Artista:
Bless the Oggs
Álbum:
It All Starts with a Seed
Data de lançamento: 2012
Género: Metalcore, Hardcore melódico
Editora: Independente
Lista de faixas:
1
– “It All Starts with a Seed (Intro)
2
– “Reprint Yourself Tonight”
3
– “Deliver”
4
– “We All Take Different Paths”
5
– “This Is Our Last Night”
6
– “Hate Days Later”
7
– “Comaprison”
8
– “Walls of Truth (We’ve Built This Fire)”
9
– “For Only Those Who Dare to Fail”
10
– “A Cold Day in December”
11 – “This Charming War”
Não são muitas as vezes que incluo por aqui bandas
nacionais estreantes em geral ou só na longa duração, mas quando o faço nunca
posso ter o intuito de deitar abaixo – barreira anti-oposição por eu já o ter
feito antes. Estes são os casos em que tem que se olhar aos pormenores e ter em
conta a maturidade da banda, para analisar um impacto no futuro. Se depois
disso, ainda não atinarem, então que se mandem para baixo de Braga.
Não estou a incluir estes Bless the Oggs nesse
exemplo, quando nem parece haver grande defeito crucial a apontar a não ser um
género que vai fazer torcer narizes de uma parte da população. Mas isso já é a
entrar em subjectividades do povo, há que ter em conta como tocam nos ouvintes
que apreciam disto. E situá-los no mercado do género.
Apesar de se sentir a saturação do Metalcore/Hardcore
melódico a nível internacional, a nível nacional o que tem vindo a fazer-se
sentir com mais força normalmente é um Thrash moderno que se roça facilmente
nas raízes Core ou então um puro Hardcore mais nu. No entanto com a ascensão
notável de bandas como More Than a Thousand e Hills Have Eyes, talvez a frincha da porta para que
entre uma onda de bandas a abordar este som esteja mais aberta.
Logo, para já, este jovem quinteto Lisboeta tem espaço
para manobrar o carro e tem um posto confortável onde estacionar. Agora só
falta saber se têm o que é necessário para evitar a estagnação e se têm os
requisitos necessários para evoluir, ou seja, manter o carro estacionado no
mesmo posto por muito tempo sem correr qualquer risco de serem rebocados.
Felizmente, nota-se bastante potencial na banda no que diz respeito à escrita
de canções. Um ponto de onde se retira esta conclusão facilmente: no que toca a
escrever melodias, este grupo Lisboeta não brinca.
Não é tarefa fácil ficar indiferente a cada refrão
que a banda atira aqui para o meio da agressividade mais crua e berrada, com
ideias suficientes para distribuir ao longo de todo o disco sem que se sinta
ali algum forasteiro menos inspirado, inserido ali à força para encher. Isso
não, os Bless the Oggs constituem um disco com canções directas mas todas com a
mesma complexidade, para que se consiga desfrutar do registo como um todo em
vez de dispersar favoritos.
E é o factor que mais se destaca, mesmo que não
tenha necessariamente que se desprender a atenção à impecabilidade do grupo em
abordar os seus instrumentos e em saber administrar bem o balanço entre a
agressividade mais Hardcore e faceta mais “melosa” do Metalcore. Logo, mesmo
que sejam temas simples e directos – e cuja estrutura não vai agradar a uma
significativa porção da população da pesada – são temas inteligentes e
cuidados. E claro, volto a mencionar, porque não há como deixar passar ao lado:
muito bom olho/ouvido para a escrita de refrães peganhentos que bem requerem
que se malhe ao vivo.
Estratégias: não deixar que o disco se prolongue
durante demasiado tempo, correndo o risco de gastar a fórmula e começar a
fartar. Bem trabalhado com o tempo ideal para que ao final do disco ainda se
tenha a mesma energia que ao início, sem que se esteja já farto de ouvir “gritaria”
inter-semelhante. O uso bem distribuído de factores diferentes que agradem ao
seu povo-alvo – o tal balanço entre a crua agressividade e a melódica
suavidade. E é verdade que há muitas bandas a fazer isso.
Como conclusão, espera-se pelo futuro dos Bless
the Oggs, afinal de contas, de agora para a frente, é só amadurecimento que há
para aparecer. Esperemos pela evolução que se desenrolará em futuros discos,
que tanto está implícita nestes onze temas aqui apresentados como é
obrigatória. Ainda soa com tudo no sítio. Para quem não fica agradado com este
estilo, apenas lhes fica a tarefa difícil de retirar as melodias dos refrães da
cabeça… De todas, praticamente…
Avaliação: 6,9