Mais Simpático do Rock” sabia compor. É mesmo isso o principal a reter após audição deste disco, as melodias que se puxam em estruturas de canções simples, o Rock carregado de “Good Grief”, “Weenie Beenie” ou “Wattershed”, a melodia contínua de “This Is a Call” que de imediato promete ficar-nos preso na cabeça, uma veia mais calma e experimental em “For All the Cows”, uma “boca” indirecta – ou não – a Courtney Love em “I’ll Stick Around” e uma experiência mais virada para o Pop em “Big Me” que até deu origem ao primeiro de muitos vídeos cómicos da carreira dos Foos. Importantíssimo como ponto de partida de uma importantíssima banda, quer se goste ou não. Havia que seguir em frente com o fim dos Nirvana, e o baterista que nem todos notavam soube fazê-lo bem. Até já dá para ser um clássico, isto…

quinta-feira, 21 de abril de 2011

[Clássico do Mês] Motörhead - Ace of Spades

Artista: Motörhead
Álbum: Ace of Spades
Data de lançamento: 8 Novembro 1980
Género: Heavy Metal, Hard Rock, Rock and Roll, NWOBHM, Speed Metal
Editora: Bronze Records, Mercury Records
Lista de faixas:

1 – “Ace of Spades
2 – “Love Me Like a Reptile”
3 – “Shoot You in the Back”
4 – “Live to Win”
5 – “Fast and Loose”
6 – “(We Are) The Road Crew”
7 – “Fire, Fire”
8 – “Jailbait”
9 – “Dance”
10 – “Bite the Bullet”
11 – “The Chase Is Better Than the Catch”
12 – “The Hammer”

Quando se fala em marcar uma geração, há muitas coisas por onde pegar. O “Ace of Spades” da lendária banda Britânica Motörhead já é um exemplo dos mais óbvios. Por este blog já passaram clássicos pessoais, mas este é um exemplo de um clássico geral, não é só para mim, é para todos. Lançado em 1980, numa altura em que ainda havia muito conservadorismo – a PMRC ainda estaria para vir – andava este grupo Inglês liderado por Lemmy Kilmister – que alguns já conheciam anteriormente dos Hawkwind – a fazer barulho, basicamente. Para desgraça dos ouvidos de alguns e para delícia de outros, mas que o grupo já estava a criar sucesso e a solidificar-se, isso era verdade. Era já o quarto álbum da banda e os 3 anteriores já eram excelentes, inovadores, com boa dose de peso, mas faltava um que estabelecesse definitivamente a banda e também ainda se procurava um hino que se viesse a tornar uma canção “trademark” para a banda. Algo ainda mais forte que as já potentes “Motörhead”, “Iron Fist” ou “Bomber”. E é logo mal o disco começa a tocar que se leva com essa faixa que hoje é indiscutivelmente dos maiores hinos de Metal e que, lá está, como disse anteriormente, marca totalmente uma geração. Ou mais que uma geração, porque tal mítica música permanece tão fresca hoje em dia como no dia em que fez abanar pescoços pela primeira vez, há 30 anos atrás. E daí para a frente não é de baixar o volume, são mais 11 canções repletas de energia e riffadas que não deixam uma pessoa abrandar depois de uma “Ace of Spades”. E como é que isto pode marcar uma geração ou definir um estilo? Os Motörhead fazem parte de um movimento, de uma “onda” se assim lhe pudermos chamar. Mas é óbvio que abordavam a música de maneira muito diferente dos compatriotas co-líderes da tal New Wave of British Heavy Metal. Foi graças à voz única e inigualável de Lemmy que se pode dizer que já não é necessário haver propriamente uma voz limpa para se fazer música. E talvez arrisque dizer que se hoje existem vocais extremas (growls, berros e outros afins) que tenha sido graças à voz raspada de Lemmy. Uma abordagem instrumental mais crua e pesada que as restantes, num som singular que soa a algo como um “Dirty Rock N’ Roll” e pronto, assim se estabelece um estilo de música próprio que tende a ser várias vezes imitado mas nunca igualado. Hoje ouvimos este disco e pensamos de imediato no estatuto enorme da banda e sabemos que estamos a ouvir um tesouro do Metal. Mas questiono-me se na aquela altura quem ouvia o disco pela primeira vez já pensava “Está aqui um clássico” e já sabia que a banda viria a ter um brilhante e icónico futuro…


