segunda-feira, 31 de outubro de 2011

Gwar - Bloody Pit of Horror



Artista: Gwar
Álbum: Bloody Pit of Horror
Data de lançamento: 9 Novembro 2010
Género: Heavy Metal, Shock Rock, Thrash Metal
Editora: Metal Blade Records
Lista de faixas:

1 – “Zombies, March!”
2 – “Come the Carnivore”
3 – “A Gathering of Ghouls”
4 – “Storm Is Coming”
5 – “Tick-Tits”
6 – “Beat You to Death”
7 – “You Are My Meat”
8 – “Hail, Genocide!”
9 – “KZ Necromancer”
10 – “The Litany of the Slain”
11 – “Sick and Twisted”

E no meio de um mar de bandas mascaradas com outfits extravagantes e actuações teatrais, muitos por vezes não se lembram que os Gwar são uns dos que andam nesta brincadeira há mais tempo e a fazê-lo pior – diga-se melhor – mais chocante e com muito mais humor. Seria bem possível que após uma longa carreira de 25 anos a matar criaturas terráqueas e inter-espaciais e com muito sangue falso esguichado para o público durante os concertos, que a idade começasse a pesar sobre a banda e que ela deixasse de soar tão fresca, tão ofensiva, tão suportável. No entanto, os Gwar ainda reinam, com mais força e genica que alguns dos mais novatos e este “Bloody Pit of Horror”, registo mais recente, é a prova disso. É uma continuação do que já conhecemos dos Gwar, mas quanto ao som não é propriamente uma continuação do disco anterior. É uma continuação sim, mas dum passado mais longínquo da banda, com um regresso à raiz sonora com que a banda se construiu, canções rápidas pesadas com sabores de Thrash Metal e Punk. Opção tomada de trabalhar com guitarras de oito cordas, bateria mais agressiva e uma rapidez insensível em criar malhas para acompanhar as letras doentias, e temos aqui um dos discos mais pesados dos Gwar em anos. Mas como já é usual, são as letras dos Gwar que costumam captar mais atenção e é aí que reside a identidade da banda com o Shock Rock bem saliente. O choque e a repulsa são sensações propositadamente causadas pelos versos presentes em cada canção e normalmente variam entre assuntos perversos com uma natureza menos ortodoxa como em “Tick-Tits”, cujo tema de atracção sexual por seios cobertos de carrapatos e pus podem muito facilmente causar-nos vómito, o puro ódio pela raça humana por parte da criatura assassina extraterrestre que é o personagem Oderus Orungus, vocalista da banda como em “You Are My Meat” ou “Sick and Twisted”, odes de glória a genocídios como na obviamente intitulada “Hail, Genocide!” ou mesmo para ter a certeza que aborda assuntos tabu e chocantes com uma boa dose de humor negro, temos “KZ Necromancer” a relatar-nos sobre o cientista Nazi, o “Anjo da Morte” Josef Mengele, notório pelas suas tenebrosas experiências nos campos de concentração. Nada disso para ser levado a sério, mas ainda consegue ser efectivo. E é tanto aí, como na abordagem mais pesada e rápida da música, que se nota que os Gwar após a sua longa carreira ainda não demonstram sinais de amolecimento. Mesmo que a essência já seja conhecida e a “gimmick” da banda já se tenha tornado familiar, fica um forte legado e este “Bloody Pit of Horror” não desilude.

Avaliação: 7,7



sexta-feira, 28 de outubro de 2011

Grand Magus - Hammer of the North



Artista: Grand Magus
Álbum: Hammer of the North
Data de lançamento: 23 Junho 2010
Género: Heavy Metal, Doom Metal, Power Metal
Editora: Roadrunner Records
Lista de faixas:

1 – “I, The Jury”
2 – “Hammer of the North”
3 – “Black Sails”
4 – “Mountains Be My Throne”
5 – “Northern Star”
6 – “The Lord of Lies”
7 – “At Midnight They’ll Get Wise”
8 – “Bond of Blood”
9 – “Savage Tales”
10 – “Ravens Guide Our Way”

Mais uma banda que mostra a qualidade do Metal Escandinavo ao presentear-nos pontualmente com discos que mostram como editar um disco pesado bem composto. Este trio oriundo da Suécia já vai no seu quinto álbum de originais, “Hammer of the North” e após cinco trabalhos ainda conseguem evitar aquele que possivelmente será o maior pesadelo de qualquer banda: perder relevância, tornar-se redundante e não conseguir igualar expectativas. À quinta edição os Grand Magus ainda conseguem lançar discos totalmente satisfatórios e com cada disco a servir perfeitamente de tijolo na construção de uma sólida carreira, sem que para já se encontre alguma “mancha negra” ali no meio. Os Grand Magus são uma banda que já tendo construindo a identidade, ainda não parece querer já recostar-se e instalar-se nela, procurando sempre ali umas abordagens diferentes de disco para disco para que haja uma distinção clara. O som da banda diferencia-se dos outros como sendo um cruzamento entre o Heavy Metal tradicional com som fresco e actual e uma certa obscuridade a pairar-lhe por cima de um Doom Metal mais forte. Nunca foram de elaborar muito as canções e em todos os discos predominam as canções directas, feitas à base de uns riffs bem Black Sabbathescos e outras vezes mais arrastados numa vertente mais Stoner. Saíam umas malhas dali que se encaixavam há uma ou duas décadas atrás, mas não soavam tão simples e “standard”. Ora neste “Hammer of the North” segue-se a mesma linha, mas com novas propostas na mesa: Aqui já se parece acenar mais directamente ao Power Metal. Não aquele Power Metal meloso que usa, abusa e até viola o “épico”. Aqui há mas é um bom proveito da flexibilidade vocal de Janne Christofferson em cantar-nos em tons diferentes para manter as músicas com um balanço de vocais épicos e outros mais graves, ou, com falta de vocabulário para usar, vocais mais Doom. Um álbum que já não sendo dos mais longos – tem um tamanho e tempo normal – passa depressa e tem todos os seus segundos bem recheados, sem deixar que a energia da música amorteça em nenhum momento. Sem grandes oscilações de humor, apenas algumas transições bem pensadas e trabalhadas – como a transição de “Hammer of the North”, uma das faixas de destaque para “Black Sails”. É um disco que se encaixaria perfeitamente numa época menos actual – provavelmente impressionaria – mas soa igualmente fresco e actual e ao mesmo tempo, mesmo com o seu som directo, pode ser uma escapatória a uma repetição genérica do Heavy Metal à maneira clássica. Com o seu toquezinho próprio. Disco épico-obscuro suficientemente bom para comparecer em algumas listas variadas de melhores lançamentos de 2010 por revistas e outras imprensas que tal debruçadas sobre o género.

