sábado, 30 de abril de 2011

[Music on Film] U2 Live at Red Rocks: Under a Blood Red Sky

Artista: U2
Filme/Concerto/Documentário: U2 Live at Red Rocks: Under a Blood Red Sky
Data de lançamento: Maio 1984
Género: Rock, Post-Punk, Rock alternative
Editora: Island Records
Setlist:

1 – “Surrender”
2 – “Seconds”
3 – “Sunday Bloody Sunday”
4 – “October”
5 – “New Year’s Day”
6 – “I Threw a Brick Through a Window”
7 – “A Day Without Me”
8 – “Gloria”
9 – “Party Girl”
10 – “11 O’Clock Tick Tock”
11 – “I Will Follow”
12 – “’40’”

Ainda não eram os enormes U2, ainda não eram uma das maiores bandas ao vivo e até se aventuraram na América onde ainda tinham pouco reconhecimento. Mas tanto com o álbum “Under a Blood Red Sky” como com o respectivo filme “Live at Red Rocks”, primeiros registos ao vivo da banda Irlandesa, que deu para perceber que o grupo de Bono & Ca. não era apenas um grupo comum que ia conseguindo fazer uns discos porreiros de Rock no futuro. Aqueles moços que naquele palco se encontravam estavam a preparar-se para causar um impacto enorme no panorama musical do futuro e estabelecer-se como uma das mais importantes e marcantes bandas de sempre. O filme começa a mostrar o dia chuvoso em que se planeava o concerto e reacções de fãs quanto ao tempo desfavorável. Ninguém queria saber. Todos esperavam o concerto, com chuva ou sem chuva. Semelhante ao caso Português recente, em Outubro de 2010, quando a banda passou pelo nosso país em dias pesados de Inverno - mesmo que fosse no Outono, vocês percebem. A plateia e todos os fãs, apenas esperavam pelo fantástico show que se aproximava, pouco ou nada lhes importava um pouco de chuva. Com o início do concerto, com a música “Surrender” que dá para entender uma coisa para quem vê este filme anos depois de os U2 já se terem tornado gigantes: o palco é ridiculamente minúsculo em comparação aos palcos actuais, mas o espectáculo fornecido pela banda é tão electrizante como os actuais. Para quem veria o filme pela primeira vez ao seu lançamento, apenas poderia esperar para ver o que é que esses jovens Irlandeses guardavam no bolso para o seu promissor futuro. Os factores visuais que mais tarde viriam a fazer parte das suas Tours – algumas como a Zoo TV ou a PopMart são de destacar no que toca a espectáculo visual – não se encontram aqui, mas já se vê uma enorme dedicação e devoção ao concerto por parte da banda, e claro, os momentos mais políticos, que desde bem cedo que vêm a fazer parte do catálogo musical dos U2, com alguns momentos mais de protesto, como é o caso da performance de “Sunday Bloody Sunday”. Alguns poderão já ter visto o excerto de “Sunday Bloody Sunday” sem ter visto o filme, pois é o excerto que canais de música como o Vh1 utilizam para servir de ”vídeo oficial” da música. O show, a música perfeitamente bem tocada, a paixão visível nos membros da banda enquanto trabalham, a interacção de Bono com o público, a loucura daquele público Americano ao receber a banda e até mesmo a paisagem e o clima que ainda serviram para intensificar a performance da banda: tudo isso é o necessário para contribuir para um concerto se poder considerar perfeito. Porque, de facto, não há falhas a apontar ao vermos este filme de quase 1 hora. Nem mesmo a falta de familiaridade do público em relação a costumes de concertos dos U2, como por exemplo continuar a cantar o verso “How long to sing this song?” do refrão de “40” depois de a banda sair do palco. Conta a história que foi o “tour manager” Dennis Sheehan que, escondido, começou a cantar até finalmente ter a adesão de todo o público e causando assim, que a banda regressasse ao palco para o fim definitivo do espectáculo. Mesmo assim, isso conseguiu ser disfarçado na edição do filme e com esse pormenor ou sem ele, das vezes que já vi este documentário, que me fica sempre a sensação de que os U2 ainda estavam em fase de crescimento e já conseguiam fazer concertos perfeitos. E hoje, tanto este filme como o álbum, permanecem como obras-primas e tesouros da discografia dos U2.