terça-feira, 15 de março de 2011

[Clássico do Mês] Cradle of Filth - Dusk.. and Her Embrace


Artista: Cradle of Filth
Álbum: Dusk.. and Her Embrace
Data de lançamento: 19 Novembro 1996
Género: Black Metal Sinfónico/Gótico, Extreme Metal
Editora: Music for Nations, Fierce Recordings
Lista de faixas:

1 – “Humana Inspired to Nightmare”
2 – “Heaven Torn Asunder”
3 – “Funeral in Carpathia”
4 – “A Gothic Romance (Red Roses for the Devil’s Whore)”
5 – “Malice Through the Looking-Glass”
6 – “Dusk and Her Embrace”
7 – “The Graveyard by Moonlight”
8 – “Beauty Slept in Sodom”
9 – “Haunted Shores” (com Cronos, dos Venom)

É este álbum que alguns dos fãs antigos dos Cradle of Filth querem voltar a ouvir! Variando as opiniões entre qual dos discos a banda atingiu o seu pico de criatividade e estabelecimento de estilo entre o “Midian” ou “Damnation and a Day”, alguns acham que eles estavam muito bem como estavam aqui. Segundo disco da banda (sem contar com o EP “V Empire or Dark Faerytales in Phallustein”) que sucedeu o bizarro disco de estreia “The Principle of Evil Made Flesh”. Nesse álbum de estreia havia aquela bizarra mistura entre Black Metal, algum Death Metal, Metal Gótico e elementos sinfónicos, fabricando um som verdadeiramente cru. O mais cru do currículo da banda, se excluirmos as Demos claro. Aí já se desenvolvia um estilo único. Com o seguinte “Dusk… and Her Embrace” veio uma derradeira explosão de música extrema de composição invejável. Delicioso para quem apreciar o estilo, mas para alguém mais sensível, é disco suficiente para os perturbar. Aqui ainda não há riffs daqueles bem chorudos, com influências Heavy e Thrash e ainda se mantém dentro do essencial do Black Metal, acompanhada da mesma habitual bateria maníaca. A abordagem sinfónica era um dos elementos que lhe acrescentava um tom diferente. Hoje em dia é cliché, após montes de bandas o terem feito, no entanto nos Cradle o Filth é diferente, é genuíno, afinal foram eles dos principais e dos primeiros a explorar tal estilo que veio mais tarde a enjoar tanta boa gente. Mas o que ainda é mais de se destacar aqui e que até consegue ser factor de arregalar os olhos é a voz de Dani Filth. Tentem ouvir os berros bem arranhadinhos e impiedosos que Dani solta sem ficarem indiferentes a eles, sem os destacarem, sem os seleccionarem como factor X de cada canção. E não se trata de tentar acompanhar a letra porque isso não é nada fácil e em alguns casos, deveras impossível, mas é realmente uma abordagem vocal à qual é impossível ficar indiferente. Muito difícil que é ouvir a faixa final “Haunted Shores” sem ficar completamente consumido e absorvido pelo trabalho vocal de Dani Filth. E para haver uma noção de como são tratadas aquelas cordas vocais, a saúde de Filth não ficou muito famosa depois desta experiência e fez com que a partir de “Cruelty and the Beast” abrandasse um pouco e desenvolvesse mais cuidadosamente o seu estilo único com guinchos imediatamente reconhecíveis. Também foi aqui, que para conseguir obter uma atmosfera verdadeiramente obscura, tenebrosa e gótica, abordaram-se os temas líricos vampirescos e diabólicos – já presentes em “The Principle of Evil Made Flesh” – vozes femininas e narração que aqui fica ao cargo de Cronos, o carismático vocalista dos lendários Venom. Portanto, para alguns, aqui é que se atingiu o ponto de criatividade dos Cradle of Filth, achando que não havia necessidade de evolução – como grande apreciador dos seguintes álbuns, discordo por completo – e elegem este como o disco perfeito do currículo da mítica banda Britânica. Com certeza, um marco na história discográfica do Metal extremo.


