Artista:
Enter Shikari
Álbum:
A Flash Flood of Colour
Data de lançamento: 16 Janeiro 2012
Género: Post-Hardcore, Rock/Metal alternativo,
Electronica
Editora: Ambush Reality, Hopeless Records
Lista de faixas:
1 –
“System…”
2
– “…Meltdown”
3
– “Sssnakepit”
4
– “Search Party”
5
– “Arguing with Thermometers”
6
– “Stalemate”
7
– “Gandhi Mate, Gandhi”
8
– “Warm Smiles Do Not Make You Welcome Here”
9
– “Pack of Thieves”
10
– “Hello Tyrannosaurus, Meet Tyrannicide”
11
– “Constellations”
O Post-Hardcore já leva um caminho muito longo e já
deu voltas que nunca se previam na altura do seu aparecimento. Hoje em dia,
esse rótulo, não só representa uma grande mudança cronológica, mas também uma
grande igualdade actual, quando anda muita coisa por volta do mesmo e cada vez
mais se focam numa audiência que esteja a experimentar a suas primeiras
menstruações. Qual não será a sensação de miragem suspeita num deserto quando
nos aparece algo mais palpável, com mais qualidade e com mais potencial para
sobreviver ao factor tempo.
Os Enter Shikari bem que podem sair desse saco
adolescente e estabelecer-se onde bem quiserem e enquadrem. Musicalmente são
muito mais estrategas e cuidadosos quanto aos arranjos que acrescentam e o seu
objectivo com certeza que supera apenas colocar uns quantos miúdos a bailar e a
mexer os braços numa moshpit. As suas letras também fogem ao pastiche juvenil e
em vez de se focarem em si próprios, em insultar uma ex qualquer e em
concentrarem-se no próprio umbigo – ou pulso – estes jovens carregam uma forte
mensagem política e ambiental com indícios de terem estudado alguns capítulos
do manual de instruções dos Rage Against the Machine.
O que causaria e permitiria isso? São mesmo os
Enter Shikari indivíduos com mentalidade e ambição suficientes para serem das
bandas mais suportáveis, aceitáveis e porque não gostáveis do cenário? Será por
serem Britânicos e são os ares Europeus que extraem algo melhor de um grupo
como este? O que seja, tem estado a resultar.
Este “A Flash Flood of Colour” tinha os componentes
necessários para elevar a banda de estatuto e também mais alguns capazes de
polarizar. Entre o último disco e este houve uma ascensão do Dubstep que parece
ter caído nas graças de várias bandas que têm ideias a rolar na cabeça. Os
Enter Shikari, que sempre utilizaram elementos electrónicos na distinção da sua
música, decidiram abrir também as portas ao género modístico mas fazem-no de
uma forma mais inteligente de maneira a que não nos afogue no ruído por que se
conhece o estilo – pelo menos não soa a epilepsia – e mais parece apenas um desenvolvimento
dos elementos electrónicos já habituais na banda. Para completar a ideia de que
os jovens Ingleses sabem o que fazer sem cair no “Same Old BS” acrescentam-lhe
os riffs e vocais agressivos dignos de abanar cabeças e corpos, mas sem fazer o
breakdown que todos fazem. Sim, porque andam muitos a tocar o mesmo breakdown
aparentemente.
A descrição da música já não é estranha para quem
conhece a banda, o que indica que não se reinventaram, mas certamente que
enriqueceram. Temas como “Sssnakepit” ou “Gandhi Mate, Gandhi” transportam uma
forte veia de protesto político, assim como “Arguing with Thermometers” – uma das
que mais realça a parte Dubstep – que cospe uma mensagem ambiental poderosa
acerca do problemático aquecimento global. E quando o disco se abranda em “Stalemate”,
não significa que abrande a mensagem e o espírito revolucionário, até pelo
contrário. Musicalmente, apenas se opõe em termos enérgicos a “…Meltdown” que
põe já de imediato a juventude aos saltos, mas ambos os temas se encaixam no
mesmo sítio. “Search Party” é o que aqui se pode distinguir como sendo um tema
mais “rádio friendly”, enquanto que “Warm Smiles Do Not Make You Welcome Here”
e o seu refrão fácil são mais direccionados a um público pronto a cantá-lo de
pulmão cheio. Abranda com temas simples sem factores destacáveis até ao final
em “Constellations” que acaba em nota alta, dividindo a faixa em parte calma e
parte agressiva com a crítica político-social presente em todo o tema.
Mesmo que seja um disco sério e reflectivo não
indica que a banda não seja estritamente séria e ainda desliza alguns momentos
humorísticos pelo meio do disco, safando-se com um “Yabba-Dabba-Doo” no meio de
“Gandhi Mate, Gandhi” e com uma espécie de imitação humorística de Louis
Armstrong no final de “Sssnakepit”.
Mas com tudo isto não quero dizer que os Enter
Shikari sejam a salvação de todo o Post-Hardcore nem acho que só por meterem
electrónica pelo meio é que se distinguem. Da mesma forma que soam mais refrescantes
a uns, podem passar completamente ao lado a outros. E quer se associem ainda ao
género adolescente ou se emancipem dele, enquanto levarem esse rótulo às
costas, ainda se pode afirmar que são das melhores e mais singulares bandas que
lá se pescam…
Avaliação: 8,4
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