Avaliação: 8,0



quinta-feira, 27 de outubro de 2011

Merzbow - Graft



Artista: Merzbow
Álbum: Graft
Data de lançamento: 10 Março 2010
Género: Noise music
Editora: Cold Spring Records
Lista de faixas:

1 – “graft#1”
2 – “graft#2”

E cá está ele de novo! O homem que se pode dar ao luxo de lançar por volta de 10 álbuns ou mais por ano sem que pareça muito esforço. E se calhar porque não é. Outra maneira de o apresentar seria dizendo que é o homem que faz ruído. Mas como este é um blog sofisticado (?) e que prefere ser mais cuidado no registo linguístico e na sua abordagem de géneros musicais, há que referir devidamente a Merzbow como um artista de música Noise. E falando a sério, é o que ele é, muito provavelmente até, o maior artista de música Noise. O mais normal é que qualquer um diga que isto não é música sequer. Numa definição da palavra “música” é provável que isto não encaixe nos parâmetros e critérios que o significado da palavra carrega, mas abrindo a mente, tem que se abordar este disco cacofónico como uma obra de arte mais brusca, um género musical mais “outsider”. E a maior parte dos leitores provavelmente nem gostam ou viriam alguma vez a gostar disto, é um género com um número de seguidores e apreciadores limitado – se houver algum fã de Merzbow a ler isto que se manifeste, é sempre bom saber que eles vão andando por aqui e por ali e que não se aglomeram apenas num show deste tipo. Para ser sincero, ter ruído electrónico e cacofonia ilógica durante 37 minutos consegue-me chatear menos do que muita coisa que passa pelas rádios. Não cometi o mesmo erro da primeira vez que ouvi música deste senhor – já ouvi e comentei música do artista Japonês em duas ocasiões – ao ouvi-lo com “headphones”. Isso sim é verdadeiramente ensurdecedor. Mas tendo o cuidado de ter apenas todo aquele barulho a dar ambiente, acho que depois das vezes anteriores já nem me afecta tanto. Não penso voltar a ouvir este disco – mas pressinto que venha a ouvir outros – mas que se lixe, não era como alguns que até me davam vontade de ir diminuindo o volume progressivamente enquanto ouvia. A falta de melodia, a falta de consistência nas duas únicas faixas que ocupam este registo limitadíssimo em termos de impressões de cópias até faz com que uma pessoa se distraia. Não há nada ali para nos captar a atenção, a não ser que sejam fãs ávidos de música Noise que ficam ali a ouvir atentamente os ruídos a sobrepor-se uns aos outros numa autêntica batalha electrónica de estrondos distorcidos e outras coisas que tal que se tornam difíceis de descrever. Portanto ainda pode abafar sons indesejáveis que decorram à volta. Mas de resto não serve para muito mais, a não ser, claro, como já afirmei, que sejam apreciadores do estilo de música bruto. Não é o disco que querem guardar no vosso leitor de mp3 quando forem numa longa viagem de camioneta. Mas se tiverem um vizinho muito chato que gosta de vos acordar aos fins-de-semana de manhã com música azeiteira e foleira... Como resposta… Metal já os deve chatear bastante… Mas tentem retribuir com isto…

Avaliação: 5,7



terça-feira, 25 de outubro de 2011

Star One - Victims of the Modern Age



Artista: Star One
Álbum: Victims of the Modern Age
Data de lançamento: 25 Outubro 2010
Género: Metal progressivo, Space Rock
Editora: InsideOut Music
Lista de faixas:

1 – “Down the Rabbit Hole”
2 – “Digital Rain”
3 – “Earth That Was”
4 – “Victim of the Modern Age”
5 – “Human See, Human Do”
6 – “24 Hours”
7 – “Cassandra Complex”
8 – “It’s Alive, She’s Alive, We’re Alive”
9 – “It All Ends Here”