sábado, 19 de fevereiro de 2011

[Clássico do Mês] Black Sabbath - Black Sabbath


Artista: Black Sabbath
Álbum: Black Sabbath
Data de lançamento: 13 Fevereiro 1970
Género: Heavy Metal
Editora: Vertigo Records
Lista de faixas:

1 – “Black Sabbath”
2 – “The Wizard”
3 – “Behind the Wall of Sleep”
4 – “N.I.B.”
5 – “Evil Woman”
6 – “Sleeping Village”
7 – “Warning”

Como se já não bastassem os loucos dos Led Zeppelin a fazer ruído e uns pedrados Pink Floyd com músicas que não cabem tão facilmente na cabeça de um comum, ainda tinham que vir mais uns Ingleses “estragar” o panorama musical do Rock. E agora a falar a sério, uma enorme vénia a estes senhores imortais Black Sabbath por finalmente concluírem a pavimentação de um novo género musical tão mítico, tão controverso, tão belo. Já antes deles andavam os Led Zeppelin a distorcer guitarras, a fazer abanar cabeças com riffs e a fazer alguns conservadores tapar os ouvidos em horror. E os Pink Floyd também já a desafiar algumas “leis” do Rock vulgar e a fugir às regras, tratando os instrumentos de forma diferente de outros da época. Jimi Hendrix também quis tocar a guitarra à sua maneira e imortalizou-se como um dos melhores guitarristas e dos primeiros a distorcê-la. E muitas mais sementes se foram espalhando pelo caminho para se criar um novo estilo, e foi com o aparecimento da banda de Ozzy Osbourne, Tony Iommi, Geezer Butler e Bill Ward que surgiu um álbum completamente assombroso, fora do normal. Aquelas guitarras soavam mais forte que as outras, às vezes pareciam gritar e as estruturas das canções e a harmonia das canções funcionavam de forma assombrosa. A atmosfera proporcionada por todo aquele trabalho e a harmonia dos instrumentos soberba e magicamente bem tocados com os vocais marcantes que entranham de um jovem Ozzy Osbourne torna-se uma mistura de sentimentos, desde o mágico e fantasioso ao obscuro e arrepiante, desde um ácido alucinante a um aterrador e apocalíptico. Nunca se tinha ouvido algo assim. Desde a inicial faixa-título e a sua estrutura arrastada, em tom de pesadelo, ritmo lento e melancólico – aqui já se davam os primeiros passos também para o subgénero do Doom Metal – que irrompia num riff enlouquecido que parecia saído de outro mundo. Era, de facto, o mais pesado que havia naquela altura, se pensarmos bem. Logo, os mais conservadores iriam de imediato vaiar o disco, acusar a banda de dementes loucos adoradores do Diabo e proibir a malta mais jovem de deitar ouvido a isto, por razões morais. As críticas do disco realmente mudaram bastante com o tempo e nesta altura a comunidade do Metal, o pessoal que realmente desfrutava disto era mais reduzido. O Heavy Metal ainda era discriminado como género musical e era posto de parte em tudo o que era acerca de música do mainstream, não se poderia considerar sequer haver especialistas neste estilo sem serem vistos como ignorantes e as críticas Pop de imediato rotulavam qualquer coisa do estilo como lixo. Não era geral, mas quase. O género conseguiu manter-se forte com os anos e ir-se desenvolvendo em inúmeros subgéneros – o Metal talvez seja dos estilos musicais com mais subgéneros, que mais formas consegue tomar e que melhor consegue fazer fusão com outros estilos. Mas na aquela altura, os Black Sabbath eram apenas uns drogados que andavam por aí a adorar o Satanás. Mas não era isso que eles faziam, o que eles adoravam era a música, e era uma banda empenhada que realmente depositava toda a alma na concepção de um novo trabalho e que levava a sua música a sério – até mesmo um Ozzy Osbourne semi-consciente era dedicado. E não deve haver uma única banda de Metal do presente que despreze os Black Sabbath e que não os veja como uma enorme influência. Mesmo fora do Metal, poucos deverão negar o impacto desta banda e mesmo que não gostem, pelo menos um enorme respeito tem que haver. É que ao falar-se em Black Sabbath, fala-se das maiores bandas de sempre, uns pioneiros e o seu álbum de estreia, mesmo que não seja o mais sólido construtor de clássicos – isso foi-se formando mais com os seguintes “Paranoid”, “Master of Reality” e mais tarde com “Heaven and Hell”, já com Ronnie James Dio – é o primeiro disco, onde toda a lenda começou, onde o estilo se afirmou e estabeleceu. Como seria possível ficar indiferente a tal obra-prima?


