quinta-feira, 22 de setembro de 2011

A Dream of Poe - The Mirror of Deliverance



Artista: A Dream of Poe
Álbum: The Mirror of Deliverance
Data de lançamento: 25 Fevereiro 2011
Género: Death/Doom Metal, Metal gótico, Metal progressivo
Editora: ARX Productions
Lista de faixas:

1 – “Neophyte”
2 – “Os Vultos”
3 – “Lady of Shalott”
4 – “Liber XLIX”
5 – “The Lost King of the Lyre”
6 – “Chrysopoeia”

Começo logo por dizer que quem diz que cá em Portugal existe pouca boa música, simplesmente não procura. É claro que no caso de se basearem nos tops de vendas, há pouca fruta fresca para escolher, mas uma pesquisa mais profunda é capaz de dar em surpresas bastante agradáveis – e não estou a dizer que não haja boa música nos mais vendidos, é apenas ofuscado por outras coisas. O que vale é que a comunidade de Metal é uma das que mais dá valor ao trabalho nacional, não só porque já estão habituados a aprofundar a procura da música para além de tabelas de vendas – ou exclusivamente fora dessas tabelas – e porque o Metal em si é muito universal, acaba por ter todo o mundo unido e qualquer país pode ser uma boa fonte de música pesada. Esta introdução serviu apenas para apresentar esta banda de Doom Metal, notoriamente influenciada por My Dying Bride, oriunda dos Açores, cujo disco de longa duração de estreia “The Mirror of Deliverance” mostra-se um trabalho bastante interessante e competente, a fazer valer a pena depositar tempo nele. A Dream of Poe é o nome do projecto que fica inteiramente ao cargo do músico Bruno “Spell” Santos, que já tem alguma experiência com outros projectos do mesmo género. É um disco que não pretende propriamente abrir uma nova porta no que toca à música Doom, mas é um trabalho bastante maduro para um projecto a solo formado por volta de 2005. As influências de actos influentes e essenciais da música Doom internacional como os My Dying Bride são, como já afirmei, evidentes, mas é dentro dessa influência que o projecto Açoriano procura construir a sua própria identidade. Os riffs lentos mas pesados e a chorar melancolia são competentes, os vocais limpos suaves dando o tom assombroso bem acompanhados de outros guturais que dão ainda mais força a um ambiente já obscuro estão muito bem administrados. São 6 longas canções com tudo no sítio, com todos os factores bem aplicados e toda a essência do género bem espremida. Uma aposta mais diferente mas igualmente bem conseguida é a faixa “Os Vultos”, na qual predomina exclusivamente a língua portuguesa. E resulta bem, os versos em português encaixam perfeitamente no género e os vocais guturais na nossa língua mãe só mostra que se pode grunhir em qualquer língua – já haviam casos disto por parte de outros actos como os Morbid Death em “Silêncio Profundo” do “Echoes of Solitude”, ou dos Bizarra Locomotiva que também nos vão apresentando vocais menos “simpáticos” na língua de Camões, e com certeza que inúmeros mais exemplos existem. E para finalizar a minha vaga descrição que, de maneira nenhuma substitui uma boa audição atenta, menciono as melodias que mesmo estando bem carregadas de melancolia, sabem bem como penetrar o ouvido e ficar lá entranhadas, fazendo canções simplesmente belas. Portanto lá está, mesmo que não seja algo exclusivo no género, é algo que está tão bem conseguido, tão bem feito que não há como negar o valor e qualidade que existe na obra-prima destes A Dream of Poe – que por hábito ainda os trato pelo plural, mesmo sendo um projecto de um só. Vale a pena acrescentar à colecção e ouvir várias vezes. Vale também a pena ter orgulho no trabalho nacional, quando é assim.

Avaliação: 8,6



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