E ele consegue-o de novo. Com o último lançamento de Ayreon em 2008 e com um novo projecto Guilt Machine com um disco em 2009, o talentoso músico Holandês Arjen Anthony Lacassen, para 2010, decidiu finalizar o hiato de 7 anos do seu projecto Star One e finalmente lançar um sucessor para “Space Metal”. E surpreende-nos. De novo a mesma fórmula, Metal progressivo bem pesadinho e tão agradável juntamente com umas belas influências de Space Rock. Mesmo com as canções sendo um pouco mais directas sem darem tantas voltas como se usa e abusa – de forma bem feita – na música progressiva, em relação a outros trabalhos de Arjen e até mesmo ao anterior álbum de Star One, não deixa de estar aqui uma obra-prima bastante complexa e bastante relacionada com o disco anterior. Mantém a sua estrutura conceptual com inspiração vinda de ficção científica e para este disco até preferiu uma abordagem ao estilo de filmes pós-apocalípticos. Também de novo, para este trabalho, Arjen Lacassen quis juntar ao seu soberbo trabalho instrumental – destaco os sintetizadores que também têm mão de um músico ex-After Forever, Joost van der Broek – 4 fantásticas vozes merecedoras do seu posto e cujo trabalho harmonioso faz invejar muitos duetos, quanto mais quartetos. Nessas vozes trabalham Russell Allen – aqui “Sir Russell Allen – cuja voz potente já conhecemos dos Symphony X e que dá um tom forte e poderoso com uma pitadinha de Power Metal à mistura, Damian Wilson com o seu registo limpo e que também já nos é familiar não só do disco anterior do projecto mas também como integrante de outra banda-marco do Prog Metal, os Threshold, Floor Jansen com a voz feminina ex-After Forever e actualmente nos ReVamp que com o seu toque feminino dá um outro ar a todo o ambiente, acrescenta-lhe uma sensação mais adocicada e funciona tão maravilhosamente bem que o que concluímos é que isto não era a mesma coisa se a sua voz não estivesse lá e finalmente para a parte mais brutal, na voz gutural, Dan Swano que já tem um currículo extenso mas pode ser reconhecido principalmente pelo seu trabalho nos Edge of Sanity. Amigos de Arjen e são essas 4 respeitáveis vozes em conjunto com o trabalho instrumental de Arjen e alguns companheiros seus dos Ayreon que constroem um álbum tão viciante e com uma qualidade elevadíssima. Canções que, como já disse, vão mais directas ao assunto, aqui facilmente se transformam em malhas puras, melodias que imploram para ser repetidas pela sua persuasão ao nosso indefeso cérebro que é incapaz de as remover da mente após ouvi-las. Pode-se dizer que seja mesmo daqueles discos no qual não se encontra um único defeito, um único ponto negativo, um único segundo aborrecido, qualquer coisa a mais, qualquer coisa a menos. Nada disso. E ainda melhora, a cada vez que o ouvimos, depois de cultivarmos um certo vício no CD após a primeira audição, eis que esse rebento cresce dentro de nós e é bem possível que o queiramos ouvir mais e mais. Não há nenhuma faixa que considere inferior a outra, nem acho que haja alguma que se destaque em relação a outras com uma genialidade em tom geral – só em tom mais patético-humorístico é que posso dizer que “Human See, Human Do” é capaz de curar impotência, mas não há necessidade de mencionar tal. Com 2010 já passado – até 2011 já vai dando os seus últimos passos – ouso apontar este “Victims of the Modern Age” como um dos discos do ano – entre muitos outros – e com capacidade para entrar neste ano com “fogo” suficiente para servir de bom exemplo. Soa simplesmente intemporal.

Avaliação: 9,3



sexta-feira, 21 de outubro de 2011

Playlist: So Bad It's Good



E mais uma nova secção aqui no blog. Como o simples nome indica, esta secção consiste em Playlists temáticas curtas, com um punhado de vídeos para abordar um certo tema ou para dar a conhecer algo. Para o primeiro artigo, porque não começar com bastante sentido de humor? O termo “So Bad It’s Good” que já foi anteriormente utilizado neste blog – no artigo anterior está lá – é mencionado, mas porque não mostrar alguns exemplos de algumas coisas tão más, tão pobres e tão “low-budget” que não conseguimos evitar o riso? E quando damos por isso estamos a querer ir ver/ouvir outra vez. E quando damos por isso, tornou-se épico. Aqui ficam alguns exemplos, desfrutem desta playlist:


Erasure – Always




Não estou, de maneira nenhuma, a tentar afirmar que os Erasure são uma má banda. No Synthpop dos anos 80, os Erasure são uma das muitas bandas que conseguia mandar um hit para o nosso ouvido e deixá-lo ficar lá sem que ele nunca saísse. Mas há algo nesta “Always” que faz com que não se leve a sério. O vídeo, pronto, esse nem se discute, mas há algo numa balada alegre que só nos consegue fazer soltar risadinhas enquanto se ouve e vê. E como ainda se tratam dos Erasure a fazer canções, preparem-se para ter um épico hino de lamechice na cabeça durante muito tempo.


Bangs – Take U to Da Movies




Quem não aprecia uma boa paródia de Rap consumista como o que vemos hoje? Acrescentamos-lhe um vídeo sem qualquer tipo de orçamento e temos a paródia feita. Parabéns a Bangs pela sua genialidade e genuinidade no que toca a termos satíricos! Ah, mas afinal isto é suposto ser sério… Se é assim então… LEMME TAKE YOU TO DA MOOOOVIES, SHORTY!


Chris Dane Owens – Shine on Me




Não sei de onde é que este indivíduo saiu. Mas aparenta ter vindo de Nárnia ou algo assim. Não sei quantos filmes de fantasia e outros contos que tal implodiram na realização deste vídeo, nem sei como é que uma “love song” de dança dos 80’s foi parar a 2008. Mas o caminho para a paz e harmonia no mundo é bem capaz de estar a umas quantas visualizações de distância…


Di Leva – Everyone Is Jesus




O que eu aprendi com este vídeo é que todos somos Jesus. Quem quer que esteja a ler isto é Jesus. Até eu sou Jesus. (A mim é mais legítimo, que Jesus é o meu segundo nome). 3 criaturas de aspecto estranho vestidos com trapos florescentes e a aparentar estarem sob o efeito permanente de ácidos também são Jesus. Até os homenzinhos da câmara que vão aparecendo ao longo do vídeo são Jesus. Toda a gente é Jesus, ponto! E já agora, boa sorte em tentar tirar a música da cabeça…


Mark Gormley – Little Wings




Talvez o único exemplo de um vídeo no YouTube que não tenha comentário de ódio. Todos admiram Mark Gormley e os seus vídeos fora do comum. É possível também que se revitalizem, ganhem auto-confiança e até que desbloqueiem algum segredo do Universo se fizerem a “Power Stance”, a pose que o Sr. Gormley faz… Bem, ao longo do vídeo todo. Agora deixem-se embalar pela suave música orientada pela voz que não vai corresponder em nada ao que esperavam. É possível que a cura para o cancro também esteja algures por umas audições do seu disco…