sábado, 15 de janeiro de 2011

[Clássico do Mês] Alice Cooper - Love It to Death


Artista: Alice Cooper
Álbum: Love It to Death
Data de lançamento: 12 Janeiro 1971
Género: Hard Rock, Garage Rock, Heavy Metal, Rock Progressivo, Shock Rock
Editora: Straight Records, Warner Bros. Records
Lista de faixas:

1 – “Caught in a Dream”
2 – “I’m Eighteen”
3 – “Long Way to Go”
4 – “Black Juju”
5 – “Is It My Body”
6 – “Hallowed Be My Name”
7 – “Second Coming”
8 – “Ballad of Dwight Fry”
9 – “Sun Arise”

Ousadia, genialidade, controvérsia, influência. Apenas exemplos de palavras que nos vêm à mente quando pensamos no Sr. Alice Cooper, um senhor que decide levar a sua carreira com nome de mulher. Também levou a sua carreira através da construção de geniais álbuns icónicos, míticos e marcantes da geração, a criação de um estilo de Rock teátrico e chocante, e com a sua habilidade de escrever as suas tenebrosas e macabras histórias de terror sádicas, que por vezes gostava de inserir em álbuns conceptuais – veja-se o caso do mais recente “Along Came a Spider”. Em 1971, com o seu “Love It to Death”, Cooper e a sua banda que levava o mesmo nome ainda davam os seus primeiros passos e este era ainda o terceiro álbum, apenas. Os gigantes “Killer”, “School’s Out” e “Billion Dollar Babies” viriam depois, mas foi com “Love It to Death” que o “monstro” se começou a desenvolver de forma notável. A sua ousadia valeu-lhe bastantes repreensões e olhares de lado de pais mais conservadores que consideravam a sua arte imoral. A capa do álbum mereceu uma censura pelo escandaloso dedo de Cooper a sair-lhe da braguilha das calças. Demais para aquele tempo. Os seus espectáculos repletos de efeitos especiais, teatro e actos que enlouqueciam alguns da audiência – desde o abuso e desmembração de bonecas à famosa e frequente cena da guilhotina que deve ter enervados uns quantos fãs, quando viram a cabeça de Alice Cooper a ser “cortada” pela primeira vez. Era de facto, um artista à frente do seu tempo, mas repare-se que eu ainda não me referi à música. Então, ele era só um artista de imagem, que mal se lembrava de fazer música inicialmente? Claro que não, se há alguém que sabe acompanhar bem a sua imagem com excelente música, esse é Alice Cooper e a sua banda. “Love It to Death” foi o disco que ofereceu mais exposição da banda ao mainstream, afastando-se um pouco da sonoridade psicadélica e progressiva com que se estrearam e dando passos mais largos no campo do Hard Rock regado com um pouco do recém-chegado Heavy Metal, mantendo ainda traços da sonoridade anterior. Disco que ainda consegueu fornecer à banda o seu primeiro hit a sério, e a sua primeira “signature song”: “I’m Eighteen”. Uma das 4 músicas que eu destaco neste disco, para fazer uma breve descrição muito rapidamente sobre porque é que este álbum é tão bom. “I’m Eighteen” é daquelas canções que marcaram bem a sua geração, com letra escrita directamente ao público, um riff imediatamente reconhecível à sua primeira nota, e que pode dar origem a um grito de guerra, se quiserem: “I’m eighteen and I like it!”, se o souberem dizer com a mesma garra e intensidade que Cooper. De seguida, “Long Way to Go”, é uma das músicas que mais me fica presa, com a sua estrutura simples. O riff é facilmente memorável e consegue ser até, bastante dançável. Refrão básico construído à volta de um verso só, que se torna mais fácil para qualquer um de nós para o cantar enquanto acompanhamos a música, seja em casa a ouvir o disco, ou num concerto a saltar de punho no ar. E a sua influência, porque o seu riff não deixa de me fazer lembrar riffs de bandas recentes de Indie Rock ou dos “revivals” do Post-Punk e do Garage Rock. Posso estar errado, no entanto. “Black Juju”, com os seus 9 minutos de duração é uma das músicas que creio que se aproxima mais da sonoridade psicadélico-progressiva dos 2 primeiros discos. São 9 deliciosos minutos de música enigmática com um toque obscuro. Instrumentalização a salientar. E finalmente, aquela que acho que seja a canção que mais marca o disco, “Ballad of Dwight Fry”, uma balada emocional que passa por introdução “spoken”, com uma voz de criança a perguntar “Mommy, where’s daddy?”, estrutura acústica de canção calma e melancólica, refrão a roçar o épico, com intensidade suficiente para fazer desta uma daquelas baladas arrepiantes, um solo de babar por mais e a perturbadora parte em que Alice grita desesperadamente “I gotta get out of here!” que funciona como cereja no topo do bolo, para ficar uma perfeita “dark ballad”, que pela sua estranheza ao ouvir, se torna tão linda de ouvir. Apenas destaquei estas 4 porque creio que são as que melhor se destacam, porque as outras 5 são óptimas para ter um disco completo e bem preenchido de excelente música. O disco todo em si, ao ser ouvido, funciona como uma esplêndida viagem no tempo, mas de certa forma a manter-se na mesma tão actual, tão fresco, tão belo. É certamente, um fascinante álbum da década de 70 ou até, de sempre. E duvido muito que os fãs de Hard Rock e de Alice Cooper discordem.


