Artista: Napalm Death
Álbum: Utilitarian
Data de lançamento: 27 Fevereiro 2012
Género: Grindcore, Death Metal
Editora: Century Media Records
Lista de faixas:
1 –
“Circumspect”
2
– “Errors in the Signals”
3
– “Everyday Pox”
4
– “Protection Racket”
5
– “The Wolf I Feed”
6
– “Quarantined”
7
– “Fall on Their Swords”
8
– “Collision Course”
9
– “Orders of Magnitude”
10
– “Think Tank Trials”
11
– “Blank Look About Face”
12 – “Leper Colony”
13 – “Nom de Guerre”
14
– “Analysis Paralysis”
15
– “Opposite Repellent”
16
– “A Gag Reflex”
Já se passaram 25 anos desde que o álbum “Scum”
saiu ao mundo e agarrou a música extrema pelos tomates, mudando-a
permanentemente e apresentando um género influenciador que garantiria um local
privilegiado aos Napalm Death na árvore da evolução da música pesada. Aquilo
que hoje conhecemos como o “Grindcore” foi apadrinhado por este grupo Britânico
e desde então que muitos bons grupos apareceram a tocar o tal dito cujo, mas
nunca ninguém que o fizesse tão bem como os Napalm Death.
A carreira do grupo avançou sem afrouxamentos e hoje
é o dia que os membros da banda andam na casa dos 40 mas com tanta ou mais
garra do que quando começaram. Iniciaram-se há umas décadas atrás com um som
brutal de influência Punk envernizado com um Death Metal do mais extremo.
Seguiu-se uma década de 90 mais experimentalista com entradas de Groove, Thrash
e outros que foi permitindo à banda mexer-se sem se sentir presos mas sem se
deslocarem para muito longe. Hoje simplesmente fundem as duas eras e
aparecem-nos com este “Utilitarian” a soar a uma banda severamente irritada. E
danados sejam eles se quem ouvir não acaba tão irritado como eles.
É nessa raiva que reside o principal ponto de
partida para qualquer álbum de Napalm Death: riffs estonteantes de partir
pescoços, a rapidíssima bateria tão maltratada e bem tratada ao mesmo tempo e
uns rugidos ou ladrares reconhecíveis de Barney Greenway, com canções directas
ao assunto. E nisso são sempre competentes, nunca falham em transmitir uma
violenta dose de brutalidade na sua música e nas suas letras com escarradelas
políticas capazes de abrir forçosamente os olhos a quem ouve.
O que ainda torna este “Utilitarian” ainda mais
fascinante é o facto de que hoje em dia nem se pedia mais que isso para termos
o que queremos deles, já não têm absolutamente nada a provar visto que já
sabemos bem quem eles são e o que eles bem fazem. Mas mesmo assim lançam-se a
uns interessantes experimentalismos que ainda engrandecem mais a banda em vez
de parecer algo descabido – também não há nenhuma fuga para qualquer
território. Pode-se dizer que eles não se deslocaram do seu sítio para ir
buscar outras influências, elas é que foram ter com eles.
Exemplos disso podem ser aquele doido solo de
saxofone que se ouve em “Everyday Pox” que ajuda a tornar a faixa única – o que
não se estranha é o portador do saxofone, John Zorn, um homem que já tem alguma
experiência em embelezar obras extremas. Outro exemplo e este ainda mais
surpreendente. Já todos sabemos e reconhecemos a voz gutural de Greenway, o que
talvez nunca esperássemos era ouvi-lo a cantar limpo! Pelo menos dentro dos
possíveis, sem amaricar muito a coisa, até pelo contrário. A experiência
semi-cantada de “The Wolf I Feed” para além de surpreender também consegue dar
ainda mais garra e bastante feeling de Punk ao tema. Outro apontamento será
também a utilização de uns bizarros e obscuros coros gregorianos em temas como “Fall
on Their Swords” ou “Leper Colony” que quase lhe dão uma atmosfera gótica se
não se tivesse adequado tão bem à brutalidade de assinatura da banda, que nem
um traseiro a instalar-se na marca deixada num sofá após anos de uso contínuo
no mesmo local.
Mas são apenas mais uns toques, umas quantas
cerejinhas para colocar no topo do bolo que já era delicioso como estava ao
termos temas tão directos e espontâneos e ao mesmo tempo tão técnicos, como os
Napalm Death bem sabem fazer. Porque após a introdução instrumental “Circumspect”
– que por si só já acaba também por ser uma experiência – que já estamos
prontos para o enxerto de porrada e valente carga de lenha que levamos assim
que “Errors in the Signal” irrompe pelos nossos ouvidos dentro. E assim se
mantém ao longo dos seus curtíssimos 45 minutos. E assim que conclui o
delicioso riff final de “A Gag Reflex”, que o nosso primeiro instinto e vontade
é o de voltar ao início.
Vinte e cinco anos e não tarda nada, as três
décadas de carreira que tão gloriosas se podem considerar já estão ao virar da
esquina. E os Britânicos ainda com a mesma fúria, garra e agressividade com que
surpreenderam o mundo da música extrema com a sua brutal abordagem singular e
exclusiva. O que não é debatível aqui é o facto de os Napalm Death terem-lhe
perdido o jeito com os anos, ninguém pensa tal. O que pode dar que pensar é se
por acaso eles não estão ainda melhores. Porque hoje em dia por muito boas ou
curiosamente engraçadas que possam ser algumas bandas de Grindcore, ainda não
há outra banda que o faça com tanta brutalidade e ao mesmo tempo tanta classe
como os Napalm Death. E é mais uma banda cuja passagem pelo nosso país já
constará com certeza na agenda de muitos headbangers nacionais…
Avaliação: 8,7
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