Gunther – Ding Dong Song




Este sim, já é capaz de andar pela paródia. Pelo menos a música supostamente está a parodiar hits de Eurodance. Agora o resto em que se baseia Gunther não sei. Mas vamos assumir que sim. Sem qualquer apresentação adequada para descrever… Oooohhh you touch my tra-la-la… Mmm… My ding ding dong…


El Chombo – Chacarron Macarron




Por acaso esta música tem momentos em que se fica simplesmente pelo mau. Quando El Chombo, ou lá como se chame o artista, tenta fazer algo mais parecido com cantar. Não, volta lá para os sons indecifráveis do refrão, é isso que o povo quer ouvir. A repetição desse sentido refrão em combinação com qualquer vídeo que envolva movimento cómico… De imediato que promete tornar-se um clássico… O Batman que o diga…


Trollkotze – Im Marchenwald




E porque não um pouco de Black Metal? Ou o que quer que isto seja. O Black Metal mais… grim, assim digamos, sempre nos ofereceu umas belíssimas pérolas no que toca aos vídeos amadores no meio da floresta. As caras maléficas só os tornam mais cómicos ainda. Mas este vídeo nem isso tem. Nem sei se ouso chamar Black Metal a isto, acho que isto é mais um retrato de submissão à insanidade após muito tempo perdido na floresta sem contacto com mais nenhum ser humano. Acompanhado por uma peça de banda de sonora de invejar…


NÃO É “So Bad It’s Good” (Exemplos que já vi cair nessa categoria mas que nunca considero tal):

Van Canto: É estranho sim senhor, e muitos não vão perceber o que para ali se passa. Mas para além de uma enorme dose de talento que para ali vai, é uma das coisas mais impressionantes e originais que já ouvi. Longe de ser mau.

Rick Astley: Que nunca se ninguém se atreva a colocar Rick Astley perto sequer da categoria de “mau”. Rick Astley é Deus. E está tudo dito.


Menções honrosas:

Immortal: Não pela música, não fossem eles uma das maiores bandas do Black Metal Norueguês, com excelentes álbuns a representar o género. Mas no que toca a ridículos vídeos de Black Metal, os Immortal também representam bem isso. Qualquer vídeo serve.

Manowar: Outra grande banda, com excelentes discos, épicas canções, bons músicos e já bastante icónicos. Falemos em algumas das capas, e de repente os auto denominados “Kings of Metal” mais parecem saídos de alguma versão erótica do Hércules…

Muitas bandas de Power Metal que cheguem a ultrapassar a linha do ridículo.


Primeira edição de “Playlist” com alguns exemplos de “So Bad It’s Good”. Talvez mostrarei mais exemplos nalguma ocasião futura. Se algum de vocês também conhecer algo que vá para além dos campos de “guilty pleasure” e se torne simplesmente hilariante, como os que mostrei acima, sintam-se à vontade de partilhar.


quinta-feira, 20 de outubro de 2011

["Ai Louvado..." do Mês] Vanilla Ice - To the Extreme



Artista: Vanilla Ice
Álbum: To the Extreme
Data de lançamento: 28 Agosto 1990
Género: Hip Hop
Editora: SBK Records
Lista de faixas:

1 – “Ice Ice Baby”
2 – “Yo Vanilla”
3 – “Stop That Train”
4 – “Hooked”
5 – “Ice Is Workin’ It”
6 – “Life Is a Fantasy”
7 – “Play That Funky Dancing”
8 – “Dancin’”
9 – “Go III”
10 – “It’s a Party”
11 – “Juice to Get Loose Boy”
12 – “Ice Cold”
13 – “Rosta Man”
14 – “I Love You”
15 – “Havin’ a Roni”

Talvez seja uma maneira óbvia de começar com esta secção nova. Ou talvez seja uma surpresa que Vanilla Ice seja alguma vez considerado um mau artista… Não, não me parece. Podia ser uma paródia, mas não é, o certo é que muita gente que hoje admite Vanilla Ice como sendo um artista mais embaraçoso são os mesmos que também andavam a dançar e aos saltos de calças largas ao som da “Ice Ice Baby” no início dos 90’s. Aquela musiquinha estranha – e que se entranhava - de Hip Hop que se formava à volta do sample de “Under Pressure” dos Queen com David Bowie, sem os devidos créditos. Foi a loucura. E precisaram passar-se alguns anos para muitos se aperceberam que era mesmo loucura. Nem foi necessário ele lançar mais discos falhados depois deste – sim, ele tem mais álbuns. Foi pouco tempo depois que “To the Extreme” foi para a prateleira dos “tesourinhos deprimentes” que a música popular às vezes nos oferece e pode facilmente simbolizar uma das muitas coisas erradas com a cultura popular jovem. Sim, aqueles que dançavam “Ice Ice Baby” e usavam um penteado semelhante ao de Robert Van Winkle – nome verdadeiro de Vanilla Ice. Facto é que naqueles tempos, toda a gente adorava aquele disco. Não sou desse tempo, mas uma análise profunda deu-me a entender que o estrondo causado por um hit de Hip Hop completo com um rapper branco dava que falar. E muitos aclamavam a sua capacidade em cavalgar nesse mundo do Rap/Hip Hop, e admiravam os seus samples e os seus beats, viam um artista com futuro! – brilhante, como todos hoje sabemos. Aliás, ele ainda hoje tem fãs dedicados, se procurarem pelas músicas deste álbum no YouTube – como eu fiz, não ia desperdiçar o meu tráfego ilimitado com um download desta pérola… ou deveria eu comprá-lo? – e repararem nos comentários, verão que muita gente defende o talento (?) de Vanilla Ice, as suas geniais canções (!) e consideram-no uma autêntica lenda no mundo do Hip Hop (!!). Quantos tenham sobrado desses, não sei se igualarão a quantidade de pessoas que mais tarde – talvez não muito mais tarde, 1991 ou ’92 fosse suficiente, como disse, não sou dessa época – olhavam para o rapper que andava ali aos pulos e não conseguia evitar uma certa vergonha ou embaraço em reconhecer que outrora adorava e enlouquecera com aquela música. E o disco lá ficou escondido a um canto e faz de conta que nunca o comprou, nunca gastou dinheiro neste artista, nunca o defendeu, quem sabe, nunca foi saltar para um concerto dele. Digo para já, não tem mal nenhum gostar destas coisas, uns “guilty pleasures” ou alguns discos para risadas são totalmente saudáveis. Mas é verdade, isto não vale muito mais que isso. Vanilla Ice não é um ícone do Hip Hop mas sim um ícone mais da patetice – e apesar das críticas, nunca se rebaixou e continuou sempre a sua carreira, nisso tiro-lhe o chapéu – com uns tons de Fred Durst antes de haver um Fred Durst propriamente dito. Não digo que seja horrível e até reconheço que pode andar por ali por caminhos de “So Bad It’s Good”, mas daí até o artista de “Ice Ice Baby” ser um artista para ser levado a sério ainda vai um caminho mais longo que o sucesso dele. OK, mau exemplo, é um caminho muito longo, pronto. Comecei esta secção de uma maneira algo levezinha, havendo coisas muito piores que se encaixem neste conceito e que deixarei para o futuro. Este ao menos ainda dá para rir de vez em quando. E se calhar o problema é mesmo esse, só dá para rir quando a intenção muito provavelmente não era essa.