Avaliação: 9,2


quinta-feira, 21 de abril de 2011

[Clássico do Mês] Motörhead - Ace of Spades

Artista: Motörhead
Álbum: Ace of Spades
Data de lançamento: 8 Novembro 1980
Género: Heavy Metal, Hard Rock, Rock and Roll, NWOBHM, Speed Metal
Editora: Bronze Records, Mercury Records
Lista de faixas:

1 – “Ace of Spades
2 – “Love Me Like a Reptile”
3 – “Shoot You in the Back”
4 – “Live to Win”
5 – “Fast and Loose”
6 – “(We Are) The Road Crew”
7 – “Fire, Fire”
8 – “Jailbait”
9 – “Dance”
10 – “Bite the Bullet”
11 – “The Chase Is Better Than the Catch”
12 – “The Hammer”

Quando se fala em marcar uma geração, há muitas coisas por onde pegar. O “Ace of Spades” da lendária banda Britânica Motörhead já é um exemplo dos mais óbvios. Por este blog já passaram clássicos pessoais, mas este é um exemplo de um clássico geral, não é só para mim, é para todos. Lançado em 1980, numa altura em que ainda havia muito conservadorismo – a PMRC ainda estaria para vir – andava este grupo Inglês liderado por Lemmy Kilmister – que alguns já conheciam anteriormente dos Hawkwind – a fazer barulho, basicamente. Para desgraça dos ouvidos de alguns e para delícia de outros, mas que o grupo já estava a criar sucesso e a solidificar-se, isso era verdade. Era já o quarto álbum da banda e os 3 anteriores já eram excelentes, inovadores, com boa dose de peso, mas faltava um que estabelecesse definitivamente a banda e também ainda se procurava um hino que se viesse a tornar uma canção “trademark” para a banda. Algo ainda mais forte que as já potentes “Motörhead”, “Iron Fist” ou “Bomber”. E é logo mal o disco começa a tocar que se leva com essa faixa que hoje é indiscutivelmente dos maiores hinos de Metal e que, lá está, como disse anteriormente, marca totalmente uma geração. Ou mais que uma geração, porque tal mítica música permanece tão fresca hoje em dia como no dia em que fez abanar pescoços pela primeira vez, há 30 anos atrás. E daí para a frente não é de baixar o volume, são mais 11 canções repletas de energia e riffadas que não deixam uma pessoa abrandar depois de uma “Ace of Spades”. E como é que isto pode marcar uma geração ou definir um estilo? Os Motörhead fazem parte de um movimento, de uma “onda” se assim lhe pudermos chamar. Mas é óbvio que abordavam a música de maneira muito diferente dos compatriotas co-líderes da tal New Wave of British Heavy Metal. Foi graças à voz única e inigualável de Lemmy que se pode dizer que já não é necessário haver propriamente uma voz limpa para se fazer música. E talvez arrisque dizer que se hoje existem vocais extremas (growls, berros e outros afins) que tenha sido graças à voz raspada de Lemmy. Uma abordagem instrumental mais crua e pesada que as restantes, num som singular que soa a algo como um “Dirty Rock N’ Roll” e pronto, assim se estabelece um estilo de música próprio que tende a ser várias vezes imitado mas nunca igualado. Hoje ouvimos este disco e pensamos de imediato no estatuto enorme da banda e sabemos que estamos a ouvir um tesouro do Metal. Mas questiono-me se na aquela altura quem ouvia o disco pela primeira vez já pensava “Está aqui um clássico” e já sabia que a banda viria a ter um brilhante e icónico futuro…


domingo, 17 de abril de 2011

ECOSROCK - Dia 16 - Paper Lost, Apply Zii, MORG, The Fall of Men, EAK

Depois de bastante agitação no dia anterior, já estava pronto para mais um dia do festival Ecos Rock, realizado na Oliva em S. João da Madeira, como parte do programa da Semana da Juventude. Ao contrário do dia anterior, desta vez não tinha feito os meus “trabalhos de casa” e não pesquisei sobre as bandas nem as ouvi, portanto cheguei ao recinto sem saber com que contar. Desta vez cheguei cedo e muito rapidamente instalei-me no mesmo spot que no dia anterior. O espectáculo começou pouco depois da minha chegada.

