sexta-feira, 3 de fevereiro de 2012

Enter Shikari - A Flash Flood of Colour



Artista: Enter Shikari
Álbum: A Flash Flood of Colour
Data de lançamento: 16 Janeiro 2012
Género: Post-Hardcore, Rock/Metal alternativo, Electronica
Editora: Ambush Reality, Hopeless Records
Lista de faixas:

1 – “System…”
2 – “…Meltdown”
3 – “Sssnakepit”
4 – “Search Party”
5 – “Arguing with Thermometers”
6 – “Stalemate”
7 – “Gandhi Mate, Gandhi”
8 – “Warm Smiles Do Not Make You Welcome Here”
9 – “Pack of Thieves”
10 – “Hello Tyrannosaurus, Meet Tyrannicide”
11 – “Constellations”

O Post-Hardcore já leva um caminho muito longo e já deu voltas que nunca se previam na altura do seu aparecimento. Hoje em dia, esse rótulo, não só representa uma grande mudança cronológica, mas também uma grande igualdade actual, quando anda muita coisa por volta do mesmo e cada vez mais se focam numa audiência que esteja a experimentar a suas primeiras menstruações. Qual não será a sensação de miragem suspeita num deserto quando nos aparece algo mais palpável, com mais qualidade e com mais potencial para sobreviver ao factor tempo.

Os Enter Shikari bem que podem sair desse saco adolescente e estabelecer-se onde bem quiserem e enquadrem. Musicalmente são muito mais estrategas e cuidadosos quanto aos arranjos que acrescentam e o seu objectivo com certeza que supera apenas colocar uns quantos miúdos a bailar e a mexer os braços numa moshpit. As suas letras também fogem ao pastiche juvenil e em vez de se focarem em si próprios, em insultar uma ex qualquer e em concentrarem-se no próprio umbigo – ou pulso – estes jovens carregam uma forte mensagem política e ambiental com indícios de terem estudado alguns capítulos do manual de instruções dos Rage Against the Machine.

O que causaria e permitiria isso? São mesmo os Enter Shikari indivíduos com mentalidade e ambição suficientes para serem das bandas mais suportáveis, aceitáveis e porque não gostáveis do cenário? Será por serem Britânicos e são os ares Europeus que extraem algo melhor de um grupo como este? O que seja, tem estado a resultar.

Este “A Flash Flood of Colour” tinha os componentes necessários para elevar a banda de estatuto e também mais alguns capazes de polarizar. Entre o último disco e este houve uma ascensão do Dubstep que parece ter caído nas graças de várias bandas que têm ideias a rolar na cabeça. Os Enter Shikari, que sempre utilizaram elementos electrónicos na distinção da sua música, decidiram abrir também as portas ao género modístico mas fazem-no de uma forma mais inteligente de maneira a que não nos afogue no ruído por que se conhece o estilo – pelo menos não soa a epilepsia – e mais parece apenas um desenvolvimento dos elementos electrónicos já habituais na banda. Para completar a ideia de que os jovens Ingleses sabem o que fazer sem cair no “Same Old BS” acrescentam-lhe os riffs e vocais agressivos dignos de abanar cabeças e corpos, mas sem fazer o breakdown que todos fazem. Sim, porque andam muitos a tocar o mesmo breakdown aparentemente.

A descrição da música já não é estranha para quem conhece a banda, o que indica que não se reinventaram, mas certamente que enriqueceram. Temas como “Sssnakepit” ou “Gandhi Mate, Gandhi” transportam uma forte veia de protesto político, assim como “Arguing with Thermometers” – uma das que mais realça a parte Dubstep – que cospe uma mensagem ambiental poderosa acerca do problemático aquecimento global. E quando o disco se abranda em “Stalemate”, não significa que abrande a mensagem e o espírito revolucionário, até pelo contrário. Musicalmente, apenas se opõe em termos enérgicos a “…Meltdown” que põe já de imediato a juventude aos saltos, mas ambos os temas se encaixam no mesmo sítio. “Search Party” é o que aqui se pode distinguir como sendo um tema mais “rádio friendly”, enquanto que “Warm Smiles Do Not Make You Welcome Here” e o seu refrão fácil são mais direccionados a um público pronto a cantá-lo de pulmão cheio. Abranda com temas simples sem factores destacáveis até ao final em “Constellations” que acaba em nota alta, dividindo a faixa em parte calma e parte agressiva com a crítica político-social presente em todo o tema.

Mesmo que seja um disco sério e reflectivo não indica que a banda não seja estritamente séria e ainda desliza alguns momentos humorísticos pelo meio do disco, safando-se com um “Yabba-Dabba-Doo” no meio de “Gandhi Mate, Gandhi” e com uma espécie de imitação humorística de Louis Armstrong no final de “Sssnakepit”.

Mas com tudo isto não quero dizer que os Enter Shikari sejam a salvação de todo o Post-Hardcore nem acho que só por meterem electrónica pelo meio é que se distinguem. Da mesma forma que soam mais refrescantes a uns, podem passar completamente ao lado a outros. E quer se associem ainda ao género adolescente ou se emancipem dele, enquanto levarem esse rótulo às costas, ainda se pode afirmar que são das melhores e mais singulares bandas que lá se pescam…

Avaliação: 8,4


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