Artista: Alcest
Álbum: Les Voyages de l’Âme
Data de lançamento: 6 Janeiro 2012
Género: Post-Metal, Black Metal, Shoegazing
Editora: Prophecy Productions
Lista de faixas:
1 –
“Autre Temps”
2
– “Là où Naissent les Couleurs Nouvelles”
3 – “Les Voyages de l’Âme”
4
– “Nous Sommes l’Emeraude”
5
– “Beings of Light”
6
– “Faiseurs de Mondes”
7
– “Havens”
8
– “Summer’s Glory”
Faz dois anos que o músico Francês Neige com o seu
projecto Alcest impressionou muitos ouvidos e alargou a sua base de seguidores
com “Écailles de Lune”. O seu primeiro disco “Souvenirs d’un Autre Monde” já se
tinha tornado um marco na história do Black Metal por alargar as fronteiras no
que diz respeito ao que se pode fazer dentro da música “negra”. A capacidade em
misturar o “negrume” e agressividade do Black Metal com os elementos de
Shoegazing e Post-Rock causou um imenso debate entre os puristas do Black
Metal, mas a aceitação como algo fresco e inovador rapidamente se instalou -
fora do espectro Black até.
Assim que Neige deita as mãos à obra para um
terceiro trabalho, volta a confiar totalmente na sua anterior fórmula e mesmo
assim voltar a impressionar-nos. É aí onde melhor se nota a grande capacidade
de Neige como compositor – para além do óbvio facto de que cada faixa é uma
obra-prima musical – quando escreve utilizando a mesma base e consegue evitar a
redundância e manter-se tão surpreendentemente bom como das primeiras vezes que
o ouvimos.
O disco não acrescenta muito ao repertório “Alcest”
mas sim reforça a identidade. Não procura um novo ponto de partida após os
anteriores discos, procura em ambos algo totalmente novo para fazer – sente-se
nos temas um balanço entre o mais agressivo “Écailles” e o mais sereno “Souvenirs”.
E com a mesma fórmula com que fez dois brilhantes álbuns, faz mais um que não
fica atrás.
“Les Voyages de l’Âme” é um daqueles discos que
reconforta a ideia de qualquer fã de Metal de que nesse seu género se encontram
maravilhas, composições, fusões e belíssimas canções ao contrário do que contam
as fábulas do povo – a não ser que sejam daqueles “fãs” de Metal que só querem
muito barulho para ser pesado, nesse caso, nunca hão de perceber isto e muita
mais coisa boa que aí anda.
Com uma produção melhorada, este disco é daqueles
que permite-nos deixar-nos levar, mas também dá para prestar atenção aos
pormenores. De novo, o Black Metal frio a dar a mão ao Shoegazing que de
monótono não tem nada – muito menos aqui. A voz de Naige tanto nos pode seduzir
através de sussurros ou cantares melancólicos, como pode estar a berrar
frenético, de tal forma tão bem encaixada que nem nos apercebemos que tenha
mudado alguma coisa. A música, essa daria para servir de ambiente, seja quando toca
melodias dóceis acústicas ou quando arranca um riff gelado como conhecemos do
Black Metal. E, de forma fabulosa, voltam a fundir-se lindamente. E todas as canções
se arrastam de forma vagarosa e melancólica mas também tão bela e preenchida,
com um positivismo subtil na abordagem obscura de toda a música.
Mesmo que não dê logo para isolar faixas como
favoritas e que este seja um disco de audição completa por várias vezes, numa
tentativa de destaque, aconselharia uma faixa como “Autre Temps”, tema de
abertura que é o que mais se encosta ao Post-Rock e não caminha ainda pela
parte pesada. É apenas uma canção lindíssima e boa amostra do que Neige é capaz
de fazer com os Alcest – os putos que só querem “mosh” e barulho é que se
calhar até tiram os narizes do sítio de tanto os torcer. E talvez a tal faixa
que se sobressaia e que por si só consiga representar toda a essência do
projecto é “Là Où Naissent les Couleurs Nouvelles” que em quase 9 minutos nos
dá uma completa lição sobre o que consiste a música de Alcest e que nos faz
querer ouvir mais. E se quiserem viajar para um local muito longínquo daquele
onde estiverem sem levantar o traseiro da cadeira, é a conclusiva “Summer’s
Glory” e o seu fascinante Post-Rock que nos transporta para saberá cada um
onde.
Disco a começar bem o ano de 2012 e esperemos que
venham mais lançamentos tão ricos como este. Não é algo propriamente novo em
relação aos outros registos de Alcest, mas cimentou bem o legado e fundiu bem
os dois discos anteriores. Confiamos na capacidade de Neige em compor para que
evite este refrescante e fascinante projecto de se tornar repetitivo. Para já,
são os Alcest que reinam esse estranho rótulo a que se pode chamar de “Blackgaze”.
Até porque são os únicos e não há muita coisa melhor que singularidade…
Avaliação: 9,1
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