Artista:
Vanilla Ice
Álbum:
To the Extreme
Data de lançamento: 28 Agosto 1990
Género: Hip Hop
Editora: SBK Records
Lista de faixas:
1 –
“Ice Ice Baby”
2
– “Yo Vanilla”
3
– “Stop That Train”
4
– “Hooked”
5
– “Ice Is Workin’ It”
6
– “Life Is a Fantasy”
7
– “Play That Funky Dancing”
8
– “Dancin’”
9
– “Go III”
10
– “It’s a Party”
11
– “Juice to Get Loose Boy”
12
– “Ice Cold”
13
– “Rosta Man”
14
– “I Love You”
15
– “Havin’ a Roni”
Talvez seja uma maneira óbvia de começar com esta
secção nova. Ou talvez seja uma surpresa que Vanilla Ice seja alguma vez
considerado um mau artista… Não, não me parece. Podia ser uma paródia, mas não
é, o certo é que muita gente que hoje admite Vanilla Ice como sendo um artista
mais embaraçoso são os mesmos que também andavam a dançar e aos saltos de
calças largas ao som da “Ice Ice Baby” no início dos 90’s. Aquela musiquinha
estranha – e que se entranhava - de Hip Hop que se formava à volta do sample de
“Under Pressure” dos Queen com David Bowie, sem os devidos créditos. Foi a
loucura. E precisaram passar-se alguns anos para muitos se aperceberam que era mesmo
loucura. Nem foi necessário ele lançar mais discos falhados depois deste – sim,
ele tem mais álbuns. Foi pouco tempo depois que “To the Extreme” foi para a
prateleira dos “tesourinhos deprimentes” que a música popular às vezes nos
oferece e pode facilmente simbolizar uma das muitas coisas erradas com a
cultura popular jovem. Sim, aqueles que dançavam “Ice Ice Baby” e usavam um
penteado semelhante ao de Robert Van Winkle – nome verdadeiro de Vanilla Ice.
Facto é que naqueles tempos, toda a gente adorava aquele disco. Não sou desse tempo, mas uma análise profunda deu-me a entender que o estrondo causado por um
hit de Hip Hop completo com um rapper branco dava que falar. E muitos aclamavam
a sua capacidade em cavalgar nesse mundo do Rap/Hip Hop, e admiravam os seus
samples e os seus beats, viam um artista com futuro! – brilhante, como todos
hoje sabemos. Aliás, ele ainda hoje tem fãs dedicados, se procurarem pelas
músicas deste álbum no YouTube – como eu fiz, não ia desperdiçar o meu tráfego
ilimitado com um download desta pérola… ou deveria eu comprá-lo? – e repararem nos comentários,
verão que muita gente defende o talento (?) de Vanilla Ice, as suas geniais
canções (!) e consideram-no uma autêntica lenda no mundo do Hip Hop (!!).
Quantos tenham sobrado desses, não sei se igualarão a quantidade de pessoas que
mais tarde – talvez não muito mais tarde, 1991 ou ’92 fosse suficiente, como
disse, não sou dessa época – olhavam para o rapper que andava ali aos pulos e
não conseguia evitar uma certa vergonha ou embaraço em reconhecer que outrora
adorava e enlouquecera com aquela música. E o disco lá ficou escondido a um
canto e faz de conta que nunca o comprou, nunca gastou dinheiro neste artista,
nunca o defendeu, quem sabe, nunca foi saltar para um concerto dele. Digo para
já, não tem mal nenhum gostar destas coisas, uns “guilty pleasures” ou alguns
discos para risadas são totalmente saudáveis. Mas é verdade, isto não vale
muito mais que isso. Vanilla Ice não é um ícone do Hip Hop mas sim um ícone
mais da patetice – e apesar das críticas, nunca se rebaixou e continuou sempre
a sua carreira, nisso tiro-lhe o chapéu – com uns tons de Fred Durst antes de
haver um Fred Durst propriamente dito. Não digo que seja horrível e até
reconheço que pode andar por ali por caminhos de “So Bad It’s Good”, mas daí
até o artista de “Ice Ice Baby” ser um artista para ser levado a sério ainda
vai um caminho mais longo que o sucesso dele. OK, mau exemplo, é um caminho muito
longo, pronto. Comecei esta secção de uma maneira algo levezinha, havendo
coisas muito piores que se encaixem neste conceito e que deixarei para o
futuro. Este ao menos ainda dá para rir de vez em quando. E se calhar o
problema é mesmo esse, só dá para rir quando a intenção muito provavelmente não
era essa.
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