O evento abriu com os Paper Lost que traziam uma sonoridade mais leve, mais virada para o Pop Rock. E desde o início que me apercebi de uma coisa. O som estava melhor que no dia anterior. Ao contrário do outro dia, desta vez conseguia ouvir a voz do vocalista da banda e até consegui imediatamente perceber que a banda cantava em Português. Um concerto mais “family friendly” direccionado a um público mais reduzido, mas do qual ainda conseguiu obter admiração e cooperação com palmas rítmicas na música. A “suavidade” do estilo da banda em comparação às restantes ainda se acentuou mais quando apresentaram uma balada ao piano. O show também contou com uma convidada especial num dueto – que eu tinha detectado a sua presença anteriormente atrás de mim – e dou principal destaque ao guitarrista que sabia puxar um bom solo quando necessário. Mais suave e ainda só para aquecer, mas foi um espectáculo giro, com umas melodias bastante interessantes nas músicas.



A malta mais jovem veio depois, quando se preparavam para entrar os Apply Zii. Devido à sua proximidade para com aquele público e também à sua legião local de fãs já favorável, esperava inicialmente que o impacto dos Apply Zii naquele dia correspondesse ao dos InderborN do dia anterior. No entanto, talvez me tenha deixado enganar apenas pela sequência das bandas, porque senti que os InderborN tinham muito mais poder sobre todos aqueles dedicados jovens. No entanto a energia já se sentiu e muitas moshpits partiram de riffadas que os Apply Zii sabiam fazer. No entanto, as vozes dos vocalistas voltaram a desvanecer em relação ao concerto anterior, apesar de vocais mais agressivos. Foi, no entanto, um espectáculo cheio de bastante energia e com uma boa postura em palco por parte dos membros da banda, principalmente do positivamente hiperactivo vocalista.



A seguir já se iam preparando os MORG. Olhando para eles, pareceu-me uma banda diferente das outras. As cabeleiras compridas e as T-Shirts a saudar lendárias bandas como Metallica, Motorhead, Exodus ou Pantera deu-me a entender que a “escola” destes era diferente. E assim que começam a tocar e levo com uma enxorrada de Thrash Metal bem old school, não resisti e deixei-me levar por uma forte sessão de headbang para os deliciosos riffs que esta banda conseguia fazer. Das poucas vezes em que a minha cabeça estava relativamente parada e eu conseguia olhar à minha volta, via que todo o público perto de mim tinha enloquecido. No bom sentido. Talvez a banda que mais tenha conseguido puxar adrenalina do público. E a interacção da banda com esse público também era belíssima. Através da sua postura deu a entender uma coisa: esta banda vive para estar encima dum palco a “rockar” com uns fãs de cabeça à roda. De facto, homens extremamente carismáticos – ainda cheguei a ter uma breve conversa com o guitarrista principal da banda, após o concerto – e talentosos, ficando impressionado com o talento de cada um, desde a fantástica voz – que se ouvia agora – do vocalista aos fantásticos solos do guitarrista que se encontrava mesmo à minha frente. O concerto em que mais vi cabeças descontroladas, em que mais ouvi gritos – por exemplo, num momento de interacção banda-público a meio de uma música – e em que também vi mais “horns” no ar. O concerto em que eu mesmo mais descarreguei energia. E se neste momento me dói o pescoço enquanto escrevo este texto, é graças a eles, mas valeu a pena. E não só ouso dizer que este foi o melhor concerto da noite, como também ouso dizer que foi o melhor concerto de todo o evento.



Cancelamento do concerto dos The Fall of Men, por razões que não me chegaram a ser totalmente esclarecidas. No entanto, depois de um concerto como o dos MORG, um gajo até podia ir para casa satisfeito. Mas ainda havia mais, e o pessoal já se ia preparando para descarregar um bocado mais com os EAK.

