Artista:
The Beatles
Álbum:
Please Please Me
Data de lançamento: 22 Março 1963
Género:
Rock and Roll
Editora: Parlophone
Lista de faixas:
1 –
“I Saw Her Standing There”
2
– “Misery”
3
– “Anna (Go to Him)
4
– “Chains”
5
– “Boys”
6
– “Ask Me Why”
7
– “Please Please Me”
8
– “Love Me Do”
9
– “P.S. I Love You”
10
– “Baby It’s You”
11
– “Do You Want to Know a Secret”
12
– “A Taste of Honey”
13
– “There’s a Place”
14
– “Twist and Shout”
Sabem aqueles joguinhos do “amigo secreto” ou lá o
que é, em que se mandam cartas e/ou prendas a um amigo em anonimato? Também já
tive que fazer um na escola e até nem lhe achava muita piada. Lá andei eu a
mandar cartas anónimas a quem me calhou e depois no final da brincadeira,
comprar uma prenda suficientemente boa para aguentar pelo menos o resto da
manhã sem ir parar ao lixo.
A brincadeira era engraçada, mas nunca cheguei a ter
assim tanto gosto naquilo. Foi no dia final do joguinho em que se revelavam as
identidades e se davam as prendas e no meio de prendinhas modestas, doces, e
outras coisas mais jocosas alguém tinha tido a ideia de levar um vinil do “Please
Please Me” dos Beatles. E não é que aquela relíquia com tão agradável cheiro a
velho e com um aspecto gasto que só o tornava mais belo era para mim. De repente
aquela brincadeira da qual eu não era assim grande fanático, fez com que
valesse a pena escrever cartas para outra pessoa com letra incógnita e às vezes
até, ilegível.
O disco aparentemente tinha sido retirado da
colecção pessoal do pai à socapa. Ou seja, estou sujeito a um dia destes ter o
homem à minha porta a fazer-me uma espera. Isso não se faz. O que também não se
faz é dar a um gajo como eu uma prenda num jogo que se baseava em ninharias,
tal presente que seria o equivalente a dar-me uma fortuna gorda em dinheiro – e
não me refiro propriamente ao valor que isto pudesse ter se eu o vendesse que
tal ideia eu não ponderaria sequer.
Agora graças a esse momento de confraternidade
entre uma turma muito conflituosa – mas que no fundo todos se adoram – tenho guardada
e estimada uma cópia em vinil do “Please Please Me”, álbum de estreia de uma
das mais míticas bandas a alguma vez existir, os Beatles. Foi de um joguinho
que saiu a colecção de hits simples mas intemporais como “Love Me Do”, “Please
Please Me”, “P.S. I Love You” ou “Twist and Shout” que hoje orgulhosamente
junto à minha modesta colecção – muito modesta mesmo, isto de viver na era
digital e de não ter grande dinheiro dá nisto.
Quanto ao álbum em si há pouco a dizer, mas também
se dispensa qualquer apresentação. É verdade que ainda não tinha iniciado a
fase mais genial dos Beatles, e ainda faltava para o estrondo psicadélico de “Revolver”,
o experimentalismo de “Sgt. Pepper’s Lonely Hearts Club Band”, a variedade de
um “White Album” ou a seriedade e maturidade de “Abbey Road” mas foi aqui que
se começou tudo.
As canções são todas muito curtas e directas e
nenhuma delas chega aos 3 minutos, com algumas delas não chegando sequer aos 2,
mas são do tipo de canções que definiram o conceito que conhecemos de hit, as
melodias facilmente ficam agarradas ao ouvido, mantêm todas um “feeling”
bastante alegre e causam o bater de pé involuntário enquanto se ouve a música
fácil de ouvir, de gostar e que qualquer um consegue apreciar.
Foi com isto que se criou praticamente o conceito
de banda que conhecemos hoje, com o colectivo a escrever os temas e a
interpretá-los – previamente o que predominava era o tipo de bandas de líder e
banda de suporte – e é feito de tal forma que sobrevive a qualquer moda, a
qualquer época e define o que é a música intemporal. Tanto se ouviu isto na
altura e se ficou agradado como pode ser ouvido a qualquer altura e a sua
influência é inegável: dali em diante, muitos mais fizeram disto e seguiram
este conceito, mas na altura não era do mais comum.
Como já disse antes, não é o álbum mais complexo
da banda, até pelo contrário deve ser o menos. Não foi inovador como os outros
e a sua inovação baseou-se noutros factores de simplicidade e são as várias
imperfeições que o tornam perfeito. E o principal de tudo, foi aqui que começou
uma lenda sobrevivente de infinitas gerações. E mais uma vez agradeço a quem me
ofereceu este tesouro.
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