terça-feira, 24 de janeiro de 2012

Alesana - A Place Where the Sun Is Silent



Artista: Alesana
Álbum: A Place Where the Sun Is Silent
Data de lançamento: 18 Outubro 2011
Género: Post-Hardcore, Screamo
Editora: Epitaph Records
Lista de faixas:

1 – “The Dark Wood of Error”
2 – “A Forbidden Dance”
3 – “Hand in Hand with the Damned”
4 – “Beyond the Sacred Glass”
5 – “The Temptress”
6 – “Circle VII: Sins of the Lion”
7 – “Vestige”
8 – “Lullaby of the Crucified”
9 – “Before Him All Shall Scatter”
10 – “Labyrinth”
11 – “The Fiend”
12 – “Welcome to the Vanity Faire”
13 – “The Wanderer”
14 – “A Guilded Masquerade”
15 – “The Best Laid Plans of Mice and Marionettes”
16 – “And Now for the Final Illusion”

Do outro lado do Atlântico, existem várias bandas do movimento Post-Hardcore/Metalcore/Scenecore/Muitacoisacore com uma vasta base de fãs. O género em si, pende para as inter-semelhanças, mas de quando a quando vai sempre aparecendo uma banda nova que parece já pedir a abertura de alas para se instalar no topo como as bandas do momento. O problema destas bandas de “Rock de eyeliner” é que parecem estar encaminhadas para se encurralarem num género sem saída e reviverem algo semelhante ao Nu Metal.

Já existem algumas bandas que já andam a dar voltas à música para evitar o trambolhão. Muitas largam os berros e os breakdowns para não se associar tanto a um género que ao pegar moda da forma que aconteceu, habilita-se a ter os dias contados. No caso destes Alesana, é aparente que já desde os seus inícios que não têm medo de colocar novas propostas por cima da mesa e isso nota-se ainda mais quando trazem ao mundo um trabalho tão ambicioso como o “A Place Where the Sun Is Silent”. Mas conseguiria encher completamente as medidas de tal ambição?

Álbuns conceptuais já não são estranhos para a banda e neste não pensam menos em grande ao inspirar-se em poesia de Dante. Quer se sinta demasiado a veia infanto-juvenil na música do grupo, não parece haver para já como negar o potencial na escrita lírica e na composição de melodias. O novo investimento parece ser na própria música quando se lhe tenta dar um toque progressivo e com novos arranjos à coisa. Aposta-se em elementos sinfónicos. Aposta-se em coros infantis e até no uso de trompas há interesse. Tinha de tudo para enriquecer.

No entanto, por muito bem-intencionados que fossem esses elementos, acabam por ser algo em vão, quando o ponto de foco acaba por ser o habitual: os duetos limpos/berrados que os dois vocalistas costumam partilhar. E mesmo assim, parecem ter “amolecido” um pouco e dar menos destaque aos vocais berrados – sempre foi algo que se sobressaía, os berros eram mais extremos que os usuais – e o ponto fulcral parece ser mais à volta da voz limpa de Shawn Milke e até dos vocais femininos convidados de Melissa Milke.

Logo, teremos canções feitas à base das melodias mais Pop e com o tom de “Sweetcore” como alguns lhe gostam de chamar. Ou seja, facilmente se confundiria com outra banda de Pop Punk fora os berros e as guitarras mais fortes – os dois géneros cruzam-se cada vez mais e já nem parecem primos directos, já devem ser mesmo irmãos e daqui a nada gémeos. Não nego, de maneira nenhuma, o impacto das melodias e dos refrães que se podem encontrar em alguns temas como “A Forbidden Dance”, “Beyond the Sacred Glass”, “Circle VII: Sins of the Lion” ou “A Guilded Masquerade”. Mas também acrescento que existem várias canções que não parecem ter muito para se entranhar.

Mas entra de novo o factor da ambição que precedia a confecção deste disco. Ao fim e ao cabo, acabou por não se sobressair muito em relação à restante discografia e até às restantes bandas do movimento. E se os Alesana tinham vontade de contornar os problemas à volta do género estagnado, parece que ainda vão ter que trabalhar um pouco mais.

Não digo que não haja aqui instintos inovadores, porque há, e se os Alesana pretendem sobreviver após uma possível queda do Post-Hardcore/Screamo como ele tem soado ultimamente, ainda parecem ter genica para dar o salto – factores como os vocais berrados e a inspiração lírica parece afastá-los do “same old”. Mas o disco para o investimento, vontade e, lá está, volto a repetir-me, ambição que tinha, pode muito bem configurar lado a lado com muitos outros discos de Post-Hardcore/Screamo que se façam por lá.

Mas para quem ainda for fã dedicado não há porque desiludir. E se os Alesana ainda conseguirem pôr uns quantos jovens a ler poesia clássica, então ainda vem por bem…

Avaliação: 6,2


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