Não apanhei o preciso início do concerto dos EAK devido a uma escapadinha minha para procurar algo fresco para molhar o bico, depois de uma descarga de adrenalina no concerto dos MORG. Mas quando voltei ao meu “spot”, já notei que ainda agora o concerto tinha começado e já havia um público doido a criar moshpits e a abanar cabeças ao som do Hardcore – ou Musclecore, para ser mais único – praticado pela banda. Um concerto bastante recheado de riffs potentes e de bastante atitude por parte do vocalista, que de vez em quando lá fazia alguns gestos… estranhos para entretenimento do público. Depois de muito suor e já quase a meio do concerto, os problemas de som no que tocava ao microfone do vocalista começavam a acentuar-se mais, ao ponto de ele não conseguir esconder a sua frustração e reclamar com o técnico mesmo durante a sua performance. Era, realmente, desmotivador, cheguei a ter o vocalista, Paulo à minha frente e não o conseguir ouvir, mesmo notando o seu esforço em fazer-se ouvir. Depois de um show repleto de abanares de cabeças, moshpits e de pouca interacção com o público ao pé do palco, a banda lá se retirou. E depois de muitos assobios – que já se estavam a tornar ensurdecedores, palavra – e de batidas no palco por parte da fila da frente do público, eles lá regressaram para o seu encore. Final do concerto, um despedimento e um agradecimento muito breves para a dedicação dos seus fãs, e acabava assim mais um enérgico show. Também desempenharam um bom trabalho ao fazer jus da sua posição de cabeças-de-cartaz e fizeram um espectáculo muito bom, mas que não conseguiu igualar de maneira nenhuma ao espectáculo da banda Feirense anterior.


No final, e numa reflexão geral, posso dizer que o evento no geral me agradou bastante. Neste último dia, vários pontos positivos a apontar no geral, destacando claro, os MORGMusic of Revolutionary Generation – que me surpreenderam e dos quais rapidamente me tornei fã. Que para o próximo ano venha mais!

 

ECOSROCK - Dia 15 - Soul of Anubis, InderborN, Joseph, Wild Tiger Affair, Crushing Sun

Festival Ecos Rock em S. João da Madeira, como parte da Semana da Juventude, realizado na Oliva. Um bom evento underground com o intuito de mobilizar a população jovem (e não só) que aprecia música de peso, seja ele mais moderado ou mais carregado. Muito bom também para dar a conhecer alguns talentos de garagem e do underground que ainda tenham passado ao lado de alguns.

Como cheguei um pouco atrasado, não tive grande oportunidade de apreciar os Soul of Anubis que abriam o evento. Mas quando entrei no recinto, apercebi-me de que o som não estava no seu melhor. Notava-se a presença de um vocalista, mas mal se ouvia. Uma banda que por acaso soava bem, tinha uns riffs bem feitinhos, mas que não atingia o seu melhor, por quase não se ouvir voz. Banda de abertura, público ainda disperso, já apanhei nos finais e foi durante o show deles que procurei o meu espaço para me instalar a apreciar o espectáculo sem levar um encontrão de algum “mosher” mais entusiasmado. Acabou então um show que denunciava alguns problemas de som e um público ainda em aquecimento.

De seguida, com a entrada dos InderborN em palco, foi quando irrompeu mais vida naquele recinto. Com a sua legião de fãs local já bem estabelecida, desde antes de começar o espectáculo que o público já se preparava a ajudar a banda a tornar do seu espectáculo um dos mais envolventes da noite. À entrada de Ginger Filth o público “enlouqueceu”. E foi então com eles que basicamente começou a noite a sério, com as pessoas finalmente envolvidas e dedicadas ao show. Uma banda já bastante ligada ao seu público-base, foi das que melhor soube interagir com aqueles que os admiram. Foi também a única banda que apostou também no factor visual, com direito a participações breves de bailarinas, lançamento de confetis, banhos de champagne, encorajamento a moshpits, a habitual stage persona de Ginger Filth e de tudo um pouco, verdadeiros “treats” aos fãs. Não sendo dos maiores apreciadores da música da banda, no final apercebi-me que tinha sido dos concertos mais enérgicos da noite e possivelmente um dos nomes mais esperados e ansiados por aquele público.