sábado, 11 de dezembro de 2010

[Clássico do Mês] Bella Morte - Bleed the Grey Sky Black


Artista: Bella Morte
Álbum: Bleed the Grey Sky Black
Data de lançamento: 10 Outubro 2006
Género: Gothic Rock, Rock Alternativo, Rock Industrial, Deathrock, Hard Rock, Darkwave, Heavy Metal, Electrónica
Editora: Metropolis Records
Lista de faixas:

1 – “On the Edge”
2 – “Torn”
3 – “The End Ahead”
4 – “The Alone”
5 – “Ghost Land”
6 – “Dust”
7 – “As the Storm Unfolds”
8 – “An Enemy Without”
9 – “Bleed Again”
10 – “Earth Angel”
11 – “Grey Skies Black”
12 – “Haunted”

É verdade, é um pouco improvável para ser Clássico do Mês. Uma banda com pouca ou nenhuma exposição ao mainstream e que talvez maior parte dos leitores não conheçam. Mas a adoração que tenho por este álbum não podia passar por aqui despercebida. A música singular e apaixonante, com tons pesados e estruturas tão acessíveis e difícil de classificar. Foi pouco depois do lançamento deste disco, que a banda me foi “apresentada” por um amigo e não demorei muito tempo até me questionar onde raio andaria esta banda na minha vida, até então. É que hoje, este álbum é um dos inquestionáveis favoritos e um dos discos mais essenciais da minha colecção maioritariamente digital. Para mim o ponto mais significativo do progresso musical da banda. Com o disco de estreia “Remains”, soava a um Indie Rock gótico que tinha como escola os óbvios Sisters of Mercy ou uns Clan of Xymox. “Where Shadows Lie” deve ser o lançamento mais “dark” da banda, que recorrendo maioritariamente à electrónica e ao industrial, atinge bem o ponto de “Darkwave”, que mesmo com um mínimo destaque a guitarras, consegue ser um disco bem obscuro. Com umas experiências em EP’s como “The Death Rock” ou “Songs for the Dead”, os discos “As the Reasons Die” e “The Quiet” já procuravam fazer a mistura dos 2 sons anteriores, adicionando-lhes mais influências ainda e um tom único. Os 2 discos singraram e brilharam. Mas foi com “Bleed the Grey Sky Black” que atingiram o verdadeiro ponto. “On the Edge” é um exemplo de música construída com uma harmonia de riffs de guitarra e de sintetizadores impressionante e tudo isto banhado com um refrão cuja melodia promete vir para ficar. Uma das características da música dos Bella Morte, a capacidade incrível em escrever melodias viciantes. “Torn” é mais uma das canções “dark” sem ser deprimente, quase como se houvesse um positivismo por detrás de toda a escuridão e, tal como muitas, uma das que mais merece “thumbs up” pela voz limpa, excelente e invejável de Andy Deane. De seguida temos um riff de sintetizadores que nos capta o ouvido, quer queiramos, quer não, “The End Ahead” é um exemplo de uma música que não queremos que acabe tão cedo. “The Alone” é mais uma das canções pesadamente industrializadas do disco e mais uma vez o refrão é de se entranhar, com gosto. A abordagem de suspense em “Ghost Land”, com uma introdução