Artista:
A Dream of Poe
Álbum:
The Mirror of Deliverance
Data de lançamento: 25 Fevereiro 2011
Género: Death/Doom Metal, Metal gótico, Metal
progressivo
Editora: ARX Productions
Lista de faixas:
1 –
“Neophyte”
2
– “Os Vultos”
3
– “Lady of Shalott”
4
– “Liber XLIX”
5
– “The Lost King of the Lyre”
6
– “Chrysopoeia”
Começo logo por dizer que quem diz que cá em
Portugal existe pouca boa música, simplesmente não procura. É claro que no caso
de se basearem nos tops de vendas, há pouca fruta fresca para escolher, mas uma
pesquisa mais profunda é capaz de dar em surpresas bastante agradáveis – e não
estou a dizer que não haja boa música nos mais vendidos, é apenas ofuscado por
outras coisas. O que vale é que a comunidade de Metal é uma das que mais dá
valor ao trabalho nacional, não só porque já estão habituados a aprofundar a
procura da música para além de tabelas de vendas – ou exclusivamente fora
dessas tabelas – e porque o Metal em si é muito universal, acaba por ter todo o
mundo unido e qualquer país pode ser uma boa fonte de música pesada. Esta
introdução serviu apenas para apresentar esta banda de Doom Metal, notoriamente
influenciada por My Dying Bride, oriunda dos Açores, cujo disco de longa
duração de estreia “The Mirror of Deliverance” mostra-se um trabalho bastante
interessante e competente, a fazer valer a pena depositar tempo nele. A Dream
of Poe é o nome do projecto que fica inteiramente ao cargo do músico Bruno “Spell”
Santos, que já tem alguma experiência com outros projectos do mesmo género. É
um disco que não pretende propriamente abrir uma nova porta no que toca à
música Doom, mas é um trabalho bastante maduro para um projecto a solo formado
por volta de 2005. As influências de actos influentes e essenciais da música
Doom internacional como os My Dying Bride são, como já afirmei, evidentes, mas
é dentro dessa influência que o projecto Açoriano procura construir a sua
própria identidade. Os riffs lentos mas pesados e a chorar melancolia são
competentes, os vocais limpos suaves dando o tom assombroso bem acompanhados de
outros guturais que dão ainda mais força a um ambiente já obscuro estão muito
bem administrados. São 6 longas canções com tudo no sítio, com todos os
factores bem aplicados e toda a essência do género bem espremida. Uma aposta
mais diferente mas igualmente bem conseguida é a faixa “Os Vultos”, na qual
predomina exclusivamente a língua portuguesa. E resulta bem, os versos em
português encaixam perfeitamente no género e os vocais guturais na nossa língua
mãe só mostra que se pode grunhir em qualquer língua – já haviam casos disto
por parte de outros actos como os Morbid Death em “Silêncio Profundo” do “Echoes
of Solitude”, ou dos Bizarra Locomotiva que também nos vão apresentando vocais
menos “simpáticos” na língua de Camões, e com certeza que inúmeros mais exemplos
existem. E para finalizar a minha vaga descrição que, de maneira nenhuma
substitui uma boa audição atenta, menciono as melodias que mesmo estando bem
carregadas de melancolia, sabem bem como penetrar o ouvido e ficar lá
entranhadas, fazendo canções simplesmente belas. Portanto lá está, mesmo que
não seja algo exclusivo no género, é algo que está tão bem conseguido, tão bem
feito que não há como negar o valor e qualidade que existe na obra-prima destes
A Dream of Poe – que por hábito ainda os trato pelo plural, mesmo sendo um
projecto de um só. Vale a pena acrescentar à colecção e ouvir várias vezes.
Vale também a pena ter orgulho no trabalho nacional, quando é assim.
Avaliação: 8,6
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