A seguir foi a vez dos Joseph entrar em palco para expor a sua música ao público. No entanto, para muitos, muita da energia tinha sido investida nos anteriores InderborN e o estilo musical deste grupo instrumental talvez não fosse tão atractivo como os outros. No entanto tratou-se de um show muito bom, mesmo que não houvesse tanta aderência do público, com algumas pessoas estando mesmo, literalmente encostadas ao palco, de costas voltadas aos músicos. Mas era um espectáculo muito bom, música muito interessante com um estilo Drone/Post-Metal experimental bastante interessante e cuja repetição de riffs e prolongamento das mesmas repetições me agradaram. Mas mesmo com muita dedicação que se notava nos artistas, o público aderiu muito menos, havendo apenas alguns abanar de cabeças e uns olhares atentos talvez de alguém mais interessado, mais atrás.



Mais tarde foi a vez dos Wild Tiger Affair apresentar-nos a sua abordagem mais leve e menos barulhenta da música. O público, mesmo que, mais uma vez não estivesse tão entregue ao momento, lá demonstrou o seu respeito e apreciação por uma banda local. Música que dava a entender ser razoavelmente boa, foi afectada também pelos problemas no som que impedia a voz de ser ouvida com claridade. Ia-se aproximando a vinda dos Crushing Sun.



E se ainda havia dúvidas de que o som realmente não estava muito famoso, isso foi evidenciado com a demora tomada pelos Crushing Sun para começarem o espectáculo com constantes arranjos e experiências no som para que o espectáculo corresse como bem lhes convinha. Por momentos estive receoso quanto à quantidade de público que havia naquele momento, estando o recinto quase vazio. Mas à medida que passava o tempo, iam chegando as pessoas e quando o espectáculo começou já os Vila-condenses tinham um público mais recheado totalmente entregue. A fazer jus ao seu estatuto de uma das bandas mais promissoras do Metal nacional, deram um espectáculo deveras enérgico e arrasador. O abanar de cabeças e “horns” no ar viam-se em abundância enquanto os Crushing Sun, verdadeiramente dedicados, interpretavam temas do aclamado “TAO”. Da noite toda, foi o concerto que realmente mais me agitou e que me fez sentir mais integrado em todo aquele público movimentado e emocionado. Voz já audível e um baixo de invejar qualquer aspirante – eu encontrava-me mesmo em frente ao baixista Rui Pinto, que fazia um trabalho fenomenal no seu instrumento. Quando a banda se despediu com o tema “Grey Scent” o público cansado entregou-se ao espectáculo até ao último momento.



No final daquela explosão de energia, posso afirmar que fui para casa satisfeito e destaco no cartaz a presença dos esperados cabeças-de-cartaz Crushing Sun que mostraram o porquê de darem tanto que falar e também dos InderborN que souberam como fazer daquele recinto a casa deles, tendo sido esses os dois pontos mais altos da noite.





sexta-feira, 15 de abril de 2011

Crushing Sun - TAO

Artista: Crushing Sun
Álbum: TAO
Data de lançamento: Junho 2010
Género: Thrash Metal, Death Metal melódico
Editora: Major Label Industries
Lista de faixas:

1 – “Rain”
2 – “Cantilever”
3 – “The End”
4 – “Jane’s Trail”
5 – “T. Hatcher”
6 – “12379 Seconds”
7 – “Love”
8 – “20 to 22.000 Hertz”
9 – “37º+ Celsius”
10 – “Grey Scent”
11 – “Strip and Deceit”