terça-feira, 18 de outubro de 2011

Gorillaz - The Fall



Artista: Gorillaz
Álbum: The Fall
Data de lançamento: 25 Dezembro 2010 (digital), 18 Abril 2011 (CD)
Género: Electrónica, Hip Hop alternativo, Música experimental
Editora: Parlophone
Lista de faixas:

1 – “Phoner to Arizona”
2 – “Revolving Doors”
3 – “Hillbilly Man”
4 – “Detroit”
5 – “Shy-Town”
6 – “Little Pink Plastic Bags”
7 – “The Joplin Spider”
8 – “The Parish of Space Dust”
9 – “The Snake in Dallas”
10 – “Amarillo”
11 – “The Speak It Mountains”
12 – “Aspen Forest”
13 – “Bobby in Phoenix”
14 – “California & the Slipping of the Sun”
15 – “Seattle Yodel”

Mais electrónico. Mais experimental. Menos convidados. Mais “extra”. O quarto disco do projecto Gorillaz difere tanto dos anteriores que se fica naquela se deverá contar como um disco regular ou como um aparte. A começar pelo facto de o disco ter sido lançado gratuitamente para download para membros do clube de fãs – que o grupo por si é que já devia requerer pagamento, penso eu – no Natal e apenas ter visto o seu lançamento físico na Primavera deste ano. Álbuns “oferecidos” têm sempre alguma tendência a ficar de lado como um projecto paralelo, um presentinho, o próximo é mais a sério. Mas sendo um disco plenamente sério e contínuo em relação ao anterior – porque pode-se dizer de facto que seja o quarto álbum de estúdio da banda animada, mesmo que não tenha tido tanta promoção nem notoriedade – é diferente em tudo. Num projecto onde normalmente constam os convidados como um principal factor identificativo, aqui apenas há breves passagens de gente de fora, com apenas 3 músicos a dar os seus toques e na voz, apenas um. Mick Jones e Paul Simonon dos The Clash, amigos de Damon Albarn o homem que lidera este projecto, dão as suas contribuições instrumentais em “Hillbilly Man” na guitarra e “Aspen Forest” no baixo, respectivamente – Simonon já trabalhara com Albarn no projecto The Good, The Bad and The Queen. A única voz convidada aqui é a do vocalista de Soul Bobby Womack cuja voz também já é conhecida para os fãs de Gorillaz pelo seu trabalho em “Stylo” presente no disco anterior “Plastic Beach”. Mas também não é por isso que temos um álbum mais recheado com canções onde reina a voz de Damon Albarn, ou se preferirem do personagem 2D. O que mais não falta por aqui são faixas instrumentais onde o que mais se salienta são os experimentalismos electrónicos e as batidas que nunca nos soariam familiares nos Gorillaz de “Clint Eastwood” ou “Feel Good Inc.”, mas actualmente já nos acostumamos a Gorillaz como um projecto sem rótulo onde se experimenta mais do que se repete. De toda a gloriosa carreira de Damon Albarn é possível que seja um dos seus discos que passem mais despercebidos, mas o seu valor está lá e nesta aposta electrónica está mais um trabalho consistente no que toca a ideias saídas do cérebro de Sr. Albarn. E ainda o mais interessante: o disco, todo ele foi gravado no seu iPad. Agora não pensem que se podem dar ao luxo de gravar discos num iPad à espera que o resultado seja minimamente parecido a este “The Fall”, porque nem todos os portadores de um iPad são propriamente o Damon Albarn… Mas se o disco serve de presentinho aos fãs, serve perfeitamente.

