terça-feira, 6 de março de 2012

Anthony Green - Beautiful Things



Artista: Anthony Green
Álbum: Beautiful Things
Data de lançamento: 17 Janeiro 2012
 Género: Indie Pop, Folk Rock, Rock alternativo
Editora: Photo Finish
Lista de faixas:

1 – “If I Don’t Sing”
2 – “Do It Right”
3 – “Moon Song”
4 – “Get Yours While You Can”
5 – “When I’m on Pills”
6 – “Can’t Have It All at Once”
7 – “Big Mistake”
8 – “Love You No Matter What”
9 – “How It Goes”
10 – “Just to Feel Alive”
11 – “James’ Song”
12 – “Blood Song”
13 – “Lullaby”

“Beautiful Things” chama ele ao álbum e pode muito bem referir-se às canções que escreveu para o fazer, tal é o positivismo com que canta aqui, algo pouco usual no repertório de Anthony Green. Tudo devido a uma grande mudança na sua vida, assim que casou – maneira estranha de lhe ficarem a conhecer a esposa, mas é a rapariga da capa – e foi abençoado com um filho que já completou o seu primeiro ano de existência. Tal viragem na vida causou uma mudança no método de escrita ainda honesto do músico, cujo vasto currículo – Circa Survive, Saosin ou The Sound of Animals Fighting são apenas alguns exemplos – que por vezes anda nas beiras do Post-Hardcore/Emo, não costumava apontar.

É com essa mesma honestidade e de forma directa que Green nos apresenta estas treze canções com os seus amigos dos Good Old War a servir de banda back-up. É com a ajuda dessa banda, a juntar ao talento para as melodias do talentoso vocalista que se forma aqui um som de sangue Folk e alternativo, com pitadinhas Hipster e com todo o experimentalismo a residir na simplicidade para tornar o disco ainda mais sincero que o que já é à primeira vez que se “despe” para os nossos ouvidos.

O toque para as melodias salienta-se bem para fazer com que o álbum sobreviva para além da apreciação dos elementos musicais e guarde também algumas canções na cabeça logo de imediato. “If I Don’t Sing”, “Get Yours While You Can”, “Just to Feel Alive” ou a interessante experiência a capella de “Do It Right” conseguem muito bem personificar a parte melódica dos refrães das canções.

O trabalho vocal esse já o conhecemos e Anthony Green é um portador de uma das vozes mais impressionantes no que diz respeito ao seu campo, com o habitual tom agudo – bem trabalhado, e maldito seja o dia em que disseram aos gajos do Screamo que cantar agudo os ia tornar numa grande coisa – com uma boa dose de rouquidão e outros tons para a tornar imediatamente reconhecível e inimitável. É no single “Get Yours While You Can” que mais se pode notar e retirar o chapéu ao trabalho vocal impecável do líder dos Circa Survive.

A parte Folk do álbum apesar de seguir uma linha mais genérica, ainda ajuda de certa forma a criar identidade para o registo e de “Love You No Matter What” para a frente é nessa estrada que se mantém e nessa veia que mais se concentra – em “Blood Song” existe um feeling de country que distingue bem a faixa – após umas canções mais inclinadas para o Indie ou para um Pop Rock menos acessível.

Para um ouvido mais atento e perfeccionista não há assim muito para distinguir do seu anterior disco a solo “Avalon”, mas a principal diferença está como é claro, nas letras. O seu casamento e o nascimento do seu primeiro filho conseguiram mudar a abordagem e temos aqui um ponto de vista com muita mais cor do que é habitual na poesia de Green. Tanto ao ponto de termos canções inteiramente dedicadas ao miúdo. “James’ Song” – explícita quanto ao assunto, visto que James é o nome do catraio – é direccionada com ternura ao pequeno enquanto a conclusiva “Lullaby” funciona perfeitamente como uma bela canção de embalar. Mas não é nada disso que retira maturidade ao álbum, até pelo contrário, ajuda a fazer deste um dos álbuns mais adultos de Green.

Muito no entanto, após verificarmos as letras e concentrarmo-nos no som, notámos que o disco ou vai agradar aos fãs mais ávidos do vocalista, que procuram qualquer coisa que tenha mão – ou neste caso voz – do músico para se satisfazerem ou então dirige-se a um público completamente diferente daquele que acompanha o seu trajecto nos Circa Survive. De maneira a que o propósito do álbum não seja muito mais que um projecto, um entretenimento do vocalista, para deitar fora uns quantos sentimentos positivos mais recentes que possua. Porque não acrescenta muito ao seu repertório e sujeita-se a servir apenas de aquecimento para o próximo álbum dos Circa Survive, sem sobreviver a muitas audições repetidas. É uma obra bonita e bastante agradável de se ouvir, mas parece encaminhar-se para passar mais tempo na prateleira do que a tocar…

Avaliação: 7,4


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