“TAO” dos Crushing Sun. Um álbum que anda, de facto, a dar que falar. Banda portuguesa oriunda de Vila do Conde que já começa a dar os primeiros passos na sua internacionalização, tendo recebido boa recepção também além fronteira. Poderia ser mais marcante no panorama pesado mundial, se tivesse saído de um dos países “grandes” da indústria do Metal. Mas para já, há mais que razões para sentir orgulho no excelente trabalho que este grupo nacional tem. Ainda mais sabendo que se trata de um álbum de estreia que já se demonstra tão seguro e tão maduro como se esta banda já cá andasse a fazer disto há muitos anos. O que aqui se encontra é um bom Thrash Metal com influências de Death Metal e de algum Hardcore, numa bem pesada quantidade. Temas bem fortes que já prometem lentamente criar hinos de concerto para que o público se entregue a cada uma das melodias agressivas. Até lá, o abanar de pescoço é garantido. Com uma base de comparação já assente nos Gojira, já é possível perceber que estes Crushing Sun não brincam em serviço e já conseguem arrecadar umas quantas comparações – no sentido positivo e não no sentido deteriorativo de acusação de rip off – a uma banda veterana de alto calibre. No entanto, este quarteto consegue estabelecer um estilo próprio e criar um passo importante no desenvolvimento do Metal em Portugal. Já conseguem utilizar moldes musicais para a criação de um som que se torne próprio, singular e que não caia no vulgar. Mesmo que os vocais sejam algo do mais usual que há por aqui, estão muito bem trabalhados e estão perfeitamente adequados ao resto. O instrumental ainda é do que mais gozo dá ouvir. A bateria “possessa” obriga o pescoço a mexer-se e os riffs são daqueles bem “carregadinhos”, daqueles que caem bem no ouvido do fã de peso que nem um doce. Melodias violentas mesmo que ainda consigam manter os seus níveis de “catchy” como em “Jane’s Trail” e a administração de estilos que permite que se afastem de qualquer tipo de semelhança a outra banda nacional ou internacional. Não foi à toa que este “TOA” constou em inúmeras listas de melhores álbuns nacionais de Metal…

Avaliação: 8,8


quinta-feira, 14 de abril de 2011

Finntroll - Nifelvind

Artista: Finntroll
Álbum: Nifelvind
Data de lançamento: 17 Fevereiro 2010
Género: Folk Metal, Black Metal
Editora: Century Media
Lista de faixas:

1 – “Blodmarsch (Intro)”
2 – “Solsagan”
3 – “Den Frusna Munnen”
4 – “Ett Norrskensdåd”
5 – “I Trädens Sång”
6 – “Tiden Utan Tid”
7 – “Galgasång”
8 – “Mot Skuggornas Värld”
9 – “Under Bergets Rot”
10 – “Fornfamnad”
11 – “Dråp”
12 – “Under Dvärgens Fot”

Facto: Os Finntroll já são das maiores bandas de Folk Metal. Tal como Korpiklaani, Eluveitie ou Turisas já se sobressaem no género e estes Finntroll são dos que mais se destacam, considerados por alguns um patamar acima de alguns dos já mencionados anteriormente. E outro facto: São uma banda bem pesada mas também divertidíssima de se ouvir. Um exemplo de uma banda que sabe bem trabalhar a sua parte de peso com um bom Black Metal do polido mas extremo a arreganhar bem as colunas, mas também ao trabalhar a sua parte Folk consegue proporcionar-nos momento enérgicos, divertidos e até dançáveis. É essa a fórmula que lhes deu fama entre os fãs do género. E sendo já veteranos e sendo este já o sexto álbum de originais da banda, eles já sabem mais que perfeitamente o que é necessário para fazerem um bom novo álbum. E são daquelas bandas que no avanço da sua discografia nota-se o seu estilo próprio ao qual se agarram e uma progressão, um crescimento, a capacidade de tratarem o estilo como seu e fazer dele o que bem querem para que melhor resulte. Portanto este “Nifelvind” é um disco que se mostra simplesmente como um passo em frente, a continuação da evolução da banda. Mais um trabalho que demonstra essa progressão. E se os Finntroll são uma banda já bem pesada mas também bastante folclórica, dá-me a impressão que neste disco, tanto lhe acrescentam um pouco mais de peso como também um pouco mais de folclore. Tanto dentro das músicas, como de música para música. Por exemplo, em “Solsagan” o que nos salta primeiro é uma boa riffada que nos levanta do banco, antes de entrarem os elementos folclóricos – mais evidenciados e aprofundados no refrão dessa música. Já em “Ett Norrskensdad” o que vem primeiro são os sons tradicionais folclóricos a introduzir-nos para uma música que vai saber misturar bem o Metal extremo com o Folk. E já por um outro lado “Galgasang” é uma faixa mais calma, uma balada acústica, para descansar de toda a energia descarregada no impacto causado pelas enérgicas canções anteriores e para preparar para as que se seguem. Uma exploração em novos instrumentos tradicionais aqui, uma puxadela para os campos de peso em melodias e riffs agressivos mais forte ali e se virmos bem, trata-se apenas de um disco que uma banda do já alto calibre dos Finntroll têm que fazer. Abraçar bem o seu estilo e moldá-lo, dar quantas voltas necessárias nele para que se mantenha ainda fresco a evitar a previsibilidade a cada novo registo. O que se pede a uma banda experiente já com uma longa carreira. Um bom álbum por parte de uma boa banda… E que já lhes acaba por sair espontaneamente…