de piano que se estende até irromper num riff, que mesmo simples, é belíssimo. Uma das experiências mais Hard Rock/Metal do álbum. Podia voltar a falar do fabuloso refrão, mas já começava a ser repetitivo, visto que isto de refrões encontra-se em todas as faixas. De seguida, as coisas acalmam, quando entra “Dust”, uma balada atmosférica, com uma participação vocal feminina – cuja identidade, para já, ainda me é desconhecida – que apenas fornece um tom mais doce e angelical à música. Mais um pouquinho de agitação em mais uma experiência mais “heavy” com “As the Storm Unfolds” e o seu riff, que nos faz lembrar algumas coisas do Pós-Industrial, até mesmo de Metal Industrial. De novo, o refrão tem que ser chamado ao barulho, pois se os Bella Morte não fossem uma banda praticamente underground, isto até dava quase para ser um hino de estádio. Micah Consylman volta a fazer-se notar, com o seu trabalho de sintetizadores em “An Enemy Without”. Logo de seguida, uma das canções mais pesadas do disco, “Bleed Again” em que Andy Deane até grunhe para lhe dar um tom mais brutal. Isto acompanhado de um simples riff e uns sintetizadores bem agudos no background para ter a certeza que se faz aqui realmente alguma mistura de bom resultado e não se tem apenas uma “really heavy metal song” com grunhidos. E, sim, os grunhidos são interrompidos por mais um daqueles refrões aos quais não me quero voltar a referir, lá está, para evitar redundância. E é então de seguida que vem mais um dos pontos mais altos do CD. “Earth Angel”, uma cover dos The Penguins, um slow de 1955. É estranho pensar como uma banda que nada tem a ver com o “Doo Wop” e a “Soul” de antigamente, faz uma cover ainda fiel à original e consegue torná-la tão característica. Uma verdadeira canção de amor em contraste às canções romântico-obscuras e com direito a criaturas monstrengas, como gostam de fazer por vezes – esta última parte é compensada no vídeo da música, em que a banda toca para um baile de casais de zombies que pouco a pouco vão caindo. Exactamente o que está aí escrito, é a acção que decorre. “Grey Skies Black”, não sei bem porquê, mas ataca-me sempre com uma enchorrada de nostalgia. Não sei explicar muito bem porquê, mas serve-me como uma espécie de banda sonora a esses tempos passados não muito longínquos, quando fui introduzido à banda. Com a fantástica composição de balada “semi-deprimente” com uma soberba instrumentalização e igual trabalho vocal, vêm-me à memória todos aqueles tempos e todas as parvoíces decorridas nesses mesmos tempos. O álbum fecha com “Haunted”, que mantendo a melancolia anterior, acaba em grande. A repetição dos versos no refrão em tom grunhido/berrado é de aclamar.
E é assim, desta forma, que isto se trata de um álbum que provavelmente poucos de vocês leitores conheçam, mas que a mim, cada vez que o ouça, ainda me faz arrepiar muitos pêlos de diversas partes corporais.