Artista:
Dee Dee King
Álbum:
Standing in the Spotlight
Data
de lançamento: 1989
Género:
Hip Hop Old School, Punk Rock, Rap Rock
Editora: Warner Bros. Records
Lista de faixas:
1 –
“Mashed Potato Time”
2
– “2 Much 2 Drink”
3
– “Baby Doll”
4
– “Poor Little Rich Girl”
5
– “Commotion in the Ocean”
6
– “German Kid”
7
– “Brooklyn Babe”
8
– “Emergency”
9
– “The Crusher”
10
– “I Want What I Want When I Want It”
Ramones é um daqueles nomes históricos que não
precisam de qualquer apresentação e que deve desbloquear de imediato algumas
vénias de respeito. Inegável influência vital na música Punk na sua forma pura
e a erguer já os alicerces para o Pop Punk que anos mais tarde se viria a
denegrir por completo. Temas de fácil cantoria, escritos para o abanar de
cabelo sujo enquanto se porta a velha T-Shirt já meia desbotada e as calças de
ganga rotas no joelho. Lendas de admiração quase unânime com alguns dos maiores
hinos assentes em curtas e directas canções que não se enchiam de floreados, sempre
com a mesma receita faziam pratos semelhantes porque eram o preferido de toda a
malta que os seguia.
É uma apresentação desnecessária, já todos sabemos
quem são os Ramones. Ainda para mais porquê falar neles? É que isto
infelizmente, não é Ramones… Numa fase conturbada no percurso de carreira da
banda, desbotaram problemas entre membros. Dee Dee Ramone, influente músico
cujo talento no Punk não se nega e cuja importância para a escrita de grandes
canções da banda fizeram-se sentir, deixa a banda e parte para a reabilitação
na tentativa de deixar os seus problemas com a heroína – na qual ele voltaria a
cair e ditaria com ela o seu trágico fim em 2002, após overdose. Quando voltou
não vinha com vontade de voltar a pegar no baixo como costumava e aparentava
não estar tão virado para o ruidoso Punk que o tornara famoso. Infelizmente
saiu isto.
Começo já por dizer que este disco tem muitos
defensores dedicados que encontram qualidade no registo, canções divertidas e
defendem que Dee Dee estava muito à frente do seu tempo – um Rapcore ainda a
brotar aqui? Tudo bem, não me oponho a essas opiniões, mas temos que ter em
conta o tiro ao lado que foi este Dee Dee Ramone, com o cognome “Dee Dee King”, quando
um ícone do Punk tenta lançar um disco em que demonstra que não tem grande
jeito para o Rap e que o seu verdadeiro nicho é o que estava a fazer
anteriormente e que o tornou famoso.
Torna-se algo difícil até fazer qualquer tipo de
crítica, quando existem incertezas quanto à forma como encarar isto. Levar isto
a sério e descrever isto como um descarrilamento? Levá-lo para a brincadeira e
agrupá-lo naquele termo que já usei muito neste espaço, o “So Bad It’s Good”?
Difícil. Mas certo é que se passava bem sem isto.
Dee Dee Ramone, ou melhor, Dee Dee King abraça a
cultura Hip Hop com um rap constrangedor que não parece sequer seguir qualquer
tipo de ritmo existente na música. A própria parte instrumental era de uma
timidez tremenda, com um trabalho de banda a tentar igualar o que os actos de
Hip Hop faziam com samples, mas soando muitas das vezes a “outsider”, alguém
que não está dentro do assunto. Safam-se um pouco os temas “Poor Little Rich
Girl” ou “The Crusher” – mais tarde regravada pelos Ramones no seu disco final “Adios
Amigos!” – que ainda soam a regulares temas Punk que poderiam ter sido
regravados e rearranjados pela sua banda de origem. Isso só acrescenta a ideia
de que mais valia ficar-se por aí.
A notar-se temos a participação de Debbie Harry –
dos Blondie, para os mais dispersos – em vocais que, muito infelizmente para
ela, só tornam as canções ainda mais embaraçosas. Em “German Kid” – cujo
conteúdo lírico também é suficientemente bom para levar à forca – guincha-se “Half
American/Half German” de maneira mais que suficiente para o franzir de sobrancelha
permanente que apenas se desfaz após algum tempo de silêncio pós-musica e
pós-reflexão.
Resumindo: Dee Dee Ramone foi um grande músico
talentoso, o seu legado permanecerá para sempre e que a sua alma seja mantida
na maior paz possível. Mas quando se lançou à experiência de “Standing in the
Spotlight” ficou uma nódoa escura e irremovível no seu trabalho: ele não serve
para o Hip Hop, estava longe de ter skills de rapper, as letras eram
tremendamente infantis e a abordagem musical pretendida era demasiado
desconcertada. Fica no ar a dúvida acerca da seriedade do projecto, se teria
sido feito com o intuito de servir de piada ou não. Mas de qualquer das formas,
o seu nome já ficou associado a uma “obra” destas.
Já vi este álbum ser apontado como um dos maiores
falhanços na história da música gravada ou uma das mais humilhantes notas de
rodapé na história da cultura popular. Assim como também já vi fortes
argumentações defensivas que distinguem o álbum como uma obra subvalorizada e
incompreendida. Ambas são aceitáveis, opiniões foram feitas para diferir, mas quão melhor passava Dee Dee Ramone
sem este tópico no seu currículo? Admito que se calhar até já incluí coisas
piores nesta secção – se calhar – e confesso que seja qual for o lado em que se
fica em relação à opinião do disco, consegue ser divertido.
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