Artista: Lana Del Rey
Álbum: Born to Die
Data de lançamento: 27 Janeiro 2012
Género: Pop alternativa, Indie Pop, Pop/Rock
adulto, Sadcore
Editora: Interscope Records, Polydor Records
Lista de faixas:
1 –
“Born to Die”
2
– “Off to the Races”
3
– “Blue Jeans”
4
– “Video Games”
5
– “Diet Mountain Dew”
6
– “National Anthem”
7
– “Dark Paradise”
8
– “Radio”
9
– “Carmen”
10
– “Million Dollar Man”
11
– “Summertime Sadness”
12
– “This Is What Makes Us Girls”
Assim que Elizabeth Grant, encarnando a sua
personagem “Lana Del Rey” lançou o melodramático single “Video Games”, captou a atenção de meio mundo que previam a jovem como uma das “next big things”
e uma artista a ter em olho para o futuro da música Pop mais inteligente. Conseguia
ter uma boa porção do mundo na palma da sua mão, apenas com um single e com
álbum ainda por ver luz do dia, o que só aumentava a expectativa.
Hoje em dia, com o disco já mostrado ao público, a
adoração pela jovem como uma salvadora da música Pop fez-se sentir e ouvir. No
entanto parece haver uma cruz e uma coroa de espinhos à espera dela em grande
parte da imprensa Americana que não se parece convencer. Seja pelo facto de
Lana ser filha de um magnata riquíssimo que lhe comprou o contrato e deu uma grande
mão na sua promoção, quer pelo botox ora desmentido ora confirmado que existe
nos lábios, ou simplesmente pela sua atitude distante e desconfortável em palco
que lhe valeu uma performance no programa Saturday Night Live que não ficou
muito longe do desastre.
Parece ser mesmo essa encarnação de personagem que
a anteriormente conhecida como Lizzy Banks utiliza para Lana Del Rey, a
rapariguinha materialista que querendo tudo e todo o tipo de dinheiro, não se
consegue erguer do estado depressivo que mais causa confusão a alguns dos
críticos mais rígidos. O que se pode de facto apontar e condenar pode ser que
para um disco que segue uma linha interessante e atractiva da música Pop, que
tenha um trabalho lírico muito aquém do que se poderia requerer, ficando as
letras como ponto fraco de um disco com tudo para se apresentar forte. Não se
pode seguir a linha do conceito do disco como sendo hipócrita, mas mais
ficcional.
A maioria dos textos críticos de imprensas
Americanas que ainda parecem ter descrito este disco com a performance no
Saturday Night Live em replay constante, mal se conseguem largar desse conceito
e mostram-se sempre desagradados com a “gimmick” que a artista segue para
abordar a música, a atitude constrangedora, embaraçada e até estranha que
utiliza – seja por estratégia publicitária ou não. Poucos deles se preocuparam
em prestar atenção à música em si e muito menos se importaram em reparar se
realmente havia aqui uma janela para deixar entrar bastante ar fresco na
conturbada música Pop.
É nesse campo que se encontram ainda os factores
mais interessantes: não há tentativa de soar minimamente usual e para além do
trabalho vocal de Lana que varia entre o propositadamente monótono de forma
sedutora e o mais arriscado e versatilmente trabalhado – aponto “Off to the
Races” e “Million Dollar Man” – a abordagem
musical que adiciona experimentalismos de Indie ou Shoegaze juntamente com uns
beats provenientes de uma sonoridade Hip Hop mais alternativa ou o tão
relaxante Trip Hop, ainda completam os temas tornando cada um deles uma
diferente e interessante experiência.
Para realmente se tornar o sucesso comercial que
se tornou também era necessário um bom investimento nas melodias de cariz “catchy”
e o trabalho está aqui bem sucedido, seja no tom melancólico de “Video Games” –
o que conquistara bastante público já inicialmente – no tom irresistível de “Off
to the Races”, o toque juvenil em “Diet Mountain Dew”, a essência mais Hip Hop
regada com um arranjo sexual de “National Anthem”, ou em momentos em que escorregue
mais para o “pastiche” Pop simples em “Summertime Sadness”. Talvez a qualidade
do single “Video Games” aumentasse demais as expectativas para que alguns dos
temas não se tenham sobressaído tanto como se esperaria.
Sólido suficiente é, mesmo que seja requerido
algumas audições mais para alguns dos temas entrar e nenhum dos temas conseguir
ser tão facilmente abraçado como “Video Games” ou até “Born to Die”, outro
single que ergueu muitos ouvidos agradados. É uma atitude céptica, irónica e
com tons sombrios de depressão que parece dar resultado e mesmo que seja mais
uma personagem interpretada pela artista do que uma reflexão pessoal
propriamente dita – até acredito que consiga fundir os dois – ainda dá para
manter nome – mesmo que ela afirme que não tenha intenções de realizar outro
álbum. Uma carreira não se pode deixar arruinar por uma má performance, mesmo
que seja num programa rico em audiências – e se a Sinéad O’Connor também já fez
asneiras nesse programa e afundou, ela já estava a ficar tola varrida e não o
mostrava apenas aí.
Fora a atitude constrangedora, nervosa e
desconfortável que ela utiliza – que mesmo assim pode seduzir alguns – que pareça
algo que passe ao través da música em si e fora também um desempenho menos bom
em televisão, goste-se ou não, que se retire o chapéu a “Born to Die” que
certamente traz uma valente lufada de ar fresco ao espectro Pop e às
corrompidas rádios que parecem mais agradadas com temas sobre “Stupid Hoes” ou
coisa que as valha. E a sua amplitude em agradar a outras demografias que
normalmente não entram por estes campos também pode significar algo, de facto.
Avaliação: 8,2
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