quinta-feira, 8 de março de 2012

Van Halen - A Different Kind of Truth



Artista: Van Halen
Álbum: A Different Kind of Truth
Data de lançamento: 7 Fevereiro 2012
Género: Hard Rock, Heavy Metal
Editora: Interscope Records
Lista de faixas:

1 – “Tattoo”
2 – “She’s the Woman”
3 – “You and Your Blues”
4 – “China Town”
5 – “Blood and Fire”
6 – “Bullethead”
7 – “As Is”
8 – “Honeybabysweetiedoll”
9 – “The Trouble with Never”
10 – “Outta Space”
11 – “Stay Frosty”
12 – “Big River”
13 – “Beats Workin’”

Já se passaram catorze anos! 14 anos desde o último disco da banda de Eddie Van Halen. Mas isto após lá passar vários vocalistas, incluindo Sammy Hagar e uma experiência desastrosa com Gary Charone dos Extreme. No entanto, fãs de Van Halen não costumam pensar muito no que diz respeito ao vocalista que preferem e qual a era favorita. Foi sempre o carismático David Lee Roth – que contém um pouco de sangue Português nas suas ascendências – que mais agradou. E é aí que entra a parte interessante, este é o primeiro disco de novo com David Lee Roth… em 28 anos! Já tanto tempo que eu nem posso dizer absolutamente nada quanto a isso… Ainda faltavam quase 10 anos para eu ser concebido!

No entanto, é verdade, o impossível parece ter acontecido, David Lee Roth está de volta. Após uma digressão com ele mesmo, eis que acontece o mais difícil: a banda de “Jump”, “Hot for Teacher”, “Runnin’ with the Devil” ou “Panama” trazem-nos um disco novo! O único aqui a impedir de assistirmos a uma autêntica reunião da velha guarda é a ausência de Michael Anthony no baixo e nos vocais secundários – que muitos sentirão a falta. Com isso temos uma formação mais Van Halen que nunca, com Wolfgang Van Halen, filho de Eddie a integrar a banda. Isso faz com que o grupo agora tenha três quartos de músicos de nome “Van Halen” e David Lee Roth.

Parece estar tudo no sítio para uma reunião a valer. Vontade de tocar, o bom e velho Rock ‘n Roll, nostalgia ou só mais uns dólares. Alguns desses devem ter contribuído para a reunião e sejam eles quais foram, o que temos a fazer é aproveitar. Uma reunião destas é a ideal para uns quantos concertos, para recordar os clássicos, encher umas quantas salas de gente de meia-idade que queira viajar um pouco no tempo enquanto dança e mais alguns jovens recentemente iluminados pela música da banda, descoberta pós-fim – eu, por exemplo, ainda estou praticamente na fase púbere e não me importava de lá andar. No entanto, no que diz respeito a discos, nem sempre pode ser boa ideia. Os dias dos álbuns já lá vão e muitas das vezes quando se reúnem e se sentem na obrigação de utilizar um disco como “desculpa”, sai algo sem inspiração. E o single “Tattoo” parecia apontar para aí. Era um tema engraçado, mas faltava-lhe garra. Mas graças sejam dadas  ao benefício da dúvida por permitir a audição do disco, mesmo com as expectativas do single.

Afinal o que aqui se encontra são uns Van Halen ainda em excelente forma. 13 temas que nem parecem muitos, ao não conter nenhum material desnecessário. A voz de David Lee Roth já tem a idade como barreira para fazer o que fazia nos seus bons e velhos dias, mas ainda continua reconhecível e com boa forma dentro do possível. Quem ainda está impecável é Eddie Van Halen que ainda não perdeu força, velocidade e técnica nos dedos e ainda nos dá riffs e solos que nos lembram porque é que o seu nome vem sempre ao de cima quando alguém menciona grandes guitarristas do Rock de todos os tempos.

Não há como ficar desiludido com o seu trabalho de guitarra em todas as faixas, mas destaco o imediato princípio de “China Town”, a Rockalhada bem maciça de “Bullethead”, a rapidez envolvente do riff e solo de “As Is”, o toque mais pesado e moderno de “Honeybabysweetiedoll”, os toques de blues de “Stay Frosty”ou o solo impecável de “Big River”. Apenas alguns exemplos, porque se bem conhecemos Eddie Van Halen sabemos que não há maneira de fazer este homem falhar na guitarra – no entanto houve uma altura que virou-se para os sintetizadores.

Mas como manter toda a força da música actual e mantendo o feeling clássico com o toque dos seus velhos tempos, sem parecerem uns velhotes a tentar ser “cool” e a ficar a meio do caminho? Trabalhando canções antigas perdidas, demos que ficaram para trás na década de 70, ainda antes de o disco de estreia ver a luz do dia. Não há como falhar quando o esqueleto destas canções já vem da raiz da juventude da banda e nota-se bem a onda. Portanto este conjunto de temas tem aquilo que conhecíamos e gostamos: David Lee Roth e Eddie Van Halen a garrear a ver quem rouba a luz da ribalta e atenção a quem. Esse conceito pode não soar muito bem, mas é uma das coisas que mais encanto dá à música dos Van Halen e sempre foi assim – e nem sequer há certezas e até se duvida que eles já se dêem bem outra vez, mas sinceramente pelo que se ouve, ainda não parece fazer diferença.

É um belo presente aos fãs antigos – aquela “Stay Frosty” é muito apontada como uma nova “Ice Cream Man”, popular faixa do disco de estreia – e se conseguir projecção talvez capture mais alguns novos que depois queiram ir espreitar o que foi feito há umas décadas atrás. Não é nada que se possa dizer de especial, mas cumpre muito bem o seu dever e não se pode negar a sua competência: não soa aos Van Halen a tentar juntar uns quantos temas para levar para a estrada e ganhar mais uns trocos, soa à mesma diversão que os Van Halen proporcionavam desde antigamente – sim claro, porque eu já lá andava desde 1978. E após tanto tempo sem nos dar nada novo, é de aplaudir a forma como trazem ao mundo um disco com tanta genica e garra suficiente para se manter a par com actos mais jovens. Quem é que é velho, afinal?

Avaliação: 8,1


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