Avaliação: 8,0


Darkkirchensteuer - Der Wixer Mixer

Artista: Darkkirchensteuer
Álbum: Der Wixer Mixer
Data de lançamento: 2004
Género: Black Metal, Paródia/Comédia
Editora: DKS Empire Records
Lista de faixas:

1 – “Intro”
2 – “Rabe”
3 – “Zombai”
4 – “Wolves, Witches… Midnightparty!”
5 – “Ultimatum 666”
6 – “Leb Doch Selber!”
7 – “Pervert Pagan Penetration”
8 – “Sehnsucht”
9 – “Death in Pfeffer (Live)”

Por vezes o Black Metal do mais cru tem tendência a causar muita confusão. Por vezes chega a pontos que já nem se sabe quando é que é suposto ser sério e quando é que é paródia. Quando vemos por vezes aqueles projectos realmente crus e (im)puros, o verdadeiro trve, kvlt e grim… Deparamo-nos muitas vezes com coisas ridículas, é verdade. Basta ver uns quantos vídeos ou sessões fotográficas dos Immortal, que mesmo sendo excelentes músicos, na parte visual é fácil demais gozar com eles. Então, quando é que uma banda/projecto de Black Metal é uma paródia propositada? Há casos óbvios como os Morbid Anal Fog por exemplo e estes (ou este) Darkkirchensteuer também, depois de uma mais breve análise do seu trabalho, também se detectam facilmente como sendo principalmente de gozo. O vídeo de “Leb Doch Selber” é, sem sombra qualquer de dúvida, ridículo. Uma paródia óbvia. Ou não tão óbvia quanto isso se tivermos em conta outros maravilhosos vídeos como o “The Call of the Wintermoon” dos Immortal ou o “Gava Fran Trulen” dos Arckanum. A paródia é mais detectável no conteúdo, basta olharmos para alguns dos títulos, pois análise da letra torna-se um pouco difícil com aqueles berros semi-aleatórios que são ali arremessados. Ah sim, claro e o facto de o líder deste projecto utilizar o nome Beafsteak. Pronto, já é óbvio. Mas se não estivermos a prestar atenção a isso e apenas ouvirmos o disco em si, vai tornar-se difícil de rotularmos de imediato isto como uma paródia. É música de fraca qualidade propositada, com um som cru e 0 de investimento em produção e arranjos. As guitarras são bem arranhadas e estas podem-se dizer que fazem realmente barulho. Aqueles vocais berrados a arranhar de quem grita desesperadamente no meio da floresta, com a quantidade certa de eco e mudanças de volume. A bateria é apenas uma batida rápida a acompanhar tudo o resto. De vez em quando as músicas param para dar lugar a partes mais calmas onde se ouve uma voz limpa cómica, de homem com prisão de ventre, por vezes com um grito agudo a sair lá de trás repentinamente. Já uma denúncia de que isto não é para ser levado a sério. Mas se analisarmos tudo isso, e pensarmos nas bandas amadoras underground do Black Metal, que desprezam o mainstream e que querem o som cru e mal feito porque esse sim é o bom para eles… Não são muito diferentes disto. Admito, de vez em quando gosto de ouvir assim essas obras de Black Metal cruas e até mesmo este álbum é divertido de se ouvir por vezes. Mas por vezes, tanto preocupação em “grim” começa a atingir proporções ridículas. E este “Der Wixer Mixer” deste projecto Darkkirchensteuer captura bem isso. Tão bem, que até é capaz de apanhar uns quantos trves e fazê-los pensar que isto sim, também é do melhor que há. Mesmo que o propósito seja fazer pouco disso. Mas pronto, quando chega àquela “Death in Pfeffer” ao vivo, talvez se perceba que afinal isto não é muito de confiança, a começar pela maneira como o Sr. Beafsteak (achei que seria giro dizer o nome dele assim) grita “Black Metal!” ao início. E a aleatoriedade de toda a música. A bateria… Eu não queria dizer que estão a bater tachos porque não sei, mas que a ouvir aquilo, parece-me ouvir talheres ali pelo meio, lá isso parece. Mas resumindo tudo isto, seja ou não Trve Kvlt Black Metal, o certo é que isto é um disco muito mau. Mas a intenção é mesmo essa. E um gajo até se vai divertindo a ouvir isto.