Avaliação: 7,8



segunda-feira, 17 de outubro de 2011

Iwrestledabearonce - Ruining It for Everybody



Artista: Iwrestledabearonce
Álbum: Ruining It for Everybody
Data de lançamento: 26 Julho 2011
Género: Avant-Garde Metal, Deathcore, Metal experimental, Mathcore
Editora: Century Media Records
Lista de faixas:

1 – “Next Visible Delicious”
2 – “You Know That Ain’t Them Dogs’ Real Voices”
3 – “Deodorant Can’t Fix Ugly”
4 – “This Head Music Makes My Eyes Rain”
5 – “It Is “Bro” Isn’t It?”
6 – “Gold Jacket, Green Jacket”
7 – “Break It Down Camacho”
8 – “Stay to the Right”
9 – “I’m Gonna Shoot”
10 – “Karate Nipples”
11 – “Button It Up”

Regras? Mas quais regras? É verdade que ao fazer-se música, é errado pensar-se que tenham que existir regras, quando qualquer arte devia ter o máximo de liberdade. Mas mesmo não havendo regras, ao ouvir-se os Iwrestledabearonce fica na mesma a sensação de que as quebraram. Depois de surpreenderem muita gente, pôr muito crítico a coçar a cabeça e de tanto molhar roupas interiores como fazer torcer narizes com o disco de estreia “It’s All Happening”, eis que o seu sucessor nos chega. Talvez a mistela de sons não seja tão sem sentido como no anterior – que mesmo parecendo aleatoriamente colado ainda mantinha um sabor que o tornava bastante audível – mas ainda é um registo demasiado vanguardista para se considerar música normal e muito menos para se arranjar um rótulo. Continuam uma banda recheada de sentido de humor e que põem a patetice à frente da seriedade na sua inspiração, mas apesar de tudo, amadureceram um pouco neste disco. E também… Fazer música com o propósito de criar diversão ao próprio artista é bem legítimo. Com um certo gosto por discos que se demonstram ser autênticas saladas de sons diferentes, não podia deixar este passar-me ao lado. E é verdade, que num disco de meia hora passa-se muita mais coisa do que em alguns que ultrapassam uma hora inteira. É que se já não bastasse a ginástica vocal da vocalista Krysta Cameron, que tanto nos canta numa voz docinha, como utiliza um tom de voz a buscar algumas influências a Bjork, como no resto da canção passa-a a grunhir histericamente ou a lançar uns invejáveis squeals – conheço gente que nem acredita que ela faça todo o trabalho vocal sem alguma ajuda “maquinal” – onde se detecta mais a parte Deathcore da banda, que como já disse, não parece querer qualquer rótulo associado a ela. A música que acompanha as loucas e descontroladas cordas vocais de Cameron é igualmente brutal no que toca a riffs, bateria e até uns breakdowns de quando em vez, com passagens totalmente fora do comum em termos “matemáticos” se assim lhe pudermos denominar, e é nessas passagens que anda por aí um bracinho de influência de actos como The Dillinger Escape Plan. Até nem seria assim tão heterodoxo se não fosse o facto desta parte brutal da música andar de mão dada com uns toques electrónicos – que aqui estão bem feitos, não é como outras bandas que metem os pés pelas mãos e sai esterco – e mais qualquer coisa que eles vão buscar a um baú qualquer de sons que não parece ter fim. Sons não combinam? Eles fazem combinar. Nunca se ouviu antes? Está-se a ouvir agora. Não agrada a todos? Pelo menos ainda é audível para muitos. E é à volta disso que se constrói este curto álbum – revelado após uma partida pregada aos fãs em que diziam que este disco seria um registo de Black Metal, completo com sessões fotográficas em “corpse paint” – e com o que disse há canções como “You Know That Ain’t Them Dogs’ Real Voices” ou “Karate Nipples”, que enumerei quase aleatoriamente porque qualquer canção servia. O único tema que pode diferir é “This Head Music Is Making My Eyes Rain” que pode soar ligeiramente a alguma sobra de Bjork que fosse deixada de fora por talvez soar demasiado esquisito. Mas para estes nada é esquisito. É um disco tão diferente dos outros que um tipo só se questiona até que ponto está no inaceitável e até que outro este é um dos melhores e mais impressionantes lançamentos do ano. Deve ser um caso raro em que a linha que separa esses dois conceitos é bastante ténue. Mas que isto dá umas surpresas, lá isso dá. E eu ainda não sei bem ao todo o que aconteceu por aqui ao ouvir isto, mas é suficientemente bom para se querer ouvir outra vez e muitas outras mais para tentar perceber. Se nem assim se percebe? Porreiro… Fica um sabor diferente…

Avaliação: 9,2



sexta-feira, 14 de outubro de 2011

Red Hot Chili Peppers - I'm with You



Artista: Red Hot Chili Peppers
Álbum: I’m with You
Data de lançamento: 26 Agosto 2011
Género: Rock, Funk Rock, Rock alternativo
Editora: Warner Bros. Records
Lista de faixas:

1 – “Monarchy of Roses”
2 – “Factory of Faith”
3 – “Brendan’s Death Song”
4 – “Ethiopia”
5 – “Annie Wants a Baby”
6 – “Look Around”
7 – “The Adventures of Rain Dance Maggie”
8 – “Did I Let You Know”
9 – “Goodbye Hooray”
10 – “Happiness Loves Company”
11 – “Police Station”
12 – “Even You Brutus?”
13 – “Meet Me at the Corner”
14 – “Dance, Dance, Dance”

