Artista: Cannibal Corpse
Álbum: Torture
Data de lançamento: 13 Março 2012
Género: Death Metal
Editora: Metal Blade Records
Lista de faixas:
1 –
“Demented Aggression”
2
– “Sarcophagic Frenzy”
3
– “Scourge of Iron”
4
– “Encased in Concrete”
5
– “As Deep as the Knife Will Go”
6
– “Intestinal Crank”
7
– “Followed Home Then Killed”
8
– “The Strangulation Chair”
9
– “Caged…Contorted”
10
– “Crucifier Avenged”
11
– “Rabid”
12
– “Torn Through”
Já lá vão mais de vinte anos de carreira e doze álbuns
de estúdio. E mesmo assim, os Cannibal Corpse ainda são das bandas mais
extremas e brutais que andem por aí à vista e que consigam liderar o estilo em
que enquadram. E o avanço na idade não os parece abrandar em nada. A violência
que carregam ainda é a mesma e a cada novo álbum o desbotar de velocidade bruta
ainda se faz sentir.
Com doze discos já guardados e com um estilo que
os define tanto, a banda já conseguiu encontrar o seu sítio na secção de bandas
que não têm muitos passos a dar na variedade e que não têm qualquer
justificação para experimentalismos – querem outra obra como a dos Morbid
Angel? – e que o seu fã quando espera um novo álbum espera uma nova dose de
brutalidade bem pútrida e de levar com um bom banho visceral de riffs
grotescos, baterias psicóticas e vocais tenebrosos. Mas mesmo assim não é por
isso que todos os discos soem iguais, o ouvido atento do fã mais dedicado
consegue distinguir cada disco mesmo após o fim da fase Chris Barnes que foi
quando permaneceu com um som-base.
Os anos da controvérsia já lá vão e o choque da
capa de “Butchered at Birth” e do conteúdo lírico de “Tomb of the Mutilated” já
lá vão, portanto se querem dizer que ouvem Cannibal Corpse porque vos faz
parecer muito fixes e maus, hoje em dia já nem as T-Shirts mais carnosas vão
servir de muito. A banda já cimentou o seu estatuto lendário e mantém-se lado a
lado com outros grandes actos a liderar o Death Metal como bem o conhecemos. O
conteúdo violento das letras já se encara como a abordagem artística, um dos
requisitos, faz parte do género como se de um filme de terror mais sádico se
tratasse.
Para além das habituais letras que quase nos
dariam umas quantas ideias para assassinarmos algumas pessoas que gostemos
menos, não fossem os ouvintes indivíduos mais mentalmente sãos do que o retrato
normalmente pintado pela sociedade mais conservadora ou primitiva, temos a
habitual enxurrada de riffs que prometem deixar uns quantos pescoços doridos,
os solos doidos – incluindo um belíssimo solo de baixo em “The Strangulation
Chair” – a bateria que se encontra mais técnica que no anterior “Evisceration
Plague” e os vocais monstruosos que já conhecemos de George “Corpsegrinder”
Fisher, uma das muitas vozes guturais mais influentes, juntamente com o homem
que substituiu, Chris Barnes.
Isto é aquilo que já temos em mente quando nos
preparamos para ouvir o disco. Isso e as melodias que parecem passar
despercebidas no meio de toda a força bruta asquerosa que vai enchendo o ouvido
de delícia àquele que delirar com isto e de pavor àquele que encontrar nisto um
demónio a evitar. Os níveis de Groove que existiam em “The Bleeding” jamais
serão igualados ou repetidos, não só porque é passado mas porque convém deixar
esse disco como uma experiência singular. Mas não deixa de haver nos brutais
temas dos Cannibal Corpse uma certa dedicação a melodias de ficar no ouvido.
Não é por essas melodias que deixa de parecer que nos queiram arrancar o
cérebro à dentada, enquanto nos estrangulam com o nosso próprio intestino e nos
empalam com arame farpado. É aquela harmonia entre os dois que eles já andam a
fazer e bem há mais de duas décadas.
No entanto, como o álbum segue uma linha contínua
no que diz respeito ao som da banda, tem que haver algo que o distinga dos
outros. E todos têm, mesmo que passe despercebido a outro ouvido que não tenha
tanta voracidade. Mais recentemente “Kill” marcou por ser um passo em frente na
evolução da banda em termos sonoros e de produção. “Evisceration Plague” foi um
lançamento sinistro que parecia funcionar mais como uma morte lenta e dolorosa,
algo que não fosse tão rápido e intenso, como a faixa-título indicava. Este “Torture”
parece ter a sua principal conexão com “Kill” e parece pegar outra vez no ponto
que referi para o “Evisceration Plague” num tema como “Scourge of Iron”. “Followed
Home Then Killed” – um dos temas que mais destaco – parece ser uma obra técnica
a lembrar algo de um “Bloodthirst”, enquanto que “Crucifier Avenged” tem uma
certa reminiscência a uma “Sentenced to Burn” do “Gallery of Suicide”. Não são
cópias, apenas temas bons que fazem lembrar outros temas bons. Logo o que se
pode considerar é que o ponto de distinção principal deste “Torture” pode ser
uma espécie de compilação de um pouco de tudo do melhor que se tem feito na era
de Corpsegrinder, sem ter que recorrer a todo aquele saudosismo da era Barnes.
Mas mesmo como é, sem ir tão fundo nesses
pormenores, é um disco cujo rótulo não nos engana nem nós queríamos tal – volto
a lembrar a última obra dos Morbid Angel… Não valia mais terem-se ficado pelo
que sabem fazer bem? A quantidade de sangue, tripas e pus vem exactamente como
queríamos ou mais ainda. Os riffs de nos deixar o cérebro em papa de tanto
abanar a cabeça vêm com tanta força como a requerida ou mais ainda. Ou seja, um
conjunto de temas que vinha tal como desejávamos que viesse. Ou se calhar
melhores ainda.
Avaliação: 8,2