sábado, 15 de janeiro de 2011

[Clássico do Mês] Alice Cooper - Love It to Death


Artista: Alice Cooper
Álbum: Love It to Death
Data de lançamento: 12 Janeiro 1971
Género: Hard Rock, Garage Rock, Heavy Metal, Rock Progressivo, Shock Rock
Editora: Straight Records, Warner Bros. Records
Lista de faixas:

1 – “Caught in a Dream”
2 – “I’m Eighteen”
3 – “Long Way to Go”
4 – “Black Juju”
5 – “Is It My Body”
6 – “Hallowed Be My Name”
7 – “Second Coming”
8 – “Ballad of Dwight Fry”
9 – “Sun Arise”

Ousadia, genialidade, controvérsia, influência. Apenas exemplos de palavras que nos vêm à mente quando pensamos no Sr. Alice Cooper, um senhor que decide levar a sua carreira com nome de mulher. Também levou a sua carreira através da construção de geniais álbuns icónicos, míticos e marcantes da geração, a criação de um estilo de Rock teátrico e chocante, e com a sua habilidade de escrever as suas tenebrosas e macabras histórias de terror sádicas, que por vezes gostava de inserir em álbuns conceptuais – veja-se o caso do mais recente “Along Came a Spider”. Em 1971, com o seu “Love It to Death”, Cooper e a sua banda que levava o mesmo nome ainda davam os seus primeiros passos e este era ainda o terceiro álbum, apenas. Os gigantes “Killer”, “School’s Out” e “Billion Dollar Babies” viriam depois, mas foi com “Love It to Death” que o “monstro” se começou a desenvolver de forma notável. A sua ousadia valeu-lhe bastantes repreensões e olhares de lado de pais mais conservadores que consideravam a sua arte imoral. A capa do álbum mereceu uma censura pelo escandaloso dedo de Cooper a sair-lhe da braguilha das calças. Demais para aquele tempo. Os seus espectáculos repletos de efeitos especiais, teatro e actos que enlouqueciam alguns da audiência – desde o abuso e desmembração de bonecas à famosa e frequente cena da guilhotina que deve ter enervados uns quantos fãs, quando viram a cabeça de Alice Cooper a ser “cortada” pela primeira vez. Era de facto, um artista à frente do seu tempo, mas repare-se que eu ainda não me referi à música. Então, ele era só um artista de imagem, que mal se lembrava de fazer música inicialmente? Claro que não, se há alguém que sabe acompanhar bem a sua imagem com excelente música, esse é Alice Cooper e a sua banda. “Love It to Death” foi o disco que ofereceu mais exposição da banda ao mainstream, afastando-se um pouco da sonoridade psicadélica e progressiva com que se estrearam e dando passos mais largos no campo do Hard Rock regado com um pouco do recém-chegado Heavy Metal, mantendo ainda traços da sonoridade anterior. Disco que ainda consegueu fornecer à banda o seu primeiro hit a sério, e a sua primeira “signature song”: “I’m Eighteen”. Uma das 4 músicas que eu destaco neste disco, para fazer uma breve descrição muito rapidamente sobre porque é que este álbum é tão bom. “I’m Eighteen” é daquelas canções que marcaram bem a sua geração, com letra escrita directamente ao público, um riff imediatamente reconhecível à sua primeira nota, e que pode dar origem a um grito de guerra, se quiserem: “I’m eighteen and I like it!”, se o souberem dizer com a mesma garra e intensidade que Cooper. De seguida, “Long Way to Go”, é uma das músicas que mais me fica presa, com a sua estrutura simples. O riff é facilmente memorável e consegue ser até, bastante dançável. Refrão básico construído à volta de um verso só, que se torna mais fácil para qualquer um de nós para o cantar enquanto acompanhamos a música, seja em casa a ouvir o disco, ou num concerto a saltar de punho no ar. E a sua influência, porque o seu riff não deixa de me fazer lembrar riffs de bandas recentes de Indie Rock ou dos “revivals” do Post-Punk e do Garage Rock. Posso estar errado, no entanto. “Black Juju”, com os seus 9 minutos de duração é uma das músicas que creio que se aproxima mais da sonoridade psicadélico-progressiva dos 2 primeiros discos. São 9 deliciosos minutos de música enigmática com um toque obscuro. Instrumentalização a salientar. E finalmente, aquela que acho que seja a canção que mais marca o disco, “Ballad of Dwight Fry”, uma balada emocional que passa por introdução “spoken”, com uma voz de criança a perguntar “Mommy, where’s daddy?”, estrutura acústica de canção calma e melancólica, refrão a roçar o épico, com intensidade suficiente para fazer desta uma daquelas baladas arrepiantes, um solo de babar por mais e a perturbadora parte em que Alice grita desesperadamente “I gotta get out of here!” que funciona como cereja no topo do bolo, para ficar uma perfeita “dark ballad”, que pela sua estranheza ao ouvir, se torna tão linda de ouvir. Apenas destaquei estas 4 porque creio que são as que melhor se destacam, porque as outras 5 são óptimas para ter um disco completo e bem preenchido de excelente música. O disco todo em si, ao ser ouvido, funciona como uma esplêndida viagem no tempo, mas de certa forma a manter-se na mesma tão actual, tão fresco, tão belo. É certamente, um fascinante álbum da década de 70 ou até, de sempre. E duvido muito que os fãs de Hard Rock e de Alice Cooper discordem.


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