Nem é preciso qualquer tipo de apresentação desta banda. Já é daquelas que está no “ensino básico” de qualquer ouvinte de música. Quanto ao apreciar ou não, fica ao critério de cada um, mas há que ter uma boa dose de respeito por uma banda que já alcançou e conquistou tanto como os Red Hot Chili Peppers. 5 anos após um bem recebido “Stadium Arcadium” e depois de um pequeno período conturbado que contou com o abandono da banda por parte de John Frusciante pela segunda vez, eis que a lendária banda Americana nos apresenta um novo trabalho de estúdio, que numa fase pós-Frusciante, não sabemos se é para manter o som característico e maduro dos Chili Peppers da última década, se é para tentar conectar-se com os dias de estreia, se é para entrar em algo novo. Para se assimilar a um “One Hot Minute” – que contou com Dave Navarro na guitarra após o primeiro abandono de Frusciante – teria que haver muita obscuridade e influências de factores negativos como uma recaída na droga por parte do vocalista Anthony Kiedis – que hoje afirma estar limpo e sóbrio. Portanto não será por essa veia. Mas pode haver uma abordagem diferente. A banda encontra-se cada vez mais longe da flor da sua juventude, já têm filhos – Anthony foi pai recentemente o que lhe pode ter influenciado um pouco a sua escrita – já têm uma carreira invejável. Há-que apostar nisso. Partindo do ponto onde ficou “Stadium Arcadium”, este disco apresenta-nos alguns pormenores que os ligam, resgatando um pouco do Funk que deixaram pela década de 80, com canções que facilmente rebentam num refrão a pedir airplay numa rádio e a implorar tornar-se hino de estádio. 1 hora de canções como estas, como a já conhecida “The Adventures of Rain Dance Maggie”, a introdutória “Monarchy of Roses”, a repetitivamente viciante “Ethiopia” ou uma dedicatória que se torna reflectiva sobre a própria morte como “Brendan’s Death Song” que se candidata a ser das melhores obras aqui neste trabalho. O trabalho de guitarra não se podia manter como nos era servido ultimamente com os tons pessoais e únicos de John Frusciante – e não só, os seus vocais secundários agudos também já eram uma das muitas marcas de assinatura do grupo – mas não há razões de queixa do novato Josh Klinghoffer que admite ter em Frusciante uma das suas maiores influências. Logo, a guitarra que aqui se ouve pode diferir daquilo que se espera num disco de RHCP, e para alguns pode ser um “polegar para baixo”, mas o desempenho é deveras muito positivo e mesmo que não seja muito “Frusciantesco” consegue manter-se bastante “Chili Pepperesco”. Mesmo que não haja nenhuma “Scar Tissue”, nenhuma “Can’t Stop”, não se encontrem “Dani California”’s, “By the Way”’s ou “Californication”’s neste disco, - exemplificando hinos da fase mais recente da carreira do quarteto Funk - visto que tais resultados são difíceis de obter, espera-se que saiam na mesma muitos mais frutos memoráveis deste registo. “Blood Sugar Sex Magik” e “Californication” já estão feitos, não há muita mais história para escrever, agora o que há a fazer é manter o legado sempre em pé, de forma legítima e respeitável como este “I’m with You” – que provavelmente vai custar a colar para alguns fãs – consegue fazer.

Avaliação: 8,2



terça-feira, 11 de outubro de 2011

Bella Morte - Before the Flood



Artista: Bella Morte
Álbum: Before the Flood
Data de lançamento: 14 Junho 2011
Género: Rock Gótico, Darkwave, Rock alternativo, Hard Rock, Rock industrial
Editora: Metropolis Records
Lista de faixas:

1 – “Skin”
2 – “Falling Star”
3 – “Lights in the Sky”
4 – “Here with Me”
5 – “Before the Flood”
6 – “The Morning Sun”
7 – “Line of Sight”
8 – “The Road”
9 – “Bones Below”
10 – “Undertow”
11 – “Oceans Wide”

Os Bella Morte são um exemplo de uma banda cujo nome não é muito familiar e soante à maior parte do povo e não são um grupo que se pode encostar às regalias das vendas. No entanto, já levam uma carreira longínqua o suficiente para terem o reconhecimento de bastantes apreciadores, mesmo que não andem aí aos montes – será que eles querem/precisam mais do que isso? – e já sabem como impor respeito no panorama musical gótico underground com tons Deathrock e Darkwave. E a maneira mais eficaz de obterem esse respeito é através de discos sólidos que não desiludem. E mesmo que o “Bleed the Grey Sky Black” seja o álbum que eu considere o culminar da banda - onde se encontra a musicalidade da banda toda bem compilada, para mim o melhor disco da banda, um dos meus álbuns favoritos pessoais – essa capacidade de compor álbuns de alto calibre já vem desde o “Remains”, álbum de estreia de 1998. Desde então vários sons e géneros passaram pela música dos Bella Morte desde o Indie Rock, ao Darkwave, com passagens de Punk, Deathrock, bastante electrónica e industrial e momentos pesados que fazem sentir-se um pouquinho de sangue de Metal na mixórdia. Após o “Bleed the Grey Sky Black” tudo se juntou naquilo a que se pode chamar o estilo “Bella Morte”. Há algo de muito simples e muito complexo ao mesmo tempo, na música desta banda Americana e o certo é que não me consigo recordar de nenhuma banda que tenha um som que se aproxime ao deles. Após o “Sky Black” seguiu-se mais um aclamado “Beautiful Death” que soube bem cumprir a tarefa de seguir um disco como o que o antecedeu. Chegando a este ponto, apenas há a necessidade de manter aquela essência que os identifica e ao mesmo tempo percorrendo outros caminhos, ou seja, mantendo-se iguais a si mesmos mas com músicas cujo álbum a que pertence conseguimos identificar sem necessitarmos de ir verificar, a música já nos diz. E o que parece ser feito neste “Before the Flood” é fortalecer alguns factores que têm vindo a caracterizar a banda. Tanto parece haver mais ênfase em fazer canções Pop/Rock com melodias imediatamente viciantes, como ao mesmo tempo se procura uma atmosfera mais obscura, mas isto sem destacar passagens ambientais e termos isso em canções de estrutura simples. O uso de elementos electrónicos ajuda a fazer temas mais dançáveis e apesar da música dos Bella Morte nem sempre ser das mais orientadas por guitarra, vai sempre aparecendo um bom trabalho no dito instrumento que permite ter o seu próprio destaque – solos não são muito frequentes mas temos direito a um bem bom em “Undertow”. Até mesmo a melancolia nos temas mais tristes parece ser propositadamente acentuada. Já conhecíamos canções como “If Tonight”, “December Dreams”, “Dust” e a quase suicida “The End of the End”, mas neste disco “Here with Me” – que o vocalista Andy Deane aponta como a sua favorita do disco e uma das suas favoritas de toda a discografia do seu grupo – parece superar. Um tema lindíssimo, diga-se de passagem, num álbum mais orientado pelas melodias e pelo movimento – não há aqui um único refrão que não nos cause impacto, que não se cole, que não nos faça bater o pé de forma involuntária – ainda consegue ser um dos principais destaques e não soa fora do sítio. A juntar-se a esse tema em termos melancólicos, há ainda a conclusiva “Oceans Wide” que finaliza o trabalho numa nota mais calma e obscura, de formato meio “lágrima-ao-canto-do-olho” – não tanto como “Here with Me” – o que indica que os Bella Morte tomaram-lhe o gosto em acabar os discos com músicas assim. É um registo de categoria que só demonstra a capacidade de Andy Deane & Ca. em escrever brilhantes composições e fazer álbuns de invejar ou adorar, de forma a que não pareça muito esforço, sem desfrutarem de muita fama, apenas a suficiente. Será que algum dia fazem outro “Bleed the Grey Sky Black”? O mais provável, evidente e certo é que não. Mas não é necessário. A banda sabe o que anda a fazer.

