sexta-feira, 20 de janeiro de 2012

Nightwish - Imaginaerum



Artista: Nightwish
Álbum: Imaginaerum
Data de lançamento: 30 Novembro 2011
Género: Metal sinfónico/gótico, Power Metal sinfónico, Folk Metal
Editora: Nuclear Blast, Roadrunner Records
Lista de faixas:

1 – “Taikatalvi”
2 – “Storytime”
3 – “Ghost River”
4 – “Slow, Love, Slow”
5 – “I Want My Tears Back”
6 – “Scaretale”
7 – “Arabesque”
8 – “Turn Loose the Mermaids”
9 – “Rest Calm”
10 – “The Crow, the Owl and the Dove”
11 – “Last Ride of the Day”
12 – “Song of Myself”
13 – “Imaginaerum”

A construção e o “teasing“ à volta da criação deste novo álbum dos Nightwish criavam expectativas para algo de muito grandioso. Alguns mais cépticos ainda se mantinham de pé atrás, ainda sem confiança total em Anette Olzon. Outros esperavam que viesse daí o derradeiro álbum que representasse esta nova fase da banda na perfeição.

A ambição deste registo ficou bem acentuada quando se noticiou a realização de um filme com o álbum a funcionar como banda sonora. Isto permitiu a Tuomas Holopainen poder criar uma obra-prima conceitual com a ideia de um filme na cabeça. O termo “Disney Metal” já tivera sido atribuído várias vezes à banda, mas agora o compositor do grupo tinha mais asas para realmente criar uma banda sonora de um filme de fantasia.

Após os 75 minutos – que passaram num instante – em que se ouve este disco não parece haver um único defeito a apontar em todo o decorrer do épico registo e se haviam falhas a apontar anteriormente, aqui terá que cavar muito fundo para as encontrar. A não ser que ainda estejam em fase de birra por já não haver Tarja – certamente que é menos difícil de ultrapassar os problemas para a banda do que para os fãs, porque eles já seguiram em frente.

Em termos de letras, este pode-se dizer que seja um disco mais livre e com uma fonte diferente, para Tuomas que prefere o tom fantasioso e encarnação de uma personagem à exploração de emoções pessoais para construir as suas composições épicas. Em termos instrumentais temos mais uma vez aquela dose gorda de orquestras que por vezes ofuscam o lado pesado das canções e que torna debatível a categoria onde se inserem. Basta um pouco de raciocínio e ouvido desperto para chegar à conclusão que os Nightwish simplesmente se integram na categoria “Nightwish”.

A forma como todas as canções se encaixam umas nas outras, mesmo envolvendo tantas influências e géneros diferentes também é digna de uma impressionada vénia. Aquele Power Metal sinfónico que contém nos alicerces da banda desde o seu início e aquela veia gótica que também os tornava identificativos anda por aqui na mesma – abordado daquela forma que a banda Finlandesa bem sabe e que se consegue afastar do “standard”. Mas ainda se realçam bem as passagens Folk, experiências com Jazz, a exploração melódica mais Pop/Rock, etc. Ao todo, em vez de aquela comum estrutura de Metal sinfónico que predomina em muitas bandas do género, fica mais uma obra invejável, como li, que passaria por uma banda sonora de algum filme de Tim Burton.

 E mais um dos pontos que aqui existe para se aclamar é o trabalho da voz. Vozes, melhor dizendo. Em primeiro lugar, de Marco Hietala, que cada vez mais tem vindo a engrandecer a sua participação vocal nos trabalhos da banda e já é uma peça indispensável. Por segundo, também tem que se reconhecer um excelente trabalho por parte de Anette Olzon. Mesmo que não queiram dar o braço a torcer que ninguém vos obriga, mas Anette já está mais que integrada na banda, trabalha com um conforto como se já fizesse parte da banda desde sempre e tem um desempenho impecável numa obra escrita já intencionalmente para a sua voz. Consegue chamar a atenção e consegue um trabalho vocal bastante versátil, chegando a encarnar várias personagens. Está tão direccionado à voz da jovem Sueca e tão bem desempenhado que após o ouvirmos, já somos capazes de sentir que isto já não era para a Tarja e achamos que Anette está aqui bem colocada. Ou seja, más notícias para os mais desordeiros na guerra “Tarja vs Anette”: Eles já souberam como avançar.

Com toda esta escrita fabulosa de temas de um modo tão geral, torna-se muito difícil sequer encontrar uma faixa de destaque. Cada canção funciona tão bem como é. Enumero alguns exemplos: “Storytime” é um tema perfeito para promover o disco pré-saída, ideal estrutura para single de promoção e o seu envolvente refrão é daqueles que se recusa a sair da cabeça. E eu, nada ralado. “Ghost River” e o refrão cantado por Hietala, representa a parte mais “pesada” do disco se é que posso dizer isso assim. “Slow, Love, Slow” utiliza umas surpreendentes influências de Jazz antigo. Nem vi o filme, mas ouço isto e imagino a Anette a cantar deitada num piano. Se não estiver, a imagem na mente mantém-se clara. “I Want My Tears Back” provoca a dança com o seu lado Folk bem sublinhado à la “Last of the Wilds”. “Scaretale” soa a um clímax de terror e suspense e não haveria melhor uso para um coro infantil do que o que está aqui presente. O instrumental “Arabesque” aqui como um interlúdio de toda a acção épica. Os maneirismos badalescos de “Turn Loose the Mermaids” ou “The Crowl, the Owl and the Dove”. “Rest Calm” que muito facilmente integraria o registo anterior ou até mesmo o “Once” se trabalhado de forma diferente, mas isto sem soar deslocado. A longa e épica “Song of Myself” que parece ter-se tornado regra no percurso da banda com belíssimas leituras de poemas. E em “Imaginaerum” uma medley em orquestra de todo o álbum para os créditos finais. E quase que vemos um monte de letras a passar-nos à frente ao ouvirmos. E também pode passar um arrepio pela espinha se assim calhar.

Mas uma descrição pouco detalhada e sem ser de todas as faixas, porque senão corria o risco de me tornar repetitivo sobre o quão belas conseguem ser as canções, cada uma delas ou em conjunto. E também convinha evitar babar-me sobre o teclado de tão maravilhado que me encontro com esta obra do início ao fim. Nem tenho bem a certeza se este será “o” álbum de Nightwish, pois representa uma nova fase da banda. Quanto à questão de ser ou não “o” álbum do ano, é discutível, mas muito possivelmente anda por lá perto… Os adoradores de Tarja que me perdoem mas não encontrei um único defeito aqui…

Avaliação: 9,7

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