quinta-feira, 15 de setembro de 2011

[Clássico do Mês] Kraftwerk - Autobahn



Artista: Kraftwerk
Álbum: Autobahn
Data de lançamento: 1 Novembro 1974
Género: Electrónica, Krautrock, Ambiente, Experimental
Editora: Philips, Vertigo Records
Lista de faixas:

1 – “Autobahn”
2 – “Kometenmelodie 1”
3 – “Kometenmelodie 2”
4 – “Mitternacht”
5 – “Morgenspaziergang”

Qualquer um que tenha uns conhecimentos musicais pelo menos na média, já reconhece os Kraftwerk, e para dizer honestamente, por esta altura eles já deviam dispensar apresentações para qualquer um. Influentes, sem qualquer dúvida, alguns fãs mais extremos do grupo Alemão afirma que a influência e inovação da música do quarteto faz deles “maior do que os Beatles”. Seja exagero ou não, não se pode excluir o nome Kraftwerk de qualquer quadro ou lista de maiores bandas de sempre. Já a começar pelo facto de que soavam futuristas outrora e continuam a sê-lo hoje. Mas não futuristas como outros que se dizem ser futuristas e apenas são descabidos, estes Alemães estavam mesmo à frente do seu tempo. Começaram a carreira com 2 álbuns auto-intitulados que se distinguiam ou por um número ou pela cor do cone que se encontrava na capa. Já aí, apesar do experimentalismo seguir por músicas mais simples, já não eram dos discos mais comuns que se encontravam na época. De seguida com “Ralf und Florian” já se desenvolveram um pouco mais, ainda sobre a mesma base. Foi ao quarto disco, com “Autobahn” que o imaginativo grupo não se conteve, arregaçou as mangas, e trabalhou num disco que seria a criação de algo novo, algo nunca visto - ou ouvido, neste caso. A música electrónica tinha assistido a um dos seus maiores passos, que mais tarde viria a criar muitos mais subgéneros, que hoje nos parecem vulgares mas que talvez nem o fossem, se não fosse a criação deste disco. Um álbum conceptual a consistir numa viagem de carro, ao longo da estrada, desde o ambiente à volta aos sons interiores, desde ao simples progresso da viagem à monotonia em si de um longo percurso. Tudo isso se sente bem na faixa de abertura/faixa-título/Lado A do disco, que se estende por 22 minutos. Representa bem a monotonia de uma longa viagem, mas a música não é nada monótona. Uma faixa, que por si só, poderia servir como aula para quem quiser aprender um pouco de música electrónica. Os ritmos são calmos mas mantêm a sua capacidade de se prender ao ouvido e também temos direito a ouvir o uso de voz na música de Kraftwerk que seria exclusivamente instrumental até então. Lá está, em 22 minutos, não dá para se aborrecer, a não ser que tenham a mente demasiado concentrada em músicas de 3 ou 4 refrães, feitas em 3 minutos e meio, ou seja, música fácil. A complexidade deste álbum é merecedora de vénia e toda essa avançada musicalidade estende-se até às restantes faixas do disco, presentes já no lado B. Já em vez de ser uma canção a alongar-se por 22 minutos, temos 4 canções mais curtas a manter o mesmo conceito de viagem, neste caso, aparentemente nocturna. Para concluir bem o álbum com uma sensação visual através do que ouvimos, na final “Morgenspaziergang” – que pode ser traduzido para algo como “Caminhada matinal” – temos claramente o efeito de um amanhecer. Exactamente isso. Uma viagem, uma noite, um amanhecer. Tudo isto é “relatado” sob a forma de música electrónica/ambiental. Um friso rodoviário em forma de disco se assim se puder chamar. Um disco que de tão inventivo que é, se alargou para além dos sintetizadores para as criações da música, tendo também breves passagens de guitarras e violinos e um importante uso de flauta em “Morgenspaziergang” - prometo que a melodia de flauta nessa faixa, tão simples que é, é para ficar presa na cabeça. Não há forma de não considerar este enorme e mítico álbum um clássico e achei-o bastante merecedor desta posição, não só por todos os factores que já mencionei anteriormente mas também pela enorme influência, pois conseguimos notar tão bem nestas longas faixas outros géneros como o Industrial, o Progressivo ou o Synthpop a serem semeados. E também, porque após uma audição apenas, já nos dá vontade de cantarolar “Wir fahr’n fahr’n fahr’n auf der autobahn” a qualquer momento.


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