Avaliação: 8,5



segunda-feira, 10 de outubro de 2011

We Are the Damned - Holy Beast



Artista: We Are the Damned
Álbum: Holy Beast
Data de lançamento: 25 Fevereiro 2011
Género: Death n’ Roll, Death Metal, Hardcore
Editora: Raging Planet
Lista de faixas:

1 – “The Anti-Doctrine”
2 – “Serpent”
3 – “Throne of Lies”
4 – “Devorador dos Mortos”
5 – “Christian Orgy”
6 – “Diogo Alves 1841”
7 – “Atrocity Idol”
8 – “Summon the Black Earth”
9 – “Viral Oration”
10 – “The Glorious Grisly”
11 – “Vengeance Havoc”
12 – “Raping the Law of the Land”
13 – “Lucifer VIP (Chapter II)
14 – “Neo Pigs”

Os We Are the Damned, uma das bandas portugueses que estão cada vez mais a aumentar a dimensão do seu nome, apresentaram-nos por volta do início deste ano o seu terceiro disco “Holy Beast”. Qual será exactamente a identidade desta banda? Estarão eles à procura dela ainda? Algo que é certo é que esta banda era mais singular e possuía uma imagem mais própria no seu primeiro disco quando era “liderado” por uma vocalista feminina, Sofia Loureiro. Apesar de estarem a aparecer cada vez mais bandas com raparigas a utilizar a voz de forma mais brusca – leiam-se vocais guturais – cá no nosso país ainda havia pouco desenvolvimento nisso e os We Are the Damned de imediato se tornaram um exemplo de uma banda para se manter debaixo de olho. No entanto, essa vocalista abandonou a banda e no seu lugar ficou Ricardo Correia a tratar dos vocais. Aí talvez se perdesse um factor identificativo e dessa forma os We Are the Damned à primeira já pareciam mais comuns. Mas não é por isso que se baixa a fasquia da banda depois de se ouvir os recentes trabalhos, nota-se neste disco essa procura da identidade e a abordagem de um próprio som. Um pormenor que se deve salientar é o do rótulo que a banda carrega de “Death ‘n’ Roll” que pode ser um pouco desencaminhado. Ao ouvir-se o som deste grupo nota-se muita mais força na influência de Hardcore e em vez de influências de bandas como Six Feet Under, Gorefest ou Torture Killer, há aqui uma força na voz que mais depressa nos lembra uns Hatebreed. Também não há grande presença de riffs com Groove e repetitivos como actos do denominado Death ‘n Roll nos fornece, são mais enérgicos e ao estilo do que alguns bons actos de Hardcore nos apresentam. Juntando isto àquela essência do Death Metal mais moderno que parece ser o ponto de partida da abordagem musical da banda, reparamos que já temos alguma dificuldade em encontrar um rótulo apropriado. E a partir daí já é bom sinal já temos uma banda que em vez de se colar a uma etiqueta identificativa de estilo, procura fazê-lo como lhe dá na real gana, sem ser ousado ao ponto de ser descabido e sem sentido. Para completar a ideia de como funciona o disco, há que se referir à descarga de energia que o álbum é de princípio ao fim. Poucas paragens, poucas voltas a dar, desde que um acorde mais distorcido começa – isto é, na segunda faixa “Serpent”, visto que a introdução ainda não apresenta aquele peso e recheio enérgico que acompanha o restante álbum – que um fã da música extrema que aprecie este tipo de riffadas rápidas com vocais agressivos e berrados e bem temperados com letras críticas e bem repletas de ódio à sociedade, já tem aqui muito com que se entreter. Não há grande aposta no factor melódico – existem na mesma exemplos de faixas onde se encontre umas melodias porreiras – e o álbum não é daqueles cujas canções nos vão ficar presas na cabeça, este é daqueles que precisa de algumas audições para ver se consegue instalar-se melhor no nosso miolo. Faixa de destaque terá que ser a longa e instrumental “Lucifer VIP (Chapter II)" que estendendo-se quase para 10 minutos, é uma faixa que através dos seus pegajosos riffs nos consegue demonstrar bem aquela parte cheia de Groove e ritmo que ainda resta no campo da banda. Descarga de raiva e energia, é daquelas bandas que ouvindo o seu disco – mesmo que a banda já tenha adquirido essa fama – já sabemos que um concerto da banda é daqueles que manda o espectador para casa esgotado mas valendo a pena. Mais um exemplo de algo que se consiga fazer cá em Portugal com qualidade – claro que não agrada a qualquer um – e se este disco é um primeiro passo para uma construção de uma identidade própria, então que venham mais discos e que cresça a banda…

Avaliação: 7,1