Avaliação: 5,1


quarta-feira, 13 de abril de 2011

Eric Clapton - Clapton

Artista: Eric Clapton
Álbum: Clapton
Data de lançamento: 27 Setembro 2010
Género: Blues Rock
Editora: Reprise Records
Lista de faixas:

1 – “Travelin’ Alone”
2 – “Rocking Chair”
3 – “River Runs Deep”
4 – “Judgement Day”
5 – “How Deep Is the Ocean”
6 – “My Very Good Friend the Milkman”
7 – “Can’t Hold Out Much Longer”
8 – “That’s No Way to Get Along”
9 – “Everything Will Be Alright”
10 – “Diamonds Made From Rain”
11 – “When Somebody Thinks You’re Wonderful”
12 – “Hard Times Blues”
13 – “Run Back to Your Side”
14 – “Autumn Leaves”

Se há artista que pode simplesmente manter-se confortável e sem pressão para a preparação de um novo álbum, esse artista é Eric Clapton. O seu legado, o seu rico currículo, a sua larga influência geral faz com que se torne praticamente impossível que um artista com tal grandeza venha algum dia a fazer algo mau sequer. Portanto um disco acaba por ser sempre bem recebido, seja qual for a abordagem e sonoridade que ele escolha. Aqui temos precisamente um disco “confortável” como havia dito anteriormente, que não se aventura por grandes caminhos, não arrisca em algo exclusivo, não procura riffs excepcionais para se juntar ao riff de “Layla”, nem tenta fazer algo que lembre trabalhos dos Cream ou dos Derek and the Dominos. Apenas um novo e calmo registo de canções de Blues com largas influências de Jazz. Eu até lhe chamaria um “disco de se fazer sentado”, mas nem sei sequer se a expressão faz algum sentido. O que existe aqui são melodias simples, as habituais covers às quais Eric Clapton não é estranho na sua discografia, temos a guitarra de “marca Clapton” mesmo que não haja aqui nada de muito fenomenal. Existe uma boa composição nos temas para que haja Blues, mas sem ser estritamente um disco puramente de Blues, existem largos toques de Jazz, mas de modo a manter os Blues, há uma calma e uma suavidade que não se alargam ao ponto de fazer um disco aborrecido e sonolento. Semelhanças entre as canções apenas para manter um fio condutor, porque as músicas são todas absolutamente diferentes. Afastam-se totalmente de qualquer tipo de estrutura Pop, mas tão facilmente podem ser dançadas ou cantaroladas. O único que possa estar aqui mal administrado é o tempo, pois talvez um disco mantendo-se neste ritmo alargar-se por uma hora seja algo maçador. Mas duvido que um verdadeiro fã de Clapton ouça este disco e a determinado momento achar “OK, então, já chega”, portanto o que se podia considerar menos positivo é perfeitamente passável e perdoável. É um disco extremamente simples de facto, não impressiona ninguém. É relativamente diferente de alguns trabalhos mais antigos de Clapton, mas não algo excepcional. É um bom disco, mas não só para fás femininas de meia-idade que se derretam com a “Wonderful Tonight” ou com a “Tears in Heaven”. O disco funciona bem para qualquer apreciador de música e qualquer verdadeiro fã do trabalho de Eric Clapton. Como dissera anteriormente, já não precisa de muito para brilhar agora, já atingiu um brilho permanente ao longo dos anos de carreira.

Avaliação: 7,9